J. R. Guzzo
Quem manda no Brasil de hoje não quer que ex-presidente se candidate em pleito nenhum
O
que adianta fazer eleições, e ainda por cima gastar R$ 10 bilhões por
ano com a chamada “Justiça Eleitoral”, mesmo nos anos em que não há
eleição nenhuma, se quem conta não é o eleitor, mas sim uma congregação
de funcionários a serviço do governo, que nunca recebeu um voto na vida –
mas resolve tudo o que realmente tem importância prática?
Esse grupo, o
TSE,
decide quem pode ou não pode ser candidato. Decide o que os candidatos
podem ou não podem falar na campanha eleitoral.
Decide, se assim quiser,
cassar o mandato de quem foi eleito – mesmo deputados federais já
diplomados e no exercício do mandato há quatro meses.
Escolhe quem fica
no lugar; da última vez, tiraram o mandato de um deputado que teve 350 mil votos e botaram em sua cadeira um que teve 12 mil. Pode, até mesmo, suprimir os direitos políticos de alguém que já terminou o mandato
e não está disputando nada, mesmo porque não há eleição alguma em
disputa, e proibir os eleitores de votarem nele quando houver a próxima.
O processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro não é um processo, nem tem alguma coisa a ver com a lei, ou com a noção de que todo cidadão é inocente até o acusador provar a sua culpa.
É um ato de repressão política em estado bruto – a atitude que se espera, na verdade, de um regime a caminho de se tornar totalitário.
O que conta, no caso do ex-presidente, não é a razão. É a força. Os que mandam no Brasil de hoje não querem que ele dispute nenhuma eleição, porque têm medo de que possa ganhar – é isso, e só isso.
É uma violência que não existe em nenhuma democracia decente.
Bolsonaro pode ter sido um mau presidente; pode ter sido o pior presidente que o Brasil já teve.
Mas isso não lhe tira os direitos que a Constituição garante para qualquer cidadão deste país – a começar pelo direito de ter as suas próprias opiniões políticas. Ele não fez nada contra a lei.
O seu crime é ser de direita, pois o entendimento do alto Poder Judiciário, no Brasil de hoje, é que ser de direita é ilegal.
Leia outras colunas de J.R.Guzzo
Bolsonaro
perdeu a eleição e deixou o cargo na hora prevista, sem interferir em
absolutamente nada no processo eleitoral – que “golpe” é esse em que o
“golpista”, em vez de ficar, vai embora?
Ele disse a um grupo de
embaixadores que desconfiava da integridade do sistema eleitoral.
E onde
está escrito que é ilegal duvidar das urnas eletrônicas – ou estudar a
Constituição para ver se ela pode ser aplicada, como está nos
“documentos do golpe”?
Centenas de figuras públicas, e milhões de
brasileiros, também duvidam das urnas – que crime seria esse?
Bolsonaro
não está sendo culpado pelo que fez. Sua culpa é ser quem é.
J. R. Guzzo, colunista - O Estado de S. Paulo