Terapia, que começou a ser testada esta semana no Brasil, já foi usada em epidemias como a da Sars
Embora o Sars-CoV-2 seja neste momento objeto de estudo de cientistas
do mundo inteiro, que correm contra o tempo para descobrir uma forma de
interromper a sua trajetória, ao mesmo tempo em que profissionais de
saúde se desdobram em hospitais superlotados na heroica missão de salvar
o maior número de vidas, a verdade é que ainda se sabe pouco sobre o
novo coronavírus e a Covid-19. Natural, se levarmos em conta que não faz
seis meses que pessoas começaram a morrer na China de uma pneumonia
misteriosa, que se espalhava de forma brutal e evoluía rapidamente,
levando os pacientes à morte. O médico Li Wenliang, que alertou as
autoridades chinesas sobre o surto — e acabou censurado pelo governo —
morreu vítima da doença.
Combate-se um vírus para o qual ainda não
há remédio ou vacina. Apesar de existirem muitas pesquisas em
andamento, estima-se que uma vacina contra a Covid-19 não estará
disponível antes de um ano e meio ou dois anos. Tempo demais, não só
pelo grande número de mortes, mas também pelos estragos exponenciais na
economia mundial. Desenvolver um medicamento específico para a Covid-19
também levaria tempo. Um grupo de instituições científicas, do qual faz
parte a brasileira Fiocruz, desenvolve estudos para testar medicamentos
já existentes, como a cloroquina, no tratamento da doença. Mas ainda não
há qualquer comprovação científica sobre eficácia.
Nesse sentido, é positiva a estratégia que começou a ser testada esta
semana, numa parceria entre o Hospital Albert Einstein, o Sírio-Libanês
e a Universidade de São Paulo, de usar o plasma de pessoas curadas da
Covid-19 no tratamento de pacientes em estado grave, experiência que vem
sendo feita em outros países. A aposta é que esses anticorpos possam
ajudar a combater o invasor, aumentando as chances de sobrevivência. A
terapia já foi usada em outras epidemias, como a da Sars, em 2003, e da influenza H1N1, em 2009. Numa
batalha em que a humanidade duela com o inimigo às cegas, toda
tentativa de salvar vidas é válida, desde que balizada pela Ciência,
obviamente. Como diz o médico Paulo Niemeyer, “o risco maior é não fazer
nada”.
Editorial - O Globo
Combate-se um vírus para o qual ainda não há remédio ou vacina. Apesar de existirem muitas pesquisas em andamento, estima-se que uma vacina contra a Covid-19 não estará disponível antes de um ano e meio ou dois anos. Tempo demais, não só pelo grande número de mortes, mas também pelos estragos exponenciais na economia mundial. Desenvolver um medicamento específico para a Covid-19 também levaria tempo. Um grupo de instituições científicas, do qual faz parte a brasileira Fiocruz, desenvolve estudos para testar medicamentos já existentes, como a cloroquina, no tratamento da doença. Mas ainda não há qualquer comprovação científica sobre eficácia.
Editorial - O Globo