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segunda-feira, 1 de maio de 2023

Governo Lula chega ao dia #100. Ainda faltam mais de mil [Não faltam - acaba ainda este ano,por impeachment]

 Paulo Polzonoff Jr.
 
Os cem primeiros dias do terceiro mandato de Lula (quem diria!) foram marcados pela inépcia e pela insistência na divisão do país. O quê? Vai me dizer que você acreditou na balela de “união e reconstrução”?
 
Antecipando-se ao marco e se mostrando plenamente recuperado de uma pneumonia, Lula reuniu seus ministros para uma reunião toda ensaiadinha e educadinha.  
Na reunião, ele falou platitudes e, como se ainda estivesse num palanque, prometeu um futuro próspero e ensolarado para amanhã. 
Porque, em se tratando de PT, tudo é sempre “para amanhã”. 
E ainda há quem acredite nessa balela. Ainda há quem acredite naquele que Ciro Gomes definiu muito bem como “o encantador de serpentes”.

[Optamos por postar este, visto que é só jogar 50% de piora, concluir que o DESgoverno está na base do só piora e não aguenta mais nem outros 100 dias.]

 Paulo Polzonoff Jr., colunista - VOZES - Gazeta do Povo


terça-feira, 28 de março de 2023

"Armação" [do Lula] - Pneumonia de Lula evita que ele tenha de explicar o inexplicável - Alexandre Garcia

Gazeta do Povo - VOZES     

O presidente Lula ainda fica no mínimo até terça no Palácio do Alvorada, se recuperando. 
O tratamento agora é via oral; antes disso, ele estava com antibiótico na veia. 
Pneumonia na idade dele é um susto muito grande. E eu levei susto maior ainda quando eu vi o médico que veio de São Paulo dizer que ele podia viajar para a China, ficar 30 horas dentro de um avião com pneumonia e com aquele ar condicionado frio de avião. 
Mas Lula teve juízo e ficou no Alvorada; está recebendo ministros lá, segundo informações do ministro Alexandre Padilha, das Relações Institucionais, ou seja, o “ministro da política” do governo, que também é médico e deu entrevista no cercadinho do Alvorada – aquele um que diziam que ia acabar, que era coisa do Bolsonaro...
 
Que Lula se recupere, não? Até porque está sendo boa para ele essa ausência, assim não tem de explicar essa história de contrariar o ministro da Justiça, a Polícia Federal, o Ministério Público e a juíza de Curitiba, dizendo que estavam todos combinados com o PCC, numa armação de Sergio Moro. Foi uma coisa inexplicável. 
E, como ele não vai conseguir explicar, esse isolamento no Alvorada, sem poder falar com os jornalistas, é bom para ele.

Promessas de ministra batem de frente com sinais ruins da economia
Enquanto isso, a ministra do Planejamento fala em “arcabouço fiscal”, palavra inventada que substitui o óbvio, que todo mundo sabe, que é “fura-teto”.  
A lei do teto de gastos foi uma das melhores leis feitas no Brasil nos últimos tempos, para impedir que o governo gaste além do que arrecada. Se o governo gasta além do que arrecada, tem déficit, tem de tomar dinheiro no mercado, tem de pagar juros e fica dependendo de uma dívida imensa; então, usam outros termos, como “arcabouço fiscal”. E, como a mídia não tem mais crítica, todo mundo aceita.
Simone Tebet disse que o déficit vai acabar a partir do fim do ano que vem. Mas o que isso quer dizer de verdade? É lá para 2026. Temos de traduzir esses eufemismos. 
Não podemos esquecer que no fim de 2022 tivemos superávit de R$ 52 bilhões, mas as coisas não estão bem neste trimestre, tem muita coisa ruim acontecendo.[é pacífico que o SUPERAVIT de 2022 foi resultado da ADMINISTRAÇÃO BOLSONARO = produtora de superavit até durante a pandemia (confiram: Até mesmo na pandemia, tomados os anos de 2020 e 2021, o saldo do PIB foi positivocaiu 3,9% em 2020, mas avançou 4,6% em 2021); já o desgoverno Lula, desde sua eleição em outubro passado tudo cai, só sobem a inflação, o desemprego, o dólar e o descrédito do governo do ex-presidiário.]
 
Vejam só as montadoras parando. A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) anunciou que a previsão de produção de caminhões para este ano é 20% menor. 
Isso é uma péssima notícia; significa que haverá demanda 20% menor para transportar riquezas. 
O principal transporte desse país, cerca de 70% do total, é caminhão. 
Se o país vai precisar de 20% a menos de novos caminhões, isso é preocupante
Para os veículos leves, estão prevendo ainda uma alta, mas de apenas 4%. São sinais abundantes neste trimestre. 
O governo que entrou simplesmente quis destruir o que estava dando certo, e aí deu errado.
 
Conteúdo editado por:Marcio Antonio Campos

sexta-feira, 24 de março de 2023

Dilma Rousseff é aprovada como a nova presidente do banco do Brics - O Globo

Conselho de diretores do New Development Bank confirma eleição por unanimidade da ex-presidente. Seu mandato está previsto para durar até julho de 2025

[Importante:  a 'engarrafadora de vento', foi eleita por unanimidade - também foi CANDIDATA ÚNICA.
Sua eleição representa a terceira realização do DESgoverno Lula, em 83 dias e tudo indica [vai dar ,,, aliás, já fedeu!;
1ª - Reajustou o salário mínimo em R$ 18;
2ª - acabou com os EMPRÉSTIMOS consignados para aposentados do INSS - tentou tabelar os juros e os bancos não concordaram (começando pelo Banco do Brasil e CEF, ambos do governo) e suspenderam os empréstimos;
3ª - nomeou a Rousseff para presidir o banco do Brics.

Dilma Rousseff 

Dilma Rousseff MAURO PIMENTEL/AFP

O New Development Bank (NDB), banco dos Brics, confirmou há pouco que seu conselho de diretores elegeu por unanimidade a ex-presidente Dilma Rousseff para liderar a instituição. Dilma passa a ser presidente do banco imediatamente.

Bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, o Brics tem no seu banco o principal instrumento de promoção de investimentos, para financiar obras e projetos em países parceiros. 
Dilma foi a única candidata, com indicação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. 
O mandato está previsto para durar até julho de 2025.

O anúncio ocorre pouco antes da viagem de Lula para a China - que precisou ser adiada por causa da pneumonia do presidente.

Dilma deve receber um salário de pelo menos R$ 290 mil no novo cargo. Segundo o último balanço anual divulgado pelo NBD, o total pago em salários e benefícios aos seis postos de chefia do banco formados pela presidência e cinco vice-presidências é de US$4 milhões por ano.

O NDB tem foco em financiamentos de projetos em duas grandes áreas: infraestrutura e sustentabilidade. Além dos integrantes dos Brics, o banco tem outros países emergentes entre seus membros: Bangladesh, Egito, Emirados Árabes Unidos e Uruguai.

Segundo um integrante do banco, ouvido pelo GLOBO, a expectativa é que a instituição continue em trajetória de crescimento e expansão do aporte de investimentos no Brasil.

Dilma Rousseff substitui o então presidente Marcos Troyjo - que atuava no NDB desde julho de 2020 e foi indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.

Economia - O Globo

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

Quantas pessoas estão morrendo ‘de covid’ e quantas estão morrendo ‘com covid’? O Estado de S. Paulo

 J. R. Guzzo

Existe uma diferença fundamental entre uma coisa e a outra

Números de mortes relacionadas como consequência da covid são um enigma

Os números de mortes relacionadas pelas autoridades como consequência da covid, que avançam neste momento para além de onde estavam seis meses atrás, são um enigma. Ajudam, com toda a certeza, a reproduzir pânico, insegurança e angústia
Deixam uma mensagem de terror: as coisas nunca estiveram piores, e se você tinha alguma esperança de que melhorassem pode desistir, pois nada está melhorando. Isso tudo aí continuará igual por um tempo indefinido, e de preferência para sempre. Mas não se sabe, com um nível razoável de lógica comum e de mero bom senso, o que esses números querem realmente dizer. Ninguém está fazendo o menor esforço para descobrir.

Não se trata de nenhuma complicação de matemática das curvas, ou de alta cirurgia de cérebro. É algo que qualquer professor de ginásio poderia perfeitamente estar tratando em suas aulas, se estivesse dando alguma aula após dois anos de pandemia. É apenas o seguinte: quantas pessoas, nessas listas diárias de mortos, estão morrendo “de covid” e quantas estão morrendo “com covid”? 
Existe uma diferença fundamental entre uma coisa e a outra — e essa diferença não está sendo apresentada ao público com um mínimo de honestidade, ou sequer de inteligência elementar. É assim de propósito? 
É resultado da desordem que tem marcado os números da covid desde o primeiro caso? São as duas coisas ao mesmo tempo? 
 
O fato é que a população está sendo ativamente desinformada. Deve continuar assim. Hoje em dia tudo o que não se conforma exatamente aos “protocolos” vigentes sobre como pensar a respeito da doença é imediatamente denunciado como “negacionismo”.
É claro que os dados exatos revelariam outra realidade. Se o paciente que pegou covid entra no hospital com um enfarte, tem uma parada cardíaca e morre, a sua morte se deve ao que: à covid ou à parada cardíaca? E, se além do vírus, ele tem um câncer de fígado, disfunções renais extremas ou pneumonia dupla, razões pelas quais, aliás, foi levado ao hospital? Qual é a causa real da sua morte?  
Muitas dessas mortes, ou um número literalmente incalculável, são atestadas pelas autoridades e reportadas pela mídia como resultado “da covid”; é óbvio que isso distorce completamente o que de fato está acontecendo.
 
O número de infectados com certeza subiu enormemente, considerando-se os números do passado recente — é inevitável, em consequência, que tenha aumentado o número de doentes graves internados nos hospitais com covid, com os seus outros problemas de saúde
 Na imensa maioria dos casos, quem pega a covid simplesmente se cura, sem precisar ir sequer ao pronto-socorro
Mas os que começam a passar realmente mal por causa de suas doenças (chamam a isso de “comorbidades”) vão para o hospital, como iriam tendo ou não tendo covid — e ali os que não têm recuperação morrem. Vão direto para a “lista” do dia seguinte.
 
O público está sendo enganado — no mínimo, nessa história toda, há a obrigação, por parte de quem informa, de separar uma coisa da outra. Isso simplesmente não está sendo feito. É muito simples. Todos os dias as autoridades da área da saúde, as prefeituras e os Estados divulgam os seus números — mesmo porque, na sua incompetência estatística sem limites, o Ministério da Saúde jamais conseguiu, desde o primeiro morto dois anos atrás, entregar uma única cifra decente sobre o que está acontecendo. Ninguém tem a mais remota ideia, do ponto de vista técnico, da seriedade das informações que passam — e ninguém tenta investigar qualquer uma delas, nunca. 
Os jornalistas apenas regurgitam, exatamente como engoliram, os números enviados pelas “autoridades locais”. Não é aritmética. Não é “ciência”. Não é jornalismo.
J. R. Guzzo, colunista - O Estado de S.Paulo
 
 

domingo, 17 de outubro de 2021

Soropositivos 'indetectáveis' reescrevem história do HIV - O Globo

Adriana Mendes

Diferentemente dos pacientes que nos anos 1980 e 1990 viam o vírus como sentença de morte, eles levam uma vida saudável, mas ainda precisam lidar com estigmas 

A escritora Thaís Renovatto, de 38 anos, trabalha na área de marketing de uma multinacional. DJ nas horas vagas, ela se apaixonou pelo marido em uma das festas que organizou para os amigos do escritório. Em pouco tempo, estavam casados e eram pais de duas crianças. Hoje, Thaís se divide entre tarefas profissionais, da casa e da vida em família. Uma vida que pode parecer comum, mas traz uma história especial narrada em seu livro “Cinco anos comigo”: Thaís faz parte da geração de “indetectáveis” que carregam o vírus do HIV, mas em carga tão baixa que a infecção não se manifesta nem é transmissível. Diferentemente dos pacientes que, nos anos 1980 e 1990, viam o vírus como sentença de morte, eles levam uma vida com cuidados, mas saudável e, sobretudo, feliz.

Após descobrir que havia sido infectada pelo ex-namorado, em 2014, Thaís transformou sentimentos de revolta e medo em perdão. A terapia fez voltar a confiança. Um comprimido ao dia mantém o resto de sua rotina normal. Thaís e o marido Rodrigo são “sorodiferentes” — ela tem o vírus; ele não —, mas a diferença nunca foi problema. Os filhos, nascidos após a infecção, não são soropositivos.  — Engravidei de forma natural. Procurei me aceitar e comecei a me abrir para as pessoas. Daí, já não estava mais preocupada com o preconceito — diz a escritora, que na gestação tomou cuidados especiais e não amamentou, seguindo o protocolo médico.

Naufrágio no Pantanal:  Sobe para seis número de mortos

Hoje, além de tomar regularmente medicamentos antirretrovirais, garantindo que a carga viral se mantenha indetectável, ela se examina a cada oito meses, para acompanhamento: — Hoje em dia não uso preservativo com meu marido. A gente tem um relacionamento fechado, fomos ao médico, que nos orientou, e decidimos isso.

(...........) 

 Os “indetectáveis” escrevem um novo capítulo na história da doença. Cada vez mais o HIV é tratado como uma patologia crônica. Em 1977, a médica dinamarquesa Margrethe Rask, que esteve na África investigando o Ebola, foi a primeira a morrer com uma pneumonia após desenvolver “quadro clínico estranho”. A epidemia explodiu nos anos 1980. No Brasil, uma imagem marcante foi a de Cazuza, levado pela doença aos 32 anos, no auge da carreira musical. Casos eram associados erroneamente à sexualidade.

Em O Globo - Brasil - MATÉRIA COMPLETA

 

quarta-feira, 24 de março de 2021

Spray nasal contra Covid-19 existe e começará a ser comercializado - Blog Mundialista

Israel e Nova Zelândia saem na frente e aprovam o uso do medicamento, com a perspectiva espetacular de eliminar o vírus em infectados

Ele “tem um amplo espectro antiviral que mata todos os vírus e todas as variantes”, palavras que parecem boas demais para ser verdade. Quem as disse foi a inventora do spray nasal, a bioquímica Gilly Regev, israelense baseada no Canadá, onde é uma das fundadoras da SaNOtize Research and Development Corp.

Israel e Nova Zelândia deram aprovação provisória para a comercialização do spray, que foi testado em conjunto com duas instituições científicas britânicas. Os testes foram de fase dois, com um número menor de voluntários. O spray é multiuso: funciona para prevenção, para evitar a transmissão, reduzir a duração da doença e mitigar a severidade dos sintomas nos infectados.

Não deve, obviamente, ser visto como uma panaceia, mas como uma arma a mais num arsenal de poucos recursos no combate à pneumonia resistente e, numa parcela dos casos, fatal provocada pelo novo coronavírus. É pelo nariz que ocorre a vasta maioria das infecções, como todo mundo já sabe. O outro sócio da empresa que desenvolveu o spray, Chris Miller, resumiu assim o que o medicamento faz: “Mata os vírus nas vias aéreas superiores, impedindo que incube e se propague para os pulmões”.

O spray tem como componente principal o óxido nítrico, uma nanomolécula produzida pelo organismo humano que atua como protetora das células em situações de estímulos fortes. Gilly Regev brincou que seu sócio a introduziu “no mundo louco do óxido nítrico” – usado em outras formulações para apressar o aumento da massa muscular e propulsionar ereções. “Esperamos que nosso spray salve muitas vidas em países que estão esperando pela vacina”, disse ela ao site Times of Israel.

Por motivos óbvios, o spray nasal pode ter um papel importante nos países mais pobres, com menos estrutura para a compra, o armazenamento e a administração de vacinas contra a Covid-19. “Acredito realmente que quem usar diariamente o spray não será afetado pela Covid-19. Mostramos em testes clínicos que pessoas que o usaram não foram infectadas”, disse ela. A bioquímica comparou o spray a um higienizador de mãos para o nariz.

Nos testes da fase um, com animais de laboratório, o spray mostrou uma redução de 95% da carga viral depois do primeiro dia de uso. O produto não deve ser confundido com a vacina, também por spray nasal, que está sendo pesquisada por farmacêuticas chinesas e indianas. A vacina por spray faz parte da nova geração de imunizantes em fase de desenvolvimento. Entre elas, a vacina de uma só dose, utilizando a tecnologia do vetor viral; a “enganadora de vírus”, que usa uma proteína parecida com o agente da Covid, e uma mais complexa e inovadora ainda, que usa o DNA para operar em conjunto com o RNA mensageiro (como as vacinas da Pfizer e da Moderna) e dirigir a formação de proteínas.

Comparado com essas pesquisas, o spray nasal é um acessório bem modesto, cujos resultados ainda estão para ser vistos no mundo real, o das infecções em massa que continuam a grassar pelo mundo.  É preciso muita cautela com as palavras “mata o vírus”, pela expectativa que criam – uma esperança que não deixamos de ter, mesmo que o SARS-CoV-2 tenha sido até agora tão duro de roer quanto seu nome oficial.

Blog MundialistaVilma Gryzinski, jornalista - VEJA


sexta-feira, 31 de julho de 2020

Pico da pandemia já passou, segundo registros de óbitos por Covid-19 nos cartórios - Cristina Graeml

Pandemia no Brasil

O pico da pandemia já passou. Foi em maio segundo registros de óbitos por Covid-19 nos cartórios brasileiros. Eu sei que você cansou de ver notícias recentes de que a doença estava fazendo mais de mil vítimas fatais por dia no Brasil. Os números "oficiais", aqueles repassados pelos secretários de saúde dos municípios às secretarias dos estados e, destas, para o Ministério da Saúde, falavam em 1,1 mil mortes diárias; 1,2 mil até 1,4 mil.

Só que isso não aconteceu. Não sou eu que estou dizendo. São as estatísticas oficiais dos cartórios de registro civil, onde são registrados os óbitos. Pegando os cartórios como referência vemos que há algo errado nas informações que nos passam todos os dias: o pico da pandemia já ficou para trás faz algum tempo! Essa fonte não tem como questionar, porque se a morte não for registrada em cartório, onde é emitido o atestado de óbito, a família da pessoa que morreu não pode fazer o enterro ou a cremação do corpo.

Antes de mais nada é preciso reforçar uma explicação fundamental. Esses números de mil e poucos mortos por dia que a imprensa divulga, porque são os oficiais constantes no portal do Ministério da Saúde, costumam ser a soma das notificações de mortes repassadas pelos estados. Só que tem cidades e estados mais organizados, que conseguem levantar os números diariamente, e outros que demoram para confirmar as mortes, atualizar a estatística e, quando fazem isso, informam mortes ocorridas ao longo de vários dias seguidos - um pacote inteiro de informações, às vezes referentes a até mais de uma semana.

Na planilha do Ministério da Saúde, que qualquer um pode acessar buscando por Coronavírus Brasil (e você pode conferir clicando aqui), os números são atualizados por data de notificação. Assim, se uma cidade passar quatro dias sem informar nada e depois, num único dia, disser que houve 80 mortes, por exemplo, a site e o aplicativo do Ministério da Saúde jogam essas 80 mortes na data em que a informação chegou. Vai parecer que nos dias anteriores ninguém morreu e no dia tal, de repente, houve 80 mortes. Para conferir como os números "oficiais" informados por estados e municípios são diferentes das mortes efetivamente ocorridas a cada dia basta olhar o portal da transparência Covid-19 dos cartórios. Vou pegar a data de quarta-feira, 29 de julho como exemplo.

Nesta data o Ministério da Saúde recebeu dos estados a confirmação de mais 921 mortes, não necessariamente ocorridas na quarta-feira. No portal da transparência dos cartórios de registro civil do Brasil, que você também pode achar facilmente na internet buscando por mortes cartórios (ou clicar direto aqui), no dia 29 de julho foram registrados 304 óbitos por suspeita ou confirmação de Covid-19. É um terço das que tinham sido notificadas naquele dia ao Ministério da Saúde. Como eu disse no começo do artigo nesta análise optei por usar como base apenas os óbitos registrados em cartório, porque ali não tem confusão: a pessoa morre, o parente pega o laudo médico com a causa da morte e vai no cartório fazer o registro.

Pico da pandemia no Brasil
Ninguém fala disso, mas o pico da pandemia no Brasil já passou, foi em maio. Pelo menos é o que aparece no gráfico do portal da transparência dos cartórios, que tem um painel só com o registro de mortes por suspeita ou confirmação de Covid-19. Clicando por data específica no gráfico aparece que no começo de maio eram registrados por dia entre 630 e 650 novos óbitos. O número foi subindo até chegar ao ponto mais alto no dia 25 de maio, quando morreram 997 brasileiros de Covid-19. Veja que não chegou a mil.

Nos cartórios de registro civil em nenhum dia desde o início da pandemia foram registrados mais de mil óbitos. O recorde foi 997 mortos no dia 25 de maio. Depois esse número começou a cair. No site dos cartórios de registro civil a curva mostra que nas duas últimas semanas de maio e na primeira semana de junho morreram todos os dias mais de 900 pessoas. Depois a queda é gradual; pequena, mas gradual. Na segunda e terceira semana de junho houve o registro diário de mais de 800 mortes (entre 800 e 900). No fim do mês de junho caiu mais um pouco, para a faixa entre 700 e 800 mortes diárias. E ficou assim por mais 3 semanas até a metade de julho.

Desde o dia 22 de julho a queda passou a ser mais acentuada, com 600 e poucos registros de óbitos por dia; depois 500 e poucos; 400 poucos... Em uma semana, no dia 29, já estava em 304. Como eu disse antes os cartórios chegaram ao fim de julho registrando um terço das mortes diárias informadas ao Ministério da Saúde por estados e municípios. Por que a soma dos números que chegam às secretarias de saúde supera as 900 mortes diárias é um mistério.

Ao longo dos últimos meses surgiram muitas hipóteses e até denúncias de que o número de mortos por Covid-19 foi superestimado por alguns governantes para justificar a compra de equipamentos e a construção de hospitais de campanha. Não há comprovação disso, mas já se sabe de desvios de verbas públicas durante a pandemia; já existe até ex-secretário de saúde preso e prefeitos e governadores ameaçados de impeachment.

Contradições nos números de mortos
Fato é que nem o total de mortes por Covid-19 registradas em cartório bate com os dados informados ao Ministério da Saúde e registrados no boletim oficial, em que a imprensa costuma se basear. Pelo boletim, o Brasil já superou a marca dos 90 mil mortos. Nos cartórios, de 16 de março (data da primeira morte confirmada pela doença no país) até esta quarta, 29 de julho, foram 83.561 óbitos. A diferença é de 6,5 mil mortes!

6,5 mil corpos não se escondem por aí. A diferença pode estar na chamada causa mortis. Estados e municípios podem realmente ter informado ao Ministério da Saúde que milhares de pessoas que morreram por outros motivos tiveram Covid-19 e faleceram em consequência da doença, sendo que não foi esta a causa real apontada pelos médicos que emitiram os laudos usados pelos cartórios como referência para emitir os atestados de óbito.

Chego a esta hipótese após analisar outras estatísticas dos cartórios, as que apontam as mortes por doenças diferentes e até por causas indefinidas. Veja que curioso: do ano passado pra cá caíram as mortes por infarto, AVC, insuficiência respiratória... Será que está mesmo morrendo menos gente de problemas cardíacos e respiratórios do que antes ou as estatísticas dos últimos anos se mantêm, mas como esses doentes contraíram coronavírus, a causa mortis registrada foi Covid?

O que chama especial atenção é o gráfico das mortes por pneumonia. No portal diz que em 2019 (de 16 março a 29 julho) morreram de pneumonia no Brasil 90.052 pessoas – número praticamente igual ao das vítimas de Covid. Esse ano, no mesmo período, a pneumonia fez 30% menos vítimas fatais: 61.227 pessoas. É no mínimo estranho que, de um ano para o outro, de repente, a diferença de pessoas que morrem da mesma doença caia tanto.

Pessoalmente não acredito que este ano esteja sendo diferente dos anteriores em relação à pneumonia. Como falei antes, é possível que o número de pessoas que tiveram a doença no primeiro semestre de 2020 e morreram por isso seja mais ou menos parecido com o do ano passado, só que este ano contraíram também o coronavírus, que acabou sendo apontado como o causador da morte. Deixo as conclusões para você, mas gostaria de saber sua opinião. Você confia mais nas estatísticas do cartórios, que emitem os atestados de óbito, ou das secretarias municipais e estaduais de saúde, que abastecem a planilha do Ministério da Saúde?

Acha que o pico da pandemia foi em maio; depois passamos pelo chamado platô em junho e comecinho de julho e, agora, já estamos vendo a curva de mortes cair? Ou prefere continuar olhando para o número de mil mortes por dia, como se estivéssemos, agora, no pico da pandemia? Não é uma questão de ser negacionista, como virou praxe dizer por aí, mas de ser realista. Eu acredito nos registros oficiais dos cartórios.

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    Só falam de mortos e doentes, mas os recuperados são celebrados com festa! 

Cristina Graeml, jornalista - Gazeta do Povo - Vozes



sábado, 25 de julho de 2020

87% dos mortos por covid no DF tinham outros males; veja os mais perigosos

Quase 90% das pessoas mortas por complicações da covid-19 no Distrito Federal apresentavam doenças preexistentes. O tratamento e o controle dessas enfermidades podem evitar óbitos de pacientes

Desde o primeiro caso confirmado da covid-19 no Distrito Federal, em 5 de março, mais de mil brasilienses morreram devido à doença. Além disso, a quantidade de infecções, que cresce diariamente, ultrapassa os 90 mil registros. Dados da Secretaria de Saúde mostram que quase 90% das vítimas do novo coronavírus da capital tinham doenças preexistentes, que complicaram o quadro clínico dos pacientes. 
Cardiopatas e acometidos por distúrbios metabólicos, como a diabetes, são os que mais vieram a óbito. Especialistas ouvidos pelo Correio explicam como o vírus age em conjunto com essas enfermidades e que o controle e o tratamento delas podem evitar mortes.

O Distrito Federal atingiu a marca de 1.133 pessoas mortas pela covid-19 ontem. Dos óbitos registrados, 992 tinham comorbidades, ou seja, 87,6% das vítimas da capital apresentavam doenças preexistentes. A mais comum, segundo monitoramento da Secretaria de Saúde, é a cardiopatia. No total, 701 pacientes que perderam a vida para a covid-19 tinham a enfermidade. Em seguida, estão distúrbios metabólicos (447), pneumopatia (173) e obesidade (130).

André Moraes Nicola, médico e professor de imunologia médica da Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília (UnB), explica que o coronavírus pode agir diretamente em outras partes do corpo, além dos pulmões. “O vírus tem uma ação direta de infectar as células e atrapalha o funcionamento de outros órgãos. Caso eles estejam doentes, aumentam as chances de eles pararem de funcionar. É o caso de enfermidades cardíacas e pulmonares”, detalhou.

Segundo o especialista, outro motivo que pode provocar a morte de pacientes é a inflamação. “O que mata não é o dano que o vírus causa, mas a resposta do sistema imune, que provoca dano no pulmão e leva a pessoa à morte”, explicou. O médico acrescenta que algumas doenças causam o aumento desse fator no corpo, como a diabetes. “Um diabético tem um nível de inflamação que pode aumentar as chances de a pessoa ter uma resposta muito forte contra a covid-19, o que causa complicações”, alertou.

Nicola comenta que estudos sugerem condições como hipertensão e doenças cardíacas como capazes de aumentar a produção de uma proteína na célula, que é receptora do vírus. “Devido a esse fator, a covid-19 consegue entrar mais rapidamente. É como se fosse uma fechadura em que a chave do vírus se encaixa para entrar na célula”, exemplifica.

Idade
Outro fator de risco para o novo coronavírus é a idade. No Distrito Federal, 823 pessoas — 72% do total de óbitos — tinham mais de 60 anos. O grupo etário que mais registrou mortes é o de pessoas com mais de 85 anos (181). O segundo lugar revela-se de pacientes entre 80 e 84 anos (140), e o terceiro, entre 75 e 79 (138). No total, 62 pessoas com menos de 39 anos faleceram por complicações da covid-19.

O parasitologista do Instituto de Biologia da Universidade de Brasília (UnB) Jaime Santana explica que crianças, adolescentes e jovens adultos, dificilmente, têm problemas com o novo coronavírus. De acordo com ele, a covid-19 é uma doença inflamatória e, como qualquer processo desse tipo, o corpo começa a produzir substâncias para destruir o agente invasor e o ambiente onde ele está. “Essa reação natural é importante, porque passa uma informação ao sistema imune para a produção de anticorpos. É como se fosse uma vacina”, comentou.

Entretanto, segundo Jaime, quanto mais avançada a idade, mais processos inflamatórios são encontrados no corpo: as placas de gordura vão se depositando nas placas de artérias e veias, como no coração e nos pulmões. “Esse processo ocorre a partir dos 30 ou 40 anos e vai se agravando. Por exemplo, pessoas entre 70 e 80 anos têm vasos sanguíneos muito entupidos. Quando chega o coronavírus, ele provoca outra reação inflamatória no corpo humano, o que gera uma exacerbação, que pode comprometer os órgãos”, salientou.

Devido a esses riscos, o parasitologista alerta que pessoas com comorbidades devem tratar bem essas doenças. “Apenas evitar a infecção do coronavírus pode não ser o ideal, porque ela pode acontecer a qualquer minuto. As pessoas precisam se preparar e procurar atendimento médico e seguir as orientações”, aconselhou. Segundo o especialista, quanto maior o cuidado com as enfermidades preexistentes menos receptivo o paciente será ao coronavírus.

Superação
Apesar de ter diabetes e estar no grupo etário considerado de risco para o novo coronavírus, o morador da Asa Norte Joel Carreiro dos Santos, 64, superou a doença. Em 7 de maio, ele deu entrada no Hospital Regional da Asa Norte (Hran) com sintomas da covid-19. “Antes de receber o diagnóstico, o protocolo usado foi o do tratamento de pneumonia. Quando testei positivo, fui para a ala específica. Precisei ficar nove dias internado e de oxigênio em um deles. Graças a Deus, o meu quadro evoluiu bem e fui para a UTI (unidade de terapia intensiva)”, lembrou.

Joel conta que precisou ajudar o irmão dele, de 70 anos, também acometido pela doença. Dias depois, ele começou a sentir os sintomas. “Tive dores no corpo, perdi o apetite e, em seguida, começou a febre. O primeiro exame de coronavírus deu negativo e chegaram até a suspeitar de dengue”, contou. Apesar de ter superado a doença, Joel relata que continua tomando cuidados. “A gente não sabe se está imune, então, precisa continuar preservando a saúde. Fui muito bem tratado no hospital e agradeço a Deus por essa bênção”, ressaltou.

Risco
São doenças que podem levar ao aumento de risco de problemas cardiovasculares. Pressão alta, alterações no colesterol, triglicérides e glicemia são alguns exemplos dessa síndrome.

Cidades - Correio Braziliense


terça-feira, 5 de maio de 2020

Os cuidados na vida sexual em tempos de Covid-19 - Veja - Letra de médico




E se o vírus escolheu o sêmen ou a secreção vaginal como um dos seus habitats?

De repente, uma ameaça de morte no ar.

Máscara! “Por favor, use máscara para preservar sua vida e a dos demais” é uma das frases que mais tem sido pronunciada no mundo inteiro, só perdendo para “Fique em casa!”

O vírus mata. Usar máscara e ficar em casa protegem do vírus mortal, desde que ele não tenha aderido à máscara ou invadido a casa. No inicio de 2020, um surto de pneumonia, causada pelo novo coronavírus, foi declarado pela Organização Mundial de Saúde como uma emergência global e uma pandemia, pois a doença relatada , em dezembro passado, pela primeira vez na cidade de Wuhan (China) se alastrou para dezenas de outros países. Esse vírus, como sabemos, é transmitido principalmente pelo contato direto e por gotículas respiratórias.

Num ritmo extenuante, pesquisadores de todo o planeta se lançaram na complexa e meticulosa missão de conhecer mais para fazer frente a essa guerra desigual, onde um lado ataca sem tréguas, enquanto o outro só tem armas para se defender, quando as têm. Confinado e, ao mesmo tempo, distante fisicamente das pessoas queridas, você tenta não sucumbir a esse paradoxo, apesar de todas as dúvidas e dos poucos indícios confiáveis que teimam em não se transformar em evidências. Nos supermercados, qualquer pessoa lhe parece um transmissor em potencial; aqueles que você encontra nas farmácias são supostos Covid positivo, ávidos como você por um remédio milagroso. O medo paralisa seu discernimento, enquanto acelera sua paranoia.

No intuito de manter a sanidade mental, você se afasta do noticiário e de todo tipo de contato com o mundo externo. Sai do confinamento e adentra o isolamento. Isolado, você tenta relaxar, faz exercícios físicos, yoga, meditação. Mas, sem o resultado desejado: ao invés do equilíbrio, consegue o tédio.  De repente, você se lembra: “sexo é vida”. Ficar em casa resulta em mais tempo livre, inclusive para a prática sexual: mais tempo para a vida. Você parte para a masturbação e para o sexo virtual. Porém falta alguma coisa. Você se lembra da relação sexual, abandonada há semanas, sem espaço no seu dia a dia, desde que o vírus tomou conta dos seus pensamentos. Você se anima por um instante. Até que uma dúvida perversa contra-ataca: e se o vírus escolheu o sêmen ou a secreção vaginal como um dos seus habitats? Você volta ao noticiário, aos WhatsApps recebidos, mas pouco encontra. Busca, então, pela literatura médica especializada para sanar sua preocupação.

A ciência informa que o Covid-19 foi encontrado nas fezes de pacientes, o que sugere outras possíveis vias de transmissão a serem investigadas. No que tange à prática sexual, esse achado restringe, até segunda ordem, o contato com o ânus, caso os parceiros não tenham absoluta certeza de que não foram contaminados, certeza essa impossível de se garantir, de forma definitiva. O contágio pode ocorrer de hoje para amanhã.

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Ainda em abril, uma pesquisa divulgada pela revista Biology of Reproduction relatou não haver vírus no sêmen e nos testículos de 12 homens infectados pelo Covid-19, testados nas fases aguda e de recuperação. Os autores concluíram ser improvável que esse vírus possa ser transmitido sexualmente pelos homens. Outra vez, sendo o tamanho da amostra relativamente pequeno, futuros estudos mais robustos confirmarão ou não esses achados. Além disso, o ideal seria que várias testagem do sêmen de cada paciente fossem feitas , durante o curso da doença. No entanto, essa múltipla coleta é impraticável, como se pode imaginar, enquanto os homens estão doentes. Assim, apesar dos dados sugerirem que o Covid-19 não infecta diretamente os testículos e o trato genital masculino, uma resposta definitiva a esse respeito ainda está por vir.

Em Veja - Letra de Médico - MATÉRIA COMPLETA

quarta-feira, 8 de abril de 2020

Tratamento com plasma de pessoas curadas da Covid é tentativa válida – Editorial - O Globo

Terapia, que começou a ser testada esta semana no Brasil, já foi usada em epidemias como a da Sars

Tem sido recorrente a imagem de uma guerra para descrever a luta de governos, sociedades e comunidade científica de todo o planeta contra o novo coronavírus, surgido na China no fim do ano passado e rapidamente transformado em agente de uma pandemia que pôs o mundo em quarentena e não para de produzir números superlativos. De fato, vive-se uma guerra, contra um inimigo extremamente letalmesmo considerando todo o avanço da Ciência —, e que leva a grande vantagem do desconhecimento que a humanidade ainda tem sobre ele.

Embora o Sars-CoV-2 seja neste momento objeto de estudo de cientistas do mundo inteiro, que correm contra o tempo para descobrir uma forma de interromper a sua trajetória, ao mesmo tempo em que profissionais de saúde se desdobram em hospitais superlotados na heroica missão de salvar o maior número de vidas, a verdade é que ainda se sabe pouco sobre o novo coronavírus e a Covid-19. Natural, se levarmos em conta que não faz seis meses que pessoas começaram a morrer na China de uma pneumonia misteriosa, que se espalhava de forma brutal e evoluía rapidamente, levando os pacientes à morte. O médico Li Wenliang, que alertou as autoridades chinesas sobre o surto — e acabou censurado pelo governo — morreu vítima da doença.

Combate-se um vírus para o qual ainda não há remédio ou vacina. Apesar de existirem muitas pesquisas em andamento, estima-se que uma vacina contra a Covid-19 não estará disponível antes de um ano e meio ou dois anos. Tempo demais, não só pelo grande número de mortes, mas também pelos estragos exponenciais na economia mundial. Desenvolver um medicamento específico para a Covid-19 também levaria tempo. Um grupo de instituições científicas, do qual faz parte a brasileira Fiocruz, desenvolve estudos para testar medicamentos já existentes, como a cloroquina, no tratamento da doença. Mas ainda não há qualquer comprovação científica sobre eficácia.

Nesse sentido, é positiva a estratégia que começou a ser testada esta semana, numa parceria entre o Hospital Albert Einstein, o Sírio-Libanês e a Universidade de São Paulo, de usar o plasma de pessoas curadas da Covid-19 no tratamento de pacientes em estado grave, experiência que vem sendo feita em outros países. A aposta é que esses anticorpos possam ajudar a combater o invasor, aumentando as chances de sobrevivência. A terapia já foi usada em outras epidemias, como a da Sars, em 2003, e da influenza H1N1, em 2009. Numa batalha em que a humanidade duela com o inimigo às cegas, toda tentativa de salvar vidas é válida, desde que balizada pela Ciência, obviamente. Como diz o médico Paulo Niemeyer, “o risco maior é não fazer nada”.

 Editorial  -  O Globo


domingo, 5 de abril de 2020

A guerra invisível - Nas entrelinhas


“A epidemia atingiu primeiro a classe média alta, disseminada por pessoas que viajaram ao exterior. Com a transmissão comunitária, chegará aos pobres”


Não me saem da cabeça as cenas dos médicos e paramédicos combatendo as epidemias na África
Qual é a semelhança com o novo coronavírus (Covid-19)? 
A febre hemorrágica Ebola é uma doença muito mais grave, com taxa de letalidade que pode chegar até os 90%, enquanto a do coronavírus gravita em torno dos 5%. É uma zoonose cujo reservatório mais provável é o morcego
O vírus foi transmitido para seres humanos a partir de contato com sangue, órgãos ou fluidos corporais de animais infectados, como chimpanzés, gorilas, antílopes e porcos-espinho, na África subsaariana, ocasionando surtos esporádicos.

O novo coronavírus foi identificado pela primeira vez na China, é transmitido pelo ar e pelo contato físico, de forma muito mais rápida, antes mesmo de as pessoas manifestarem os sintomas da doença. Presume-se também que o hospedeiro de origem seja algum espécime de morcego. Os coronavírus humanos mais comuns causam infecções respiratórias de brandas a moderadas, de curta duração. Os sintomas podem envolver coriza, tosse, dor de garganta e febre. O novo coronavírus é mais letal, porque também ataca violentamente as vias respiratórias inferiores, como pneumonia. Esse quadro é mais comum em pessoas com doenças cardiopulmonares, com sistema imunológico comprometido ou em idosos.

A transmissão do Ebola se dá por meio do contato com sangue, tecidos ou fluidos corporais de animais e indivíduos infectados (incluindo cadáveres), ou a partir do contato com superfícies e objetos contaminados. Não há registro na literatura de isolamento do vírus no suor e pelo ar. É possível detectar os infectados com mais facilidade, porque a transmissão não ocorre sem os sintomas: febre, cefaleia, fraqueza, diarreia, vômitos, dor abdominal, inapetência, odinofagia, manifestações hemorrágicas. Por isso, foi possível isolar o Ebola geograficamente e evitar uma pandemia.

Até hoje não existe vacina e nem remédio específico para tratar o Ebola. Os cuidados são de suporte precoce com hidratação e tratamento sintomático, como no coronavírus. O tratamento se restringe ao controle dos sintomas e suporte/estabilização do paciente. Iniciar o tratamento de maneira oportuna aumenta as chances de sobrevivência dos pacientes. Uma vez que a doença foi curada, a pessoa está imune ao Ebola.

Camuflagem
Não se sabe se os pacientes curados do coronavírus estarão imunizados contra uma nova epidemia. Os pesquisadores ainda estudam as formas de transmissão, mas a disseminação de pessoa para pessoa, ou seja, a infecção por gotículas respiratórias ou contato, é uma guerra na qual não se sabe onde o inimigo se esconde, até que a pessoa infectada manifeste a doença. A maioria não tem sintomas aparentes. É como se a força atacante principal fosse formada por soldados com a camuflagem mais perfeita, entrincheirados numa pessoa igual às outras, às vezes um membro da própria família, dentro de sua própria casa.

Gotículas de saliva, espirro, tosse, catarro; toque ou aperto de mão; objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos são como granadas e tiros. A vida social é um campo minado. Eram inimagináveis as cenas de colapso do sistema de saúde da Itália e da Espanha, com grande número de mortos. Muito menos que grandes potências, como França, Inglaterra, Alemanha e Japão, corram o risco de um Efeito Orloff: eu sou você amanhã. Com todo o seu poder econômico, os Estados Unidos contabilizaram 4,5 mil mortos somente no último sábado. Vejam bem: são países que nem de longe se comparam ao sul do Sudão e ao norte da República Democrática do Congo, na bacia do Rio Ebola.

No Brasil, a epidemia atingiu primeiro a classe média alta, disseminada por pessoas que viajaram ao exterior. Com a transmissão comunitária, agora chegará às parcelas mais pobres da população, exatamente aquelas que, em certas regiões, vivem em condições muito precárias e estão enfrentando mais dificuldades para sobreviver com a política de isolamento social. O número de casos está subnotificado, muitas pessoas estão morrendo com síndrome respiratória aguda sem serem diagnosticadas. Na América Latina, o pior cenário até agora é o do Equador, cujo sistema de saúde entrou em colapso: pessoas morrem sem assistência médica e são incineradas nas ruas, por cidadãos em pânico.

O risco que corremos não é de assistir a cenas iguais às da Italia e da Espanha, muito menos norte-americanas. É de um cenário igual ao do Equador, se a política de isolamento social for revogada pelo presidente Jair Bolsonaro, como ele ameaça, contra a orientação do seu próprio ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. Nosso sistema de saúde não tem condições de absorver a rápida elevação do número de casos de coronavírus que isso provocaria. Não foi à toa que a Câmara dos Deputados aprovou a proposta de emenda à Constituição que cria um orçamento paralelo, chamado de “orçamento de guerra”, para destinar recursos exclusivos às medidas de combate ao coronavírus. Estamos dormindo com o inimigo.

Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo - Correio Braziliense