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segunda-feira, 24 de junho de 2019

Várias notícias

Fico pensando na angústia dos jovens e dos senhores que acreditam nesses aparatos sexuais e no que eles lhes prometem

Quando comecei a usar um computador, bem antes de eles se tornarem veículos de selvageria política através das redes sociais, não me lembro de ter recebido chuvas de propaganda de tudo, como acontece hoje em dia. Talvez me chegasse um ou outro anúncio de equipamentos digitais que prometiam transformar minha vida num paraíso de facilidades. Mas, com imperícia e espanto, levei algum tempo para me convencer de que o Google, por exemplo, tinha a resposta para todas as minhas incertezas de nomes, datas e circunstâncias.

Lembro-me de quando um querido amigo, com quem eu jantava, precisou responder a seu filho adolescente sobre uma escalação do nosso Botafogo, na final de longínquo campeonato carioca. Em casa, antes de dormir, procurei meu velho compêndio sobre o clube, para checar a informação. Eu e o menino poderíamos estar sendo vítimas de um golpe de prestígio, dado por seu pai. Mas o Google tinha razão. O Botafogo ganhara o título de “Glorioso” no tetracampeonato de 1934, quando nosso artilheiro fora Carvalho Leite. E a seleção brasileira, na Copa do Mundo daquele ano, tinha por base o time alvinegro.

Hoje, antes de consultar o Google, sou bombardeado pelos anúncios que me chegam pela internet. Anúncios em quantidade cada vez maior. Os mais recentes têm me incentivado a aumentar o tamanho do pênis e me armar de produtos que estimularão “minhas parceiras”. Fico pensando na angústia dos jovens e dos senhores que acreditam nesses aparatos sexuais e no que eles lhes prometem. Nos últimos tempos, não é mais ao desejo sexual que se dirigem os anúncios intempestivos, mas a outra forma de afirmação: as armas. Tenho recebido propaganda constante de fuzis e pistolas, de soco inglês e de aparelhos destruidores de desconhecidos que nos podem incomodar. Recebo, há dias, anúncio de “lanterna de choque para defesa pessoal”, um “aparelho de choque de altíssima voltagem”. No final da propaganda, o aviso humanitário: “não deixar ao alcance de crianças e não usar no intuito de brincadeira com amigos”. Ou seja, pau puro.

Enquanto isso, viaja para outras galáxias gente que nunca precisou de fórmulas sexuais ou armas de fogo para impor ao mundo o que sabiam fazer. Dois deles partiram semana passada: o jornalista e crítico de cinema Rubens Ewald Filho e o empresário fonográfico André Midani. O primeiro nos divertia há anos, com suas críticas informadas e bem-humoradas. O trabalho do segundo enriqueceu a história da música do país, gravando e promovendo o melhor da bossa nova, da MPB, do tropicalismo e do rock brasileiro, do primeiro disco de João Gilberto ao dos Titãs. No auge da Philips, André mandou publicar, com foto de sua constelação de astros contratados, um anúncio com a frase: “Só falta o Roberto”. E André bem merecia o Roberto também.

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terça-feira, 29 de setembro de 2015

Casa de pintor serial killer tinha 'cemitério' com 7 corpos



Investigadores e peritos ainda fazem buscas no local, auxiliados por uma equipe do Corpo de Bombeiros com dois cães treinados
A casa do pintor Jorge Luiz Morais de Oliveira, de 41 anos, um ex-presidiário suspeito de ter assassinado uma série de pessoas na Favela Alba, na Zona Sul de São Paulo, era uma espécie de cemitério clandestino. Desde que ele foi preso, na sexta-feira, por ter confessado a morte de um vizinho, sete cadáveres já foram encontrados escondidos no casebre, de acordo com a Polícia Civil.

Os investigadores e peritos fazem buscas no local, auxiliados por uma equipe do Corpo de Bombeiros, com dois cães treinados para localizar corpos e ossadas. Embora ele só tenha confessado um assassinato até agora - Oliveira presta depoimento à Polícia Civil nesta tarde -, os investigadores suspeitam que todos os cadáveres localizados sejam de pessoas mortas pelo "Monstro da Alba", como passou a ser chamado pelos vizinhos da favela.

As buscas começaram por causa da última vítima do pintor, Carlos Neto Alves de Matos Júnior, de 21 anos, enterrado em um dos cômodos da casa, onde também havia manchas de sangue, uma faca e um soco inglês. A vítima era homossexual e surdo-mudo. Depois de começar uma perícia na casa, os policiais descobriram os outros cadáveres. Será necessário encomendar exames de DNA para identificação, mas familiares que se dirigiram ao local reconheceram roupas e pertences, como aparelhos celulares dos desaparecidos.

A casa parcialmente demolida fica em um beco da favela e tinha corpos enterrados sob o piso, ossadas, crânios e pele humana nas paredes. Foram recolhidas roupas de homens, mulheres e crianças, além de objetos. A polícia pediu que a Subprefeitura do Jabaquara, na região da favela, envie um caminhão e uma retroescavadeira para retirar o entulho das escavações.

A Justiça decretou a prisão temporária do pintor por até dez dias. A polícia deve pedir a conversão em prisão preventiva, sem prazo determinado. Oliveira tinha passagens por dois homicídios e cumpriu vinte anos de prisão. Ele também se envolveu em rebeliões com mais de 170 presos em Avaré (SP).

Fonte: Revista VEJA