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quarta-feira, 21 de abril de 2021

Más intenções - CPI da Covid já está fabricada. Agora é só fazer barulho - Alexandre Garcia

Vozes - Gazeta do Povo

Enquanto isso, no Brasil, o ministro Ricardo Lewandowski, do STF, deu um prazo de 30 dias para a Anvisa decidir se vai aprovar a importação do imunizante. A agência pediu a suspensão do prazo afirmando que precisa de mais dados sobre segurança, qualidade e eficácia da Sputnik V. E lembrou que está tratando de vidas humanas e, por isso, a análise criteriosa.
 
É de novo a história do Supremo intervindo em tudo: na ciência, no Legislativo, no Executivo... Outro exemplo é a abertura da CPI da Covid. O ex-presidente Fernando Collor deu uma entrevista em que lembrou que antes o STF se limitava a fazer a análise da Constituição e só. Bons tempos aqueles.

CPI tem roteiro pronto
Por falar em CPI da Covid, o autor da comissão, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), já finalizou um roteiro para dar andamento aos trabalhos da comissão. Serão investigados 19 temas e feitos 60 pedidos de informação. Assim como no jornalismo parece que a reportagem já sai pronta na reunião de pauta o repórter apenas é incumbido de ir para a rua colher depoimentos e capturar imagens que reforçam a tese pré-estabelecida — a CPI da Covid dá a entender que já está fabricada e só é preciso colher depoimentos.
 
Será preciso somente promover discussões, fazer bastante barulho para gerar manchetes sobre o assunto e haver declarações pomposas. Tudo isso é uma tentativa de provar uma tese de que o presidente da República é responsável pela piora na pandemia. Mas como se o Supremo deu prioridade de decisão para prefeitos e governadores quando o assunto é Covid-19. A única coisa que ele pode fazer é distribuir dinheiro.
Se o presidente quiser acabar com um lockdown, permitir cultos religiosos presenciais durante a pandemia ou mudar o Plano Nacional de Imunização em algum estado ou município ele não consegue. Eu reitero que essa comissão é focada nas eleições do ano que vem.
 
Urna eletrônica é segura?
Eu recebi um vídeo que lembra uma grande exposição de tecnologia digital em julho de 2017, em Las Vegas (EUA). Eles expuseram cinco urnas eletrônicas — de cinco fabricantes diferentes — usadas em alguns estados dos Estados Unidos.
 
Essas urnas foram testadas por hackers.  
Após uma hora e meia eles conseguiram invadir o sistema. 
Nenhuma daquelas urnas resistiu a uma invasão. 
Eu ainda me pergunto porque a Justiça derrubou três pedidos de que urnas eletrônicas tenham comprovantes de votação — assim como saem os comprovantes na máquina do cartão.
 
Linha de produção do 5G
São José dos Campos (SP) tem a primeira linha de produção de 5G ao sul do Equador, é da Erickson. A empresa acaba de anunciar a patente de uma tecnologia, desenvolvida por três pesquisadores brasileiros, que evita congestionamento no 5G.
Alexandre Garcia, colunista - Gazeta do Povo - VOZES
 

sexta-feira, 26 de julho de 2019

Os perigos eletrônicos que ameaçam todos - O Globo - Editorial

Esclarecer a invasão dos telefones de Moro e Dallagnol é vital para se começar a coibir este tipo de crime

Ainda faltam informações mais sólidas e conclusivas sobre se os hackers encontrados pela Polícia Federal no interior de São Paulo — Walter Delgatti Neto, o provável chefe deles — estão mesmo por trás da invasão dos aplicativos de mensagens do ex-juiz Sergio Moro, e do procurador Deltan Dallagnol, de onde retiraram conversas que poderiam comprometer a lisura da Lava-Jato.  Há vários indícios de que é possível a participação dos detidos no crime. Gustavo Henrique Elias Santos e mulher, Suelen Priscila, com rendas declaradas de menos de R$ 3 mil mensais, movimentaram R$ 627 mil nos períodos de abril a junho de 2018 e de março a maio deste ano. Aqui, um alerta ao Pleno do Supremo para que avalie com a devida atenção a proibição baixada pelo ministro Dias Toffoli a que o Ministério Público tenha um acesso mais amplo aos dados do Coaf sobre movimentações bancárias.

A ficha criminal de Gustavo e de dois outros envolvidos no caso, Walter Delgatti Neto e Danilo Cristiano Marques, é suja — estelionatos em geral, clonagem de cartões de crédito etc.  O advogado de Gustavo disse que o cliente lhe contara que sua intenção era vender o material ao PT. Deve-se aguardar as investigações, nas quais é imprescindível que se levante a origem do dinheiro encontrado com o casal.  O caso de hackeamento de incontáveis autoridades, até do presidente, se confirmado, amplia a discussão em torno da invasão de privacidade. Por inevitável, militantes e simpatizantes do lulopetismo desejam invalidar condenações no âmbito da Lava-Jato, principalmente de Lula, mesmo que o veredicto do ex-presidente tenha sido confirmado por mais duas instâncias.

O debate persistirá. Juristas nada viram de anormal nas supostas conversas entre Moro e Dallagnol, que negam a veracidade das mensagens. E elas não podem ser periciadas porque o site Intercept não dá acesso à íntegra do material, que também passou a ser divulgado pela “Folha de S.Paulo” e “Veja”. Mas não parece haver dúvidas de que os textos são editados.  Um aspecto a destacar são as amplas possibilidades que a tecnologia digital permite a invasões de privacidade. Na quarta, ao comparecer ao Congresso americano para depor, o procurador especial Robert Mueller, responsável pela equipe que investigou durante longo tempo a campanha do presidente Trump, disse que os russos continuarão a intervir na política americana. Como fizeram em 2016 pelo Facebook, em apoio à candidatura de Trump. No Brasil este tipo de interferência eletrônica já tem sido detectado.

O que não está em questão é a publicação do material, porque há garantias constitucionais à liberdade de imprensa e de expressão. A não ser que haja conivência com os hackers.  Mas é preciso saber como a privacidade foi quebrada, por quem, por quais meios e se houve interessados por trás. Só assim, não o deixando impune, será possível criar algum desestímulo a este tipo de crime. [oportuno ter presente, que as atividades dos hackers sempre foram no sentido de obter lucro, grana, nada faziam de graça;

tal perfil torna óbvio que eles jamais iriam realizar uma operação desse porte e doar o produto do crime.
Foram contratados e regiamente pagos para isso.
Por sorte, estão presos e Polícia Federal cuidará para que não ocorra uma 'queima de arquivo'.]

Editorial - Jornal O Globo