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sábado, 15 de janeiro de 2022

Pesquisadores explicam como exercícios físicos podem ajudar a controlar a ansiedade - O Globo

Estudo realizado na Suécia descobriu que ser fisicamente ativo reduz pela metade o risco de desenvolver o problema  

Um estudo em larga escala com quase 200 mil esquiadores de cross-country, publicado na Frontiers in Psychiatry, descobriu que ser fisicamente ativo reduz pela metade o risco de desenvolver ansiedade clínica ao longo do tempo. Foto: PIOTR REDLINSKI / NYT
Um estudo em larga escala com quase 200 mil esquiadores de cross-country, publicado na Frontiers in Psychiatry, descobriu que ser fisicamente ativo reduz pela metade o risco de desenvolver ansiedade clínica ao longo do tempo. Foto: PIOTR REDLINSKI / NYT

A ciência já oferece muitas evidências encorajadoras de que o exercício pode melhorar nosso humor. Experimentos mostram que quando as pessoas (e animais de laboratório) começam a se exercitar, elas normalmente ficam mais calmas, mais resilientes, mais felizes e menos propensas a se sentir indevidamente tristes, nervosas ou com raiva. Estudos epidemiológicos, que muitas vezes se concentram nas ligações entre um tipo de atividade ou comportamento e vários aspectos da saúde ou longevidade, também descobriram que mais exercícios estão associados a chances substancialmente menores de desenvolver depressão grave. Inversamente, ser sedentário aumenta o risco de depressão.

Leia mais:  Em vez de se preocupar com a dieta em si, treine o cérebro

Saúde mental
Para o novo estudo, que foi publicado na Frontiers in Psychiatry, cientistas do exercício da Universidade de Lund, na Suécia, e outras instituições, decidiram que valeria a pena examinar a saúde mental a longo prazo de milhares de homens e mulheres que participaram do famosa corrida anual de esqui na Suécia conhecida como Vasalopett, em que uma multidão de participantes percorre a distância de 90 km entre Sälen e Mora, na província histórica sueca da Dalecárlia.

Como esse tipo de evento requer saúde, resistência e treinamento abundantes, os pesquisadores usaram dados sobre os corredores do Vasaloppet para estudar como o exercício influencia a saúde do coração, os riscos de câncer e a longevidade.

— Usamos a participação em uma Vasaloppet como um substituto para um estilo de vida fisicamente ativo e saudável — disse Tomas Deierborg, diretor do departamento de medicina experimental da Universidade de Lund e autor sênior do estudo, que completou duas vezes o percurso de 90 km.

Para começar, ele e seus colegas reuniram tempos de chegada e outras informações de 197.685 homens e mulheres suecos que participaram de uma das competições entre 1989 e 2010. Eles então cruzaram essas informações com dados de um registro nacional sueco de pacientes, procurando diagnósticos de transtorno de ansiedade clínica entre os corredores nos próximos 10 a 20 anos. Para comparação, eles também verificaram diagnósticos de ansiedade durante o mesmo período de tempo para 197.684 de seus concidadãos selecionados aleatoriamente que não haviam participado da corrida e eram considerados relativamente inativos.

Os esquiadores, descobriram os pesquisadores, provaram ser consideravelmente mais calmos ao longo das décadas após a competição do que os outros suecos, com mais de 50% menos risco de desenvolver ansiedade clínica. Esse padrão tendia a prevalecer entre esquiadores masculinos e femininos de quase todas as idades— exceto, curiosamente, as corredoras mais rápidas. As melhores finalistas femininas de cada ano tendiam a ser mais propensas a desenvolver transtornos de ansiedade do que outros corredores, embora seu risco geral permanecesse menor do que para mulheres da mesma idade no grupo de controle.

Esses resultados indicam que "a ligação entre o exercício e a redução da ansiedade é forte", disse Lena Brundin, principal pesquisadora de doenças neurodegenerativas do instituto de pesquisa Van Andel, no estado americano do Michigan, que foi outra autora do estudo.

Exercício aeróbico
Segundo Deierborg, não é necessário percorrer, de esqui, longas distâncias nos bosques nevados da Suécia para colher os frutos, disse Deierborg. Estudos anteriores de exercício e humor sugerem que seguir as recomendações da Organização Mundial da Saúde de cerca de 30 minutos de caminhada rápida ou atividades semelhantes na maioria dos dias “tem bons efeitos na sua saúde mental” e esses benefícios parecem se aplicar a uma “população mais ampla”, do que apenas os suecos, disse ele.

Ainda assim, pode valer a pena monitorar sua resposta psicológica a treinos e competições intensos, especialmente se você for uma mulher competitiva.

No entanto, as descobertas têm limitações. Elas não podem provar que o exercício faz com que as pessoas tenham um humor melhor, apenas que pessoas altamente ativas tendem a ser menos ansiosas do que seus pares mais sedentários. O estudo também não explica como o esqui pode reduzir os níveis de ansiedade. Os pesquisadores suspeitam que a atividade física altera os níveis de substâncias químicas cerebrais relacionadas ao humor, como dopamina e serotonina, e reduz a inflamação em todo o corpo e no cérebro, contribuindo fisiologicamente para uma saúde mental mais robusta. Qualquer exercício em qualquer ambiente provavelmente deve ajudar. — Um estilo de vida fisicamente ativo parece ter um forte efeito na redução das chances de desenvolver um transtorno de ansiedade — disse Deierborg.

Em O Globo - Saúde - Bem-estar - MATÉRIA COMPLETA


quinta-feira, 21 de abril de 2016

O que une o Brasil



Dilma ainda não foi desmascarada em metade de seus malfeitos. Que a investigação continue. E que todos os bandidos políticos sejam punidos por seus crimes 

Não sei como será o julgamento de Dilma Rousseff no Senado, mas espero que o nível dos votos seja melhor. Porque aguentar horas de arroubos suados "pela minha esposa", "pelos meus netos e o que está por vir", "pela minha tia Eurídice que cuidou de mim pequeno", "por Deus e pela honra de minha família", "pela bandeira de minha cidade", "por Marighela", "pelas vítimas da ditadura", "pelos corretores de seguro", "pelo fim da vagabundização remunerada",  "pelos policiais", "pelo fim do Estatuto do Desarmamento", "pelo fim da troca de sexo" e, por fim, "pela memória do coronel Ustra", conhecido [acusado de ser; embora todos os processos que o acusavam foram arquivados pela Justiça.]  torturador militar, foi, sim, demais da conta.

Vamos reduzir os votos de 10 segundos para 5 segundos na próxima etapa para evitar esse vexame todo? Sim ou não?  Não entendo o motivo do choque nas redes sociais com nossos representantes na Câmara de Deputados. Ninguém sabia que eles eram assim? O desconhecimento dos eleitores, mesmo os com diploma universitário, vai a esse ponto? Não sabíamos da indigência no idioma? Nem da falta de articulação, da falta de pruridos, da falta de raciocínio, da falta de classe, da falta de princípios, da falta de compromisso com ideias?

Ao vivo, dizem, é pior. Concordo. Muitos deputados pareciam imbuídos de uma missão divina, extraterrestre. Começavam num tom baixo e iam aumentando a um ponto tal que eu me encolhia na cadeira. Baixou a Janaina Paschoal na maioria deles. Surto coletivo das cobras. Poucos foram sóbrios.

Alguém esperava algo diferente dessa figura lamentável que é Jair Bolsonaro? Pergunta-se como alguém que elogia um torturador em público pode ser mito em um país democrático. [Bolsonaro será o futuro presidente do Brasil e terá como seu vice o senador Ronaldo Caiado - entendam brasileiros que a maior parte do eleitorado elegeu e reelegeu coisas como Lula e Dilma.......... qualquer mudança é lucro................e Bolsonaro, tendo como vice o Caiado,  devolverá aos brasileiros do BEM o orgulho de ser brasileiro.]  O pior é que ele é de fato ídolo de muita gente no Brasil. Os seguidores de Bolsonaro são, para a nossa felicidade e alívio, uma minoria, mas há muitos por aí que disfarçam a admiração que sentem por ele. Sempre existirão Bolsonaros em todos os países, não podemos nos iludir. Ele deveria ser processado por quebra de decoro, porque defender tortura dentro do Congresso e diante da nação equivale a crime contra a humanidade. [o verme do ex-BBB, especialista em defender tudo que não presta, no entendimento de muitos profissionais da imprensa deveria ser condecorado por ter cuspido em Bolsonaro. Será isso que Dona Ruth pensa? defende?

A leitura do artigo primeiro do Código Penal Brasileiro, em plena vigência, sepulta o argumento de que defender tortura é crime. Vejam: Código Penal Brasileiro - artigo 1º - não há crime sem lei anterior que o defina nem pena sem previa cominação legal.]  Por outro lado, um voto desses é salutar por expor as vísceras do autoritarismo - que só assim pode ser combatido.

Outra coisa que chocou o país foi ver centenas de votos "pelo impeachment e pelo fim da corrupção" dirigidas, em tom de reverência, a Eduardo Cunha, campeão de acusações de enriquecimento ilícito por propinas e contas secretas na Suíça. "Presidente (Cunha), eu digo sim ao impeachment, sim ao fim da corrupção!". Essa fala dava um tom tragicômico à votação. De vez em quando um se revoltava e vinha com o dedo em riste chamando Cunha de canalha e ladrão. Cunha reagia assim: "como vota, deputado? como vota, deputado?" Já vi muitas sessões de Congresso em vários países ocidentais. Nunca vi nenhum parlamentar que não mova um músculo do rosto ao ouvir um colega o chamar de canalha e ladrão aos gritos. É caso de estudo esse Eduardo Cunha. Quanto mais cedo sair, melhor para o Brasil.

Não entendo a indignação dos governistas e petistas com a traição de todos os partidos de aluguel que eram da "base aliada" do PT. Ora, por acaso o PT fez algum esforço na última década para se manter fiel a suas raízes? Algum esforço para manter no Partido seus fundadores? Ou preferiu "fazer como todos faziam" e se aliar a todas as oligarquias rurais e corruptas que agora são acusadas de golpe? PP, PR, Maluf, Sarney, estavam todos sustentando Lula e Dilma. Quem é desleal com sua própria história não pode esperar lealdade de alienígenas.

Dilma abusou do erro - como presidente, como líder e como pessoa. Quando se escolhe um vice, e ela, Dilma, escolheu o decorativo Michel Temer, deve-se cortejá-lo, deve-se dar a ele o papel devido na liturgia, pois a carinha do outro está na chapa que ganhou 54 milhões de votos. Dilma deu tanto as costas a Temer que ele aproveitou sua fragilidade e a crise econômica do país para dar o bote. Dilma nunca foi engolida pelo PMDB nem pelo baixo clero. Foi, no máximo, tolerada. Lembram aquele áudio constrangedor da conversa do prefeito do Rio Eduardo Paes com Lula, reclamando do "mau humor" de Dilma? Lula sabia muito bem que essa era uma verdade universal no governo Dilma. O mau humor. A arrogância. A centralização. Dilma não foi talhada para ser uma presidente, e menos ainda uma presidente popular.

Não foi o fim da série, mas ontem vimos o último episódio de uma temporada. A baixa qualidade da Câmara ficou escancarada. A quem diz tratar-se apenas de nossa imagem refletida no espelho, é bom lembrar que apenas 35 dos 513 deputados foram eleitos por voto próprio - a grande maioria foi carregada pelas legendas dos partidos. Isso não nos exime de culpa. Por muito tempo o brasileiro só quis saber de carnaval, samba, suor, cerveja, praia, futebol e consumo. Alienou-se totalmente da política e até de se informar sobre o exercício da política partidária, como se não tivéssemos nada a ver com isso. Quantas vezes comentamos que nossos hermanos argentinos tinham muito mais consciência política do que nós. O que fazer para o brasileiro se interessar por política?

Já não é este o caso. Aos atropelos, empurrada por uma crise que desemprega, mata e pune com mais severidade as classes mais desfavorecidas e a classe média, Dilma sofre um pedido de impeachment que não inclui metade de seus malfeitos. Gostaria de ver investigado em detalhes o papel de Dilma no cenário arrasado da Petrobras, de Pasadena, de Belo Monte. Gostaria de ver investigada em detalhes a ligação do PT com o assassinato de Celso Daniel. Gostaria de ver investigado em detalhes o absurdo enriquecimento de Lulinha. Gostaria que José Dirceu falasse sobre Lula. Gostaria de ver investigado em detalhes o que entrou de doação ilegal e de propina de obra superfaturada na campanha da reeleição de Dilma e Temer em 2014. Gostaria de ver investigado em detalhes o que aconteceu nos bastidores dos programas Bolsa Família e Minha Casa Minha Vida.

Gostaria que Aécio Neves e todo o tucanato paulista fossem investigados em detalhes, com rigor e sem perdão. Gostaria que eles prestassem contas sobre as fraudes no metrô, nos transportes, na merenda escolar. Gostaria que o PMDB deixasse de ser essa eminência parda que dança conforme a música do poder. Gostaria que o Senado não fosse presidido por Renan Calheiros. Gostaria que todos os bandidos políticos e de colarinho branco fossem desmascarados e punidos de acordo com os crimes que cometeram.

Só assim se consegue unir o Brasil.


 Fonte: Ruth de Aquino - Época