Estudo realizado na Suécia descobriu que ser fisicamente ativo reduz pela metade o risco de desenvolver o problema
A ciência já oferece muitas evidências encorajadoras de que o exercício pode melhorar nosso humor. Experimentos mostram que quando as pessoas (e animais de laboratório) começam a se exercitar, elas normalmente ficam mais calmas, mais resilientes, mais felizes e menos propensas a se sentir indevidamente tristes, nervosas ou com raiva. Estudos epidemiológicos, que muitas vezes se concentram nas ligações entre um tipo de atividade ou comportamento e vários aspectos da saúde ou longevidade, também descobriram que mais exercícios estão associados a chances substancialmente menores de desenvolver depressão grave. Inversamente, ser sedentário aumenta o risco de depressão.
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Para o novo estudo, que foi publicado na Frontiers in Psychiatry, cientistas do exercício da Universidade de Lund, na Suécia, e outras instituições, decidiram que valeria a pena examinar a saúde mental a longo prazo de milhares de homens e mulheres que participaram do famosa corrida anual de esqui na Suécia conhecida como Vasalopett, em que uma multidão de participantes percorre a distância de 90 km entre Sälen e Mora, na província histórica sueca da Dalecárlia.
Como esse tipo de evento requer saúde, resistência e treinamento abundantes, os pesquisadores usaram dados sobre os corredores do Vasaloppet para estudar como o exercício influencia a saúde do coração, os riscos de câncer e a longevidade.
— Usamos a participação em uma Vasaloppet como um substituto para um estilo de vida fisicamente ativo e saudável — disse Tomas Deierborg, diretor do departamento de medicina experimental da Universidade de Lund e autor sênior do estudo, que completou duas vezes o percurso de 90 km.
Para começar, ele e seus colegas reuniram tempos de chegada e outras informações de 197.685 homens e mulheres suecos que participaram de uma das competições entre 1989 e 2010. Eles então cruzaram essas informações com dados de um registro nacional sueco de pacientes, procurando diagnósticos de transtorno de ansiedade clínica entre os corredores nos próximos 10 a 20 anos. Para comparação, eles também verificaram diagnósticos de ansiedade durante o mesmo período de tempo para 197.684 de seus concidadãos selecionados aleatoriamente que não haviam participado da corrida e eram considerados relativamente inativos.
Os esquiadores, descobriram os pesquisadores, provaram ser consideravelmente mais calmos ao longo das décadas após a competição do que os outros suecos, com mais de 50% menos risco de desenvolver ansiedade clínica. Esse padrão tendia a prevalecer entre esquiadores masculinos e femininos de quase todas as idades— exceto, curiosamente, as corredoras mais rápidas. As melhores finalistas femininas de cada ano tendiam a ser mais propensas a desenvolver transtornos de ansiedade do que outros corredores, embora seu risco geral permanecesse menor do que para mulheres da mesma idade no grupo de controle.
Esses resultados indicam que "a ligação entre o exercício e a redução da ansiedade é forte", disse Lena Brundin, principal pesquisadora de doenças neurodegenerativas do instituto de pesquisa Van Andel, no estado americano do Michigan, que foi outra autora do estudo.
Segundo Deierborg, não é necessário percorrer, de esqui, longas distâncias nos bosques nevados da Suécia para colher os frutos, disse Deierborg. Estudos anteriores de exercício e humor sugerem que seguir as recomendações da Organização Mundial da Saúde de cerca de 30 minutos de caminhada rápida ou atividades semelhantes na maioria dos dias “tem bons efeitos na sua saúde mental” e esses benefícios parecem se aplicar a uma “população mais ampla”, do que apenas os suecos, disse ele.
Ainda assim, pode valer a pena monitorar sua resposta psicológica a treinos e competições intensos, especialmente se você for uma mulher competitiva.
No entanto, as descobertas têm limitações. Elas não podem provar que o exercício faz com que as pessoas tenham um humor melhor, apenas que pessoas altamente ativas tendem a ser menos ansiosas do que seus pares mais sedentários. O estudo também não explica como o esqui pode reduzir os níveis de ansiedade. Os pesquisadores suspeitam que a atividade física altera os níveis de substâncias químicas cerebrais relacionadas ao humor, como dopamina e serotonina, e reduz a inflamação em todo o corpo e no cérebro, contribuindo fisiologicamente para uma saúde mental mais robusta. Qualquer exercício em qualquer ambiente provavelmente deve ajudar. — Um estilo de vida fisicamente ativo parece ter um forte efeito na redução das chances de desenvolver um transtorno de ansiedade — disse Deierborg.
Em O Globo - Saúde - Bem-estar - MATÉRIA COMPLETA
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