O presidente do Supremo Tribunal
Federal, Dias Toffoli, fala durante o seminário Transparência e Combate à
Corrupção, no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro - 25/03/2019 (Tomaz
Silva/Agência Brasil)
Todo pretendente a uma vaga no Supremo
Tribunal Federal precisa atender a duas exigências estipuladas pela
Constituição:
1) deve ser provido de notável saber jurídico e
2) ter
reputação ilibada.
José Antônio Dias Toffoli virou titular do time da
toga e hoje preside a Corte sem atender aos dois requisitos
constitucionais.
Não tem nada de notável o saber jurídico de um bacharel em
Direito reprovado duas vezes no concurso para ingresso na magistratura
paulista.
Sem qualificação sequer para cuidar de
uma comarca de grotão, subiu na vida por ser amigo e afilhado de José
Dirceu, a quem deve o emprego de advogado das campanhas do PT, o cargo
de assessor do então chefe da Casa Civil e a chefia da Advocacia Geral
da União.
Em 2009, o saber jurídico do chefe da AGU continuava tão raso
que, na imagem perfeita de Nelson Rodrigues, uma formiga poderia
atravessá-lo com água pelas canelas. E a reputação era tão ilibada
quanto pode sê-lo a de um doutor em métodos eleitorais do PT, com PhD em
José Dirceu. Apesar disso — ou por isso mesmo — virou ministro do
Supremo.
Nesta semana, amparada em documentos e em mais revelações de
Marcelo Odebrecht, a revista Crusoé publicou uma reportagem que deixou a
folha de serviços de Toffoli com cara de prontuário. Sabe-se agora que,
nas catacumbas que abrigaram bandalheiras de dimensões amazônicas, o
ainda chefe da AGU era identificado por Marcelo como o Amigo do Amigo de meu pai. É
com tal codinome que Toffoli entra em cena durante a sequência de
maracutaias abastecidas por hidrelétricas projetadas para o Rio Madeira.
Num documento, Marcelo pergunta a Adriano Maia, funcionário da
empresa encarregado de entender-se com o governo: “Afinal, vocês
fecharam com o Amigo do Amigo de meu pai?” O segundo Amigo da frase é Lula, sabe o país faz tempo. O primeiro Amigo é Toffoli.
Marcelo Odebrecht disse que não pode falar sobre a natureza e o
conteúdo das tratativas. “Quem sabe disso é Adriano Maia”, alegou. É
preciso desvendar o mistério.
Até que Adriano Maia e Dias Toffoli
esclareçam o que houve, os brasileiros terão o dever de suspeitar que o
Supremo Tribunal Federal é presidido por um caso de polícia.
[como ficamos senhor ministro?
Por força do seu supremo decreto, o senhor vai investigar, prender, interrogar, denunciar, acolher a denúncia, realizar a oitiva, acusar, defender, julgar e sentenciar o ilustre jornalista, ou, de oficio, pedir o seu próprio impeachment?]