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sexta-feira, 10 de setembro de 2021

PRIMEIRAS IMPRESSÕES - Percival Puggina

Quando li que o presidente retrocedera em seus arroubos, olhei ao redor e as pessoas estavam com cara de ponto de interrogação. Era como se uma explicação precisasse cair do céu, arremessada por algum anjo nacional bem informado sobre os desígnios do Altíssimo. O anjo não apareceu.

Primeiras impressões são as que se tem de uma namorada, como condição para iniciar o namoro. Em quase tudo mais, são insuficientes para formar opinião. Por isso, não invejo o trabalho dos palpiteiros da comunicação social que saem a opinar e a emitir juízo tão logo uma notícia bate à porta. Prefiro esperar que o cenário se complete.

Sobre o transcorrido na cena brasileira nos meses contados desde a eleição de 2018 eu tenho minha opinião perfeitamente consolidada: a vitória de Bolsonaro causou animosidades e inconformidades cósmicas. Raios e trovões passaram a desabar por obra das correntes políticas que habitualmente assassinam reputações, tentam derrubar quem senta em cadeiras que pretenderam ocupar, abusam do poder quando o têm em mãos, tentam silenciar a divergência e amordaçar a mídia (isto para ficar com apenas alguns aspectos mais relevantes dessas práticas tão antigas quanto atuais).

Em desfavor de Bolsonaro pesam complicadores sérios. 
Ele foi eleito com discurso que atraiu conservadores e liberais. 
Esta ampla corrente de opinião atravessou décadas na condição de omissa e ausente da política nacional, segregada no ambiente intelectual, relegada às redes sociais e cotidianamente fustigada pelo viés “progressista” que domina a mídia, a cultura e a educação em nosso país.
 
De repente, por iniciativa pessoal de um deputado que resolveu enfrentar sozinho a eleição, conservadores e liberais colheram (devo dizer colhemos, porque me incluo entre estes) uma vitória que não foi plantada. Não há entre nós nenhum trabalho político consistente para difusão de princípios e valores de que o Brasil tanto necessita. Nossa representação parlamentar é casual e minguada. Em compensação, no viés oposto, somam-se décadas de ação persistente, de aparelhamento da máquina pública, controle da maior parte da mídia formal e a firme atividade política desempenhada pelo STF, onde sete dos onze ministros foram indicados pelo PT.

A sequência do filme é bem conhecida. A corda esticou em gravíssimo conflito institucional graças aos dois exóticos inquéritos instaurados no Supremo. O documento do presidente foi ou não um ato de grandeza? Por enquanto só sei o que eu faria se fosse ele, ante a evidência de que os outros dois poderes lixaram-se para a voz das ruas. 

Cuidaria do povo, em seu abandono por instituições que só pensam em si mesmas. E confiaria minha esperança ao Senhor da História, a quem dirijo minhas orações nesta noite de 9 de setembro.

Percival Puggina (76), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.


segunda-feira, 18 de novembro de 2019

Papai, quero ser juiz do Supremo - Folha de S. Paulo

Vinicius Mota

Quem tem mais poder: Super-Homem ou um ministro do STF do Brasil?

Quem tem mais poder: Super-Homem, Thor, Mulher Maravillha, Aquaman ou um ministro do Supremo Tribunal Federal do Brasil? A presidente da República nomeia um político para o ministério, mas um juiz da corte desfaz o ato numa canetada. O Congresso aprova um projeto nas duas Casas, arregimentando maiorias, e o chefe de Estado o sanciona, mas o super-herói da capa preta é capaz de suspender a norma numa fração de segundo. Sozinho. E que tal impedir jornalistas de entrevistar um político preso? Ele pode. Sentar sobre um processo o quanto quiser, até que o clima esteja bom para o resultado que deseja? Pode. Inventar o impeachment sem perda de direitos? Sim, senhor.

O herói plenipotenciário também excele na conversa e tentará nos convencer de que nunca age por iniciativa própria. Só quando provocado. Não tem faltado provocador sobre tudo quanto é assunto, no entanto. De uns tempos para cá, apareceu um novo superpoder, o da autoprovocação. O presidente da Casa quis investigar fake news contra os membros da corte, mas não confiava na via normal de acionar o Ministério Público. Então designou ele mesmo um colega para tocar o inquérito.

Raios, trovões, tornados e terremotos começam a jorrar do dispositivo, que está para as prerrogativas judiciais quase como as joias do infinito estão para Thanos na série dos Vingadores. Ai de quem publique algo desabonador sobre nossos heróis. Corre o risco de ser censurado. Outra tendência na Liga da Justiça do cerrado é o supremo ministro requisitar informações sensíveis da República que circulem por aí. Foi assim com os arquivos dos hackers da Lava Jato e, agora, com os dados sigilosos de transações financeiras de 600 mil pessoas do antigo Coaf.

É a capacidade de enxergar o que ocorre em outras dimensões, invisíveis ao mortal comum, que se agrega às habilidades do campeão togado. Antigamente meninos sonhavam em ter os poderes do Batman ou do Ultraman. Hoje, data vênia, devem ter outras aspirações de supremacia.
 
Vinicius Mota, colunista -  Folha de S. Paulo