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sábado, 18 de junho de 2022

O programa suicida do PT - Revista Oeste

 Ubiratan Jorge Lorio

O protótipo do programa de governo petista é uma reedição revista e ampliada do desastre 

No último dia 6, o Partido dos Trabalhadores levou ao conhecimento do público o protótipo de um programa para um eventual governo daquele que se qualifica como a mais honesta de todas as almas. Intitulado “Diretrizes para o programa de reconstrução do Brasil”, o documento enumera as providências que, no seu entendimento, irão restaurar o país — o mesmo que eles arrasaram com as políticas desastradas que perpetraram entre 2003 e 2016. Na verdade, trata-se de uma reedição, revista e ampliada, do desastre.
 
Foto: Montagem Revista Oeste/Shutterstock
 Foto: Montagem Revista Oeste/Shutterstock

São 18 páginas que arremetem contra a lógica econômica, espancam princípios morais e aplicam coças nas liberdades individuais e em que, flagrantemente, revelam uma incapacidade inacreditável de não aprender com todos os tipos de erros — os dos outros e os próprios, os involuntários e os intencionais, os veniais e os capitais. E tudo isso redigido com um cinismo impressionante e maculado de subterfúgios para esconder o real propósito, que é o de completar o serviço interrompido em 2016 pelo impeachment. O programa é uma demonstração inequívoca de que o devaneio do socialismo não acabou.

O texto, suportável para quem é dono de um razoável estoque de paciência, enfeixa uma introdução e quatro blocos: desenvolvimento social e garantia de direitos; desenvolvimento econômico e sustentabilidade socioambiental e climática; defesa da democracia; e reconstrução do Estado e da soberania. Não deixa de ser uma leitura recomendável, principalmente para que se aprenda tudo o que não deve ser feito.

Mais do mesmo
O estrupício começa a manifestar desprezo pela memória dos leitores no segundo parágrafo da apresentação, em que estabelece como objetivo “a criação de um projeto inovador e portador de futuro”, com vistas a construir “um Brasil para todos os brasileiros e brasileiras”. Em seguida, desfere a segunda rasteira, afirmando que a união das “forças progressistas e democráticas” não é apenas para buscar a vitória na eleição, mas reconstruir e transformar o Brasil: “Neste momento histórico decisivo, conclamamos todas as forças sociais, políticas e econômicas comprometidas com a democracia, com a soberania e com o desenvolvimento a somarmos esforços para reconstruir o Brasil, resgatando as forças, o otimismo e a esperança do povo brasileiro”.
 
Projeto inovador ou hino ao atraso? 
Portador de futuro ou recondutor a um passado fracassado? 
Forças progressistas e democráticas ou retrógradas e autoritárias? Reconstrução e transformação do Brasil ou destruição da reparação que vem sendo feita desde 2019? 
Desenvolvimento ou retorno aos voos de galinha? 
Democracia com admiração por ditadores? 
Soberania com adesão ao figurino globalista? 
Ora, parem de tergiversar e de subestimar a inteligência dos eleitores! Em 13 anos no poder que, somados aos oito do então partido do seu patético pré-candidato a vice, perfazem mais de duas décadas —, que inovações, futuro, progresso, contribuição efetivamente positiva, soberania e desenvolvimento eles promoveram?

Não há novidades no documento. Ele nada mais é do que a confirmação em tom menos raivoso e ligeiramente menos hostil ao português — do que o candidato petista vem apregoando diariamente, em tom artificialmente colérico, sempre em ambientes restritos a acólitos subservientes. O fato é que as intenções listadas no documento são claríssimas e configuram a rejeição a todo e qualquer respeito às liberdades individuais.

Venezuelização
Na economia, prometem “um projeto nacional de desenvolvimento justo, solidário, soberano e sustentável, superando o modelo neoliberal, que levou o país ao atraso”. Entretanto, para tal, voltam ao discurso dos anos 1950 de fortalecimento do mercado interno e falam em ressuscitar as “capacidades estatais com potencial de gasto social” e fortalecer o investimento público.
 
Para superar o tal modelo neoliberal — que só existe em suas narrativas —, propõem um conjunto de retrocessos, entre os quais
- o fim do teto de gastos; a implosão da reforma trabalhista; o fortalecimento dos sindicatos; a revogação da autonomia do Banco Central; a reestatização de empresas privatizadas pelo governo atual; a extinção do programa de desestatização; a censura da internet e da mídia em geral, com os nomes fantasia de “regulação”, “controle social”, “combate a fake news” e “enfrentamento a discursos de ódio”; 
- a tributação de “grandes fortunas” (com exceção das próprias, naturalmente); a criação de novas estatais; controles de preços considerados “estratégicos”; o restabelecimento do papel dos bancos públicos como principais agentes de crédito; 
- a adesão à pauta ambientalista radical, com redução de emissões e transição energética; o comprometimento com o autoritarismo da Agenda 2030 da ONU; 
- o retorno explícito à política externa de alianças com ditaduras de esquerda da América Latina e do resto do mundo. Para completar, não mencionam como pretendem cumprir algumas dessas promessas, aprovadas no Parlamento e transformadas em leis.

Não é necessário comentar os estragos que essas políticas econômicas causariam ao país, uma vez que o leitor de Oeste está familiarizado com todos os males que o intervencionismo acarreta. O que é realmente espantoso é ainda existir quem dê crédito a tamanho monturo de barbaridades. Tudo o que pretendem fazer agride a lógica econômica mais elementar. Parece que enxergam o Estado como um médico sem princípios éticos e autorizado a praticar a eutanásia da prosperidade.

Se as ideias coletivistas listadas saírem vitoriosas das urnas, em pouco tempo estaremos pareando com a Argentina e o Chile

Todavia, a abertura da estrada para a “venezuelização” não se limita às sugestões de medidas econômicas. Elas são apenas uma parte do projeto. Há muitos outros perigos no programa, encobertos sub-repticiamente pela manipulação da linguagem. Algumas de suas pautas são fartamente conhecidas, como a introdução definitiva da ideologia de gênero goela abaixo da população
- o aparelhamento do Estado; o racismo fantasiado de “dívida histórica”; o feminismo radical; a desconstrução dos valores ocidentais, a começar pela família; a abolição da verdadeira história da nossa nação, substituída por narrativas distorcidas; 
- a bandidolatria, com suas audiências de custódia, liberações de preços, visitas “íntimas”, “saídas” e “furtos por necessidade”
a desmilitarização das polícias; a radicalização do politicamente correto; o uso da linguagem neutra; as práticas sindicalistas e outras aberrações.

Quem duvida dessas intenções precisa olhar para a verdadeira eutanásia do país que o chavismo-madurismo promoveu na Venezuela, em apenas duas décadas; para a assustadora deterioração da economia e da sociedade da Argentina, que o peronismo-kirchnerismo produziu em três anos; e para o início do mesmo processo, que ora acontece no Chile do ultraesquerdista Gabriel Boric.

É dever moral e demonstração de amor aos descendentes e ao Brasil mostrar, para quem ainda se ilude com as ideias defendidas no documento, que no fim deste ano a escolha não será apenas entre dois candidatos, um de “direita” e outro de “esquerda”. O galo vai cantar em um terreiro muito maior, porque o que vai ser decidido pelos eleitores é se valorizam de fato sua liberdade ou se vão aceitar ser escravizados por uma ideologia desumana.

Esse dever se estende às escolhas para deputados, senadores e governadores. Os brasileiros precisam rejeitar toda e qualquer ideia contrária ao livre exercício das liberdades individuais. Acreditar em “terceira via”, nas condições atuais, além de ingenuidade ou oportunismo, é falta de patriotismo.  

Certos liberais e conservadores metidos a espertos têm o direito de não gostar do presidente, porém, prioritariamente, têm o dever de zelar pelo futuro de seus filhos e netos e de amar o país em que nasceram e vivem.

Se as ideias coletivistas listadas no programa suicida saírem vitoriosas das urnas o que parece ser bem pouco provável, pois os eleitores atualmente já não são mais idiotas teleguiados como no passado —, em pouco tempo estaremos pareando com a Argentina e o Chile. E em viagem rumo à Venezuela e a Cuba.

O Brasil não merece isso. 

Ubiratan Jorge Iorio é economista, professor e escritor. Instagram: @ubiratanjorgeiorio

Leia também “O “petrovespeiro”

Revista Oeste 

 


sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Alckmin faz o tecnicamente correto e parte para a desconstrução de Bolsonaro; alerta ainda para o risco de venezuelização do país.

Geraldo Alckmin, candidato do PSDB à Presidência, passou a fazer a coisa tecnicamente correta — e não vai, não neste texto, juízo de valor sobre este ou aquele —  na disputa eleitoral que, até agora, tem se mostrado bastante difícil para ele. Seu alvo instrumental passou a ser o deputado Jair Bolsonaro (PSL), embora o alvo final seja mesmo o PT. Explico.
 
Segundo o Datafolha, Bolsonaro é hoje o principal receptáculo do antipetismo. Parte considerável do eleitorado o escolhe porque o vê como o mais duro combatente contra o petismo. A tarefa do tucano é complexa: consiste em dizer que Fernando Haddad já está no segundo turno e que deputado do PSL pode ser o passaporte para a volta dos companheiros em razão das rejeições que desperta. [Bolsonaro, podemos dizer que - exceto por decisão Divina, que o retire da disputa  - já está no segundo turno, com possibilidades de vencer no primeiro;
O laranja do Lula, está em segundo lugar, só que sua posição resulta do crescimento de qualquer fato novo - a autorização do presidiário de Curitiba,   para Haddad assumir oficialmente, a condição de candidato do 'perda total'. 
Saiu a autorização, os devotos da Lula e da seita lulopetista, entraram no curral petista, mas, até agora o laranja inflado pelo impulso inicial,  não atingiu sequer 20% - portanto, ainda tem que crescer muito para alcançar Bolsonaro.] 
 
Só essa pregação, no entanto, tem-se mostrado ineficiente. Ou inútil mesmo. Sem a tentativa de desconstrução da imagem plasmada por seu adversário à direita, nada feito. Nos primeiros dias de campanha, essa já era a escolha, diga-se. Ocorre que Bolsonaro foi vítima da facada justamente no sétimo dia do horário eleitoral, 6 de setembro. Apenas três deles tinham sido dedicados aos presidenciáveis: 1º, 3 e 5. E aí foi preciso suspender, por razões que dispensam explicação, a artilharia. Afinal, não se sabia qual poderia ser a reação da população diante do ataque político a uma figura que enfrentava uma situação bastante difícil no hospital.

Ocorre que, no período, Jair Bolsonaro cresceu e se consolidou no primeiro lugar das intenções de voto. E, como já se disse aqui, a peça de resistência de sua campanha é o antipetismo ou, mais genericamente, o antiesquerdismo.  Alckmin não disputa o coração do eleitorado propenso a votar em Ciro Gomes ou no PT — nesse caso, a identificação de Lula com Haddad é que acabará determinando o que vai acontecer com o candidato petista. Já o eleitorado dos candidatos do centro para a direita Henrique Meirelles (MDB), João Amoêdo (Novo) e Álvaro Dias (Podemos) — podem, do ponto de vista ideológico, se identificar com a pauta de Alckmin. Há ainda os eleitores indecisos e dispostos a votar em branco ou a anular seu voto.

Ora, se Bolsonaro está no raio de visão desses eleitores, então é só deslocar um pouco o binóculo e se vai achar o próprio Alckmin. Assim, a única coisa que faz sentido ao tucano é a desconstrução da imagem de Bolsonaro: para que não passe a atrair mais votos e para que perca a adesão dos que ainda não estão convictos.  E aí Alckmin apelou para o cenário de caos, lembrando, inclusive, elogios de Bolsonaro a Hugo Chávez quando este chegou ao poder. Afirmou o tucano no horário eleitoral: “Talvez esse seja um dos momentos mais delicados da nossa democracia. O risco de o Brasil se tornar uma nova Venezuela é real, a partir dos extremismos que estão colocados nessa eleição”. E bateu no “extremismo de um deputado que já mostrou simpatia por ditadores, como Pinochet e Hugo Chávez, que já defendeu o uso da tortura, que acha normal que mulheres ganhem menos que os homens. Uma pessoa intolerante e pouco afeita ao diálogo; que, em quase 30 anos de Congresso, nunca presidiu uma comissão sequer. Nunca foi líder de nenhum dos nove partidos a que foi filiado. Um despreparado, que representa um salto no escuro.” [Alckmin, apesar de inspirar alguma confiança, demonstra uma propensão a um comportamento de um SEM NOÇÃO;
primeiro, quando ofende gravemente a memória do general Augusto Pinochet, comparando aquele Estadista a uma figura como  Hugo Chavez e todos sabemos que a política de Venezuelização é cria do Foro de São Paulo, excrescência criada por Lula, Fidel Castro e outras coisas da esquerda.
Os mesmos que criaram a UNASUL em tentativa estúpida e felizmente fracassada de substituir a extinta URSS.
Se Haddad fosse eleito presidente da República, seria dado passo inicial para antes do final da década  o processo de VENEZUELIZAÇÃO do Brasil ser iniciado e seus efeitos funestos começarem a destruir o Brasil - saiba mais, clicando aqui.]
 
Desconstrução de imagem funciona? Funcionou em 2014. Marina Silva, que assumiu a titularidade da chapa do PSB com a morte de Eduardo Campos, chegou a empatar com Dilma Rousseff em primeiro lugar nas simulações de primeiro turno e a vencer a petista nas de segundo. O PT percebeu o perigo e fez picadinho da candidata, que acabou chegando em terceiro lugar. O rival ideológico da legenda era Aécio Neves, como, no caso de Alckmin, é o PT. Mas foi preciso um ataque a quem competia com o partido no mesmo território.

A investida de Alckmin vai funcionar? Não sei. Mas sei de uma coisa: a única alternativa é também a melhor. [não sou político, não entendo de política e respeito muito a opinião do ilustre autor do POST acima transcrito;
mas, não consigo entender que seja viável tentar derrubar o segundo colocado atacando o primeiro;

Alckmin tem certeza (sua falta de noção não o impede de raciocinar) que jamais será eleito em primeiro turno em uma eleição presidencial. Portanto, seu único objetivo - com chances de ser alcançado - deve ser o de chegar ao segundo turno e disputar com Bolsonaro (que não sendo eleito no primeiro turno, estará no segundo) e para chegar ao segundo turno tem que remover quem estiver entre ele e Bolsonaro (no momento atual, o laranja de Lula).

Ultrapassando Haddad, Alckmin será o segundo, Bolsonaro o primeiro e havendo segundo turno a disputa será entre os dois.
Peço desculpas pelo excesso de falta de conhecimento político.]

Blog do Reinaldo Azevedo



 [ talvez o general Eduardo Villas-Boas não tenha sido feliz na frase; 
mas, foi extremamente feliz quando do forma oportuna se manifestou dizendo que 'Soberania Nacional é inegociável";
com tal frase sepultou qualquer ideia de alguém levar a sério a frase expelida pela dupla de pareceristas da ONU querendo soltar o presidiário de Curitiba.]

 

Crise se agrava e crianças morrem de fome na Venezuela

Desde que a economia da Venezuela começou a ruir, em 2014, protestos por falta de comida se tornaram comuns. Também virou rotina ver soldados montando guarda diante de padarias e multidões enfurecidas saqueando mercados. As mortes por desnutrição são o segredo mais bem guardado do governo de Nicolás Maduro. Nos últimos cinco meses, o New York Times entrevistou médicos de 21 hospitais em 17 Estados. Os profissionais descrevem salas de emergência cheias de crianças com desnutrição grave, um quadro que raramente viam antes da crise.

O problema da fome assola a Venezuela há anos, mas agora a desnutrição está matando as crianças em ritmo alarmante. Por cinco meses, o New York Times acompanhou o cotidiano hospitais públicos venezuelanos e, segundo os médicos, o número de mortes por desnutrição é recorde.  

“As crianças chegam em condições muito graves de desnutrição”, disse o médico Huníades Urbina Medina, presidente da Sociedade Venezuelana de Pediatria. De acordo com ele, os médicos venezuelanos têm se deparado com casos de desnutrição semelhantes aos encontrados em campos de refugiados. 

[votar no PT é dar o primeiro passo,  inicial e irreversível, para transformar o Brasil em uma Venezuela - a chamada venezuelização; 

só que a situação do Brasil será pior, será uma imensa "Venezuela' e sem ter fronteiras com o Brasil.

Para onde fugirão milhões e milhões de brasileiros famintos?

É público e notório que toda a corja lulopetista aprova e apoia, incondicionalmente, o regime sanguinário do ditador Maduro e tem aquele governo como modelo a ser seguido - sem esquecer os milhões doados pelo Brasil ao regime chavista - via empréstimos do BNDES.]


Para muitas famílias de baixa renda, a crise redesenhou completamente a paisagem social. Pais preocupados ficam dias sem comer, emagrecem e chegam a pesar quase o mesmo que seus filhos. Mulheres fazem fila em clínicas de esterilização para evitar bebês que não possam alimentar.  Jovens que deixam suas casas e se juntam a gangues de rua para vasculhar o lixo atrás de sobras carregam na pele cicatrizes de brigas de faca. Multidões de adultos avançam sobre o lixo de restaurantes após os estabelecimentos fecharem. Bebês morrem porque é difícil encontrar e pagar pela fórmula artificial que substitui leite materno, até mesmo nas salas de emergência. 

Inflação na Venezuela fechará o ano acima de 2000%, diz oposição
 
“Às vezes, eles morrem de desidratação nos meus braços”, afirmou a médica Milagros Hernández, na sala de emergência de um hospital pediátrico na cidade de Barquisimeto. Ela diz que o aumento de pacientes desnutridos começou a ser notado no fim de 2016. “Em 2017, o aumento foi terrível. As crianças chegam com o mesmo peso e tamanho de um recém-nascido.” 

Antes de a economia entrar em colapso, segundo os médicos, quase todos os casos de desnutrição registrados nos hospitais públicos eram ocasionados por negligência ou abusos por parte dos pais. Quando a crise se agravou, entre 2015 e 2016, o número de casos no principal centro de saúde infantil da capital venezuelana triplicou.  Nos últimos dois anos, a situação ficou ainda pior. "Em muitos países, a desnutrição grave é causada por guerras, secas ou algum tipo de catástrofe, como um terremoto”, disse a médica Ingrid Soto de Sanabria, chefe do departamento de nutrição, crescimento e desenvolvimento do hospital. “Mas, na Venezuela, ela está diretamente relacionada à escassez de comida e à inflação.” 

O governo venezuelano tem tentado encobrir a crise no setor de saúde por meio de um blecaute quase total das estatísticas, além de criar uma cultura que deixa os profissionais com medo de relatar problemas e mortes ocasionados por erros do governo. As estatísticas, porém, são estarrecedoras. O relatório anual do Ministério da Saúde, de 2015, indica que a taxa de mortalidade de crianças com menos de 4 semanas aumentou em 100 vezes desde 2012, de 0,02% para pouco mais 2% - a mortalidade materna aumentou 5 vezes no mesmo período. 

Na Venezuela, diabéticos morrem sem insulina e escassez piora
 
Por quase dois anos, o governo venezuelano não publicou nenhum boletim epidemiológico ou estatísticas relacionadas à mortalidade infantil. Em abril, porém, um link apareceu subitamente no site do Ministério da Saúde conduzindo os internautas a boletins secretos. Os documentos indicavam que 11.446 crianças com menos de 1 ano morreram em 2016 - um aumento de 30% em um ano.  Os dados ganharam manchetes nacionais e internacionais antes de o governo declarar que o site tinha sido hackeado. Em seguida, os relatórios foram retirados do ar. Antonieta Caporale, ministra da Saúde, foi demitida e a responsabilidade de monitorar os boletins foi passada aos militares. Nenhuma informação foi divulgada desde então. 


Os médicos também são censurados nos hospitais e frequentemente alertados para não incluir desnutrição infantil nos registros. “Em alguns hospitais públicos, os diagnósticos clínicos de desnutrição foram proibidos”, afirmou Urbina. No entanto, médicos entrevistados em 9 dos 21 hospitais investigados mantiveram ao menos algum tipo de registro. Eles constataram aproximadamente 2,8 mil casos de desnutrição somente no último ano - e crianças famintas regularmente sendo levadas para a emergência. Quase 400 delas morreram, segundo os pediatras. “Nunca na minha vida vi tantas crianças famintas”, afirmou a médica Livia Machado, pediatra que oferece consultas grátis em uma clínica particular.  

O Estado de S. Paulo