Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER
Mostrando postagens com marcador erros. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador erros. Mostrar todas as postagens

sábado, 18 de junho de 2022

O programa suicida do PT - Revista Oeste

 Ubiratan Jorge Lorio

O protótipo do programa de governo petista é uma reedição revista e ampliada do desastre 

No último dia 6, o Partido dos Trabalhadores levou ao conhecimento do público o protótipo de um programa para um eventual governo daquele que se qualifica como a mais honesta de todas as almas. Intitulado “Diretrizes para o programa de reconstrução do Brasil”, o documento enumera as providências que, no seu entendimento, irão restaurar o país — o mesmo que eles arrasaram com as políticas desastradas que perpetraram entre 2003 e 2016. Na verdade, trata-se de uma reedição, revista e ampliada, do desastre.
 
Foto: Montagem Revista Oeste/Shutterstock
 Foto: Montagem Revista Oeste/Shutterstock

São 18 páginas que arremetem contra a lógica econômica, espancam princípios morais e aplicam coças nas liberdades individuais e em que, flagrantemente, revelam uma incapacidade inacreditável de não aprender com todos os tipos de erros — os dos outros e os próprios, os involuntários e os intencionais, os veniais e os capitais. E tudo isso redigido com um cinismo impressionante e maculado de subterfúgios para esconder o real propósito, que é o de completar o serviço interrompido em 2016 pelo impeachment. O programa é uma demonstração inequívoca de que o devaneio do socialismo não acabou.

O texto, suportável para quem é dono de um razoável estoque de paciência, enfeixa uma introdução e quatro blocos: desenvolvimento social e garantia de direitos; desenvolvimento econômico e sustentabilidade socioambiental e climática; defesa da democracia; e reconstrução do Estado e da soberania. Não deixa de ser uma leitura recomendável, principalmente para que se aprenda tudo o que não deve ser feito.

Mais do mesmo
O estrupício começa a manifestar desprezo pela memória dos leitores no segundo parágrafo da apresentação, em que estabelece como objetivo “a criação de um projeto inovador e portador de futuro”, com vistas a construir “um Brasil para todos os brasileiros e brasileiras”. Em seguida, desfere a segunda rasteira, afirmando que a união das “forças progressistas e democráticas” não é apenas para buscar a vitória na eleição, mas reconstruir e transformar o Brasil: “Neste momento histórico decisivo, conclamamos todas as forças sociais, políticas e econômicas comprometidas com a democracia, com a soberania e com o desenvolvimento a somarmos esforços para reconstruir o Brasil, resgatando as forças, o otimismo e a esperança do povo brasileiro”.
 
Projeto inovador ou hino ao atraso? 
Portador de futuro ou recondutor a um passado fracassado? 
Forças progressistas e democráticas ou retrógradas e autoritárias? Reconstrução e transformação do Brasil ou destruição da reparação que vem sendo feita desde 2019? 
Desenvolvimento ou retorno aos voos de galinha? 
Democracia com admiração por ditadores? 
Soberania com adesão ao figurino globalista? 
Ora, parem de tergiversar e de subestimar a inteligência dos eleitores! Em 13 anos no poder que, somados aos oito do então partido do seu patético pré-candidato a vice, perfazem mais de duas décadas —, que inovações, futuro, progresso, contribuição efetivamente positiva, soberania e desenvolvimento eles promoveram?

Não há novidades no documento. Ele nada mais é do que a confirmação em tom menos raivoso e ligeiramente menos hostil ao português — do que o candidato petista vem apregoando diariamente, em tom artificialmente colérico, sempre em ambientes restritos a acólitos subservientes. O fato é que as intenções listadas no documento são claríssimas e configuram a rejeição a todo e qualquer respeito às liberdades individuais.

Venezuelização
Na economia, prometem “um projeto nacional de desenvolvimento justo, solidário, soberano e sustentável, superando o modelo neoliberal, que levou o país ao atraso”. Entretanto, para tal, voltam ao discurso dos anos 1950 de fortalecimento do mercado interno e falam em ressuscitar as “capacidades estatais com potencial de gasto social” e fortalecer o investimento público.
 
Para superar o tal modelo neoliberal — que só existe em suas narrativas —, propõem um conjunto de retrocessos, entre os quais
- o fim do teto de gastos; a implosão da reforma trabalhista; o fortalecimento dos sindicatos; a revogação da autonomia do Banco Central; a reestatização de empresas privatizadas pelo governo atual; a extinção do programa de desestatização; a censura da internet e da mídia em geral, com os nomes fantasia de “regulação”, “controle social”, “combate a fake news” e “enfrentamento a discursos de ódio”; 
- a tributação de “grandes fortunas” (com exceção das próprias, naturalmente); a criação de novas estatais; controles de preços considerados “estratégicos”; o restabelecimento do papel dos bancos públicos como principais agentes de crédito; 
- a adesão à pauta ambientalista radical, com redução de emissões e transição energética; o comprometimento com o autoritarismo da Agenda 2030 da ONU; 
- o retorno explícito à política externa de alianças com ditaduras de esquerda da América Latina e do resto do mundo. Para completar, não mencionam como pretendem cumprir algumas dessas promessas, aprovadas no Parlamento e transformadas em leis.

Não é necessário comentar os estragos que essas políticas econômicas causariam ao país, uma vez que o leitor de Oeste está familiarizado com todos os males que o intervencionismo acarreta. O que é realmente espantoso é ainda existir quem dê crédito a tamanho monturo de barbaridades. Tudo o que pretendem fazer agride a lógica econômica mais elementar. Parece que enxergam o Estado como um médico sem princípios éticos e autorizado a praticar a eutanásia da prosperidade.

Se as ideias coletivistas listadas saírem vitoriosas das urnas, em pouco tempo estaremos pareando com a Argentina e o Chile

Todavia, a abertura da estrada para a “venezuelização” não se limita às sugestões de medidas econômicas. Elas são apenas uma parte do projeto. Há muitos outros perigos no programa, encobertos sub-repticiamente pela manipulação da linguagem. Algumas de suas pautas são fartamente conhecidas, como a introdução definitiva da ideologia de gênero goela abaixo da população
- o aparelhamento do Estado; o racismo fantasiado de “dívida histórica”; o feminismo radical; a desconstrução dos valores ocidentais, a começar pela família; a abolição da verdadeira história da nossa nação, substituída por narrativas distorcidas; 
- a bandidolatria, com suas audiências de custódia, liberações de preços, visitas “íntimas”, “saídas” e “furtos por necessidade”
a desmilitarização das polícias; a radicalização do politicamente correto; o uso da linguagem neutra; as práticas sindicalistas e outras aberrações.

Quem duvida dessas intenções precisa olhar para a verdadeira eutanásia do país que o chavismo-madurismo promoveu na Venezuela, em apenas duas décadas; para a assustadora deterioração da economia e da sociedade da Argentina, que o peronismo-kirchnerismo produziu em três anos; e para o início do mesmo processo, que ora acontece no Chile do ultraesquerdista Gabriel Boric.

É dever moral e demonstração de amor aos descendentes e ao Brasil mostrar, para quem ainda se ilude com as ideias defendidas no documento, que no fim deste ano a escolha não será apenas entre dois candidatos, um de “direita” e outro de “esquerda”. O galo vai cantar em um terreiro muito maior, porque o que vai ser decidido pelos eleitores é se valorizam de fato sua liberdade ou se vão aceitar ser escravizados por uma ideologia desumana.

Esse dever se estende às escolhas para deputados, senadores e governadores. Os brasileiros precisam rejeitar toda e qualquer ideia contrária ao livre exercício das liberdades individuais. Acreditar em “terceira via”, nas condições atuais, além de ingenuidade ou oportunismo, é falta de patriotismo.  

Certos liberais e conservadores metidos a espertos têm o direito de não gostar do presidente, porém, prioritariamente, têm o dever de zelar pelo futuro de seus filhos e netos e de amar o país em que nasceram e vivem.

Se as ideias coletivistas listadas no programa suicida saírem vitoriosas das urnas o que parece ser bem pouco provável, pois os eleitores atualmente já não são mais idiotas teleguiados como no passado —, em pouco tempo estaremos pareando com a Argentina e o Chile. E em viagem rumo à Venezuela e a Cuba.

O Brasil não merece isso. 

Ubiratan Jorge Iorio é economista, professor e escritor. Instagram: @ubiratanjorgeiorio

Leia também “O “petrovespeiro”

Revista Oeste 

 


sábado, 25 de setembro de 2021

OS VERDADEIROS TERRAPLANISTAS - Percival Puggina

A linha de frente do atraso é formada por aqueles que cultuam, entre nós, as ideias mais erradas que a humanidade produziu. Ouvi-los e lê-los permite prever o que acontecerá quando aberta a porta para desembarque no mundo com que sonham: as mentes intoxicadas, a dependência psicológica dos erros, o totalitarismo e o precipício.

Há ideias políticas que são, mesmo, como as drogas. Afetam o usuário, comprometem seu ambiente e estragam vidas. Algumas têm efeito cumulativo e causam danos generalizados. Vivemos tempos em que pais e mães, educadores, religiosos, formadores de opinião deveriam estar atentos em relação a conteúdos tão em voga no mundo aparentemente inocente das ideias.

Exemplifico. Certa feita, enquanto frequentava aulas de Teologia numa universidade católica, um douto amigo surpreendeu-se com a permanente utilização pelo professor, não por acaso um religioso, de farto material didático de extração marxista e de análise marxista em suas dissertações à turma. Tão monocórdio conteúdo levou o aluno a interpelá-lo: "Professor, por que o senhor apela tanto para a doutrina marxista em suas aulas?".  Conta ele que o sujeito olhou-o detidamente, como que surpreso com a indagação, pensou um pouco e o desafiou: "Quem eu usaria, em lugar de Marx?". Diante da turma em expectante silêncio, meu amigo retrucou: "Professor! O senhor percebe que usou as palavras de Pedro para Jesus? ‘Mestre, a quem iremos?’ –. O senhor acabou de revelar a quem vai sua fidelidade, professor!".

O marxismo é uma dessas drogas servidas por terraplanistas ideológicos em repetidas doses como suplemento alimentar das mentes. É ele, e só ele, que justifica o culto aos disparates pedagógicos de Paulo Freire. Outra droga sustenta não existir uma "lei natural" decorrente da natureza humana. O combate debochado aos bons princípios e valores vem dessa negação. O terraplanismo filosófico leva ao relativismo moral e à desordem em que vivemos.

Segundo o relativismo moral, nada se deduz daquilo que somos em relação ao que devemos ser.  
Será que os bons pais e mães que me leem concordarão com isso ao meditarem sobre suas funções paternais? 
Esse mal ataca e prospera, levando à letargia das consciências. Droga desastrosa e de fácil acesso.

Terrível terraplanismo filosófico!

Se não existirem normas que se possam extrair da natureza do ser humano, tudo será segundo a vontade dos príncipes, sem que haja qualquer sentido em interrogá-los sobre seus fundamentos morais.

É por isso que o STF e o Congresso têm feito muito do que fazem.

Ao transferirmos para o Estado a edição e administração de uma errática lei moral, renunciamos ao tesouro da Lei Natural. Vale dizer: abdicamos a muito de nossa essência humana e transformamos o Estado em poderoso "educador moral", coisa que ele, como não cansa de nos demonstrar, tem nenhuma condição de ser. É o que está acontecendo no Brasil e foi contra isso, à beira do precipício, que nos insurgimos em 2018.

Percival Puggina (76), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.


sexta-feira, 30 de agosto de 2019

Bolsonaro diz que vai adotar caneta Compactor porque ''Bic é francesa''

Segundo o presidente, a nova marca será usada para assinar o indulto de fim de ano para policiais presos ''injustamente'' 

[com todo o respeito senhor Presidente, o decreto do indulto de fim de ano para policias presos injustamente, é de grande importância e até aceitável que a Bic não seja usada;

só que o negócio é trocar a marca sem as ironias que apequenam o cargo mais importante da República - e ser o senhor o ocupante desse cargo (com quase 60.000.000 de votos a seu favor)  é que enlouquece seus adversários no Brasil, em outros países e certamente chateia mais o Macron do que  a troca de marca da caneta presidencial.

Certas ocasiões algumas brincadeiras nos sejam prazerosas, precisam ser evitadas devido o prazer não compensar o aspecto negativo.

Quanto ao indulto nos parece que tem que ser genérico, o que impede um específico para policiais, assim é conveniente que haja um bom estudo jurídico já que os adversários do Senhor = inimigos do Brasil, tentarão melar tudo.]

O presidente Jair Bolsonaro afirmou, na noite desta quinta-feira (29/8), que indultos de fim de ano serão dados a "policiais presos injustamente", que teriam sido condenados por "pressão da mídia". A assinatura do documento seria feita "com caneta Compactor porque a Bic é francesa", falou rindo o presidente em live transmitida pelo Facebook, ao sugerir um boicote à França. O presidente Jair Bolsonaro afirmou, na noite desta quinta-feira (29/8), que indultos de fim de ano serão dados a "policiais presos injustamente", que teriam sido condenados por "pressão da mídia". 

A assinatura do documento seria feita "com caneta Compactor porque a Bic é francesa", falou rindo o presidente em live transmitida pelo Facebook, ao sugerir um boicote à França. O presidente ainda chamou o dinheiro oferecido pelo presidente francês, Emmanuel Macron, para combater incêndios na Amazônia de "esmola". "O Brasil vale muito mais do que 20 milhões de dólares", afirmou. "O Macron me acusou de mentiroso, colocou em jogo a nossa soberania sobre a Amazônia", completou. A tensão entre os dois países começou quando o presidente francês, Emmanuel Macron, criticou a forma como Bolsonaro está lidando com as queimadas na Amazônia. Bolsonaro ainda disse que verbas que vêm de outros países acabam indo para ONGs, e que na opinião dele, "o problema não é desmatar é desmamar esse pessoal".  
 
Terras indígenas em pauta 
Na mesma oportunidade, Bolsonaro voltou a falar da demarcação de terras indígenas. De acordo com o presidente, hoje 14% do território nacional recebe essa classificação e que, se ele atendesse a todos os pedidos que existem, esse número subiria para 20%. "A agricultura vai ficar inviabilizada. Eu não vou usar minha caneta, a não ser que seja obrigado, para demarcar mais áreas", decretou. 

O general Augusto Heleno, chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), que estava ao lado do presidente, acrescentou que as demarcações já existentes precisam ser revistas. "Essas demarcações merecem todas ser revistas porque existem provas de fraudes", disse. 
 
Imprensa como inimiga 
Boa parte da live foi dedicada a críticas à mídia. De acordo com Bolsonaro, a imprensa "potencializa" e muitas vezes "mente". Entre as críticas do presidente, está a derrubada do veto pelo Congresso Nacional à lei da fake news nesta quarta-feira (28/8). O veto ocorreu em junho, quando a Lei nº 13.834/2019, que atualiza o Código Eleitoral, chegou à mesa do presidente da República e aumenta para até oito anos a pena para quem propaga notícias falsas em eleições. 

Para Bolsonaro, não há sentido na pena estabelecida pela publicação de notícias falsas por cidadãos e porque os erros de jornalistas não são punidos da mesma forma. "A imprensa vive errando porque o repórter não pode pegar oito anos de prisão?" de acordo com ele, "acontece" da pessoa enviar uma notícia que  não seja verdade. "Um clique você pega uma pena maior do que um 'teco'", afirmou comparando a propagação de fake news com um homicídio.
 
Correio Braziliense
 

 

quarta-feira, 12 de setembro de 2018

Haddad põe o pé na estrada

O PT entrará na campanha com sua história e sua incapacidade de reconhecer erros

Fernando Haddad tem pouco mais de um mês para mostrar que não é o “Andrade”. Sua unção aconteceu aos 45 minutos do segundo tempo, quando a vitimização de Lula já tinha rendido tudo o que podia render. É até provável que o PT tenha perdido uma semana de propaganda ao esticar desnecessariamente a corda.

Haddad entra em campo com o patrimônio dos bons tempos de Lula e com a bola de ferro das malfeitorias do petismo. Seus adversários negam que ele tenha presidido um país com emprego, crescimento e olho na redução das desigualdades sociais. Perdem tempo, pois o sujeito que perdeu o emprego lembra da vida que teve. Já os petistas, inclusive Haddad, embrulham o mensalão e as petrorroubalheiras numa delirante teoria da conspiração. Também perdem tempo, pois o resultado está aí e chama-se Jair Bolsonaro.

A cenografia que o PT armou em Curitiba foi exemplar. O comissariado, reunido num hotel, anunciou que sua Executiva Nacional decidiu, por unanimidade, colocar Haddad na cabeça da chapa. Teriam feito melhor se dissessem que carimbaram uma decisão de Lula, coisa que até as grades da carceragem da Federal já sabiam. Há dias Haddad fez-se fotografar sorrindo atrás de uma máscara de Lula. A partir de hoje começa a ser testada a cena real, com Lula sorrindo atrás de uma máscara de Haddad.  O PT e Bolsonaro têm o mesmo sonho: chegar ao segundo turno tendo o outro como adversário. Talvez esse seja o único projeto comum à senadora Gleisi Hoffmann e ao general Hamilton Mourão.

Todas as projeções feitas com base nas pesquisas desembocam na mesma pergunta: qual será a transferência de Lula? [palpite a ser cobrado: inferior a DEZ POR CENTO - dificilmente haverá segundo turno e se houver Haddad não estará nele.]Certo mesmo é que enquanto se espera por um crescimento de Haddad capaz de levá-lo a um segundo turno contra Bolsonaro, algo que se poderia chamar de eleitorado de centro espalhou seus votos entre três candidatos: Ciro Gomes, Marina Silva e Geraldo Alckmin. Eles têm, somados, 34% das preferências. Bolsonaro tem 24%.

Com o pé na estrada, Haddad oferece um projeto, goste-se ou não dele. Seus adversários do suposto centro estão perdidos numa busca de estratégias marqueteiras. Candidato a vice na chapa de Marina Silva, Eduardo Jorge viu num indesejável dilema Haddad-Bolsonaro uma oportunidade para ferir o petista: “Bolsonaro é o candidato do Lula no segundo turno para, junto com candidato terceirizado que ele quer colocar na outra vaga da finalíssima, pavimentar a volta do Lula”.  Com anos de atraso, Marina usa a palavra “corrupto” para classificar Lula. Alckmin decide atacar Bolsonaro, freia e dá marcha a ré. Já Ciro Gomes, que negociava uma chapa com Haddad, lembrou que na eleição de 2016 ele perdeu a Prefeitura de São Paulo no primeiro turno, tendo conseguido menos votos que a soma dos nulos e em branco.

Esse clima de barata-voa dificilmente construirá candidaturas que possam ser associadas a políticas públicas. Pode-se atribuir o leve crescimento de Ciro Gomes à sua proposta de renegociação das dívidas dos inadimplentes do sistema de crédito. Ganha uma viagem à Venezuela quem for capaz de citar uma proposta de Geraldo Alckmin. Outro dia ele quis contar que pretende reforçar a Força Nacional com a contratação de conscritos que deixam as Forças Armadas, mas perdeu-se com reminiscências. Haddad tira o tom de fantasia em que o PT envolveu sua participação na disputa. É tão pesado quanto o foi Dilma Rousseff na sua primeira campanha. Se o poste de 2010 tinha a alavanca do poder e do sucesso lulista, o ex-prefeito de São Paulo depende do prédio da carceragem de Curitiba.

Elio Gaspari, jornalista - O Globo

quinta-feira, 14 de setembro de 2017

Muito a explicar

Desde o começo desse incrível imbróglio, esperava-se que Rodrigo Janot, comprovadamente despreparado para o cargo que ocupa, pedisse demissão. 

Já que decidiu ficar, então que ao menos reconheça seus inúmeros erros

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, disse que “nunca se viu, em toda a nossa história, tantas investigações abertas e tantos agentes públicos e privados investigados, processados e presos”, razão pela qual resta à defesa dos implicados “tentar desconstruir, desacreditar a figura das pessoas encarregadas do combate à corrupção”. Foi uma forma nada sutil de se referir às críticas que ele e sua equipe vêm sofrendo em razão do espantoso acordo de delação premiada com o empresário Joesley Batista e do açodamento das denúncias contra vários políticos e altas autoridades sem o devido embasamento. Segundo Janot, quando há uma grande ofensiva contra a corrupção como a que ele e outros procuradores da República conduzem, “muitas pernas tremem”.

São palavras de quem, ele sim, precisa se defender. Ninguém no Brasil, salvo os criminosos, se opõe à luta contra a corrupção. Muito ao contrário: a Lava Jato e operações congêneres resultam da resolução dos brasileiros de atacar esse que é um dos principais flagelos nacionais. O que tem causado profundo incômodo é o messianismo dos que se julgam em uma cruzada moral contra os políticos em geral, comportamento que os induz a agir algumas vezes em desafio ao Estado de Direito, como se a causa justificasse o atropelamento da lei. Esse incômodo aumenta consideravelmente quando se observa que Janot tem sido incapaz de esclarecer as diversas dúvidas e suspeitas que surgiram sobre os procedimentos de integrantes da Procuradoria-Geral desde que veio à luz a bombástica delação de Joesley Batista.

Uma instituição como a Procuradoria-Geral, dedicada a defender a ordem jurídica, deveria ser a campeã da transparência. No entanto, o que se tem observado é que, dia após dia, surgem informações que indicam um comportamento reprovável de alguns de seus integrantes envolvidos nas nebulosas negociações do acordo com Joesley, sem que o procurador-geral tenha sido capaz de dar explicações plausíveis para isso. O máximo que consegue é dizer-se “ludibriado”.

O caso mais célebre é o do ex-procurador Marcelo Miller, que, ao que tudo indica, orientou o Grupo J&F e o empresário Joesley Batista a elaborarem os acordos de leniência e de delação premiada quando ainda era integrante da Procuradoria-Geral e um dos principais assessores de Rodrigo Janot. O próprio Janot já admitiu a ação de seu ex-assessor e pediu a prisão de Miller, que o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, indeferiu – embora, em seu despacho, tenha dito que são “consistentes” os indícios de que Miller praticou o delito de obstrução de Justiça.

A exótica decisão de Fachin é apenas mais um elemento carente de explicação numa história que causa espanto contínuo e progressivo – a começar pelo fato de que ela só veio à luz em razão do estranho acaso da entrega de uma gravação involuntária de Joesley Batista que, entre um drinque e outro, conta como se associou a procuradores para obter a desejada imunidade total.

Com esse novo escândalo, surgiram suspeitas de que, além de Marcelo Miller, ao menos outros dois procuradores, muito próximos de Rodrigo Janot, teriam atuado em favor de Joesley. Recorde-se, a propósito, que um outro procurador chegou a ser preso, em maio, sob acusação de ser informante de Joesley.

Ou seja, há robustas razões para cobrar de Janot esclarecimentos sobre o que se passa no Ministério Público sob sua chefia. De nada adianta dizer-se enganado. É preciso que o procurador-geral pare de insultar a inteligência dos cidadãos – como quando disse que conversou apenas sobre “amenidades” ao ser flagrado em encontro fora da agenda, atrás de engradados de cerveja num botequim de Brasília, com um dos principais advogados de Joesley na véspera da prisão do empresário.

Desde o começo desse incrível imbróglio, esperava-se que Janot, comprovadamente despreparado para o cargo que ocupa, pedisse demissão. Já que resolveu ficar, então que ao menos reconheça seus inúmeros erros, que tanto custaram ao País, em vez de maliciosamente atribuir a seus críticos a pecha de inimigos da Lava Jato.


Fonte: Editorial - O Estado de S. Paulo
 

segunda-feira, 4 de setembro de 2017

Procurador-geral Janot reconhec possibilidade de erros gravíssimos na delação da JBS e manda abrir investigação

PGR abre investigação que pode cancelar delação premiada da JBS

Segundo Janot, gravações inéditas de conteúdos gravíssimos apontam prática de crime

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, abriu investigação interna para rever a delação premiada de três dos sete executivos do Grupo J&F. Os executivos teriam sido ajudados pelo ex-procurador Marcello Miller na elaboração da proposta de delação fechada com a Procuradoria-Geral da República. Miller atuava na PGR e, depois, passou a atuar como advogado da JBS. Segundo Janot, a gravação envolve ainda um ministro do Supremo e um parlamentar.

A suspeita surgiu a partir de um áudio com conversa entre dois delatores, que chegou à PGR na última quinta-feira. Segundo Janot, a gravação de cerca de quatro horas foi entregue, aparentemente por engano, nos anexos da delação da JBS.  Se a delação for anulada, os colaboradores podem perder os benefícios. Janot ressaltou, no entanto, que as provas obtidas até agora não devem ser anuladas. [o que Janot ressaltou é sem sentido, haja vista que ele mesmo reconheceu não haver provas das acusações que fez contra o presidente Temer.] Ele considerou o fato "gravíssimo".
— Determinei hoje a abertura de investigação para apurar indícios de omissão de informações sobre práticas de crime no processo de negociação para acordo de colaboração premiada no caso JBS. Áudios de conteúdo grave, eu diria gravíssimo, foram obtidos pelo Ministério Público Federal na semana passada, precisamente na quinta-feira, às 19h. A análise de tal gravação revelou diálogo entre dois colaboradores com referências indevidas à Procuradoria-Geral da República e ao Supremo Tribunal Federal. Tais áudios também contêm indícios segundo esses dois colaboradores de conduta em tese criminosa atribuída ao ex-procurador Marcelo Miller declarou Janot.

O procurador-geral disse ainda que eventuais irregularidades no acordo de colaboração não vão atrapalhar novas denúncias até o fim de seu mandato na PGR. Janot deixa o cargo no dia 17 de setembro. Ele prepara uma segunda denúncia contra o presidente Michel Temer, já denunciado uma vez a partir de informações obtidas na delação da JBS.

Uma coisa não tem nada a ver com a outra. Temos um cronograma de trabalho rigorosamente definido. Volto a repetir: não deixarei de praticar ato de ofício — afirmou o procurador-geral.

Em seu pronunciamento, Janot fez uma defesa da delação premiada como instrumento para apuração de crimes de corrupção. O procurador disse que eventuais irregularidades na colaboração da JBS não invalidam provas já apresentadas em denúncias nem o próprio instrumento da delação. — Quando o acordo (com a JBS) foi firmado, a prova apresentada era e é consistente, envolvia altas autoridades em crimes gravíssimos. Naquele contexto, que permanece até hoje, os benefícios eram perfeitamente adequados. O instituto da colaboração premiada é importante. É preciso preservar esse modelo, e não retroceder. Se os executivos da JBS eventualmente erraram, pagarão por isso, mas nem por isso deve pagar o instituto, que deve ser preservado. Assistimos hoje forças que se levantam contra o instituto da delação premiada.


Fonte: O Globo



sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Dilma 'ficou de pensar' em ir ao Congresso reconhecer erros


Sugestão partiu dos senadores independentes recebidos pela presidente nesta quinta-feira
A presidente Dilma Rousseff ouviu nesta quinta-feira (13) a sugestão de reconhecer erros cometidos por seu governo na condução da economia e admitir os equívocos do período eleitoral. Foram além: que o gesto de "boa vontade" não ocorresse durante um pronunciamento, na TV, mas diante do Congresso Nacional.

Dilma não estrilou. Aos seus interlocutores, os senadores independentes Lídice da Mata (PSB-BA), Cristovam Buarque (PDT-DF), João Capiberibe (PSB-AP), Lasier Martins (PDT-RS) e Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), que levaram a proposta, Dilma disse que pensaria no assunto.

Fonte: Revista Época

quinta-feira, 12 de março de 2015

Tesoureiro da campanha de Dilma que empreiteiro diz estar “preocupadíssimo” escreve carta aberta cobrando que o PT reaja à… direita golpista!!!

Ah, Edinho Silva, tesoureiro da campanha de Dilma Rousseff em 2014 está inconformado com o que considera passividade de seu partido. Ele até redigiu uma carta aberta expressando esse seu inconformismo. Sim, claro, quer que os responsáveis pela roubalheira sejam punidos. Afinal, vocês sabem, ele é um homem honrado. Só não se conforma com o que considera a paralisia da legenda.

Erros? Ele até admite alguns. Mas não os que vocês possam eventualmente estar pensado. O principal, segundo diz, é este: “Nunca na nossa história assimilamos com tanta facilidade o discurso oportunista de uma direita golpista e nunca estivemos tão paralisados”. Onde estaria a direita golpista brasileira? Certamente não são os empreiteiros, por exemplo. Boa parte está na cadeia, incapaz de dar um golpe, não é mesmo?

Edinho cobra uma reação do binômio PT/governo. Faz sentido. Ao longo de sua história, essa gente nunca distinguiu o aparelho partidário da máquina do estado. Para eles, tudo é uma coisa só. Devem-se somar à equação também as entidades sindicais e os ditos movimentos sociais — aqueles que formam, em suma, a nova elite patrimonialista brasileira. Como um aprendiz de Zé Dirceu, ele conclama: “É hora de pegarmos nossa história nas mãos e irmos para a luta política”. É o mesmo vocabulário.

Que coisa! A carta de Edinho vem a público dois dias depois de Pedro Barusco ter dito na CPI que a roubalheira institucionalizada na Petrobras começou mesmo em 2003, com a chegada do PT ao poder, e que, em 2010, a campanha de Dilma recebeu R$ 300 mil do esquema.