Marcha das Margaridas:
apoio a Dilma e repúdio a Eduardo Cunha
No encerramento da
Marcha das Margaridas, em Brasília, presidente responde: 'Eu envergo, mas
não quebro'
'Não vai ter golpe', dizem manifestantes a
Dilma
Ao som de gritos de
"Não vai ter golpe" e "Fica, Dilma", a presidente Dilma
Rousseff participou ontem do encerramento da Marcha das Margaridas e, em discurso, no
Estádio Mané Garrincha, disse que pode envergar, mas não quebra. O evento
organizado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag)
se transformou em um ato de apoio à presidente, com ataques das margaridas ao
presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e até ao ministro da Fazenda,
Joaquim Levy.
No encerramento de
seu discurso no estádio, ao mencionar a atual crise política, a presidente
citou trecho da canção "Envergo, mas não quebro", do cantor e
compositor Lenine: — Nos maus tempos da lida, eu envergo, mas não
quebro. Margaridas, nós podemos envergar, mas não quebramos, nós seguimos em
frente — afirmou a presidente, aplaudida pelas margaridas, como são
chamadas as trabalhadoras rurais ligadas à Contag.
As margaridas ocuparam
a parte de baixo do estádio, que tem capacidade para 22.360 pessoas, mas apenas dois
terços desse espaço foram preenchidos. Ou seja, cerca de 15 mil delas
estavam presentes. Na parte da manhã, as manifestantes fizeram a marcha pela Esplanada dos
Ministérios, fechando com um ato de "Fora Cunha" no gramado em
frente ao Congresso Nacional. A Polícia Militar estimou entre 20 mil a 30 mil
participantes na passeata. A Contag falou em 50 mil pessoas.
No estádio, à
tarde, dez ministros acompanharam a presidente. O evento foi aberto com a
entrada de trabalhadoras com grandes pétalas brancas de pano, que formavam o
desenho de margaridas no gramado do estádio, e ao som de "Aquarela do
Brasil" (de Ary Barroso), na versão de Elis Regina. Das
instalações saíram fumaças verde, azul, amarela e vermelha. A margarida é o
símbolo do movimento em homenagem à paraibana Margarida Alves, assassinada há
15 anos, quando era presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Lagoa
Grande (PB).
"Não deixaremos
que haja retrocessos"
Dilma evitou
estender o discurso sobre a crise política, mas reafirmou que seu mandato vai
até 2018, ao anunciar que as reivindicações das mulheres serão atendidas ao
longo dos próximos anos. E disse que não aceitará retrocesso: — Tenham
certeza absoluta que eu, sua presidente, continuarei trabalhando
incansavelmente para honrar e realizar os sonhos que vocês depositam em mim e
no meu governo. Quero dizer a vocês, e esta é uma garantia que faz parte do
centro da razão do meu governo, nós não deixaremos que haja retrocessos. Eu
continuarei trabalhando para honrar e realizar os sonhos de vocês. Juntas, nós
margaridas que geramos a vida e a defendemos, não permitiremos que ocorra
qualquer retrocesso nas conquistas sociais e democráticas do nosso país.
O presidente da
Contag, Alberto Broch, defendeu a democracia e o mandato de Dilma: — A
marcha levanta a bandeira contra o golpe. Somos contra aqueles que querem o retrocesso
deste país.
Nalu Faria, uma das
secretárias da Contag, falou na mesma linha: — A marcha repele todas
as tentativas de golpe e afirma que a democracia que nós conquistamos ninguém
nos tirará. E nós queremos, sim, que este processo continue com mais mudanças,
porque aprendemos que a crise se enfrenta com mais justiça e mais direitos —
afirmou Nalu, sob aplausos da plateia e gritos de apoio à presidente.
A ministra da
Secretaria das Mulheres, Eleonora Menicucci, [mais conhecida pelo codinome ‘vó do aborto’ pelo grande número de
abortos que realizou em muitas mulheres e nela mesmo.] convocou as
trabalhadoras a resistirem, porque o governo continuará defendendo os mais
necessitados. Referindo-se à crise enfrentada por Dilma, a ministra defendeu o
respeito ao estado democrático de direito e ao voto popular. — Esta é
uma marcha de mulheres resistentes. A mulher que está no palco enfrenta
resistências. Soube enfrentar regime de repressão. A resistência de quem não se
dobra a vozes autoritárias que visam enfraquecimento da democracia e não
respeita a vontade soberana do povo. Esta mulher forte e resistente de coração
valente recebe aqui milhares de mulheres igualmente resistentes — disse
Eleonora.
Enquanto esperavam
a chegada da presidente, as participantes da marcha gritaram palavras de ordem
como "No meu país, eu boto fé, porque ele é governado por mulher".
Também pediram a cabeça do ministro da Fazenda, Joaquim Levy: "Fora
já. Fora daqui, o Eduardo Cunha junto com Levy". Levantaram ainda uma
faixa com a inscrição "Fica, Dilma". [marcha bancada com recursos do Banco do Brasil e Caixa Economica
Federal – ‘contribuições voluntárias’ em prol da manutenção na presidência da maior praga que já assolou o
Brasil. Dilma, em termos de capacidade de fazer o mal, ser nefasta ao BEM,
supera todas as pragas do Egito.]"Viemos dizer não a Eduardo
Cunha"
e
manhã, faixas e discursos dos locutores defenderam o mandato de Dilma e
criticaram Cunha. — O Congresso Nacional precisa respeitar a decisão do
povo. Foi o povo que votou e elegeu a presidente Dilma. Não ao golpe —
dizia uma das locutoras em um caminhão de som. — Viemos aqui dizer não ao
Eduardo Cunha – disse outra locadora. Ainda de manhã, no Senado, aconteceu
uma sessão solene em homenagem às margaridas, com discursos duros contra o
Legislativo.
Em relação às
reivindicações da marcha, Dilma anunciou medidas de enfrentamento à violência
contra as mulheres, como a criação da Patrulha Rural Maria da Penha, em
parceria com os governos estaduais; de incentivo à produção, incluindo a
implantação de 100 mil cisternas; de atenção integral à saúde da mulher, com
ações de prevenção do câncer do colo do útero e de mama; e a construção de
1.200 creches na área rural até o fim do governo.