A tropa dos confrontos
Apenas 20 policiais militares se envolveram em 10%
das mortes em confronto entre 2010 e 2015
A Polícia Militar do Rio de Janeiro é a que
mais mata e a que mais morre no Brasil. De janeiro a outubro deste ano, 910
pessoas morreram em confronto com as forças policiais no estado. Por outro
lado, 120 PMs já foram mortos. Segundo dados do Instituto de Segurança Pública
(ISP), até o fim de outubro 24 deles haviam morrido em serviço. O número de
vítimas nas ações policiais no Rio é historicamente um grave problema, nunca
enfrentado adequadamente.
A implantação das Unidades de Polícia Pacificadora
(UPPs) [que os fatos mostraram e continuam mostrando que era uma fraude na realidade as UPPs sempre foram Unidades de Perigo ao Policial.] chegou a reduzir os números absolutos: enquanto em 2007 foram
registrados 1.330 homicídios decorrentes de oposição à intervenção policial,
esse número caiu para 416 em 2013, auge do processo de pacificação. Porém,
longe do cinturão das UPPs - instaladas, em sua maioria, na Zona Sul, Centro e
Tijuca - a alta letalidade policial continuou. O GLOBO mostra pela primeira vez
os homens por trás desse problema: apenas 20 policiais militares - quase todos
atuando na Zona Norte, na Baixada Fluminense e na Grande Niterói - estiveram
ligados a mais de 10% dos autos de resistência entre 2010 e 2015. [com certeza o número é bem maior; e, felizmente estes policiais estão vivos - o período analisado abrange cinco anos - porque foram inteligentes e concluíram que entre morrer e responder uma acusação de ter atirado e matado um bandido (que na maior parte das vezes é desmontada durante o julgamento do policial acusado) é melhor responder à acusação - continua vivo e no julgamento é inocentado por ser a acusação falsa - os acusadores apoiados e incentivados pelas ONGs de direitos humanos, que sempre defendem os direitos dos bandidos e esquecem os direitos dos HUMANOS DIREITOS (que inclui os direitos dos policiais) confundem na acusação o fato do policial atirar no bandido em defesa de sua própria vida e/ou da de terceiros e acusam o policial de homicidio.
No julgamento a farsa é exposta e o policial absolvido e permanece vivo e trabalhando em defesa da sociedade.]
Morto a caminho de casa
Era quase
meia-noite quando o cobrador de ônibus Alexandre Mendonça Marinho passou pela
Avenida Automóvel Clube, em Belford Roxo, município de 470 mil habitantes na
Baixada Fluminense. Estava indo para casa depois de um dia normal de trabalho:
fez cinco viagens na linha 638 (Marechal Hermes-Saens Peña), todas
contabilizadas numa guia de serviço da Auto Viação Três Amigos. O documento, de
14 de julho de 2014, mostra que a jornada de Alexandre começou às 13h05m e se
estendeu até as 22h30m. No entanto, num outro documento, registrado quatro
horas depois na delegacia da região, o cobrador aparece num papel diferente: o
de um homem que morreu com um tiro de fuzil nas costas durante um confronto
entre bandidos e policiais militares.
A morte
de Alexandre foi uma das 3.442 classificadas, entre 2010 e 2015, como
“homicídios decorrentes de oposição à intervenção policial” — também conhecidos
como autos de resistência. Um levantamento feito pelo GLOBO em cima desses
casos revela um dado impressionante: um grupo de apenas 20 PMs esteve envolvido
em 356 deles, ou seja, mais de 10% das mortes provocadas por toda a tropa ao
longo de seis anos. No mesmo período, 93 policiais militares foram assassinados
em serviço, segundo dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), órgão
responsável pelos números relacionados à violência no Rio. [indiscutivelmente os policiais assassinados estão entre aqueles que entre a vida deles e a de um bandido, vacilam e preferem que o bandido permaneça vivo.]
A
constatação de que um grupo de 20 PMs concentrou 356 autos de resistência é
fruto de um cruzamento de dados do ISP com informações contidas em mais de 2
mil páginas de documentos sigilosos da Polícia Civil. Os homens que integram a
“tropa de elite dos confrontos” correspondem a 0,04% dos cerca de 45 mil
policiais militares na ativa. Juntos, estão ligados a mais mortes que as forças
de segurança de dez estados (Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Pernambuco,
Mato Grosso do Sul, Sergipe, Espírito Santo, Amazonas, Amapá, Mato Grosso e
Tocantins), de acordo com estatísticas do Fórum Brasileiro de Segurança
Pública.
Um dos
policiais envolvidos na morte de Alexandre faz parte do grupo ligado aos 356
autos de resistência. Trata-se do sargento Everson de Mello Moraes, que, em
2014, estava lotado no 39º BPM (Belford Roxo). Entre 2010 e 2015, teve
participação em 27 ocorrências; em 14 delas, como o responsável pelas mortes.
Nas demais, é citado como “testemunha” ou “envolvido” — classificações
frequentemente usadas pela Polícia Civil quando não é possível determinar qual
agente provocou o óbito.
Moraes e
um outro PM admitiram ter atirado no cobrador de ônibus. A informação está no
registro feito na 54ª DP (Belford Roxo). No documento, eles justificam a ação
como resultado de uma perseguição a assaltantes. Pela descrição do colega do
sargento, “(bandidos) passaram a atirar na guarnição, que foi obrigada a
reagir’’. Ainda segundo ele, ao fim de uma troca de tiros, Alexandre foi
encontrado no chão, baleado, ao lado de uma pistola calibre 9mm com numeração
raspada. Os policiais dizem que levaram o cobrador ainda com vida até o Hospital
Municipal Jorge Júlio Costa dos Santos. Parentes e vizinhos do cobrador acusam
os PMs de terem aproveitado a tentativa de socorro para adulterar o local do
homicídio. —
Alexandre estava de uniforme e com documentos do trabalho. Quando cheguei ao
hospital, tudo havia sumido — afirmou uma parente, que pediu anonimato. [um detalhe não é citado na matéria: durante o socorro, os próprios médicos tem que retirar a roupa que a vitima veste; não seria sensato que para tamponar um ferimento que sangra no tórax de uma vitima os médicos percam tempo desabotoando a roupa. O adequado é rasgar, cortar a roupa.
Outro ponto que sempre esquecem: qual o motivo de sempre colocarem os policiais como mentirosos? - a versão de testemunhas, muitas apenas ouviram falar ou por bronca da polícia criam uma versão que criminaliza os policiais.
| versão de tais testemunhas ou de algum parente da vítima que chegou ao local do confronto depois, sempre prevalece sobre o depoimento dos policiais.
Se o policial se deixar matar, é enterrado sem a solidariedade de grande parte das autoridades; se mata em vez de morrer, é considerado suspeito.
Policial que sobrevive a um tiroteio em que bandidos morrem, é sempre suspeito.
Óbvio que vez ou outra um policial é culpado, mas, são minoria - os PMs só são maioria quando se calcula o número de assassinados este ano.]
A família
levou documentos e testemunhas à delegacia, mas, aos olhos da lei, Alexandre
ainda é considerado criminoso: o inquérito sobre o caso segue classificado como
morte em confronto com a polícia. O GLOBO tentou encontrar Everson por meio de
telefonemas e e-mails para a assessoria de imprensa da PM e o 20º BPM
(Mesquita), onde ele estaria lotado atualmente, mas não obteve contato.
O Globo