Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER
Mostrando postagens com marcador James Bond. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador James Bond. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 28 de setembro de 2022

Seria este o início da Terceira Guerra Mundial? Quem sabotou o gasoduto Nord Stream? Gazeta do Povo

Vozes - Daniel Lopez
 

Geopolítica submarina

Suspeita de sabotagem nos gasodutos Nord Stream levam a Europa (e o mundo) ao nível máximo de tensão

Imagem aérea mostra vazamento de gás do Nord Stream 2 no Mar Báltico, na região da ilha de Bornholm, na Dinamarca| Foto: EFE/EPA/Comando de Defesa da Dinamarca

A semana começou bem agitada. Enquanto protestos acontecem no Irã, Rússia e Colômbia, simplesmente duas explosões subaquáticas danificaram os gasodutos Nord Stream 1 e 2, situados no Mar Báltico, nas regiões econômicas da Suécia e da Noruega. 
A detonação causou grandes vazamentos de gás, exatamente quando a Europa vive sua mais grave crise energética dos últimos tempos. 
Com a chegada cada vez mais próxima do inverno no Hemisfério Norte, o dano aos dutos agrava ainda mais a já delicada situação na Europa, com possíveis reflexos em todo o mundo.
Ainda é cedo para afirmar o que (ou quem) causou as explosões. Inicialmente, cogitou-se a hipótese de problemas técnicos. Mas sismólogos afirmaram que as características do tremor são de explosões, o que levou a comunidade internacional a suspeitar de uma ação proposital. 
A Ucrânia levantou a hipótese de um ataque terrorista, enquanto o Kremlin, a Alemanha e a Polônia não excluíram a possibilidade de sabotagem.

Seguindo o princípio cui bono (“quem se beneficia”), alguns levantaram a hipótese de a ação ter sido realizada pela Ucrânia. Porém, explodir gasodutos em águas dinamarquesas a 70 metros de profundidade pareceu algo fora da realidade ucraniana. Outros, sugeriram que poderia ser um ato de bandeira falsa (quando um grupo ataca a si mesmo e culpa o oponente) realizado por um submarino russo. 

Todavia, o mais estranho foi a manifestação de Radek Sikorski, ex-ministro da Defesa Nacional e Ministro das Relações Exteriores da Polônia, em sua conta no Twitter. Ele postou "Obrigado, EUA", junto a uma foto dos vazamentos de gás do Nord Stream. Ele que é também jornalista e membro do Parlamento Europeu, continuou as postagens escrevendo: “Por falar nisso, não há escassez de capacidade de gasodutos para levar gás da Rússia para a Europa Ocidental, incluindo a Alemanha. A única lógica do Nord Stream era que Putin pudesse chantagear ou criar uma guerra na Europa Oriental impunemente. Todos os estados ucranianos e do mar Báltico se opõe à construção da Nordstream há 20 anos. Agora, US$ 20 bilhões de sucata estão no fundo do mar, outro custo para a Rússia de sua decisão criminosa de invadir a Ucrânia. Alguém, @MFA_Rússia (Ministério das Relações Exteriores da Rússia), fez uma operação de manutenção especial”. 
Ou seja, para ele, foram os norte-americanos que destruíram o gasoduto. E é muito estranho ver um membro do parlamento europeu falando isso abertamente e, ainda por cima, fazendo piada com os diplomatas russos.

Realmente é uma situação muito estranha, que lembra filmes do James Bond. Os gasodutos estavam fechados em virtude dos impasses entre russos e europeus e às sanções impostas a Moscou. Entretanto, os canos estavam cheios de gás. Com isso, as explosões colocam ainda mais certa a realidade de que a Europa não poderá contar com o gás russo neste inverno. Além disso, o estranho acontecimento também contribui para uma intensa escalada no conflito atual.

A questão é que alguns analistas ainda cultivavam a esperança (talvez irreal) de que a chegada do inverno poderia levar a União Europeia propor um acordo com Moscou, retirando as sanções ao país e, com isso, colaborar com o fim do conflito na Ucrânia. Porém, com o rompimento dos gasodutos, a hipótese fica ainda mais remota.[talvez a UE comece a desconfiar que apoiar o ex-palhaço Zelensky, que batalha usando a dos outros, não é um bom negócio; as sanções ocidentais começam a se voltar os países europeus - começando pela Suíça onde a ministra do Meio Ambiente, recomendou que os suíços passem a tomar banho em grupos, para economizar energia ... logo recomendará que comam menos para ...]

No ano passado, escrevi um artigo mostrando que a construção do gasoduto Nord Stream 2 poderia ser considerada um dos grandes catalisadores do conflito na Ucrânia. 
Na época, os Estados Unidos estavam determinados a impedir a conclusão do projeto, uma vez que significaria uma dependência ainda maior da Alemanha e de toda a Europa do gás fornecido pela Rússia, o que daria enorme poder a Vladimir Putin, que poderia usar a conjuntura como instrumento de pressão e chantagem contra o Ocidente. 
Em 2018, por exemplo, o então presidente Donald Trump decidiu sancionar qualquer um que se envolvesse no projeto, o que levou 18 empresas a se retirarem da empreitada. Entretanto, a companhia russa Gazprom decidiu seguir com os trabalhos, mesmo perante as sanções norte-americanas.

Veja Também:
Será que, para salvarmos a Europa, criaríamos inimizade com Putin?

'A jogada de Putin que destruiu todo o sistema
  

Com a insistência da OTAN de incentivar a Ucrânia a integrar a aliança ocidental, o Kremlin decidiu invadir o país vizinho antes que ele se transformasse em mais uma base avançada das potências ocidentais. Com a invasão, seguida da unanimidade da opinião pública internacional contra a decisão russa, criou-se o ambiente favorável para o cancelamento do projeto, que custou quase 10 bilhões de euros, com 1.230 quilômetros de extensão, sendo o maior gasoduto submarino do mundo. 
 Imagine o tamanho do prejuízo que resultou do cancelamento do projeto. Vale lembrar que, independente do Nord Stream, a maior parte do gás natural que chega à Europa passa exatamente pela Ucrânia. Curioso, não? Estaria tudo conectado? É possível.

Enquanto isso, o cenário geopolítico vai ficando cada vez mais tenso. E quais seriam as reações caso se encontrem os responsáveis pelas explosões? Ursula von der Leyen, chefe da Comissão Europeia, publicou ontem (27) em no Twitter: “Conversei com Frederiksen (primeira-ministra dinamarquesa) na ação de sabotagem #Nordstream. É imperativo agora investigar os incidentes, obter total clareza sobre os eventos e por quê. Qualquer interrupção deliberada da infraestrutura energética europeia ativa é inaceitável e levará à resposta mais forte possível”.

A pergunta que fica é: o que seria essa “resposta mais forte possível”?
 Poderia uma eventual identificação dos autores levar o mundo a uma escalada que acabe desembocando numa Terceira Guerra Mundial? 
Deus queira que não. Contudo, alguns defendem que esse conflito já começou, mas a maioria ainda não se deu conta, uma vez que a modalidade de batalha moderna é indireta, irregular, não-convencional e híbrida. Que Deus nos proteja.

Daniel Lopez, colunista - Gazeta do Povo - VOZES

 

terça-feira, 2 de novembro de 2021

Hipócritas unidos jamais serão vencidos: desfile de exageros na COP26 - Vilma Gryzinski

Mundialista

 Declarações apocalípticas e engarrafamento de jatinhos mostram que muitos querem pegar carona na onda salvacionista

Mesmo quem acha a  pregação exagerada e catastrofista, tem que concordar: o nível de conversa mole, já muito alto, atingiu novos patamares com a conferência climática em Glasgow.

Um exemplo estarrecedor: Justin Welby, o arcebispo de Canterbury, ou Cantuária, principal autoridade eclesiástica da Igreja Anglicana, teve que pedir desculpas pela “ofensa causada aos judeus” quando disse que a inação dos líderes mundiais levaria a um genocídio muito maior do que o provocado pelo nazismo. “Estava tentando enfatizar a gravidade da situação com que nos defrontamos na COP26”, alegou. Detalhe: antes de se tornar padre, ele foi executivo da indústria petrolífera.

Por que um religioso que segue todo o manual politicamente correto faria uma comparação dessas?  Porque está havendo uma espécie de competição de declarações apocalípticas sobre a situação ambiental do planeta.

“Chega de tratarmos a natureza como um vaso sanitário”, exaltou-se António Guterres, o secretário-geral da ONU que fala constantemente que a humanidade é “viciada em combustíveis fósseis”, como se usar transportes, alimentar-se, aquecer-se e desfrutar da ampla cadeia de produtos provenientes do petróleo fosse uma escolha doentia resultante da toxicomania, não da necessidade.

Boris Johnson, o primeiro-ministro que quer parecer mais verde do que Greta, comparou a situação climática a uma “máquina do fim do mundo” como nos filmes de James Bond. Outra comparação absurda, embora menos ofensiva do que a do arcebispo. Ele também justificou o uso de um jatinho particular para a viagem a Glasgow.

Tal como o príncipe Charles, Boris está usando “combustível de aviação sustentável”, uma mistura de gasolina comum de avião com materiais reciclados a partir de óleo de cozinha e outros. Custa cinco vezes mais.

Pelo menos Boris e Charles estão fazendo um esforço, o que não pode ser dito sobre os outros 50 aviões particulares que estão congestionando as pistas de Glasgow e arredores. No total, são esperados 400 aviões. De Jeff Bezos a Evo Morales, ninguém quer voar em aviões comerciais. Só  os quatro utilizados pela comitiva de Joe Biden, mais o helicóptero Air Force One e mais 85 veículos geram mil toneladas de dióxido de carbono.

É hipocrisia ir para uma conferência ambiental com seu próprio jatinho? Sem dúvida, se for para pegar carona no marketing que a imagem de preocupação com o meio ambiente gera. 
Ninguém, obviamente, imagina o presidente dos Estados Unidos pegando um avião de carreira da American Airlines. 
Mas por que o príncipe Albert de Mônaco não pode dar um bom exemplo? Ou sua ausência causaria danos ambientais irreparáveis?
Jeff Bezos foi para a Escócia direto da festa de aniversário no iate de Bill Gates, em águas cristalinas da Turquia, ao qual chegou de helicóptero.
De que adianta ser o homem mais rico do mundo – ou o segundo entre os mais mais, lugar que alterna com Elon Musk – se você não pode viajar no seu próprio Gulf Stream? A hipocrisia pode ser a homenagem que o vício presta à virtude, mas ser ambientalmente virtuoso exige muito mais do que promessas vazias e jatinhos cheios.
 
 Vilma Gryzinski, colunista - MUNDIALISTA - VEJA 

quinta-feira, 7 de outubro de 2021

James Bond enfrenta seu pior inimigo - Revista Oeste

 Dagomir Marquezi

Depois de derrotar Dr. No, Blofeld, Scaramanga, Goldfinger e outros vilões, o agente 007 tenta sobreviver às patrulhas do politicamente correto 

 O maior e mais duradouro mito da cultura pop nasceu na manhã do dia 15 de janeiro de 1952. O jornalista (e ex-oficial de Inteligência da Marinha britânica) Ian Fleming, de 43 anos, observava tenso o oceano à sua frente. O dia de seu casamento com Anne Geraldine Charteris se aproximava. E ela estava grávida de seu primeiro filho.
 
Roger Moore, Sean Connery, Daniel Craig e Pierce Brosnan
            Roger Moore, Sean Connery, Daniel Craig e Pierce Brosnan

Do terraço de sua casa de verão na Jamaica (que ele batizou como GoldenEye), Fleming acendeu o primeiro dos 70 cigarros que fumava a cada dia. Desceu a escada para sua pequena praia particular, calçou os pés de pato, colocou a máscara e mergulhou nas águas quentes do Mar do Caribe. Na volta, ele encontrou a noiva no jardim. Anne pintava uma de suas aquarelas marinhas e percebeu a tensão no olhar do futuro marido. “Ian, você está uma pilha de nervos. Por que você não tenta se acalmar escrevendo alguma coisa?”

Fleming foi até sua escrivaninha num canto do quarto de dormir. Colocou uma folha de papel em sua máquina de escrever dourada. E decidiu parar de adiar seu velho plano de criar “a novela de espionagem para acabar com todas as novelas de espionagem”. Acendeu outro cigarro. A “qualquer coisa” que Anne pediu que escrevesse começou assim:

O cheiro, a fumaça e o suor de um cassino são nauseantes às três da madrugada. Nessa hora o desgaste produzido pelo alto jogo — uma mistura de ambição e tensão nervosa — se torna insuportável e os sentidos despertam e se revoltam contra isso. James Bond de repente percebeu que estava cansado.

Nascia Casino Royale, o romance que apresentava um espião ainda imaturo, mas já com a licença para matar número 007. Com essas frases, Ian Fleming daria início a uma saga que vai completar 70 anos em 2022. A cada ano fugiria do inverno britânico para o sol de GoldenEye, onde escreveria mais um livro da série.

Ian Fleming em sua escrivaninha de GoldenEye | Foto: Arquivo pessoal

A popularidade dos livros de James Bond foi crescendo aos poucos. Virou um fenômeno em 1961, quando o popularíssimo ex-presidente John Kennedy foi convidado pela revista Life para listar seus dez livros favoritos. Em nono lugar estava From Russia With Love (conhecido no Brasil como Moscou Contra 007). Com a ajuda do presidente americano, os livros de Ian Fleming viraram best-seller internacional. E o mito daria um novo grande salto de grandeza no ano seguinte, com o lançamento do primeiro filme da série — Dr. No (aqui, O Satânico Dr. No), com um jovem e pouco conhecido ator escocês chamado Sean Connery.

James Bond ficou tão grande que passou a viver três vidas paralelas: uma na literatura, outra nos quadrinhos e (a mais grandiosa) no cinema. Entre romances e coletâneas de contos, Fleming escreveu 14 livros até ser abatido por um enfarte em 1964. Nos anos 1980, o britânico John Gardner se tornou o novo autor oficial das aventuras de 007, e escreveu dois livros a mais que Fleming. Em 1997, foi substituído pelo americano Raymond Benson até 2002.

Gardner e Benson modernizaram o personagem e o adaptaram aos novos tempos. Mas não entusiasmaram. A partir de 2008, os detentores dos direitos de Bond passaram a entregar a autoria dos livros a alguns dos mais bem-sucedidos escritores dos EUA e do Reino Unido, um de cada vez. A maioria desses autores optou por retratar Bond no seu início de carreira. No último romance, Forever and a Day (de Anthony Horowitz), somos levados a imaginar um jovem James Bond antes mesmo de receber sua licença para matar. O próximo romance, também escrito por Horowitz e ainda sem título, já tem data de lançamento: maio de 2022.

A segunda vida de Bond aconteceu em tiras de quadrinhos, lançadas a partir de 1958. A versão original, desenhada por John McLusky, era bem convencional. Em 1966, McLusky foi substituído pelo chinês (refugiado na Austrália) Yaroslav Horak, que levou as tiras ao estado de arte, com seu estilo único, chapado e sem meios-tons.

A doutora Christmas Jones (Denise Richards) exibe seus trajes de cientista em The World Is Not Enough | Foto: Divulgação

Algumas cenas chegaram a ser francamente ofensivas. Como as duas nas quais atrizes têm seus braços torcidos em cenas de tortura explícita (em Dr. No e Octopussy). Ou quando Jill St. John passa Diamonds Are Forever praticamente inteiro num sumário biquíni branco sem muita razão dramática para isso. Ou ainda quando Bond (ainda Sean Connery) sutilmente se propõe a “curar” Pussy Galore (Honor Blackman) de seu lesbianismo em Goldfinger (1964). O Bond de Daniel Craig respeitou as mulheres que encontrou e até se casou. Simbolicamente pagou pelos pecados dos Bonds anteriores levando uma surra nos genitais logo em seu primeiro filme.

Revista Oeste - MATÉRIA COMPLETA


domingo, 7 de abril de 2019

As empresas multinacionais estão indo embora do Brasil

As empresas estão indo embora 

Braço brasileiro da empresa americana RR Donnelley decidiu falir 

Terra dos Papagaios se tornou desinteressante para quem está aqui

À primeira vista, o braço brasileiro da empresa americana RR Donnelley decidiu falir, prejudicando o cronograma da impressão das provas do Enem. Se esse fosse o problema, seria pontual. É mais que isso. Essa multinacional fatura US$ 6,8 bilhões e opera em 28 países. O silêncio de seus executivos, a intimidade que ela tinha com os educatecas do MEC y otras cositas más deixam no ar perguntas para que se saiba como funcionava essa operação, mas o fato é que ela quer ir embora. A primeira vítima da falência será o chão da fábrica, onde estão os direitos trabalhistas de seus mil empregados. A falência teve o beneplácito da matriz americana, que certamente terá algo a dizer sobre o assunto. Nos Estados Unidos, ela não se comportaria como se comportou no Brasil.
Antes da Donnelley, a Ford fechou sua fábrica de São Bernardo, a CVS (maior rede de farmácias dos Estados Unidos) fez as malas, a rede francesa de livrarias Fnac pagou para sair do Brasil, o Citibank vendeu-se ao Itaú e o HSBC vendeu-se ao Bradesco. Isso tudo não aconteceu de uma hora para outra, mas o movimento começou em 2015. [governo da escarrada ex-presidente petista Dilma - não foi, não é e nem será culpa do governo Bolsonaro.] Em muitos casos as empresas foram embora porque vieram com falsas expectativas e em outros porque suas operações foram mal administradas. Em dois deles, o da RR Donnelley e da CVS, porque também se enroscaram em litígios judiciais. Em quase todos, não conseguiram operar pelas regras e costumes do capitalismo mambembe brasileiro.
Numa época em que as economias no mundo se integram, a Terra dos Papagaios não só perdeu atrativos para quem investe na produção como tornou-se desinteressante para quem está aqui. Para a turma do papelório eletrônico, continua a ser um paraíso. Desde que os franceses vieram pegar pau brasil e papagaios na costa da Terra de Santa Cruz o ufanismo nacional cultiva a ideia segundo a qual os estrangeiros querem vir para cá. Às vezes querem, mas há épocas em que preferem sair.
Faz tempo, quando se falava em abrir o mercado nacional, importadoras de carros abriram filiais brasileiras. A Aston Martin (o carro de James Bond) veio e houve um ano em que vendeu apenas duas peças. Azar o delas, mas algumas tentaram construir fábricas e desistiram. Enquanto a discussão ficava em torno do vem-não-vem, ela era uma. Quando quem veio se vai, ela deve ser outra.
(...)

POMBA-GIRA
Falta a Paulo Guedes um companheiro de mesa como José Sarney.
Em 2003, quando Henrique Meirelles era sabatinado pelos senadores, bateu-lhe a pomba-gira dos economistas e ele começou a dar uma aula. Sarney tocou-o e disse-lhe baixinho: "Você não veio aqui para lecionar, veio para buscar votos". Meirelles entendeu.
PALPITE
Bolsonaro marcou sua viagem à China para o segundo semestre.
Tem tudo para ser uma visita bem-sucedida. Nada a ver com as virtudes da sua diplomacia medieval. Tudo a ver com a capacidade do Império do Meio de negociar o que lhe interessa.
Nas palavras de um ex-presidente: “Os chineses sempre sabem o que querem. Nós, às vezes”.
SUCESSÃO
O governador de São Paulo, João Doria, está abrindo sua picada de candidato a presidente. Na semana em que Jair Bolsonaro foi a Israel e anunciou a abertura de um escritório comercial em Jerusalém, Doria anunciou a criação de um escritório em Xangai.
Em Xangai fazem-se negócios com a segunda economia do mundo. Ganha uma viagem à Coreia do Norte quem souber que tipo de negócios um país que tem embaixada em Tel Aviv pode fazer em Jerusalém.

(...)
 

domingo, 26 de novembro de 2017

A Polícia também não pode ser obrigada a se deixar matar para não matar um bandido



Análise: ‘A polícia não pode ter licença para matar, como James Bond’

Jacqueline Muniz, antropóloga e professora do Departamento de Segurança Pública da UFF

[o ideal, o desejável, o maravilhoso, seria que não houvesse mortes nem entre os civis nem entre os policiais.
Infelizmente, este mundo não existe; 
também não pode existir o mundo desejado, fantasiado pelos antropólogos, sociólogos e outros 'logos', em que a letalidade policial seja zero (não sendo computada a letalidade dos bandidos quando as vítimas são policiais).

Para que letalidade policial seja ZERO é necessário que os bandidos sejam convencidos a quando estiverem fazendo, ou em vias de fazer, algum malfeito  e percebam um policial,  fujam.
Não havendo tempo de fugir que se rendam.

Só que este convencimento ainda não ocorreu (talvez ocorra a partir do dia que todo  policial decidir que policial não deve mais ser assassinado, se alguém tem que morrer que seja o bandido) e os bandidos reagem, muitas vezes iniciam o confronto e em outras  o policial é a própria vítima da ação criminosa.]
Em todo o mundo democrático, as tropas de elite, como a SWAT americana, foram criadas para viabilizar a meta de letalidade zero. Elas foram concebidas para atuar em situações de alto risco com um grau de expertise maior, sem precisar fazer uso desproporcional da força e, portanto, controlando a letalidade e também a vitimização policial. A polícia não pode ter licença para matar, como James Bond. As forças policiais democráticas só matam em legítima defesa. [em qualquer país do aqui chamado mundo democrático, quando um bandido atira em um policial o policial tem o direito de exercer a legitima defesa - seja da sua própria vida ou da de terceiros e no exercício desse direito, pode matar.] Porém, no Brasil, não temos uma doutrina de uso da força letal. Aqui, a definição de poder de polícia segue estipulada pelo Código Tributário, feito em plena ditadura.

Todas as polícias no país sofrem de baixa institucionalidade e de informalidade no uso da força. Todas se arriscam a agir demais ou de menos. Essa é a razão que torna o controle externo débil. Nem o Ministério Público tem parâmetros para atuar, porque há um limbo legal. O Ministério Público controla fluxo de papéis, mas não controla a ação policial. 
Por isso, temos um grau elevado de impunidade em casos de abusos. O mandato do uso da força no Brasil é um cheque em branco. A letalidade acaba sendo justificada pela apreensão de alguma arma. É público e notório que a maior parte da polícia do Rio de Janeiro não é matadora, no entanto, poucos matadores se beneficiam desses limbos. Basta alguns deles para baratear o valor da vida do cidadão e do próprio policial militar.


Jacqueline Muniz, antropóloga e professora do Departamento de Segurança Pública da UFF