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sexta-feira, 28 de abril de 2023

A legalização do Ministério da Verdade - Revista Oeste

Rodrigo Constantino

Ao pedir para transformar em lei o que o TSE já vem praticando, Alexandre de Moraes confessa seu crime, assume que tomou várias decisões sem respaldo legal


Presidente do TSE, Alexandre de Moraes | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Aprovado para ser votado em caráter de urgência, o PL das Fake News será decidido na semana que vem.
Ou seja, vamos descobrir em pouco tempo, e sem o devido debate necessário, se o Brasil terá ou não censura institucional, com direito a uma espécie de Ministério da Verdade e tudo.
Os esquerdistas saem em campo para banalizar o troço, relatado por um comunista, como se fosse tão somente regulação normal, como se dá em países europeus. Nada mais falso. 

O projeto visa a delegar total arbítrio nas mãos da tal entidade sob o comando do Poder Executivo.  
 Os conceitos vagos, elásticos e subjetivos como “fake news” ou “discurso de ódio” garantem enorme margem de manobra aos burocratas
O histórico de aparelhamento do Estado pela esquerda deixa claro que haverá escancarado viés na aplicação da censura.

É lamentável ver jornalistas e veículos tradicionais de comunicação defendendo abertamente essa censura no país. O grupo Globo chegou a escrever um editorial pedindo aprovação urgente do projeto, pois “acabou a hora do debate”.  
Jornalistas renomados como Fernando Mitre chegaram a rechaçar críticas de que teremos a censura oficial, enganando seu público ou a si mesmo. O Brasil lulista flerta com regimes ditatoriais comunistas, e esse projeto é o mais importante passo nessa direção. Presidente do Senado Federal, senador Rodrigo Pacheco, recebe o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, que levou propostas para serem acrescentadas ao texto da PL da Censura | (25/4/2023) | Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

A ida do ministro Alexandre de Moraes ao Congresso para entregar, sem ser convidado, as suas “sugestões” ao projeto comprova como a ingerência do STF chegou a patamares assustadores.
Como muitos parlamentares possuem “rabo preso” ou temem o abuso de poder supremo, que por sua vez julga tais parlamentares por conta do foro privilegiado, a combinação explosiva leva ao ativismo nefasto que praticamente reduz o Congresso a um carimbador de leis impostas por outro Poder.

Ao pedir para transformar em lei o que o TSE já vem praticando, Alexandre de Moraes confessa seu crime, assume que tomou várias decisões sem respaldo legal.
É uma forma de apagar rastros e normalizar o absurdo vigente.
Não podemos esquecer que a ministra Carmén Lúcia condenou a censura, e mesmo assim votou a favor dela “temporariamente”. O sistema se uniu para se livrar de Bolsonaro e criminalizar a direita.

São cúmplices desse projeto nefasto todos aqueles que fizeram o L para “salvar a democracia”, e que agora se calam diante do avanço da censura

Os “atos golpistas” de 8 de janeiro caíram como uma luva para esse projeto
Daí a desconfiança de muitos sobre o papel lulista nisso tudo, ainda mais quando imagens suspeitas são vazadas com a presença do companheiro de longa data de Lula, “sombra” do presidente, o general chefe do GSI, e também jornalista que prepara toda a cena junto ao “terrorista” e ainda checa com ele para ver se a filmagem está a contento. 
O Poder Judiciário e o Poder Executivo estão de mãos dadas para banir de vez os conservadores da vida pública no Brasil. Manifestações em 8 de janeiro de 2023 | Foto: Wikimedia Commons

Criaram a “culpa coletiva”, o que é típico de regime comunista.
Diz o editorial da Gazeta do Povo: “Não há defesa possível do Estado Democrático de Direito quando se nega a cidadãos brasileiros o direito à ampla defesa, quando se aceita um trabalho preguiçoso de acusação, incapaz de demonstrar o que cada denunciado fez de concreto e os motivos reais que justificariam seu julgamento. Compactuar com isso é aceitar que, em nome de uma suposta defesa da democracia, se parta para o arbítrio escancarado e para a tirania judicial”.

A decisão de retirar o Telegram do Brasil sob o pretexto de crimes nazistas ou envolvendo crianças é uma pequena amostra do que vem por aí.
Não é preciso provar mais nada:
basta criar a narrativa e banir toda uma rede social do país.
Como elas são as praças públicas da era moderna, isso é análogo ao Estado jogar uma bomba numa das praças porque alegou estar ali um perigoso criminoso. Seria como jogar um míssil numa favela para pegar o traficante. Esse governo demonstra total falta de apreço pelas liberdades.

Nada novo aqui, convenhamos. Como escreveu Alexandre Garcia: “Está na cara que o projeto pretende fazer censura, e este é um perigo muito grande. Se olharmos de onde são os 238 deputados que aprovaram a urgência do projeto — ou seja, para ir logo ao plenário, sem passar por comissões, embora ainda tenha de ir ao Senado se for aprovado na Câmara —, vemos que as bancadas do PT, do PCdoB, do PSol e da Rede votaram em peso pela urgência. São partidos de esquerda, e a natureza da esquerda é totalitária, é a censura. Ninguém diz que não há censura na Venezuela, em Cuba, na Nicarágua, na China, que não havia na União Soviética, na Albânia… Regimes de esquerda, totalitários, exigem censura”.

A esquerda radical sempre precisou da censura para calar seus críticos, já que na base da persuasão é incapaz de levar adiante seu projeto comunista.  
E ninguém pode ter dúvidas do que está em jogo aqui: é censura sim, e parte fundamental do projeto totalitário de poder da esquerda. 
Não por acaso, o Brasil lulista virou um pária internacional em apenas três meses, ao atacar os Estados Unidos, a Ucrânia e a ONU, enquanto sai em defesa de tiranias como China, Rússia, Venezuela, Cuba e Nicarágua.

São cúmplices desse projeto nefasto todos aqueles que fizeram o L para “salvar a democracia”, e que agora se calam diante do avanço da censura. Muitos se venderam, outros devem ter sido chantageados, alguns são mesmo alienados. 

Mas fica cada vez mais insustentável bancar o indiferente diante do que se passa no Brasil. Como disse o deputado Marcel van Hattem, ou gritamos agora, ou corremos o risco de nos calarem para sempre.

Leia também “Os vilões super-ricos de Krugman”

*

Rodrigo Constantino, colunista - Revista Oeste 


segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022

Tempo de escolha - Revista Oeste

Retrato do Ronald Reagan, ex-presidente norte-americano | Foto: Wikimedia Commons
Retrato do Ronald Reagan, ex-presidente norte-americano | Foto: Wikimedia Commons

Para aqueles que me acompanham há algum tempo, o assunto de minha coluna nesta semana pode até não ser novidade. Mas não há como ser diferente, já que, em 6 de fevereiro de 1911, nascia em Tampico, no Estado de Illinois, aquele que se tornaria o 40º presidente dos Estados Unidos e um dos maiores líderes que o mundo já viu: Ronald Reagan. Nome respeitado durante sua administração na Casa Branca, consegue ser nos dias atuais uma voz ainda mais indispensável.

Obviamente, mesmo um grande presidente como Ronald Reagan cometeu erros. Ele mudou de posição algumas vezes e chegou até a confundir sua base conservadora. No entanto, no big picture, como dizem os norte-americanos, a Presidência de Ronald Reagan foi um grande sucesso. Ele reconstruiu um caótico Exército dos EUA e ajudou a acabar com a Guerra Fria sem disparar um míssil sequer. Os cortes de impostos radicais em 1981 estimularam o crescimento econômico e redefiniram a relação entre os norte-americanos e o governo, além de nomear juízes federais conservadores, que tentaram reverter a tendência de meio século de expansão do controle governamental e do ativismo judicial nos Estados Unidos.

O carisma natural de Reagan era uma de suas grandes qualidades e isso fazia com que até os críticos pensassem duas vezes antes de emitir opiniões raivosas sem boa fundamentação. Mas ele não era apenas um bobo sorridente, como alguns acadêmicos alinhados com o Partido Democrata gostam de retratá-lo. Em vez disso, seus diários particulares e documentos revelam um homem profundamente bem informado, que lia vorazmente e possuía um intelecto diferenciado, além de ser um escritor talentoso e impecável. Seria impossível trazer a grande fotografia de todo o mapa de sua vida e seu legado em apenas um artigo. Não à toa, encontro-me mergulhada no esboço de meu primeiro livro, que deverá ser publicado ainda neste ano, sobre a história deste ícone da liberdade e da justiça.

Os antigos amigos, daqui de Oeste e de minhas redes sociais, conhecem em detalhes a história da primeira vez que ouvi o nome “Reagan”. Para os que chegam agora, um rápido resumo: nos anos 1980, depois de se dedicar durante décadas em salas de aula como professor de Matemática, meu pai passou a comandar, como diretor-geral e pedagógico, uma das instituições educadoras mais antigas e respeitadas do sul de Minas Gerais, o Instituto Gammon, em Lavras, onde nasci e fui criada.

Certo dia, eu devia ter uns 12 ou 13 anos, meu pai comentou em casa que ele antevia, até por sua experiência como professor, que aquele ano seria tumultuado, com a ameaça real de uma grande greve de professores em toda a cidade e região. Lembro como se fosse ontem, o telefone tocando em casa sem parar. Professores, sindicatos, pais, políticos, administradores de escolas. Todas as conversas, de alguma forma, convergiam para a mesa do meu pai. Apesar da aparente inevitável greve geral, ele sempre encerrava as ligações com calma e serenidade. Mas houve um dia, logo após mais uma enxurrada de telefonemas, que meu pai estava inquieto. Parecia que não havia mais como contornar os ânimos e que as repercussões de uma greve sem precedentes não poderiam ser evitadas.

Depois do que parecia mais uma conversa improdutiva ao telefone, ele finalmente sentou-se à mesa de almoço onde eu estava com a minha mãe e, mostrando clara frustação, disse para si mesmo: “O que Reagan faria?”. Fiquei com aquele nome na cabeça. Quem era esse homem por quem o meu pai, meu ídolo, tinha enorme admiração e que sempre mencionava em tempos de animosidade, insegurança e incertezas? Bem, a greve foi evitada depois de dias e dias de costuras entre as partes envolvidas; e eu cresci ouvindo histórias sobre esse tal de Reagan, o que fez despertar em mim uma curiosidade diferente sobre o ator que virou presidente.

Os anos se passaram e, mesmo antes de me mudar para os Estados Unidos, mergulhei em livros sobre a vida, as políticas e o legado do “Grande Comunicador”. Há um vasto caminho de abordagens sobre vários temas que fundamentam sua história. Aqui mesmo, em Oeste, tenho alguns artigos sobre Reagan, Reagan e Thatcher, Reagan e João Paulo II. O material sobre eles é vasto, e é difícil acreditar que muitos jovens nem sequer conhecem o legado desse trio para a humanidade e o que fizeram contra as forças do “império do mal” — nome propriamente dado ao comunismo pelo presidente norte-americano.

Hoje, no entanto, para celebrarmos o aniversário desse ícone e alimentarmos nossas esperanças de dias melhores, convido-os a uma reflexão sobre um discurso de Reagan de 1964, quando ele nem havia emergido para a vida política. Na verdade, foi exatamente depois desse discurso, “A Time for Choosing” (Tempo de Escolha), feito para a campanha presidencial do republicano Barry Goldwater, que muitos perceberam que Reagan possuía o caráter que define os líderes.

Não há dúvida de que “A Time for Choosing” pertence ao topo dos discursos históricos norte-americanos e está entre as oratórias políticas mais significativas já proferidas por alguém que não era político nem candidato a nada. O discurso anunciou o início da carreira longe dos palcos de um homem que se tornaria governador por dois mandatos — no Estado mais rico da nação, a Califórnia — e presidente de sucesso por outros dois. O discurso, que continua sendo uma expressão extraordinariamente poderosa e convincente de uma visão de mundo atemporal, nos deu frases citadas até hoje por conservadores espalhados pelo mundo, incluindo a de que “um novo programa do governo é a coisa mais próxima da vida eterna que veremos nesta terra”, além de ser uma declaração definitiva sobre o conservadorismo moderno. Os argumentos centrais de Reagan no discurso abordam os efeitos deletérios dos impostos, gastos deficitários e dívidas que definiram a agenda republicana por duas gerações e estabeleceram raízes sólidas do conservadorismo norte-americano. Mas ele vai muito além disso.

Reagan cultiva no discurso algo que os norte-americanos possuem desde o nascimento da nação: o desejo de um Estado mínimo

Como Reagan observa em seu discurso, as falhas do governo inevitavelmente tornam as ocasiões propícias para mais ativismo governamental. Nas palavras do ex-presidente: “Buscamos resolver os problemas do desemprego por meio do planejamento do governo, e, quanto mais os planos falham, mais os planejadores planejam da mesma maneira”. Hoje, os incentivos que não são bem geridos pelo governo, tanto no Brasil quanto nos EUA, aumentam os custos nas áreas de saúde, educação, segurança e habitação. No entanto, a esquerda continua argumentando que a resposta é mais regulamentação ou uma tomada completa do governo.

Reagan também bate na obsessão da esquerda com a desigualdade pintada até hoje em uma realidade paralela pela turba socialista: “Há tantas pessoas que não podem ver um homem gordo ao lado de um magro sem chegar à conclusão de que o gordo ficou assim levando vantagem sobre o magro”. Ele também cultiva no discurso algo que os norte-americanos possuem desde o nascimento da nação, e que nós brasileiros precisamos urgentemente adquirir; o desejo de um Estado mínimo e da responsabilidade de sermos donos do nosso próprio destino: “Ou acreditamos em nossa capacidade de autogoverno, ou abandonamos a Revolução Americana e confessamos que uma pequena elite intelectual em uma capital distante pode planejar nossas vidas melhor do que nós mesmos”.

“A Time for Choosing” é um discurso profundamente ideológico, mas Reagan não enquadra nossa escolha fundamentalmente entre o conservadorismo e o liberalismo (como o termo usado nos EUA, a esquerda norte-americana), mas entre o passado e o futuro, e entre declínio e progresso. Em um momento memorável, ele afirma: “Dizem que cada vez mais temos de escolher entre esquerda ou direita, mas gostaria de sugerir que não existe esquerda ou direita. Há apenas para cima ou para baixo — até o antigo sonho de um homem, o máximo em liberdade individual consistente com a lei e a ordem. E, independentemente de sua sinceridade, de seus motivos humanitários, aqueles que trocam nossa liberdade por segurança embarcaram nesse caminho descendente”.

As palavras de Reagan sobre a Guerra Fria no discurso são marcantes e deixam claro que ele tinha exatamente as mesmas crenças estabelecidas nos mesmos termos por décadas: “Estamos em guerra com o inimigo mais perigoso que já enfrentou a humanidade em sua longa escalada do pântano às estrelas (o comunismo), e foi dito que, se perdermos essa guerra, e ao fazê-lo perderemos nosso caminho de liberdade, a história registrará com o maior espanto que aqueles que mais tinham a perder fizeram menos para evitar que isso acontecesse”. Ele também defende com veemência a frase “paz através da força” (peace through strength), que, embora seja remetida à Guerra Fria, continua relevante não apenas à abordagem à segurança nacional americana, mas à segurança de todos nós contra os tiranos da pandemia dos últimos dois anos. Um recado de ontem para hoje.

Muitos defendem que “A Time for Choosing” é essencialmente um discurso libertário, no sentido original da palavra, não no deturpado significado dos tempos atuais. Mas, mesmo assim, Reagan entrega uma aura conservadora a temas que ressoam além da liberdade individual e do interesse próprio. Seu patriotismo profundo e permanente é inconfundível. Em uma expressão comovente do excepcionalismo norte-americano, ele declara: “Se perdermos a liberdade aqui, não há para onde fugir. Esta é a última posição na terra. E essa ideia de que o governo está em dívida com o povo, que não há outra fonte de poder a não ser o povo soberano, ainda é a ideia mais nova e única em toda a longa história da relação do homem com o homem”.

A lição fundamental de “A Time for Choosing” não é que precisamos de outro Reagan no sentido de alguém replicar exatamente suas políticas e discursos, não que isso seja uma má ideia, mas que, assim como Reagan, tenhamos uma visão de mundo que absorva a profundidade dessas palavras e que nos faça buscar objetivos exaltados por ele de defender nossa nação e nossa liberdade.

Muitas das frases de discursos de Ronald Reagan como presidente são vastamente conhecidas. Poucos, no entanto, mergulham nesse discurso profético daquele que um dia diria a um líder soviético para derrubar o Muro de Berlim. Não posso me despedir deste artigo sem deixar para a sua apreciação, caro leitor, o final inspirador desse discurso que pode ser aplicado exatamente no momento desta leitura. Não se surpreenda se voltar para ler novamente esses trechos, eu já perdi a conta de quantas vezes eles foram abraçados pelos meus olhos nos últimos anos.

“Aqueles que trocam nossa liberdade pela sopa do estado do bem-estar social nos disseram que têm uma solução utópica de paz sem vitória. Eles chamam sua política de ‘acomodação’. E dizem que, se evitarmos qualquer confronto direto com o inimigo, ele esquecerá seus maus caminhos e aprenderá a nos amar. Todos os que se opõem a eles são indiciados como provocadores. Dizem que oferecemos respostas simples para problemas complexos. Bem, talvez haja uma resposta simples — não uma resposta fácil, mas simples: você e eu temos que ter coragem de dizer aos nossos oficiais eleitos que queremos que nossa política nacional seja baseada no que sabemos em nossos corações que é moralmente correto. (…) Alexander Hamilton disse: ‘Uma nação que pode preferir a desgraça ao perigo está preparada para um dono e merece um’. Agora vamos ser honestos. Não há discussão sobre a escolha entre paz e guerra, mas há apenas uma maneira garantida de você ter paz — e você pode tê-la no próximo segundo —, rendição.”

“Você e eu sabemos e não acreditamos que a vida é tão querida e a paz tão doce a ponto de ser comprada ao preço de correntes e escravidão. Se nada na vida vale a pena morrer, quando isso começou — apenas diante desse inimigo? Ou Moisés deveria ter dito aos filhos de Israel que vivessem em escravidão sob os faraós? Deveria Cristo ter recusado a cruz? Os patriotas da Concord Bridge deveriam ter largado suas armas e se recusado a disparar o tiro ouvido em todo o mundo? (Início da Revolução Americana). Os mártires da história não foram tolos, e nossos honrados mortos que deram a vida para impedir o avanço dos nazistas não morreram em vão. Onde, então, está o caminho para a paz? Bem, é uma resposta simples, afinal.”

“Você e eu temos a coragem de dizer aos nossos inimigos: ‘Há um preço que não pagaremos’. ‘Há um ponto além do qual eles não devem avançar.’ E este — este é o significado da frase de ‘paz através da força’. Winston Churchill disse: ‘O destino do homem não é medido por cálculos materiais. Quando grandes forças estão em movimento no mundo, aprendemos que somos espíritos — não animais. Há algo acontecendo no tempo e no espaço, e além do tempo e do espaço, que, gostemos ou não, significa dever'”.

“Você e eu temos um encontro com o destino. Preservaremos para nossos filhos isso, a última melhor esperança do homem na Terra, ou os condenaremos a dar o último passo em mil anos de escuridão.”

Na visão de Reagan em “A Time for Choosing”, somos mais do que uma mera coleção de números econômicos ou mesmo o que é visível para nós neste mundo, como muitos governantes querem que enxerguemos.

É tempo de escolha. Estamos cansados, exaustos. Fato. Mas que caminho vamos seguir? Da rendição imediata por um pouco de paz? A liberdade nunca foi tão frágil e nunca esteve tão perto de escapar de nossas mãos como neste momento. Temos a capacidade, a dignidade e o direito de tomar nossas próprias decisões e determinar nosso destino. É tempo de escolha.

Leia também “É chegada a hora de despertar”

Ana Paula Henkel, colunista - Revista Oeste

 

sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

FAB ganha mais poder para a posse e terá autorização para abater aviões

Será a primeira vez que uma cerimônia de transmissão de faixa presidencial precisará contar com o suporte da defesa aérea.

Informações enviadas pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI), pela Polícia Federal e pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) à Força Aérea Brasileira (FAB), fizeram o presidente Michel Temer assinar um decreto, que deve será publicado hoje, dando à Aeronáutica diversas prerrogativas de segurança na posse do presidente eleito, Jair Bolsonaro, no próximo dia 1º. Será a primeira vez que uma cerimônia de transmissão de faixa presidencial precisará contar com o suporte da defesa aérea.

Comandante de Operações Aeroespaciais da Aeronáutica, o major-brigadeiro do Ar Ricardo Cesar Mangrich afirma que, no dia da posse, a Esplanada dos Ministérios será “o ponto mais defendido da história de todo o nosso sistema aeroespacial brasileiro”, mas garante que será uma “ação normal para uma situação excepcional”. A situação é considerada excepcional, porque, segundo o major-brigadeiro, informações de órgãos de inteligência apontaram movimentos suspeitos que podem trazer riscos à cerimônia.

Nós entendemos que a Força Aérea tinha que estar à altura dessa excepcionalidade num momento em que nós interpretamos informações que vieram da Abin, do GSI, da Polícia Federal e até da nossa própria inteligência, e que indicavam algum risco durante a exposição de tantas autoridades a céu aberto. Então, o Comando da Aeronáutica decidiu solicitar ao presidente (Temer) a assinatura de um decreto que foi assinado hoje (ontem) e será publicado amanhã (hoje) no Diário Oficial da União”, explicou. As informações tidas como “anormais” não foram detalhadas.

Especificamente para a “Operação posse”, que deve durar das 12h às 0h do dia 1º, o decreto solicitado pela FAB dará à Força prerrogativas de segurança no tocante à defesa aeroespacial. Da chamada “Sala de Decisão”, localizada no Comando de Operações Aeroespaciais (COMAE), no Lago Sul, poderão ser definidas ações instantâneas, como, por exemplo, a destruição de drones que invadam o raio de 7,4km em volta da Esplanada dos Ministérios, a área vermelha.

“Primeiro será efetuado o tiro de aviso. Se o elemento não for cooperativo, receberá um tiro de detenção. Se entrar na área vermelha, é automaticamente detido através de um míssil: um de guiamento termal, que segue o calor da aeronave, e outro, por laser”, diz o major-brigadeiro Mangrich.

Conforme o Correio antecipou, a Aeronáutica criou uma área de extrema segurança com o objetivo de impedir a entrada de veículos não autorizados em volta da Esplanada dos Ministérios durante todo o dia 1°. Por meio da criação das chamadas “áreas de exclusão”, só aeronaves autorizadas poderão sobrevoar, em um raio de 130km, a partir da Praça dos Três Poderes.

Serão três áreas: vermelha, amarela e branca. Na vermelha, o sobrevoo será proibido, com exceção do helicóptero da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) e da Aeronave Remotamente Pilotada (ARP) da Força Aérea. Na amarela, que deve abarcar um raio de 46,3km, que inclui o Aeroporto Internacional de Brasília, será assegurado que nenhum voo comercial seja afetado. Já a área branca, considerada reservada, abrangerá um raio de 129,6km. Para sobrevoá-la, será necessário apenas o plano de voo.
 

Correio Braziliense
 

domingo, 27 de dezembro de 2009

Cicatrizes da guerra

Um ano depois do início do conflito na Faixa de Gaza, o sofrimento permanece, nas ruas e nas almas

Mohammed, Adham, Samira e Ibrahem. Há exatamente um ano, esses palestinos que nasceram e vivem na Faixa de Gaza presenciaram o momento em que 60 caças do exército israelense deram início a uma ofensiva militar que mudaria por completo suas vidas e seu território. Naquele 27 de dezembro, cerca de 50 pontos em Gaza foram atingidos por mísseis, e pelo menos 205 pessoas morreram. Depois de três semanas da Operação Chumbo Grosso, os mortos já somavam 1,4 mil do lado palestino — 13 entre os israelenses. Hoje, um ano depois, eles ainda não conseguiram esquecer o horror daqueles 22 dias, principalmente porque as cicatrizes do bombardeio intenso permanecem nas ruas.

“Nós continuamos vivendo em uma grande prisão, e a terrível destruição ainda está aí. Em todo lugar, vemos casas em ruínas, grandes pilhas de entulho nas ruas e muitos desabrigados, morando em tendas improvisadas e sofrendo com o frio do inverno”, descreveu ao Correio o assistente social Adham Khalil, 24 anos, que vive no campo de refugiados de Jabalyia, no norte da Faixa de Gaza. “Muitas ruas e edifícios não foram reconstruídos por conta do bloqueio a Gaza, que não permite a entrada de materiais de construção. A eletricidade é cortada todos os dias e a destruição de poços de água impossibilitou o acesso a água potável, especialmente nas áreas atingidas por Israel”, conta, por sua vez, o estudante Mohammed Fares El Majdalawi, 22, também morador de Jabalyia.

Aspirante a cineasta, Mohammed encontrou na paixão pela imagem uma forma de expressar sua indignação com a ofensiva, que deixou marcas profundas não só na paisagem, mas também na rotina dos quase 1,5 milhão de habitantes de Gaza. Ele entregou uma câmera para crianças do campo de refugiados filmarem o seu dia a dia entre as ruínas, editou pequenos documentários em árabe, e jogou na rede de compartilhamento de vídeos Youtube. “Por meio do meu trabalho, percebo que a ofensiva deixou um impacto muito grande sobre as crianças, que têm dificuldade em fazer coisas simples, como estudar — principalmente os que tiveram suas casas destruídas ou perderam alguém da família”, revela.

Samira Abed Elalim, 36 anos, que sempre viveu em Rafah, no sul de Gaza, ainda não se acostumou com as cenas de destruição que vê todos os dias. Segundo ela, que dirige o setor de assistência à mulher no Departamento de Serviços Públicos, é impossível não se chocar com as várias tendas espalhadas pelas ruas, nas quais vivem hoje pessoas que perderam suas casas nos ataques de Israel. “A pior imagem, para mim, é ver uma criança chorando de fome e não poder ajudar”, desabafa. A situação é ainda pior para quem precisa de assistência médica, denunciam os moradores de Gaza. É que o bloqueio à região não só impede que cheguem medicamentos, como não permite que deixem a região, em busca de tratamento, aqueles que se encontram em situação mais grave.

Falta de ação
Da parte do governo do Hamas, pouco foi feito para a reconstrução de prédios públicos e de casas. O argumento principal é que o bloqueio imposto por Israel à entrada de produtos como materiais de construção na Faixa de Gaza impossibilita a recuperação local. O que chega à região é por meio de contrabando, pelos túneis a partir do Egito. Na última quarta-feira, o relator especial das Nações Unidas para os territórios palestinos ocupados, Richard Falk, reforçou a denúncia às restrições israelenses e pediu intervenção da comunidade internacional. “Não há evidência de uma pressão internacional significativa para conseguir o fim do bloqueio em Gaza ou para garantir que os soldados de Israel e do Hamas sejam julgados pelos crimes de guerra denunciados durante os ataques à faixa”, disse Falk.

Ibrahem El-Shatali, 30 anos, morador da cidade de Gaza, afirma que muitas famílias “pensam profundamente” em deixar Gaza, e só esperam uma oportunidade de sair da região. “Eles não se sentem seguros, nem por parte do governo do Hamas, nem por conta de Israel. Ninguém tem certeza sobre seu futuro.” Segundo a ativista social Mona El-Farra, 55 anos, que escreve o blog From Gaza With Love, é possível “ver e sentir o medo no rosto das pessoas o tempo inteiro”. “Todos têm muito medo de outro ataque”, relata. “Minha principal preocupação é o futuro das crianças de Gaza, vivendo e experimentando situações violentas, e como isso pode afetar suas perspectivas.”

Mohammed, no entanto, vê o futuro de Gaza com mais esperança. “A vida dos palestinos hoje é tentar seguir em frente. Apesar da ocupação, do sofrimento, do cerco e das barreiras, a população de Gaza comemora e ri, e continua sua vida sob a ocupação.”


Marcha pela liberdade
Organizações não governamentais de diversas partes do mundo querem reunir, a partir de hoje, milhares de pessoas em marchas em solidariedade aos moradores da Faixa de Gaza. Para amanhã, está programada uma passeata em Nova York, com concentração na movimentada Times Square. No próximo dia 31, será a vez da Marcha pela Liberdade de Gaza, prevista para ocorrer, ao mesmo tempo, dentro da Faixa de Gaza e no território israelense, próximo à fronteira. Na última quinta-feira, no entanto, o governo do Egito anunciou que proibirá o acesso dos manifestantes ao território palestino.

Segundo nota divulgada pela chancelaria do Cairo, “as autoridades egípcias determinaram que algumas ONGs participantes não cumpriam os requisitos necessários”. O texto afirma ainda que “as disputas entre os organizadores complicaram a entrega das permissões”. “Qualquer tentativa de organizar a marcha será considerada (pelo governo do Egito) uma violação da lei”, destaca o comunicado. A decisão do Cairo fez com que as ONGs responsáveis pela marcha no Oriente Médio fizessem uma campanha pedindo, por meio de seu site, que os internautas enviem e-mails ao governo egípcio intercedendo pela manifestação.

A previsão é de que até 1,3 mil pessoas tentem entrar em Gaza pelo Egito. Os organizadores estimam ainda que cerca de 50 mil palestinos participem, em Gaza, de uma marcha de 5 km a partir da comunidade destruída de Iazbat Abu Drabo até a fronteira de Erez, que faz divisa com Israel. Eles se “encontrariam”, neste ponto, com palestinos e judeus solidários aos moradores de Gaza. Segundo as ONGs que estão à frente da manifestação, o protesto é apolítico e não tem o apoio do governo do Hamas. Em Nova York, os organizadores pretendem fazer uma “concentração” às 13h (16h em Brasília) na Times Square, antes de seguirem pelo Rockefeller Center, encerrando a marcha em frente ao prédio do consulado de Israel, em Nova York.


Fonte: Correio Braziliense
Por: Isabel Fleck