Desconstruindo o episódio da saída de Marta Suplicy do Ministério da Cultura:
Ela e Dilma nunca se deram bem. Dilma tolerava Marta, indicada para o
cargo por Lula. Marta tolerava Dilma porque não tinha outro jeito. Ou
melhor: tinha, caso ela quisesse retornar ao Senado, para onde foi
eleita. Mas ela não queria retornar. Retorna porque não tem outro jeito.
Marta foi uma das estrelas do PT que mais se bateram pela candidatura
de Lula a presidente, este ano. Não escondeu seu empenho. Dilma viu e
não gostou. Se Marta não tivesse pedido demissão, acabaria demitida. Por que Marta não esperou para sair junto com outros ministros que
sairão do governo? Porque não queria que sua saída se misturasse com as
deles. Saindo antes, ganharia mais espaço na mídia.
Marta mandou sua carta de demissão depois que Dilma viajou ao exterior
para não ter que entregá-la pessoalmente. Queria evitar o último contato
com a presidente na condição de sua subalterna. E marcar publicamente
sua insatisfação. Para completar, Marta incluiu um parágrafo venenoso em sua carta de
demissão. Nele, deseja que Dilma escolha uma equipe econômica
independente e de experiência comprovada. Isso quer dizer que a atual
não é. E por que não é? Por culpa de Dilma, que não delega poderes.
De resto, uma equipe econômica independente ajudará o governo a
resgatar a confiança e a credibilidade que lhe faltam, sugere Marta na
carta. Quer crítica mais direta a Dilma? Anteontem, foi outro ministro,
Gilberto Carvalho, quem criticou Dilma. De forma mais direta.
As críticas de Marta e de Gilberto a Dilma dão uma idéia do tremendo
incômodo em que se transformou para o PT a presidente reeleita. Dilma
resiste à indicação de ministros por Lula e pelo PT. Na semana passada,
disse que não representava o PT e que o partido não lhe fazia a cabeça.
Como ficará o projeto do PT de se eternizar no poder caso Dilma não colabore?
Do: Blog do Noblat - Por: Ricardo Noblat
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