Faz hoje um mês que Dilma admitiu pela primeira vez a possibilidade de
haver desvios na Petrobras; antes, ela acusava mera conspiração dos que queriam
privatizar a empresa.
Vejam o que está em curso! Ou: Dilma vai criar galinhas, como o último
imperador romano?
O tempo passa, e as coisas só
pioram na Petrobras e no Brasil. A presidente Dilma se comporta como o último
imperador romano, que, no fim da linha, preferia cuidar de galinhas. Ocorre que
esta senhora, que encerra
melancolicamente o seu mandato, terá mais quatro anos — caso cumpra o
calendário e não seja atropelada pela lei. A entrevista concedida nesta segunda
por Graça Foster, presidente da estatal, evidencia que o governo perdeu o pé da
situação. Raramente se viu soma tão robusta de sandices. Para piorar, as
denúncias chegam à atual diretoria da empresa: segundo Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef, José Carlos Cosenza, atual diretor de Abastecimento e substituto do
próprio Costa, também recebeu propina. Ele nega. E tudo pode sempre piorar: surgiram sinais de que o esquema
criminoso pode ter atuado também na Eletrobras, cujas ações despencaram nesta
segunda.
Obviamente, não vou eu aqui afirmar a culpa de
Cosenza. Denúncias precisam ser provadas para que possam ter consequência
penal. Ocorre que esse caso tem mais do que a esfera puramente criminal. Será que a Petrobras aguenta ter um alto
membro da atual diretoria sob suspeita? Não é o mais recomendável para uma
empresa que não consegue divulgar números de seu balanço trimestral e que já
enfrenta sinais de que terá dificuldades para se financiar no mercado externo
em razão da falta de credibilidade.
Cosenza estava ontem no evento-entrevista que Graça
organizou, compondo a mesa da diretoria da Petrobras. Que a roubalheira comeu solta na empresa — seja ou não para
financiar partidos —, isso já está
comprovado. Um único gerente, Pedro Barusco, fez acordo de delação premiada e aceitou devolver US$ 97 milhões — o
correspondente a R$ 252 milhões. Seu chefe, no entanto, Renato Duque, homem de José Dirceu na
empresa e ex-diretor da cota do PT, afirma não saber de nada e se nega a
colaborar com as investigações. Assim, se formos nos fiar nas palavras de
Duque, devemos acreditar que seu
subordinado conseguiu a proeza de amealhar R$ 252 milhões fazendo falcatruas às
escondidas do chefe.
O processo será longo. Estamos só no começo.
Pensem, por exemplo, que o caso vai mesmo esquentar quando aparecerem os nomes
dos políticos, que estão se acumulando lá no STF. Aí é que vocês verão a
barafunda. Desde o começo da crise, tenho chamado atenção para o óbvio: por que a prática seria diferente nas
demais estatais se os atores são os mesmos, se a política é a mesma, se os
critérios são os mesmos? Surgiu o
primeiro elemento que pode indicar que os criminosos atuaram também na
Eletrobras — e sabe-se lá onde mais. A
presidente brinca com o perigo.
Para começo de conversa, deveria intervir já — e não mais tarde — na Petrobras. Está na cara que Graça Foster perdeu a
condição de presidir a empresa. Cosenza tem de ser afastado não porque
esteja comprovada a sua culpa, mas porque a estatal não pode conviver com
desconfiança. Evidenciada a sua inocência, que volte.
Um mês
Vejam vocês: hoje, 18 de novembro, faz exatamente um mês que Dilma admitiu pela primeira vez a possibilidade de haver desvios na Petrobras. E ainda o fez daquele modo rebarbativo. Disse então: “Se houve desvio de dinheiro público, nós queremos ele de volta. Se houve, não; houve, viu?”. Até o dia anterior, ela atribuía as críticas aos desmandos na empresa à pressão dos que quereriam privatizá-la.
Vejam vocês: hoje, 18 de novembro, faz exatamente um mês que Dilma admitiu pela primeira vez a possibilidade de haver desvios na Petrobras. E ainda o fez daquele modo rebarbativo. Disse então: “Se houve desvio de dinheiro público, nós queremos ele de volta. Se houve, não; houve, viu?”. Até o dia anterior, ela atribuía as críticas aos desmandos na empresa à pressão dos que quereriam privatizá-la.
Dilma terá dias bem difíceis pela
frente. O show
de horrores está só no começo. Imaginem quando começarem a sair do armário os
esqueletos das contas secretas no exterior, onde foi depositada parte da
propina. Uma única conta de Barusco da
Suíça teve bloqueados US$ 20 milhões. Na delação premiada, Youssef se prontificou a ajudar a PF a
chegar inclusive a contas
que pertenceriam ao PT. Se elas existem ou existiram, a cobra vai piar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário