Seja
ou não detectado envenenamento de Goulart, Dilma não poderá colocar uma pedra
em cima do assunto.
Na
segunda-feira, familiares do
ex-presidente João Goulart recebem do governo o resultado da exumação do
cadáver de Jango. A investigação, que será divulgada publicamente logo
depois, visa a esclarecer se ele foi envenenado em dezembro de 1976 na
Argentina. E, em meados do mês que vem, a Comissão Nacional da Verdade (CNV)
tornará público seu relatório sobre violações de direitos humanos a ditadura. O
fim de ambas estórias, entretanto, ainda está muito longe. Seja ou não detectado envenenamento de Goulart, Dilma não poderá
colocar uma pedra em cima do assunto. Em o assassinato sendo confirmado,
será urgente ela se dedicar a abrir arquivos no Brasil e até em outros
países.
Não apenas para descobrir e punir quem levou o assassinato a cabo mas, também, para saber se ele está ligado às mortes suspeitas de outros líderes opositores na América Latina ocorridas na mesma época. É o caso, conforme concluiu a Comissão da Verdade Vladimir Herzog, da Câmara dos Vereadores de São Paulo, do controverso acidente automobilístico que vitimou o ex-presidente Juscelino Kubitschek, apenas quatro meses antes do desaparecimento de Jango. A condição presidencial de ambos impõe o esclarecimento de suas mortes como uma questão do Estado brasileiro e de justiça histórica. [a abundância de “comissões da verdade” - o condomínio onde moro tem uma, sendo seu presidente um ex-soldado da PM, expulso da corporação por alcoolismo – desmoralizou a instituição mais até do que o revanchismo.
Não apenas para descobrir e punir quem levou o assassinato a cabo mas, também, para saber se ele está ligado às mortes suspeitas de outros líderes opositores na América Latina ocorridas na mesma época. É o caso, conforme concluiu a Comissão da Verdade Vladimir Herzog, da Câmara dos Vereadores de São Paulo, do controverso acidente automobilístico que vitimou o ex-presidente Juscelino Kubitschek, apenas quatro meses antes do desaparecimento de Jango. A condição presidencial de ambos impõe o esclarecimento de suas mortes como uma questão do Estado brasileiro e de justiça histórica. [a abundância de “comissões da verdade” - o condomínio onde moro tem uma, sendo seu presidente um ex-soldado da PM, expulso da corporação por alcoolismo – desmoralizou a instituição mais até do que o revanchismo.
Um exemplo:
A “comissão da verdade” Vladmir Herzog, da Câmara dos vereadores de São
Paulo decretou que JK foi assassinado. Já “comissãozona” – a CNV criada por lei
federal – decretou que JK foi vitima de acidente.
Já o autor do presente artigo parece torcer para que as duas versões
prevaleçam – situação que pode ocorrer em relação à morte do Jango.]
No caso do relatório da CNV, que precisa ter sua extensão aprovada por Dilma, preocupa o que dele já vazou. O texto irá variar entre econômico e omisso quanto aos elementos estruturais do golpe e da ditadura, excluindo a revelação do nome das empresas - as sediadas no Brasil e as estrangeiras - e de suas organizações de classe que conspiraram, ajudaram a dar o golpe e se beneficiaram das políticas públicas dos governos militares. Boa parte, inclusive, há décadas registrada em obras como "1964: a conquista do Estado", do cientista político René Dreifuss.
O relatório deve se ater a casos pontuais de graves violações de direitos humanos e, no máximo, irá apontar o nome de militares ainda vivos que atuaram na repressão política. Pouco avançará em relação ao que já se sabe sobre o que sofreram grupos sociais específicos, como os camponeses (dizimados às centenas pelos militares, embora poucas dezenas de casos tenham sido listados) e os indígenas amazônicos, que se colocaram no caminho da sanha devastadora da ditadura.
Nesse quesito, as denúncias mais contundentes permanecerão sendo aquelas registradas pelo Relatório Figueiredo, redescoberto em 2013 após ficar 45 anos desaparecido, elaborado em 1968, no início do período mais repressivo da usurpação militar. Entre as várias tarefas históricas de uma Presidência do Brasil estão mais estas. A ver se em relação a elas Dilma também cederá à pressão do atraso, como o fez no caso das escolhas de Levy e Kátia Abreu para o seu ministério.
No caso do relatório da CNV, que precisa ter sua extensão aprovada por Dilma, preocupa o que dele já vazou. O texto irá variar entre econômico e omisso quanto aos elementos estruturais do golpe e da ditadura, excluindo a revelação do nome das empresas - as sediadas no Brasil e as estrangeiras - e de suas organizações de classe que conspiraram, ajudaram a dar o golpe e se beneficiaram das políticas públicas dos governos militares. Boa parte, inclusive, há décadas registrada em obras como "1964: a conquista do Estado", do cientista político René Dreifuss.
O relatório deve se ater a casos pontuais de graves violações de direitos humanos e, no máximo, irá apontar o nome de militares ainda vivos que atuaram na repressão política. Pouco avançará em relação ao que já se sabe sobre o que sofreram grupos sociais específicos, como os camponeses (dizimados às centenas pelos militares, embora poucas dezenas de casos tenham sido listados) e os indígenas amazônicos, que se colocaram no caminho da sanha devastadora da ditadura.
Nesse quesito, as denúncias mais contundentes permanecerão sendo aquelas registradas pelo Relatório Figueiredo, redescoberto em 2013 após ficar 45 anos desaparecido, elaborado em 1968, no início do período mais repressivo da usurpação militar. Entre as várias tarefas históricas de uma Presidência do Brasil estão mais estas. A ver se em relação a elas Dilma também cederá à pressão do atraso, como o fez no caso das escolhas de Levy e Kátia Abreu para o seu ministério.
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