Tradicionais apoiadoras do PT, entidades
que representam servidores, trabalhadores sem terra e teto elevam o tom no
combate à política econômica de Dilma e invadem ministérios e órgão federais. Relação nunca esteve tão estremecida
Aliados
históricos do PT, os movimentos sociais radicalizaram
na luta contra o pacote fiscal da presidente Dilma Rousseff. Em uma série de
invasões promovidas na última semana, o MST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra), o MTST (Movimento dos
Trabalhadores Sem Teto) e o sindicato dos servidores públicos deram a
dimensão de sua contrariedade com as últimas medidas de arrocho anunciadas pelo
governo. Pelo modo como foram conduzidos – com
quebra-quebras, pichações e gritos de palavras de ordem –os atos evidenciam
o fim do alinhamento automático que esses grupos sempre tiveram com o Planalto,
desde o início da era petista no poder em 2003, e reforçam o isolamento
político da chefe do Executivo – agora sem sustentação em segmentos onde
tradicionalmente angariou apoios.
FIM DA ALIANÇA
Na quarta-feira 23, os Sem-Terra ocuparam a sede do Ministério da Agricultura,
promoveram quebra-quebras e fizeram pichações com duras
críticas à ministra Kátia Abreu e ao ajuste fiscal de Dilma
Na quarta-feira 23, os Sem-Terra ocuparam a sede do Ministério da Agricultura,
promoveram quebra-quebras e fizeram pichações com duras
críticas à ministra Kátia Abreu e ao ajuste fiscal de Dilma
No mesmo dia, foram registrados protestos nos ministérios da Fazenda, Educação, do Planejamento e do Turismo. As sedes do Ministério da Fazenda em São Paulo foram invadidas pelos Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). A intenção era protestar principalmente contra os cortes de gastos com o programa social Minha Casa, Minha Vida. Cerca de 8 mil pessoas participaram do ato. “Nós não vamos aceitar os cortes e que a crise interfira nos investimentos de moradia”, disse Guilherme Boulos, líder do MTST. “O Minha Casa Minha Vida 3 foi anunciado no dia 10 de setembro, mas parte do dinheiro foi cortado. Por isso estamos aqui hoje”, completou.
Guilherme Boulos, do MTST, diz que o movimento
não
vai aceitar cortes nos investimentos em moradia
vai aceitar cortes nos investimentos em moradia
Os sem-teto iniciaram o protesto pela Praça da Luz com uma pequena caminhada pelas ruas do Centro até a sede do ministério em São Paulo, na Avenida Prestes Maia. A entrada foi pacífica. Membros do Andes (Sindicado dos Docentes das Instituições de Ensino Superior) também participaram do protesto. Eles esperavam uma reunião com representantes do governo para apresentar a pauta. “Estávamos em um processo de negociação, que já estava difícil. A partir do anúncio do ajuste, houve retrocesso muito grande”, disse Paulo Rizzo, presidente do Andes. Os docentes estavam em greve havia 116 dias. A categoria diz que a negociação envolvia a realização de novos concursos, reconstrução de carreiras e reajuste salarial, o que não acontecerá tão cedo, no que depender da área econômica do governo.
Foto: JOEL RODRIGUES/FRAME/ESTADÃO CONTEÚDO
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