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terça-feira, 8 de março de 2016

Delcídio, homicídio e suicídio (políticos)



A rima não é solução para a elite política brasileira. O que saiu na imprensa sobre a delação do senador Delcídio do Amaral (PT/MS), a ser homologada, foi a ponta do iceberg.  Vazaram – e não se vê a PF, o MP ou a Justiça preocupados com esse vazamento – umas 60 linhas de um depoimento que teria quase 400 páginas.

Só nesses trechos há 22 nomes que Delcídio, o bem relacionado’ ex-líder do governo, citou como partícipes de ações nefastas: agentes públicos (do Executivo, do Legislativo e do Judiciário), empresários, operadores financeiros, líderes partidários. Tudo o que vertebra nosso modelo político decrépito.

Delcídio, no afã de sair da prisão, teria feito depoimento extenso, desde os tempos em que foi diretor de gás e energia da Petrobras no governo FHC. Aliás, já ali ele teria sido acusado – por Nestor Cerveró – de ter recebido US$ 10 milhões da Alstom.

O temor de muitos da cúpula de quase todos os partidos com representação no Congresso Nacional é que Delcídio tenha detalhado esquemas de corrupção desde os anos 90. Propina, acertos para obstrução de CPIs e tráfico de influência atingiriam tanto o governo, incluído o ambíguo PMDB, quanto parte da oposição, em especial PSDB, DEM e Solidariedade. Poucos sobrariam.

Não havendo ‘pula esta parte’ orientada por advogado ou inquiridor, as revelações do senador atingiriam o núcleo do sistema. E a ele próprio, réu confesso. Delcídio teria o poder que se atribui também a Eduardo Cunha: levado ao ‘corredor da morte’ política, carregaria um monte.

Ambos investigados na Lava-Jato, Delcídio e Cunha (que sempre cobrou do Ministério Público que, “para ser justo, tratasse Delcídio da mesma maneira”), simbolizam os tempos degradantes que estamos vivendo. Promovem com eficácia a aproximação da instância pública com negócios privados, fundada na promiscuidade entre grandes interesses empresariais e a política. Esta, mercantilizada, se apequena.

Cunha já se tornou réu, em decisão unânime do Supremo, por corrupção e lavagem de dinheiro, mas prossegue na presidência da Câmara, enquanto Delcídio perdeu a condição de líder do governo. E, agora, tem amplas chances de ter seu mandato cassado, de maneira rápida, ao contrário de Cunha, que manobra até para não receber notificação da abertura do processo disciplinar contra ele.

Não há verdade oculta que não venha a ser revelada, inclusive pelos próprios protagonistas das tenebrosas transações. Delcídio não terá o escudo da licença médica (estaria afônico?) por muito tempo, e terá que provar tudo. Cunha não poderá ficar alheio, no seu costumeiro cinismo: tornou-se pedra no caminho, estorvo, de quase todos.

Fonte: Chico Alencar

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