Em acordo de delação premiada, o executivo da Engevix José Antunes Sobrinho revela ter pago R$ 239 mil a um intermediário para que o apresentasse a Carlos Araújo, que foi casado com a presidente
ENCONTROS
Carlos Araújo se reuniu com Antunes e prometeu ajudá-lo a solucionar problemas com a Engevix (Foto: Ronaldo de Oliveira/CB/D.A Press)
Carlos Araújo se reuniu com Antunes e prometeu ajudá-lo a solucionar problemas com a Engevix (Foto: Ronaldo de Oliveira/CB/D.A Press)
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Em sua delação, Antunes revela ter, sim, repassado R$ 239 mil a Nilton, por meio de Zuch. Segundo o documento entregue aos procuradores, o empreiteiro diz que Araújo jamais cobrou valores diretamente do delator. Antunes também levantou uma dúvida: disse não saber se Nilton se utilizava de Araújo para enriquecer ou se trabalhava como um operador do ex-marido de Dilma.
Os encontros aconteceram, conforme revelou ÉPOCA, em períodos em que a Engevix enfrentava dificuldades. Na primeira vez, em 2013, o assunto tratado eram os Aeroportos de Brasília e São Gonçalo do Amarante, concedidos a um consórcio liderado pela empreiteira, em parceria com a argentina Corporación América. Antunes confirmou, no documento, que recebeu recados do Palácio do Planalto que denotavam a insatisfação da presidente com as obras. Pensou que isso pudesse fazê-lo perder as concessões e recorreu a Araújo por ajuda. Ainda segundo o delator, os prazos para a entrega das obras terminaram sendo cumpridos e as tensões com o Planalto recuaram. Antunes assim descreve: “Sendo que não houve mais recados do Palácio do Planalto, e o colaborador entende que esta confiança se deu pelo apoio e interferência de Carlos Araújo”.
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Em outro encontro, ocorrido em 2014, Antunes pediu o auxílio de Araújo para destravar a liberação de uma tranche de R$ 62 milhões de um financiamento do Fundo da Marinha Mercante para sua empresa, por meio da Caixa Econômica Federal. Ao ouvi-lo, Araújo se mostrou sensibilizado, disse Antunes. “Dizia que iria tomar providências para ajudar”, afirmou o delator. A mesma disposição de Araújo em ajudar a Engevix foi confirmada por ÉPOCA em janeiro, com base em relatos de Zuch. Contudo, até o momento, não há sinais de resultado sobre o dinheiro. A liberação continua travada e Antunes não pode sequer voltar ao amigo Araújo, pois está preso em Curitiba.
Quando esteve em Brasília para ser ouvido na CPI dos Fundos de Pensão, em fevereiro, Antunes conversou brevemente com ÉPOCA. O discurso, contudo, era diferente do que consta do termo de colaboração. O empreiteiro confirmou os encontros com Antunes, mas negou que tivesse pagado qualquer valor a Zuch ou Belsarena. Quando questionado sobre a razão de ter recorrido a Araújo, o empreiteiro não hesitou. “Eu tinha um estaleiro quebrando e ele conhecia todo mundo. Políticos, sindicatos, além de ser ex-marido da presidente. Tinha muita gente sendo demitida e é lógico que eu ia fazer de tudo para impedir isso”, disse o empreiteiro.
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