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sábado, 30 de abril de 2016

"AS SABOTAGENS DELES DE CADA DIA"

Gatos pingados de manifestantes, concentrados em pontos estratégicos de avenidas e rodovias do País, tocaram fogo em pneus, pararam o trânsito, promoveram a baderna. A intenção era essa mesma. Bagunçar a rotina! Criar tumulto. À revelia da lei. 

Como que autorizados por uma força maior, os ditos movimentos sociais de viés radical querem entornar o caldo. A senha foi dada por ninguém menos que o líder petista Lula que, nos últimos dias, em várias ocasiões, tem dito publicamente: “agora é guerra”. Entenda-se a dimensão do que ele pretende. Na semana passada, em encontro com sindicalistas, Lula lançou a ordem que espera ver obedecida tanto pela cúpula partidária como pelos seus seguidores insanos: “Vamos infernizar o governo Temer! Não se deve colaborar de maneira nenhuma”. A agremiação dos trabalhadores vai financiando a militância para a tática de terror. Dilma, a mandatária às vésperas de ser afastada do Planalto, também leva ao pé da letra as determinações do chefe.  

Orientou assessores e ministros subordinados para a sabotagem: limpem tudo, eliminem dados, soneguem informações ao pessoal do Temer. Dilma está com raiva. Semanas atrás insinuou que as ruas não vão ter paz. Seu ministro Cardozo falou em risco de “convulsão social”. Como podem autoridades da República assumir a ideia do quanto pior, melhor? Não eram eles que reclamavam disso? O plano de boicotar o País é desprezível. Dilma dá guarida aos agitadores. Mais uma vez, nesses momentos derradeiros de poder, a presidente abriu as portas do seu gabinete para que ali se refestelassem os dirigentes da CUT, do MST, do MTST e quetais. Estavam lá os “cabeças” das organizações. Gente como Stédile, a cujo “exército” Lula prometeu recorrer na eventualidade de deposição da presidente. Guilherme Boulos, dos sem-teto, Vagner Freitas, da central de trabalhadores, e Aristides Santos que no Planalto, ao lado de Dilma, já pregou a invasão de propriedades privadas, de gabinetes, fazendas e casas dos brasileiros – completavam a tropa. 

A eles a presidente prometeu cargos, liberou terras, pediu que reclamassem do “golpe”, evocou cumplicidade enquanto deixava no ar a impressão de que simpatizava com a tese de eleições antecipadas. Eis a nova jabuticaba que o pessoal petista deseja plantar para convulsionar ainda mais o ambiente de transição política. Na prática, sabem os defensores da invencionice, não há a menor chance de ela vingar. Uma PEC para alterar a Constituição é inaceitável no que se refere a cláusulas pétreas. De mais a mais, o que anima especialmente Dilma é a possibilidade de arrastar indefinidamente os debates nesse sentido no parlamento, deixando para trás as investigações sobre seus crimes de responsabilidade. Que são muitos, diga-se de passagem. O verdadeiro golpe vai assim se cristalizando. Dilma manobra informações. Tenta esconder do mundo que cometeu, de fato e caso pensado, atentados à Carta Magna e transita com a versão de que é vítima de injustiças para manipular a opinião pública – e, quem sabe, alguns senadores dispostos à barganha pela causa. 

No plano das ilações e incongruências, a presidente extrapola. Inicialmente falou que o futuro ocupante do Planalto iria acabar com os programas sociais. De uns dias para cá, depois que soube das intenções do vice para a área, reclamou que ele não pode se “apropriar” desses programas. E determinou que fossem feitos aumentos irresponsáveis e antecipados nos valores concedidos, mesmo sabendo que não há recursos para tanto. Quer deixar mais problemas e abacaxis no caminho do seu substituto. 

Não importando o custo da traquinagem para o País. Ofender instituições, deslegitimar o processo democrático, espalhar inverdades por onde anda e agir sem medir consequências têm cada vez mais maculado a respeitabilidade que resta da presidente Dilma. [algum dia Dilma teve respeitabilidade?] Adepta do vale-tudo, ela chegou a pedir ao Mercosul que considerasse a expulsão do Brasil do bloco. Quando confrontada com seu desastroso legado, tergiversa. Os mais de dez milhões de desempregados, registrados pelo próprio IBGE, viram somente 2,6 milhões nas suas contas tortas. A crise é culpa de fatores alheios, do fim do superciclo das commodities, dos subprimes. Nunca das barbeiragens praticadas nos dois mandatos. As “pautas-bomba” surgiram pelas mãos dos congressistas. Foram eles quem - nas palavras dela em entrevista a jornalistas estrangeiros no recente tour aos EUA - “permitiram a aceitação de medidas populistas que inviabilizaram a rigidez fiscal, a responsabilidade fiscal, a robustez fiscal do País”. 

Acredite se quiser. Dilma, que nas eleições recentes fez o diabo, difamou adversários e mentiu descaradamente sobre promessas, parece gostar do esporte de distorcer a realidade. “Não hostilizamos quem pensa diferente de nós”, bradou em um dos inúmeros discursos. A quem ela tenta enganar quando na prática faz o que nega? A mandatária fala em golpe mas viaja em avião oficial, com aparato de Estado, deixa o suposto “golpista” em seu lugar e passeia de bicicleta nos bucólicos trajetos da Esplanada, como se nada estivesse acontecendo. A presidente virou um poço de contradições. Ao lado de Lula, à frente do bloco de sabotadores, ambos tentam embaralhar a cena e acusar os opositores daquilo que eles mesmos são responsáveis. Na semana passada, Lula chegou ao cúmulo de declarar que “há uma quadrilha tentando implantar a agenda do caos”.  

Referia-se ao Congresso, sem um pingo de autocrítica quanto aos próprios atos. Com o afastamento de Dilma, que provavelmente ocorre nos próximos dias, o PT de Lula & Cia. se transfere para o lugar de onde age com melhor desenvoltura: a oposição. É lá que os partidários de praticar a arte de jogar contra. Pelo mero prazer de melar as boas iniciativas. Foram historicamente contra a Constituinte, contra o Plano Real, contra a Lei de Responsabilidade Fiscal e contra os programas de alimentação, educação e transporte dos tucanos – que, mais tarde, redundaram no Bolsa Família. O que parece exclusivamente importar na cartilha petista é a demonização do êxito do Brasil. 

Fonte: Carlos José Marques, diretor editorial - Isto É
 
 

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