Falta do que fazer?
O oportunismo marca de forma evidente a chamada “greve geral” que
sindicalistas e entidades ligadas ao Partido dos Trabalhadores
organizaram para tentar convencer a todos de que o País vive o caos.
Parece falta do que fazer.
Por trás de bandeiras dispersas,
aproveitando-se de um final de semana prolongado para motivar a massa
incauta a enforcar um dia a mais, os líderes do movimento tinham
intenções bem definidas, embora inconfessáveis: a maior delas, para além
do enfraquecimento dos adversários que buscam há muito custo levar
adiante medidas estruturais (como as reformas da previdência e
trabalhista) que consertem o País, era montar massa crítica com o
intuito de impedir no Congresso a votação do fim do imposto sindical.
Este sim é um instrumento que pode ferir de morte essa vasta cadeia de
siglas de aluguel financiadas à custa do trabalho alheio. Pelegos que
não pegam no batente há muito tempo (alguns deles nem sabem o que é
isso!) e vivem como parasitas de subvenções ganharam projeção na era dos
governos Lula e Dilma e estão a reclamar a continuidade de seu status
quo na atual cena econômica brasileira. Nada mais anacrônico.
Muitos
deles descambaram para a anarquia pura e simples. Atuam promovendo
depredações, ocupações irregulares de prédios e atos criminosos de toda
ordem, até então sem reprimendas. Mesmo em pequenos grupos – muitas
vezes se contam aos dedos – são capazes de parar estradas e vias
expressas com pneus incendiados e ônibus destruídos para chamarem a
atenção, comprometendo a rotina e o direito da maioria. CUT, MST, MTST e
quetais estão aí para demonstrar. Juntos com o PT, vendem a ideia de
“incendiar o País”, colocando as ruas em constante estado de
instabilidade e tensão. Arregimentam seguidores com comida, bancam o
transporte e dizem que isso é manifestação espontânea do povo. Longe de
ser verdade. Arruaceiros agem assim. Pode, por exemplo, ser considerado
natural, com o endosso sem ressalvas de cidadãos que pagam impostos, o
ataque de servidores ao Congresso, dias atrás, dilapidando com pedradas,
quebra-quebra e invasões na marra às instalações para fazer valer sua
vontade numa votação em plenária?
Não é o desejo hegemônico que vem
prevalecendo nesses casos. Ao contrário: uma minoria ruidosa tem
conseguido se sobrepor, levando adiante pleitos na base do grito, sem
discussões ou negociações. Certamente, boa parte do público visto nas
manifestações da última sexta-feira, 28, não era de grevistas e sim de
pessoas que sequer conseguiram chegar ao seu local de trabalho por falta
de condução, com os transportes públicos paralisados. Uma insensatez,
porque marca a adesão à greve menos por posições esclarecidas e mais por
imposição. Não se tira, naturalmente, a importância e a necessidade de
greves na defesa de interesses de qualquer natureza – sejam eles de
categorias ou da maioria do povo. Faz parte da democracia. Mas quando
ela vem no bojo de uma pregação partidária e doutrinária, isso é de
preocupar. Chama-se aliciamento.
Mesmo de jovens e das escolas que,
paralisando atividades, levaram famílias inteiras a “aderirem” à greve a
contragosto, em muitos casos não concordando sequer com as posições
tomadas durante o protesto. Ditadura às avessas. O Brasil precisa, mais
do que nunca, ter cuidado com aqueles que se arvoram o papel de
“salvadores da pátria” e que, mostraram os fatos, arruinaram o
patrimônio nacional. O ex-presidente Lula & Cia, que em 13 anos de
poder implodiram com a economia e deixaram um mega rombo fruto da
corrupção endêmica, estão animados na sabotagem a qualquer saída sensata
para a crise, almejando ao fim e ao cabo a retomada do poder.
Reitere-se que foram eles os artífices da lambança para a qual a atual
gestão busca uma alternativa.
O tumulto, é líquido e certo, conta a
favor da causa petista. Não importa se o Estado vai quebrar ou não, se
as reformas são necessárias (e são, basta ver os números) ou se o tal
imposto sindical, aquela taxa que cada trabalhador é obrigado a pagar
compulsoriamente às organizações classistas, não passa de uma
excrescência. A modernização da lei trabalhista ou qualquer alternativa a
ela não está em questão pelo olhar desonesto dos partidários dessa
corrente de pensamento. Eles foram contra a Constituinte, contra o Plano
Real, contra a Lei de Responsabilidade Fiscal, contra tudo que não
saísse de sua lavra de projetos fracassados. São contra, pela simples
necessidade de impor a mensagem de que só o PT e suas maquinações
fraudulentas salvam. Você ainda acredita?
Fonte: Editorial - IstoÉ - Carlos José Marques
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