Os atos de Estado, os atos políticos, cobram explicações. Muitas vezes,
nós, pobres cidadãos, as dispensamos porque os atos são esperados e
coerentes. Noutras ocasiões, porém, eles surpreendem e ensejam
elucubrações, mal-entendidos e desgastes. Para evitar isso, os governos
promovem eventos em que anunciam suas ações. Por isso, os projetos de
lei se fazem acompanhar de justificativas. Por isso, o Congresso e o STF
realizam audiências públicas, os ministros dos Tribunais Superiores
leem seus votos e os parlamentares discursam.
A indicação feita
pelo presidente da República para ocupar a cadeira vacante no STF está a
exigir uma explicação. A sucessão causada pela aposentadoria do
ministro Celso de Mello vinha proporcionando sugestões fáceis de
entender, coerentes com expectativas que se foram consolidando nos
últimos dois anos. De repente, o nome de Kassio Nunes Marques sai,
sabe-se lá de qual cartola, como um estranho e surpreendente achado. Não
estou falando de pouca coisa, nem de pouca gente. Um contingente
numeroso de cidadãos confiava – confiava, sim – em que emergiria deste
momento que estamos vivendo um novo ministro antagônico ao que tem
caracterizado a conduta da maior parte de seus futuros colegas,
notadamente após a vitória de Bolsonaro. O presidente sabia disso. As
manifestações que se seguiram à revelação do nome e as informações que
foram surgindo em nada contribuíram, porém, para esclarecer as razões de
sua decisão.
A indicação não é autoexplicativa e o que foi dito
em nada ajudou. Esperava-se alguém que não fosse tão festejado pelo
cacique da OAB, Felipe Santa Cruz. [Destaque-se que aqui no Prontidão Total esperávamos por alguém com a competência, o saber jurídico, a honradez, a experiência do jurista IVES GRANDRA MARTINS FILHO, ou que no mínimo aborrecesse e muito o cacique da OAB - ao nosso entendimento, alguém elogiado por ele, não terá motivos para se sentir envaidecido.Nesse aspecto nos alinhamos com orgulho ao entendimento do ilustre articulista]. Pessoalmente, eu preferia um jurista
que causasse grande contrariedade a esse cavalheiro. Preferia um nome
que fizesse tremer as bochechas do ministro Gilmar Mendes. Preferia
alguém a favor da prisão obrigatória após a condenação em segunda
instância, ou seja, que proporcionasse o voto necessário para reverter a
decisão que restaurou, em novembro do ano passado, travestida de
“garantismo”, a eterna impunidade dos meliantes endinheirados. Preferia
alguém que sequer soubesse quem é o senador piauiense Ciro Nogueira.
Para conveniência do próprio colegiado, preferia alguém oriundo dos
quadros da Justiça de Primeiro Grau, aprovado em concurso, com
experiência forense, curtido em audiências de criminosos e de suas
vítimas. Preferia alguém pé no chão do Brasil real, aquele onde vivem
cidadãos que não aceitam pagar as lagostas dos jantares da Corte. [e que votou contra a extradição do terrorista italiano Cesare Battisti.]
Eu não
queria alguém indulgente com as pretensões ideológicas de um tribunal
que legisla e, a toda hora, intervém em atos do Executivo.
Esse
perfil, perfil das expectativas vigentes durante tanto tempo, se
aproximaria muito mais dos anseios que muitos de nós mantínhamos em
relação a quem ocupará a cadeira desde a qual Celso de Mello vinha
servindo à nação sua amargura e sua visão de mundo. Enquanto
escrevo, olho a janela. Chove e venta em Porto Alegre. A chama da minha
esperança não pode sair à rua. Reitero: desfaça isso, presidente!Percival Puggina (75), membro da Academia Rio-Grandense de Letras e
Cidadão de Porto Alegre, é arquiteto, empresário, escritor e titular do
site Conservadores e Liberais (Puggina.org); colunista de dezenas de
jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba,
a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil pelos maus
brasileiros. Membro da ADCE. Integrante do grupo Pensar+.
A indicação feita
pelo presidente da República para ocupar a cadeira vacante no STF está a
exigir uma explicação. A sucessão causada pela aposentadoria do
ministro Celso de Mello vinha proporcionando sugestões fáceis de
entender, coerentes com expectativas que se foram consolidando nos
últimos dois anos. De repente, o nome de Kassio Nunes Marques sai,
sabe-se lá de qual cartola, como um estranho e surpreendente achado. Não
estou falando de pouca coisa, nem de pouca gente. Um contingente
numeroso de cidadãos confiava – confiava, sim – em que emergiria deste
momento que estamos vivendo um novo ministro antagônico ao que tem
caracterizado a conduta da maior parte de seus futuros colegas,
notadamente após a vitória de Bolsonaro. O presidente sabia disso. As
manifestações que se seguiram à revelação do nome e as informações que
foram surgindo em nada contribuíram, porém, para esclarecer as razões de
sua decisão.
A indicação não é autoexplicativa e o que foi dito em nada ajudou. Esperava-se alguém que não fosse tão festejado pelo cacique da OAB, Felipe Santa Cruz. [Destaque-se que aqui no Prontidão Total esperávamos por alguém com a competência, o saber jurídico, a honradez, a experiência do jurista IVES GRANDRA MARTINS FILHO, ou que no mínimo aborrecesse e muito o cacique da OAB - ao nosso entendimento, alguém elogiado por ele, não terá motivos para se sentir envaidecido.
Nesse aspecto nos alinhamos com orgulho ao entendimento do ilustre articulista]. Pessoalmente, eu preferia um jurista
que causasse grande contrariedade a esse cavalheiro. Preferia um nome
que fizesse tremer as bochechas do ministro Gilmar Mendes. Preferia
alguém a favor da prisão obrigatória após a condenação em segunda
instância, ou seja, que proporcionasse o voto necessário para reverter a
decisão que restaurou, em novembro do ano passado, travestida de
“garantismo”, a eterna impunidade dos meliantes endinheirados. Preferia
alguém que sequer soubesse quem é o senador piauiense Ciro Nogueira.
Para conveniência do próprio colegiado, preferia alguém oriundo dos
quadros da Justiça de Primeiro Grau, aprovado em concurso, com
experiência forense, curtido em audiências de criminosos e de suas
vítimas. Preferia alguém pé no chão do Brasil real, aquele onde vivem
cidadãos que não aceitam pagar as lagostas dos jantares da Corte. [e que votou contra a extradição do terrorista italiano Cesare Battisti.]
Eu não
queria alguém indulgente com as pretensões ideológicas de um tribunal
que legisla e, a toda hora, intervém em atos do Executivo.
Esse perfil, perfil das expectativas vigentes durante tanto tempo, se aproximaria muito mais dos anseios que muitos de nós mantínhamos em relação a quem ocupará a cadeira desde a qual Celso de Mello vinha servindo à nação sua amargura e sua visão de mundo. Enquanto escrevo, olho a janela. Chove e venta em Porto Alegre. A chama da minha esperança não pode sair à rua. Reitero: desfaça isso, presidente!
Esse perfil, perfil das expectativas vigentes durante tanto tempo, se aproximaria muito mais dos anseios que muitos de nós mantínhamos em relação a quem ocupará a cadeira desde a qual Celso de Mello vinha servindo à nação sua amargura e sua visão de mundo. Enquanto escrevo, olho a janela. Chove e venta em Porto Alegre. A chama da minha esperança não pode sair à rua. Reitero: desfaça isso, presidente!
Percival Puggina (75), membro da Academia Rio-Grandense de Letras e Cidadão de Porto Alegre, é arquiteto, empresário, escritor e titular do site Conservadores e Liberais (Puggina.org); colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil pelos maus brasileiros. Membro da ADCE. Integrante do grupo Pensar+.
Nenhum comentário:
Postar um comentário