Jovem preso na Papuda injustamente, há quase três anos, é libertado e reencontra a família em Ceilândia. Agora, Lucas Moreira pretende recomeçar a vida: retomar os estudos e a convivência com o filho de 5 anos
A tia Vera Lúcia Moreira, 57, não esperava a chegada dele em casa: “Pegou a gente de surpresa”, afirma, cheia de alegria. Cansado, mas leve, Lucas esperou a chegada da família. “Perdi a infância do meu filho”, diz ao abraçar Kauã Souza, 5. Um reencontro emocionante, antes de um café da manhã improvisado com a família.
Lucas mora no mesmo endereço onde ocorreu a prisão, há quase três anos. A tia lembra o dia: “De manhã, nós tomamos café e eu fui trabalhar, quando cheguei à noite, nada dele”. No começo, a família pensou que Lucas estivesse desaparecido e procuraram por ele em hospitais e delegacias. “A gente ficou estarrecida quando soube”, destaca Vera. Enquanto empinava pipa na rua, Lucas foi abordado por policiais civis que procuravam homens suspeitos de roubar um carro em Ceilândia. O veículo também havia sido utilizado numa série de outros assaltos e latrocínios em várias regiões do DF. Na delegacia, vítimas apontaram Lucas como um dos autores.
[Nossos dois leitores são sabedores que somos e sempre seremos, favoráveis a punição severa para bandidos - já para os inocentes = JUSTIÇA.
Superlotação de cadeia é algo que todos sabem que existe e só vão para as prisões os que cometem crimes - não cometeu crime não será 'vítima' da superlotação.
Castração química, no mínimo, para estupradores = reincidência, castração física por esmagamento testicular; uso de drogas, cinco anos por unidade de droga em poder do 'noiado' e um ano por cada unidade adicional; tráfico de drogas dez anos para começar - tudo com direito a só pensar em semiaberto após cumprir 4/5 da pena. E, por aí vai.
No caso do Lucas, o processo que ele respondia por tráfico privilegiado deveria ser respondido com o acusado preso = o tráfico privilegiado deveria ser punido com rigor total, igual a qualquer tráfico não privilegiado = aliás, não acreditamos que o individuo seja traficante e não esteja ligado ao crime organizado.
E, para servir de exemplo, todos os agentes que contribuíram por omissão, desídia, má fé, para concretização da injustiça deveriam ser responsabilizado por ressarcir, parcialmente, o ente federativo - não ficando apenas com o DF = nós, contribuintes. O todos inclui sem limitar, agentes e delegados da Polícia Civil, promotores - apesar de caber aos membros do MP acusar, eles são antes de tudo fiscais da lei, também o advogado contratado que tudo indica enrolou, defensores públicos que atuaram no processo até o julgamento. A multa tem que ser exemplar, atingir a todos os envolvidos, incluindo o juiz que conduziu o processo e prolatou a sentença.]
“Cada um tem que pagar pelo que faz, e não porque você parece uma pessoa ou algo do tipo”, desabafa ele. Na época da prisão, Lucas respondia em liberdade por desacato e por tráfico privilegiado (sem ligação com facções criminosas). “Só quem acreditou que eu era inocente foi minha família mesmo. Porque, pelo fato de ser negro e morar na periferia, você é suspeito sempre”, diz.
Nos três processos aos quais respondeu, em um deles foi absolvido e em outros dois, condenado a 67 anos. Por conta da sentença, nem os companheiros de cela acreditavam que ele fosse inocente e zombavam dele. Revoltado com a situação, a mãe lembra que ele chorava com frequência. “Eu pensei que eu ia ficar lá”, relata Lucas. “Quando cheguei na triagem eram 56 (detentos) para oito camas, daí você já tira ideia de como era lá (na cadeia)”.
Mudança de rumoQuando o rapaz foi preso, a família contratou um advogado para representá-lo, mas o processo não andou. “Foi aí que recorremos aos defensores e tudo se encaminhou”, lembra a mãe. Um policial civil que acompanhou o caso, à época, procurou a Defensoria Pública e afirmou que a prisão foi um erro.
Lucas diz que quer recuperar o tempo perdido. “Penso em terminar o ensino médio e trabalhar”. Os defensores públicos vão ingressar com uma ação judicial para que o jovem seja indenizado. “Vamos pedir algo para reparar pelo menos o mínimo da dor sofrida, porque tudo é irreparável, o que ele passou vai ficar para sempre na memória dele”, destaca a defensora pública Antônia Carneiro.
Correio Braziliense
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