Campanhas de vacinação são nacionais, mas vá dizer isso aos moradores de São Paulo
O país se aproxima de um momento delicado e com expectativas contraditórias. De um lado, a pandemia está em clara aceleração, e isso pode piorar com as aglomerações de Natal e fim de ano. De outro, há a esperança da vacina, a solução universal. Essa situação se repete em diversos outros países, especialmente na Europa e nos Estados Unidos. E dificulta a tomada de decisões políticas e econômicas.
A segunda onda exige medidas restritivas — isolamento social — que alguns governos estão aplicando. Essas medidas, porém, são politicamente delicadas, neste momento que deveria ser de confraternização, e atrasam a recuperação econômica. Por isso, bancos centrais pelo mundo afora e instituições como o FMI alertam os governos: que tenham cuidado na retirada dos estímulos monetários e fiscais. Tradução: que mantenham os juros a zero e, na medida do possível, mantenham os pacotes de apoio às empresas e pessoas, isso incluindo gastos públicos.
Isso nos deixa num dilema. Se sua eficácia for aprovada, a CoronaVac pode ser aplicada numa parte pequena da população. Doria diz que vai começar a aplicação por São Paulo e distribuir doses (que sobrarem) para outros estados e prefeituras. O ministro da Saúde diz que só o SUS pode vacinar — mas o SUS não tem as vacinas. [a competência legal para vacinar é do Programa Nacional de Imunização, federal e que antecede aos SUS.]
É verdade que campanhas de vacinação são nacionais, mas vá dizer isso aos moradores de São Paulo. Se o governo paulista e seu renomado Instituto Butantan alcançarem a vacina, registrada e aprovada, quem convencerá a sociedade paulista de que deve entregar tudo a um governo federal sabidamente ineficiente? [não cabe convencer a ninguém sobre a necessidade de cumprir e fazer cumprir a lei.] Por isso, a Anvisa, controlada por Bolsonaro, pode tentar atrasar a liberação da CoronaVac, o que será um escândalo mundial. As pessoas morrendo aos milhares, e a agência segura a vacina? [o ministro Gilmar Mendes tentou acusar o Exército Brasileiro de estar promovendo um genocídio. Recuou, pelo simples fato de que faltavam os mortos para comprovar o genocídio.
Sustentar o escândalo mundial não vai ser possível - faltarão os milhares de mortos para serem apresentados.]
Ou seja, o Supremo Tribunal Federal que se prepare, Suas Excelências fariam bem se cancelassem férias. De outro lado, com as contas públicas destruídas e com a necessidade de começar a colocá-las em ordem, o problema que se apresenta, lembrando o comentário do presidente do BC, é dramático: não temos vacina em escala nacional, nem o governo tem o dinheiro para manter o auxílio emergencial. Claro que a culpa não é só de Bolsonaro. O estrago nas contas públicas foi cuidadosamente aplicado pelos governos do PT, especialmente o Lula 2 e Dilma 1 e 2.
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