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sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

O guarda costas - Folha de S. Paulo

Bruno Boghossian

Ao citar estado de defesa, Aras basicamente diz que presidente será salvo por seus próprios impulsos autoritários

Em fevereiro de 2018, o diretor da Polícia Federal disse que o inquérito sobre pagamento de propina a Michel Temer por empresas do porto de Santos seria arquivado. A investigação ainda corria, mas Fernando Segovia tentou livrar o presidente. A tentativa de blindagem pegou tão mal que, antes do fim do mês, o Planalto precisou demiti-lo.

O engavetamento precoce vendido por Segovia naquele caso não chega aos pés do habeas corpus preventivo que Augusto Aras ofereceu a Jair Bolsonaro na terça (19). Sem que ninguém perguntasse, o procurador-geral afirmou em nota que a responsabilização por “eventuais ilícitos” cometidos pela “cúpula dos Poderes” é de competência do Legislativo.

Na prática, Aras avisou que não pretende investigar Bolsonaro pela negligência do governo na pandemia. Para não se indispor com o presidente que o indicou para o cargo e que acenou publicamente com a possibilidade de nomeá-lo para o Supremo, o procurador pediu que os interessados nessa história batam à porta do Congresso.

A salvaguarda concedida a Bolsonaro é generosa até para os padrões de um aliado como Aras. O procurador-geral tentou dar uma cor unicamente política às acusações contra o presidente. Ignorou que há indícios de crimes comuns praticados pelo governo federal na omissão de socorro a Manaus e na sabotagem à vacinação contra a Covid-19. [inimigos do presidente Bolsonaro, também inimigos do Brasil, lembrem-se que apesar de vociferarem -  movidos pelo desespero e profundo desgosto diante da certeza de que Bolsonaro vai concluir este mandato e será  reeleito em 2022 = vocês fracassaram - contra o capitão ele não cometeu nenhum crime. Todos sabem que o mais bisonho dos brasileiros tem plena certeza de que os responsáveis por todas as mortes, contágios e sequelas da covid-19 são os governadores e prefeitos e o Poder que concedeu a eles poderes que não souberam usar.] 

Na nota, Aras afirmou também que o estado de calamidade pública dos tempos de pandemia “é a antessala do estado de defesa” –uma medida de exceção que pode ser tomada pelo presidente, mas que não deveria estar no horizonte de ninguém. A ideia do procurador-geral era desenhar a tensão que seria provocada por um processo contra Bolsonaro. Mas o texto revelou mais do que isso.  Aras basicamente disse que o presidente está protegido por seus próprios impulsos radicais: quando se sentir ameaçado por investigações, basta estimular os extremistas que o cercam e ameaçar o país com medidas autoritárias para ficar a salvo.

Bruno Boghossian, jornalista - Folha de S. Paulo


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