J.R Guzzo
Última realização da entidade que reúne secretários de Saúde é um manifesto em que propõe medidas extremas para reprimir liberdades públicas e individuais
Antes da chegada da pandemia ao Brasil, há cerca de um ano, pouca gente sabia que existe na galáxia nacional dos corpos oficiais algo chamado “Conass” – que não se perca pelo nome, mas é assim mesmo que a coisa chama oficialmente a si própria.
De uma vez só, e entre outras coisas, os secretários querem a proibição das missas, o fechamento das salas de aulas recentemente abertas, [algumas, entre elas as escolas públics do DF, nem abriram] o fechamento dos bares, o fechamento das praias, mais barreiras sanitárias e um inédito “toque de recolher nacional”, do Oiapoque ao Chuí. Também querem, é claro, tornar legal o “estado de emergência” – que, como se sabe, tem o extraordinário atrativo (para quem manda nos governos) de permitir compras sem licitação – respiradores artificiais, por exemplo, e você sabe o que mais.
A maior surpresa do pacote todo é essa nova reivindicação de uma “política nacional unificada” de combate à covid – especificamente, estão querendo o tal toque de recolher “nacional”. Como assim, “nacional”? É o exato contrário do que eles mesmos exigiam um ano atrás – autonomia completa, sem interferência de cima, para gerir o tratamento da epidemia. Foram atendidos, nisso, pelo Supremo Tribunal Federal, que na prática deu aos governadores e aos prefeitos a responsabilidade exclusiva na área - ao proibir expressamente o governo federal de interferir em decisões sanitárias das autoridades locais. [o que está pegando é que de tanto falar em genocídio, desde que os genocidas sejam o presidente Bolsonaro e seus ministros, a ideia começa a ser cogitada, com possibilidade de TODOS os envolvidos no assunto - menos o presidente Bolsonaro e seus ministros, que mandam menos no Brasil, especificamente quando o tema é covid-19, que a rainha da Inglaterra governo lá pelo King United - serem intimados a prestar explicações convincentes e comprovadas de que são inocentes.]
Hoje, mais de 250.000 mortos depois e com uma quantidade desconhecida de bilhões em dinheiro público gastos para controlar a epidemia, constata-se, pelo que dizem os próprios secretários de saúde, que o sistema entregue à sua gerência está à beira do colapso – após um ano inteiro de autonomia, não conseguiram sequer instalar leitos suficientes nas UTIs. Se isso não é a comprovação objetiva do fracasso das autoridades estaduais e municipais, então o que seria?
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