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terça-feira, 25 de julho de 2023

Obsessão da esquerda totalitária é desarmar o brasileiro honesto - J. R.Guzzo

Vozes - Gazeta do Povo 

 


lula e dino
O presidente Lula e o ministro da Justiça, Flávio Dino, em lançamento do Programa de Ação na Segurança (PAS).| Foto: Ricardo Stuckert/PR

O programa de “desarmamento” do governo Lula e do Ministério da Justiça é o fracasso mais agressivo de um governo que conseguiu completar sete meses sem acertar uma
Alguém é capaz, honestamente, de citar alguma coisa certa, ou meramente útil, feita pelo governo federal de 1º de janeiro para cá? 
A perseguição aos brasileiros que têm armas de maneira legal, e que não pioraram em um átomo os índices de violência no Brasil, é um fiasco absoluto do ponto de vista da segurança da população ninguém, do Oiapoque ao Chuí, está se sentindo mais seguro por causa da repressão às armas legais, e nem tem a menor razão objetiva para isso.

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Mas o fracasso fica aí, com o povo brasileiro. Para Lula e para os capitães-do-mato do seu governo, o “desarmamento” está rendendo exatamente o que eles queriam – tirar as armas obtidas legalmente pelos cidadãos de bem, que cumprem as leis e pagam seus impostos. 
É a obsessão da esquerda totalitária, dos extremistas de Brasília e do ministro da Justiça
Não toleram a ideia de que um brasileiro honesto tenha armas; para o conforto do seu regime, ora em construção, só podem ter armas as polícias do governo e os bandidos. É assim que eles querem que seja.

    A perseguição aos brasileiros que têm armas de maneira legal, e que não pioraram em um átomo os índices de violência no Brasil, é um fiasco absoluto do ponto de vista da segurança da população.

A “política de desarmamento” de Lula e do Ministério da Justiça (é isso que a esquerda nacional chama de “políticas públicas”) não tirou até agora, em sete meses, uma única arma da mão da bandidagem.  
É materialmente impossível, desse jeito, melhorar alguma coisa na segurança do cidadão brasileiro, ameaçado a todas as horas do dia em sua vida, sua integridade física, sua família e seu patrimônio.
 
O Brasil está entre os países com os piores índices de criminalidade do mundo, e os graus mais indecentes de impunidade
Mas o Ministério da Justiça não faz nada contra os criminosos que desgraçam a vida da população. 
Reserva todo o seu rigor e a sua força para tirar as armas das pessoas que não cometem crime nenhum
Para os bandidos o governo Lula propõe o “desencarceramento” – e as visitas do ministro à favela da Maré, no Rio de Janeiro, uma das áreas com maior número de armas ilegais por metro quadrado em todo o território do Brasil. Não é um equívoco do ministro. 
É uma “política pública” do governo. [lembrando que o atual governo tem uma ministra que quando vai naquela favela, passeia de moto pela vielas, sem usar capacete - ela e o motoqueiro que conduz a moto (muito provavelmente, tal individuo deve portar uma arma de uso proibido pelos cidadãos de bem.] 
 
 
 
Dá para entender perfeitamente essa história quando se olha para os números oficiais da criminalidade no Brasil. Os homicídios, durante todo o período em que a legislação facilitou a compra de armas, não pararam de cair no passado desceram a pouco menos de 41 mil, o menor número já registrado desde que começaram a ser feitas as computações anuais dos assassinatos ocorridos no Brasil, em 2007. 
A maior redução, nesses dezesseis anos de acompanhamento, foi de 2018 para cá.
 
Não se trata de “números do bolsonarismo”. São dados de instituições independentes, como o Fórum Brasileiro de Segurança Pública e o Monitor da Violência do serviço de notícias das organizações Globo
É exatamente o contrário do que quer a Chefatura Nacional de Polícia que substituiu o Ministério da Justiça no governo Lula. 
A redução do crime, ali, é um “avanço da direita”. O aumento do crime é um sinal de que “o progressismo”, a “democracia” e a “defesa da Constituição” estão indo para frente no Brasil.

J.R. Guzzo, colunista - Gazeta do Povo - VOZES

 

sexta-feira, 18 de novembro de 2022

Danem-se todos os Brasis - Revista Oeste

J. R. Guzzo

Lula e os petistas fazem de conta que estão altamente preocupados com as “políticas sociais”. Na verdade, não veem a hora de cair matando nas diretorias da Petrobras e do BNDES

O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil 

O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil 
 Pouco depois de ser declarado pelo TSE de Alexandre de Moraes e equipe como vencedor das eleições de 2022, o ex-presidente Lula disse que não iria criar “dois Brasis”, nem governar só para os que votaram nele. 
 Mas desde que falou está fazendo exatamente o contrário do que disse — ou, mais precisamente, não parou de montar um Brasil só para ele, no qual os 60 milhões de votos contabilizados em seu favor o autorizam a fazer tudo o que lhe der na cabeça daqui por diante, e os 58 milhões de votos de quem votou contra valem três vezes zero.  
Lula, na verdade, parece achar que foi eleito para o cargo de Deus [por essa ilusão o descondenado vai ter que brigar com alguns supremos ministros = só que por motivos óbvios os ministros supremos acham que foram escolhidos.] — e talvez nada mostre isso com tanta clareza, além das coisas que vem dizendo sem parar, quanto sua viagem para o Egito, onde foi assistir à mais uma dessas conferências mundiais sobre “o clima” que reúnem magnatas em busca de uma causa e não mudam um único milímetro no movimento de rotação da Terra. 
Lula, muito simplesmente e na cara de todo mundo, foi para lá num jatinho Gulfstream G600 do “Júnior da Qualicorp”. E quem é o “Júnior da Qualicorp”?  
É réu num processo penal por corrupção, lavagem de dinheiro e caixa 2, com delação premiada homologada no STF em 2020 pelo ministro Luís Roberto Barroso, justo ele. Quer dizer: o homem nem tomou posse ainda, mas já está assim.
 
Deveria ser o contrário, não é mesmo? Alguém que foi condenado pela justiça brasileira como ladrão, em três instâncias e por nove juízes diferentes, teria de ficar o mais longe possível de qualquer coisa que lembre corrupção — mas eis ele aí de novo, viajando de graça no jatinho do ex-dono de uma empresa de seguro-saúde enrolado até o talo com o Código Penal Brasileiro.  

Não é só a palhaçada de queimar, sozinho, 50.000 litros de combustível numa viagem particular em defesa do “meio ambiente.   (O jatinho do “Junior da Qualicorp” gasta cerca de 1.750 litros de querosene por hora de voo.) 

 Não está sendo diferente, aí, dos outros peixes gordos que foram salvar “o planeta” no Egito empesteando o ar com o dióxido de carbono de seus 400 aviões privados.  
É a promiscuidade com um tipo de gente do qual, francamente, qualquer presidente eleito deveria ficar longe. 
Mas Lula, pelo jeito, desligou a chave-geral do seu sistema de cautelas. É como se ele estivesse dizendo: “Sim, eu estou viajando de graça no avião de um sujeito acusado de corrupção. E daí? Eu sou o presidente do Brasil. Alguém vai reclamar de alguma coisa?” Ou então: “Qual é o problema, se os ministros do STF vão passear em Nova York com tudo pago pela empresa do João Doria?”.
À primeira vista, parece um desvario. À segunda vista, porém, a coisa faz todo o sentido. É simples: honestamente, alguém acha que o STF brasileiro, que desrespeitou durante anos a fio as leis e a Constituição Federal para devolver a Lula a Presidência da República, vai aceitar alguma denúncia de corrupção contra ele, de hoje até o fim da sua vida? Não vai. Por que raios, então, teriam lhe dado o presente que deram? O STF, no que foi a decisão mais ilegal de sua história, anulou as quatro ações penais contra Lula, incluindo as suas condenações por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.  
Não disse nada sobre culpa, provas ou fatos — anulou e pronto. Foi o passo decisivo para tudo o que veio depois. 
Se fizeram isso, e se deram bem, não dá para entender como deixariam Lula ser processado outra vez. 
Deixaram que fosse para a cadeia em 2018: não vão deixar de novo. 
Lula, na verdade, está mais garantido do que nunca — tem, agora, uma espécie de indulgência plenária para tudo o que fizer, ou um certificado prévio de absolvição. 
 
Da primeira vez que passou pelo governo, corria riscos e ainda tinha de tomar cuidado — e com razão, pois acabou condenado e passou vinte meses preso num xadrez da Polícia Federal em Curitiba.  
Agora não corre risco nenhum e não precisa ter medo de mais nada. A viagem no Gulfstream do “Júnior” pode estar sendo apenas a abertura dos trabalhos — vem aí, possivelmente, uma nova Idade do Ouro para tudo aquilo que você imagina. Se já está desse jeito hoje, sabe lá como vai estar depois que o governo estiver funcionando.

É como se ele estivesse dizendo: “Sim, eu estou viajando de graça no avião de um sujeito acusado de corrupção. E daí? Eu sou o presidente do Brasil

É o mesmo descaso em relação às escolhas que vão definir as questões essenciais da inflação, emprego, renda, crescimento, perspectiva de melhorar de vida essas que afetam diretamente a existência material do cidadão. 
O novo presidente, a esta altura, teria de ter mostrado um rumo para as decisões na economia; na verdade, teria de ter feito isso antes da eleição, para dar ao eleitor a oportunidade de saber no que estava votando. 
Mas não. Lula não falou nada antes, exigindo que votassem nele no escuro, e não está falando nada agora. Com metade do país contra ele, deveria prestar atenção no que faz; no mínimo teria de já ter dado dois ou três sinais de tranquilidade para os 58 milhões de brasileiros que queriam manter a situação econômica do jeito que estava — a melhor, por sinal, que o Brasil tem há décadas. 
Do jeito que está, não tranquiliza nem os que votaram nele, e nem os que votaram contra. 
Montou, ou deixou que montassem, uma geringonça inviável na sua pré-equipe econômica, onde um quer o contrário do outro e o público fica sem saber o que vai acontecer com o país. É uma mistura grossa de propostas ginasianas, pressões para repetir quase tudo que já deu errado, e uns nomes de gente que tem fama de competência, ou algo assim, para enfeitar o bolo com um glacê de “seriedade”.  
Não produziu até agora um átomo de coisa útil.

A discussão em torno disso tudo é cansativa; não há nenhuma hipótese de Lula, depois de toda essa encenação de “núcleo econômico de transição”, aceitar para ministro da Economia um nome que não queira e uma política econômica que não goste. Vai colocar lá exatamente o nome que escolher, e para fazer exatamente o que ele mandar. 
Danem-se, aí, a metade da população que votou por um país diferente do seu, os “moderados” que imaginam ter influência e as regras básicas da responsabilidade na gestão da economia — detalhes como inflação, estabilidade fiscal, necessidade de equilibrar despesa com receita. 
Ele vai fazer o que achar que atende melhor aos seus interesses; no momento, dá a impressão de julgar que o “radicalismo-esquerdismo” é o que vai lhe render mais proveito. Fala que a estabilidade é uma bobagem, que a sua obsessão é dar dinheiro público para os pobres e que “o Estado” tem de ser o dono de tudo, porque tem de fazer tudo. “Eu sei o que é bom”, diz. “Vou gastar o que for preciso.” O resto do que pensa e quer é parecido com isso.

Os liberais-civilizados-centristas, como acontece em 100% dos seus romances com Lula, o PT e a esquerda, estão muito desapontados com tudo o que têm ouvido. É cômico, mais uma vez. Quer dizer que eles acreditavam, mesmo, que teriam uma influência “moderadora” na área econômica? Parece que sim. Passaram os últimos quatro anos vivendo com a ideia fixa de “salvar o Brasil” de Bolsonaro, e acharam racional juntar-se a Lula em busca de um mal menor; a sua inteligência, cultura e outros méritos certamente seriam suficientes para lhes assegurar postos com poder de decisão no governo lulista. 

Não podia dar certo, obviamente, mesmo porque nunca deu; mas essa gente tem uma incapacidade de nascença para aprender com a experiência. 
O resultado é que já estão aí, chorando pelos cantos, arrependidos por descobrir que apoiaram um homem que não respeita o equilíbrio fiscal etc. Que surpresa, não? Como eles poderiam imaginar que aconteceria uma coisa dessas? 
Temos aí mais uma vez, então, os Henriques Meirelles e os Armínios Fragas, os Joãos Amoedos e as Elenas Landaus, mais os bilionários de esquerda etc. etc., resmungando que não era isso o que espera

É penoso, a esse propósito, ver economistas como Pérsio Arida e André Lara Rezende metidos com o “núcleo econômico” da equipe que prepara a “transição” para o governo Lula — ou, muito mais exatamente, prepara o seu próprio avanço sobre os empregos, as verbas e as outras comodidades que se abrem a partir de 1º de janeiro, em Brasília e do Oiapoque ao Chuí. 

Os dois parecem perdidos no meio desse bando, onde se leva a sério o MST e se admira o último congelamento de preços na Argentina, desta vez para 1.500 produtos. Não deveria ser assim: ambos já passaram dos 70 anos de idade, e seria normal esperar um comportamento adulto tanto de um como de outro. Mas estão fazendo, agora, o papel de conselheiros econômicos de um presidente que fala “nessa tal de estabilidade”, quer trocar metas de inflação por ”metas de crescimento” e diz que gasto público não é despesa, é “investimento” — sem dizer que tudo tem de ser pago em dinheiro do mesmo jeito, seja despesa, investimento ou o raio que for. 

Participaram dezoito anos atrás da elaboração do Plano Real, o mais bem-sucedido projeto da história econômica do Brasil. Hoje estão num dos 31 núcleos isso mesmo, 31 — da “equipe de transição”, ao lado da chefe de cozinha Bela Gil (que está no “núcleo de combate à fome”, acredite se quiser), do ex-jogador de futebol Raí, da “Janja” e o resto do angu de semicelebridades que habitam o ecossistema da esquerda nacional. Não vão mandar nem na portaria do Ministério do Índio.

É tarde para arrependimento, porém — arrependimento deveria vir antes do pecado, e não depois, quando já não adianta mais nada. O Brasil que os liberais-iluminados cobram de Lula é basicamente o Brasil de Bolsonaro, ou do seu ministro Paulo Guedes; para fazer o que queriam, seria melhor que todos eles tivessem tomado a opção exatamente oposta à que tomaram. 

Ficam agora falando de “PEC da transição”, [segundo a enciumada Landau a PEC do PRECIPITO.] piruetas para inventar dinheiro e outras fumaças. Para quê? A vida real de Lula e do petismo está em outra faixa de onda. Fazem de conta que estão altamente preocupados com a “governabilidade”, o orçamento federal e as “políticas sociais”. 
Na verdade, não veem a hora de cair matando nas diretorias da Petrobras, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, BNDES e outras coisas essencialmente práticas lugares onde há dinheiro que não acaba mais, e onde se pode meter a mão já, com a proteção total do STF e multa de R$ 100.000 por hora para quem for protestar na rua. Lá não é preciso de PEC nenhuma, nem de reforma no orçamento, nem nada é correr para o abraço e para o cofre. Nunca houve tanto dinheiro no caixa das estatais: foram cerca de R$ 190 bilhões de lucro em 2021, o último ano com balanços fechados; em 2022 não será muito diferente
Usar essa montanha de dinheiro para pagar os “investimentos sociais”? Nem pensar. O dinheiro das estatais é para os amigos, e para os amigos dos amigos. A “política econômica”, o Brasil ou os “dois Brasis” que se arranjem. O Brasil que conta agora é o Brasil de Lula — e do “Júnior”.

Leia também “Os devotos da ditadura”

J. R. Guzzo, colunista - Revista Oeste

 

 

quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

STF e as ‘autoridades locais’ decretaram que é proibida a não-concordância com as suas decisões... O Estado de S. Paulo

J. R. Guzzo

A ciência está se transformando em política

STF e as ‘autoridades locais’ decretaram que é proibida a não-concordância com as suas decisões; ou você engole o pacote como eles querem, ou estará se colocando ‘negacionista’

Tiago Queiroz/Estadão - 05/10/2021
                               Tiago Queiroz/Estadão - 05/10/2021

De todos os desastres, alguns sem mais conserto, que a covid trouxe nestes dois últimos anos ao mundo e ao Brasil, um dos mais perversos, sem dúvida, é a degeneração universal da ideia básica de ciência. É inevitável que aconteça: o debate científico aberto, condição indispensável para se avançar na busca do conhecimento, está em grande parte proibido. É uma volta mortal aos tempos da treva, quando a verdade era estabelecida em decreto pelos reis, papas e seus amigos – e não pelo estudo e pelo entendimento das leis e fenômenos naturais. Hoje a ciência, pela ação cúmplice de cientistas de ocasião, funcionários da máquina estatal e oportunistas de todos os tipos, está se transformando em política – serve a ideias, interesses e desejos, e não mais aos fatos.

Todo o mecanismo mental que comanda a ação atual da máquina pública no trato da epidemia – basicamente, um sistema de repressão à liberdade e aos direitos individuais, com o apoio apaixonado da mídia se baseia na guerra à ciência. Não é que haja dúvidas entre várias hipóteses e o Estado, através de algum processo democrático, tenha optado por uma ou por algumas. Não é isso. No Brasil, premiadas com poderes praticamente absolutos pelo Supremo Tribunal Federal, as “autoridades locais” atribuíram a si próprias o direito de definir o que é ou não é ciência.  

Ao mesmo tempo, e sem deixar espaço para nenhum questionamento, decretaram que é proibida a não-concordância com as suas decisões e “protocolos”; ou você engole o pacote como eles querem, ou estará se colocando “contra a ciência”. É um charlatão, um inimigo do interesse comum e um “negacionista” mesmo que seja um cientista com 30 anos de experiência em pesquisas e tenha dito ao fiscal da prefeitura que seria bom estudar um pouco mais isso ou aquilo. É a ciência imposta através de portarias.

Qual a condição, por mínima que seja, de um prefeito, juiz de direito ou procuradorou mesmo de um ministro Barroso, ou coisa que o valha discutirem de verdade alguma questão de ciência? Não sabem nada; o que podem dizer de útil sobre o tema? [um outro tema indiscutível e que está  sob a tutela do ministro Barroso,  é a segurança das urnas eletrônicas;
tem sido recorrente invasões de hackers a complexos sistemas informatizados -  incluindo o  'sequestro' de um oleoduto que deixou grande parte dos Estados Unidos sem petróleo. 
Mesmo assim, no Brasil, constitui atentado à democracia levantar a possibilidade que o sistema de urnas eletrônicas do TSE pode ser invadido.]
No que diz respeito à ciência, e no que se refere especificamente ao ministro Barroso, é um fato a sua devoção ao curandeiro João de Deus, hoje condenado por estupro e fraude. 
Que raio de credencial é essa, em matéria de relacionamento com a ciência? 
Alguém acha que os 6.000 prefeitos e 27 governadores que estão aí são melhores do que ele? Porque? 
 
A ciência, para ser ciência de verdade, precisa não do ministro Barroso e na manada de pequenas autoridades que manda hoje na sua vida, e sim da investigação livre dos fenômenos que podem ser observados pelo ser humano – senão, não é ciência nenhuma. A ciência precisa, o tempo todo, do debate livre, da indagação permanente, do questionamento aberto, da prova objetiva. 
 
Isso está proibido hoje no debate sobre covid – a verdade é uma só, e ela vem numa portaria assinada por um analfabeto qualquer que se encontra num cargo público. Voltamos ao tempo de Galileu, quando era a Igreja que definia quantos graus tem o ângulo reto, ou garantia que o Sol girava em volta da Terra – com a desvantagem de que a Igreja, por pior que fosse, não era tão ruim quanto o sistema judiciário brasileiro, ou essa multidão de nulidades que se promoveram, do Oiapoque ao Chuí, ao emprego de Deus na Terra. Mas qual é o problema? É assim que se combate, hoje, pelas instituições democráticas e contra a onda direitista.
 
J.R. Guzzo, colunista - O Estado de S. Paulo
 

quinta-feira, 4 de março de 2021

Ensaio do caos: a contradição dos Estados no combate à covid-19 - O Estado de S. Paulo

 J.R Guzzo

Última realização da entidade que reúne secretários de Saúde é um manifesto em que propõe medidas extremas para reprimir liberdades públicas e individuais

Antes da chegada da pandemia ao Brasil, há cerca de um ano, pouca gente sabia que existe na galáxia nacional dos corpos oficiais algo chamado “Conass” – que não se perca pelo nome, mas é assim mesmo que a coisa chama oficialmente a si própria. 

Esse “Conass” é um “conselho” que reúne os secretários de Saúde estaduais; é presidido, acredite se quiser, por um advogado do Maranhão chamado Carlos Lula, e não por um médico ou aquilo que a mídia descreve hoje como “cientista”
Agora, enquanto durar o coronavírus, está tendo os seus quinze minutos de fama. A última realização dos membros dessa entidade é um manifesto em que propõem medidas extremas para reprimir liberdades públicas e individuais. O objetivo, no seu entendimento, é combater a covid.

De uma vez só, e entre outras coisas, os secretários querem a proibição das missas, o fechamento das salas de aulas recentemente abertas, [algumas, entre elas as escolas públics do DF, nem abriram] o fechamento dos bares, o fechamento das praias, mais barreiras sanitárias e um inédito “toque de recolher nacional”, do Oiapoque ao Chuí. Também querem, é claro, tornar legal o “estado de emergência” – que, como se sabe, tem o extraordinário atrativo (para quem manda nos governos) de permitir compras sem licitação – respiradores artificiais, por exemplo, e você sabe o que mais.

A maior surpresa do pacote todo é essa nova reivindicação de uma “política nacional unificada” de combate à covid – especificamente, estão querendo o tal toque de recolher “nacional”. Como assim, “nacional”? É o exato contrário do que eles mesmos exigiam um ano atrás autonomia completa, sem interferência de cima, para gerir o tratamento da epidemia. Foram atendidos, nisso, pelo Supremo Tribunal Federal, que na prática deu aos governadores e aos prefeitos a responsabilidade exclusiva na área - ao proibir expressamente o governo federal de interferir em decisões sanitárias das autoridades locais. [o que está pegando é que de tanto falar em genocídio, desde que os genocidas sejam o presidente Bolsonaro  e seus ministros, a ideia começa a ser cogitada, com possibilidade de TODOS os envolvidos no assunto - menos o presidente Bolsonaro e seus ministros, que mandam menos no Brasil, especificamente quando o tema é covid-19, que a rainha da Inglaterra governo  lá pelo King United - serem intimados a prestar explicações convincentes e comprovadas de que são inocentes.]
 

Hoje, mais de 250.000 mortos depois e com uma quantidade desconhecida de bilhões em dinheiro público gastos para controlar a epidemia, constata-se, pelo que dizem os próprios secretários de saúde, que o sistema entregue à sua gerência está à beira do colapsoapós um ano inteiro de autonomia, não conseguiram sequer instalar leitos suficientes nas UTIs. Se isso não é a comprovação objetiva do fracasso das autoridades estaduais e municipais, então o que seria? 

A situação não melhora em nada, obviamente, quando se constata que nem eles estão de acordo entre si. No exato momento em que os secretários da Saúde exigem o fechamento das escolas, os secretários da Educação exigem que as salas de aula continuem parcialmente abertas. 
Ambos, da Saúde e da Educação, obedecem aos mesmos governos de Estado – quem está com a razão? 
Os dois não podem estar certos ao mesmo tempo. 
É um ensaio de caos, mas os governadores dizem que está tudo bem com o seu pedaço; a culpa, garantem todos, não é deles.

JR Guzzo, colunista - O Estado de S. Paulo
 

quinta-feira, 16 de abril de 2020

Uma desgraça raramente vem sozinha. É assim com o coronavírus - J. R. Guzzo

Gazeta do Povo

Uma desgraça, conforme nos ensina a sabedoria popular, raramente vem sozinha. No caso do coronavírus, mais uma vez não veio. Junto com a Covid-19 temos direito, no Brasil, a demonstrações quase diárias de agressão às liberdades públicaspraticadas por 27 governadores, 5.500 prefeitos e dezenas de milhares de fiscais, com a cumplicidade geral do Poder Judiciário.

Teremos corrupção maciça do Oiapoque ao Chuí, com a suspensão da exigência de se fazer concorrência pública em contratos dos governos – a epidemia só existe até agora em 1.000 municípios, mas cerca de 2.000 já decretaram “estado de calamidade pública”, o que lhes permitirá fazer tudo o que você imagina. Temos a transformação de uma doença, e do seu possível tratamento, em questão abertamente política: até na química se formou uma divisão entre “direita”, que é pró cloroquina, e “esquerda”, que é contra.


Leia também:  Acabar com a quarentena agora é melhor ou pior para a economia? O que dizem os especialistas

Um dos piores aspectos dessa onda de desgraças suplementares – é difícil dizer qual é realmente o pior – é a agonia em que vive hoje no Brasil a virtude da tolerância. Não se admite, de jeito nenhum, que haja pessoas com pensamentos diferentes dos seus em relação ao problema; não se aceita que outras pessoas tenham ideias que você não goste. A coisa ocorre nos dois grandes “lados” que se formaram, em termos gerais, quanto ao combate da epidemia – os que defendem o máximo rigor no isolamento das pessoas (“não saia da casa”), e os que defendem um abrandamento nas regras de controle do contágio e uma retomada mais rápida da produção e do trabalho. Os primeiros são, para não ficar encompridando conversa, contra o governo federal. Os segundos são a favor – ou simplesmente não aceitam a paralisia do país e de suas vidas.

A turma do “confinamento social”, até o momento, está levando vantagem clara, na maior parte do mundo político, das elites “pensantes” e da mídia, nessa competição para mostrar quem é mais intolerante. É proibido, aí, achar que há alguma alternativa para o isolamento radical – ou é isso ou é a calamidade. Não é permitido questionar os números de casos e de mortes divulgados diariamente; não a sua exatidão aritmética, mas a recusa dos divulgadores em fazer relações e comparações com outros números e outros aspectos da realidade. Não se admite a cogitação de que haja qualquer medicamento capaz de ajudar no combate à doença; enquanto não houver uma vacina, a única medida possível é a quarentena sem prazo de duração. [o fim da quarentena está vinculado à chegada do pico da pandemia, que é adiado em 15 dias a cada semana.]

O cidadão que imagina ter o direito de não concordar com qualquer dessas coisas é acusado, logo de cara, de ser “a favor da morte”. É um crápula que prefere o “lucro” à “vida”; acha que “a economia” é mais importante que “o ser humano”. Isso só para começar. Para continuar, pode ser acusado de “genocídio”. Com certeza vai ser excomungado como “bolsonarista” e “vendido ao governo” – além de fascista, inimigo do estado de direito e a favor da “volta dos militares”.

Tem pé ou cabeça uma coisa dessas? Não tem nem uma e nem outra, claro. Mas é assim que ficou. Da próxima vez que o Imperial College de Londres disser que o Brasil “pode” chegar a mais de 600.000 mortos, ou que a ex-presidente Dilma Rousseff prever até 1 milhão de mortes”, é melhor ficar quieto. Quem achar que talvez não seja bem assim vai ser denunciado, na hora, como inimigo do povo brasileiro.

J. R. Guzzo, jornalista - Vozes - Gazeta do Povo


segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

Os Correios vão fechar uma escola - O Globo

Houve inúmeros investimentos para a restauração, recuperação, adequação e manutenção do edifício

A privatização de empresas públicas pode ser uma medida saudável na política econômica de qualquer governo. Mas se o preço da privatização for o fechamento de escolas, de centros de ensino que estão fornecendo mão de obra para o desenvolvimento de áreas importantes de nossa cultura e de nossa economia, ela só pode ser vista como uma ação selvagem, que não traz nenhum benefício para o país. Só prejuízo. É o que se está discutindo no atual debate entre os Correios e a Escola de Cinema Darcy Ribeiro, nome com que é conhecido o IBAV (Instituto Brasileiro do Audiovisual), sociedade civil, sem fins lucrativos, responsável pela escola.
 
[quando lemos a manchete, até que ficamos preocupados - no Distrito Federal, sob a administração Ibaneis Rocha, escolas públicas estão fechadas; 
mas, o caso do Rio é uma escola que pode perfeitamente ser assumida pela iniciativa privada, liberando o prédio que ocupa para os Correios.
O IBAV não deve ser um modelo de eficiência - exemplos recentes da produção audiovisual, sustentam o afirmado.]

A eventual desestatização dos Correios parece ser uma fatalidade de nosso tempo. Sua privatização é um projeto permanente de quase todos os nossos ministros da Economia mais recentes. Não tenho uma posição muito definida sobre o assunto que, de um lado, deve levar em conta a inovação provocada pela revolução da internet; mas, por outro lado, tem-se hoje uma Empresa dos Correios, de natureza pública, que permite a comunicação e o comércio em todo o nosso território, do Oiapoque ao Chuí.
 
Enquanto ninguém chega a uma conclusão sobre qual será esse novo papel dos Correios, aqui e no mundo todo, quem está sofrendo as consequências é uma escola, por onde já passaram 20.000 jovens, em cursos regulares ou oficinas, vindos de todo o Brasil, alcançando todas as faixas sociais, exemplo de excelência pedagógica e social. A Escola de Cinema Darcy Ribeiro (ECDR), comandada desde sempre pelo IBAV e pela obsessiva e eficiente professora Irene Ferraz, exemplo de servidora empenhada em seu papel, é um dos poucos centros que temos de ensino livre dedicado ao Audiovisual.

No ano 2000, ainda durante o mandato de Fernando Henrique Cardoso, os Correios fizeram uma cessão de uso ao IBAV. Eram “restos” de um prédio em ruínas, confiscado durante a Segunda Guerra Mundial, por ser a sede do Deutsche Bank, nosso “inimigo de guerra”. Um prédio em desuso há muitos anos, na esquina da Rua Primeiro de Março com a Rua da Alfândega, no Rio de Janeiro, para que ali se instalasse o sonho raro de um centro de ensino e pensamento do Audiovisual. Para que isso se tornasse possível, os responsáveis pelo IBAV realizaram inúmeros investimentos para a restauração, recuperação, adequação e manutenção do edifício, utilizando-o em benefício da formação profissional na área.

Nesse prédio, hoje tombado pela Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, por iniciativa do deputado Carlos Minc, sempre se praticou, antes de tudo, a pesquisa capaz de desenvolver, na prática e na teoria, uma enorme área de técnicos e criadores, homens e mulheres dedicados à cultura e à fabricação do Audiovisual brasileiro. Hoje a escola mantém o prédio funcional, com cinco pavimentos, todos recuperados e remodelados, que abrigam salas de aula, ilhas de edição, estúdios, biblioteca e filmoteca, sala de exibição de todos os formatos óticos e digitais, locais preparados para receber estudantes do Rio de Janeiro e de todo o Brasil, como vem acontecendo desde sempre.

São esses os elementos formadores dos profissionais que já atuam hoje ou que vão atuar amanhã na indústria criativa do Audiovisual. Um item hoje significativo em nosso PIB nacional. E também nas contribuições prestadas por alunos e ex-alunos, no debate cultural do país, um país que ainda inventa sua forma de pensar e de se comportar como nação. Nessa segunda feira, por exemplo, a escola começa a preparar uma nova turma de estudantes, fruto de emenda parlamentar da Câmara dos Deputados, que possibilitou a abertura de uma nova classe com 35 vagas de bolsas integrais para jovens de periferia, que por ela serão formados. Essa é uma das contribuições decisivas que a escola dá ao crescimento e à consolidação da atividade Audiovisual no país, em benefício sobretudo do que estará na televisão e no cinema, visando ao desenvolvimento democrático do Brasil.
 
[providência acertada a dos Correios, já que resultará em valorização do seu patrimônio, tornando mais vantajosa a inevitável privatização - manter os Correios, é evidente desperdício, haja vista a não necessidade daquela Empresa, que teve os tempos de glória e eficiência, iniciado no Governo Militar,  ficando a ECT sob a presidência do coronel Adwaldo Cardoso Botto de Barros, por mais de uma década e se tornado um modelo de eficiência. 
Nos dias atuais, além da queda gradativa da necessidade dos serviços prestados pelos Correios, a ECT se transformou em empresa desnecessária e ineficiente e abrigo para sindicalistas.
Até o Postalis, modelo de fundo de pensão e plano de saúde, foi dilapidado pelos ladrões do pt = perda total.] 

O que os Correios fazem neste momento, pedindo de volta um prédio que não tem nenhuma utilidade para o serviço que prestam, apenas para valorizar seus bens imobiliários, na hipótese de uma privatização do que já não serve mais, é no mínimo medíocre e pouco patriótico. O que seu gesto vai certamente provocar, se por infeliz acaso for executado, é a interrupção da atividade letiva da Escola e do IBAV. E portanto um boicote ao futuro do Brasil. Fica Darcy!
 
Opinião - O Globo - Cacá Diegues