Análise Política
Há três momentos-chave neste processo eleitoral brasileiro:
1) a janela de trocas partidárias e o prazo de filiação,
2) as convenções, e
3) a eleição propriamente dita. Pode haver um quarto, o segundo turno. E um requisito fundamental é o candidato chegar com expectativa de poder a cada uma dessas barreiras, para ganhar impulso ou, no mínimo, evitar a lipoaspiração, a cristianização.
Por fortuna ou virtù, ou um pouco das duas, Jair Bolsonaro alcança o primeiro obstáculo transmitindo a sensação de estar se recuperando nas pesquisas. A intensidade dessa recuperação e a própria existência dela podem ser debatidas, mas na política vale a percepção. E a percepção disseminada neste momento é o presidente não ser carta fora do baralho para outubro. Algo decisivo para contrabalançar pressões centrífugas.
E para atrair gente às legendas que apoiam Bolsonaro.
A regularização das atividades impulsiona a economia e os empregos, tudo turbinado por mais dinheiro no bolso dos pobres que recebem o Auxílio Brasil. Claro que a grande massa do Auxílio Emergencial ficou fora do programa, mas, aparentemente, a expansão do mercado de trabalho vem oferecendo uma “porta de entrada”. A soma de vetores dá um respiro ao presidente da República.
Vai ser necessário acompanhar como transcorre a janela das trocas partidárias, depois ver que partidos formarão federações, as coligações estáveis por quatro anos e nacionalmente verticalizadas e vinculantes. Daí iremos ao segundo momento crítico, as convenções que definirão candidatos e apoios. Quatro anos atrás esse aspecto de coligações e apoios contou pouco. Será que o fenômeno vai se repetir?
Para tanto, precisaria aparecer um novo outsider. O mais bem ou menos mal posicionado é André Janones, que por enquanto não mostra tração. E o sistema político saiu do estado de ruína de 2018. E há na cadeira no Planalto um presidente candidato à reeleição, com a caneta na mão, e que precisa de tempo de televisão e rádio para mostrar o que fez e por que deve merecer mais quatro anos.
Alon Feuerwerker, jornalista e analista politico
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