Luís Ernesto Lacombe
Ele não anda pelas ruas. Escolhe bem aonde ir e com quem se encontrar.
Mentiroso confesso e contumaz, ele já não arrasta multidões, desde que seu partido arrastou bilhões de reais de empresas estatais para os próprios bolsos, amplos, largos, fundos. Seus apoiadores onde estão? É incerto onde se aglomeram. Lula não emociona, é um emplastro.
Nas ruas, por ele, estão apenas aqueles que os funcionários de empresas de pesquisas eleitorais descobrem. Estatisticamente, pelo menos, são muitos. Devem aguardar ansiosamente o encontro com Lula. No meio do povo, de novo...
Poderia ter sido na praia... Lula queria dar um mergulho no mar, mas achou melhor interditar o seu pedação de areia. Ele já não sai por aí, já não mora em São Bernardo do Campo, já não quer esbarrar com qualquer um. Questões de segurança. Seu povo aguarda, obediente e compreensivo, a hora de saudar e aplaudir o chefe, de estar perto dele. E a hora chega, o jornal anuncia: “Lula, de novo nos braços do povo”. Encontro marcado para Londrina, no Paraná. O pré-candidato quer ser abraçado, quer abraçar milhares de pessoas, antes dos milhões das pesquisas eleitorais.
Era tanta vontade de estar com todos, mas não teve rua, praça pública, estádio de futebol. Não teve multidão. Lula visitou apenas um assentamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra na cidade paranaense. Falou para uma gente comportadamente uniformizada, simples, humilde. Repetiu, em discurso, o que lhe disseram, que "a agricultura familiar tem capacidade para alimentar nosso país". É tão lindo: querem produzir em larga escala alimentos não transgênicos, sem o uso de defensivos agrícolas... E querem proteger as florestas ao mesmo tempo! Povo, não dá. Seria preciso aumentar assustadoramente a área plantada, desmatar, desmatar muito.
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