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domingo, 11 de setembro de 2022

Depois do 7 de setembro - Percival Puggina

Poucas expressões resumem tão bem os episódios do dia 7 de setembro quanto a dos leitores cujos comentários eram expressos em apenas duas palavras: “Foi lindo!”.

Foi mesmo lindo o que cada um viu por conta própria e o que cada um intuiu ao saber que aquelas mesmas imagens e emoções se repetiram em centenas de cidades em todo o país e no exterior. Lindo!

Horas depois, neste ambiente psicossocial de beleza, nobreza, civilidade, amor ao Brasil, coesão ética e estética nas cores da pátria comum, fomos afrontados pela constatação de que havíamos dado causa a terríveis sentimentos em setores bem específicos da sociedade brasileira.

Não estou pensando em Lula porque até para perder tempo tenho um conjunto muito superior de possibilidades
Seu repertório de ofensas, disparates e a baixaria de sua elevada autoestima são previsíveis. 
Estou pensando naqueles que, de modo unilateral, romperam relações com a sociedade. Para estes foi um dia triste...

Estou pensando nos inconformados e inconsoláveis da mídia, a respeito dos quais o Alexandre do bem, o Garcia, diz terem brigado primeiro com os fatos e, agora, com o povo.   

Estou pensando nos ministros do STF, que devem ter passado a noite meditando sobre a dormência dos snipers e a sonolência das equipes antibombas em contraste com a implosão de seus delírios e paranoias  ao som do hino nacional. [o que tirou o sono dos supremos ministros é que sempre se consideraram supremos, verdadeiros 'deuses' e ultimamente passaram a se considerar maiores do que o que sempre imaginaram ser; 

- em nossa sensata pequenez, sempre tivemos a convicção, e alardeamos o que pensávamos,  sobre não existir golpe com dia e hora marcados, golpe comandado pelo WhatsApp e por setentões, bem como se iniciar um golpe atacando juízes - os primeiros alvos dos golpistas são as forças contrárias que possuem condições de reagir.

E um ponto incontestável: Bolsonaro pode, e vai, ganhar no primeiro turno; para que dar golpe?]

Estou pensando no quanto me divertiram as redes sociais onde os revolucionários de opereta perderam sua melhor oportunidade para descobrir o Brasil e, nele, alguns fatos básicos da vida. O Brasil real não é o de suas cartilhas e narrativas. Aos 200 anos da Independência, a nação pôde ver a si mesma. Ela já encontrou seu caminho e não aceita garrotes na liberdade. Ela diz não à tirania, aos cambalachos e às “estéticas jurídicas e políticas” que tentam aformosear intoleráveis omissões e prepotências.

Nada posso fazer com o desespero dos “democratas” sem povo, dos “juristas” da tirania e dos modeladores de noticiário.

Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.


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