Quem condena a riqueza, dissemina a pobreza. Sem riqueza não há poupança e
sem poupança não há investimento.
Sem investimento, consomem-se os
capitais produtivos preexistentes, surge uma economia de subsistência,
vive-se da mão para a boca, aumenta o número de bocas e diminui o número
de mãos.
Quem defende o socialismo sustenta que a ideia é exatamente
essa e que assim não há competição ou meritocracia, nem desigualdade.
E
como diz Lula criticando a classe média, ninguém precisa de dois
televisores...
Quando o
Leste Europeu estava na primeira fase, consumindo os bens produtivos
preexistentes, surgiu a teologia da libertação (TL), preparada pelos
comunistas para seduzir os cristãos.
A receita - uma solução instável,
como diriam os químicos, de marxismo e água benta - se preserva ainda
hoje. Vendeu mais livros do que Paulo Coelho. Em muitos seminários
religiosos, teve mais leitores do que as Sagradas Escrituras.
Aninhou-se, como cusco em pelego, nos gabinetes da CNBB.
Perante a
questão da pobreza, a TL realiza o terrível malabarismo de apresentar o
problema como solução e a solução como problema. Assustador? Pois é.
Deus nos proteja desse mal. Amém.
A estratégia é
bem simples. A TL vê o “pobre” do Evangelho, sorri para ele, deseja-lhe
boa sorte, saúde, vida longa e passa a tratá-lo como “oprimido”.
Alguns
não percebem, mas a palavra “oprimido” designa o sujeito passivo da
ação de opressão.
O mesmo se passa quando o vocábulo empregado na
metamorfose é “excluído”, sujeito passivo da exclusão.
E fica sutilmente
introduzida a assertiva de que o carente foi posto para fora porque
quem está dentro não o quer por perto.
Então ele ganha R$ 50 para ficar
na esquina agitando bandeira de algum partido vermelho, por fora ou por
dentro.
A TL
proporciona a mais bem sucedida aula de marxismo em ambiente cristão.
Aula matreira, que, mediante a substituição de vocábulos acima descrita,
introduz a luta de classes como conteúdo evangélico, produzindo o
inconfundível e insuperável fanatismo dos cristãos comunistas.
Fé
religiosa fusionada com militância política!
Dentro da Igreja, resulta
em alquimia explosiva e corrosiva; vira uma espécie de 11º mandamento
temporão, dever moral perante a história e farol para a ordem econômica.
É irrelevante o conhecimento prévio de que essa ordem econômica anula
as possibilidades de superar o drama da pobreza.
A TL substitui o amor
ao pobre pelo ódio ao rico e acrescenta a essa perversão o inevitável
congelamento dos potenciais produtivos das sociedades.
Todos sabem
que Frei Betto é um dos expoentes da teologia da libertação. Em O
Paraíso Perdido (1993), ele discorre sobre suas muitas conversas com
Fidel Castro.
Numa delas, narrada à página 166, a TL era o assunto.
Estavam presentes Fidel, o frei e o “comissário do povo”, D. Pedro
Casaldáliga, que foi uma espécie de Pablo Neruda em São Félix do
Araguaia.
Em dado momento, o bispo versejador comentou a resistência de
João Paulo II à TL dizendo: “Para a direita, é mais importante ter o
Papa contra a teologia da libertação do que Fidel a favor”. E Fidel
respondeu: “A teologia da libertação é mais importante que o marxismo
para a revolução latino-americana”.
Haverá maior e melhor evidência de que teologia da libertação e comunismo são a mesma coisa?
Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.
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