Pressionado por pesquisas de intenção de voto a nove dias do primeiro turno, presidente sobe tom em comício
O presidente Jair Bolsonaro (PL) falou nesta sexta-feira (23) em colocar um "ponto final" no que chamou de abusos de outro Poder, em uma referência velada ao Judiciário, alvo frequente do chefe do Executivo.
A declaração ocorreu em um comício em Divinópolis (MG).
Em seu discurso, Bolsonaro também disse que seus apoiadores são maioria no país e atacou seu principal adversário, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a quem chamou de ladrão. O primeiro turno das eleições ocorre em nove dias. "O Brasil é um país livre. Vocês sabem que vocês estão tendo cada dia mais a sua liberdade ameaçada por outro poder, que não é o Poder Executivo. E nós sabemos que devemos botar um ponto final nesse abuso que existe por parte de outro Poder", disse.
Ele repetiu também uma frase que costuma dizer, que, se reeleito, "todos, sem exceção, jogarão dentro das quatro linhas da Constituição". [considerando que o desejo presidencial não implica em impor nada a nenhuma instituição = jogar dentro das quatro linhas - obedecendo a Constituição Federal - integra o juramento de posse do presidente e do vice-presidente da República, dos parlamentares, membros do Poder Judiciário e outros cargos públicos.]
O mandatário disse ainda que, se reeleito, indicará pessoas contrárias ao aborto para as duas vagas no STF (Supremo Tribunal Federal) que ficarão disponíveis no próximo ano, com a aposentadoria de ministros.
Em mais de um momento, Bolsonaro chamou seu adversário de ladrão. [público e notório que Bolsonaro não mentiu.] Como a Folha mostrou, a aposta da campanha nesta reta final é investir no antipetismo para impedir que Lula liquide a fatura já no primeiro turno.
A multidão, em coro, gritava "não" como resposta às perguntas do presidente. "Nós mais do que queremos, desejamos o contrário. Nós somos a maioria. Nós venceremos em primeiro turno. Não existe eleição sem povo nas ruas. A gente não vê nenhum dos outros candidatos fazendo um comício sequer que se aproxime a 10% do povo que tem aqui", disse o presidente.
Apesar de, para a militância, Bolsonaro insistir em vitória no primeiro turno, a maior parte dos seus aliados vê como mais provável que a disputa chegue apertada no segundo turno. Mas, para apoiadores, o presidente reforça a tese de "Datapovo", quando usam fotos de manifestações nas ruas, como as do 7 de Setembro, para atacar institutos de pesquisas e, assim, manter apoiadores energizados no projeto da reeleição.
O senador Carlos Viana (PL), que oficialmente tem o apoio de Bolsonaro na disputa pelo Governo de Minas, recebeu o presidente no aeroporto de Divinópolis, mas não discursou no ato de campanha. Os únicos candidatos a falar, antes do presidente, foram o deputado estadual Cleitinho (PSL) e o deputado federal Domingos Sávio (PL), ambos com base eleitoral na cidade.
Cleitinho é candidato ao Senado e tem como trecho de campanha a frase "STF com Cleitinho vai pegar rabo". Sávio disputa a reeleição.Existe a possibilidade, no entanto, de Zema apoiar Bolsonaro no segundo turno, caso ocorra. O governador lidera as pesquisas de intenção de votos no estado.
Eleições - Folha de S. Paulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário