Querem
que nos habituemos a dobrar a espinha de modo silencioso e a rastejar
reverências a nossos algozes. Já deixaram claro a que vêm. Aprendemos na
experiência da vida que não desistem de seus objetivos e se valem de
todas as tretas e mutretas para alcançá-los.
Até a chacina de Blumenau
serviu para justificar o injustificável, como, por exemplo, a imposição
de meios de censura na Internet...
De outro lado, conservadores e
liberais – enquanto podem proclamar que “têm mais o que fazer” – se
resignam facilmente aos maus tratos do Estado. Até não terem mais o que
fazer porque a rota percorrida termina em inevitável sorvedouro onde
tantas nações já se precipitaram.
O PL da
Censura é a estampa de seus proponentes e defensores: profissionais do
ardil, da arrogância, do estatismo, do liberticídio, do autoritarismo e
da criação de narrativas.
É sempre a mentira que necessita impor
silêncio à Verdade, sua antagonista natural.
A Verdade se impõe sempre
que lhe permitem contrapor-se à sua predadora natural. Por isso, a
censura trata de impor seus motivos. Eles não são razões da razão, nem
do bem, nem da justiça, nem da moral.
Criatura da
invencionice legislativa do ano de 2020, o projeto ganhou vida assim que
o desastre eleitoral de 2022 chegou ao clímax do dia 1º de janeiro
deste ano. Já então, a experiência dos meses anteriores mostrava onde se
travaria a luta política e evidenciou o quanto era conveniente inibir o
protagonismo da sociedade em questões políticas. Para os donos do
Brasil, cidadão, eleitor, é sujeito que aperta silencioso e discreto o
teclado da urna. O resto é para os profissionais.
E o mal
parido projeto ganhou força, tornou-se urgente. Urgentíssimo. Os novos
senhores do Brasil entendem que opinião é regalia de quem pode. O povo,
fala no teclado da urna, a cada quatro anos. A partir daí, o silêncio é
seu melhor e mais prudente conselheiro.
Nestas
últimas horas do dia 1º de maio, escrevo sem saber por quanto tempo isso
será tolerado. Penso, então, nos omissos de outubro do ano passado.
Agiram naquela eleição como se não estivessem embarcados no navio que se
precipitava para o sorvedouro.
Fico me interrogando se, agora, a
realidade ainda lhes chega.
Haverá alguma janela, naquele universo
paralelo desde o qual as decisões eleitorais do ano passado não lhes
impuseram qualquer responsabilidade moral ou cívica?
Na história
dos povos, a censura foi, sempre, exigência da mentira, ou da
mistificação, ou de males ainda maiores. Por isso, quando a madrugada se
aproxima, ergo o pensamento para Jesus – Ele mesmo Caminho, Verdade e
Vida – rogando que vele pela nação brasileira e não se instale, aqui, o
primado da mentira, eterna predadora da Verdade.
Percival Puggina (78), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto,
empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores
(www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país.
Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia;
Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.
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