Carlos Alberto Sardenberg
O mundo caminha para uma economia verde, e o Brasil também tem recursos aí. Só que custa mais caro
Do ministro Fernando Haddad: — Temos obrigação de crescer acima da média mundial, dado nosso potencial de recursos naturais, recursos humanos e parceria do Brasil com o mundo
Há até abundância de recursos naturais, mas não valem nada se não forem explorados de maneira eficiente e com visão de futuro. [pt = perda total? partido do atraso com visão de futuro?]
Petróleo, por exemplo. Na Margem Equatorial Brasileira, região litorânea que vai do Amapá ao Rio Grande do Norte, estão depositados 14 bilhões de barris de petróleo, numa estimativa consistente. Para ter uma ideia: as atuais reservas provadas de óleo no Brasil, coisa certa, alcançam cerca de 15 bilhões de barris.
A Petrobras já separou US$ 3 bilhões para começar a explorar essa
imensa riqueza. Mas, de cara, esbarrou no Ibama, que negou a licença
para pesquisas num poço, o primeiro, ao largo da foz do Amazonas. A
região tem enorme densidade socioambiental, diz o Ibama, de modo que é
intolerável o risco de exploração do óleo, mesmo que não aconteça nenhum
desastre — tipo vazamento de petróleo de alguma plataforma.[o Ibama precisa justificar sua inutilidade. Mesma necessidade que acomete o 'ministério' da evangélica favorável ao aborto e a própria.]
E aí?
A Petrobras não dá o caso por encerrado. Refará o pedido de licenciamento e insistirá em outros poços. Em meios políticos e econômicos nos estados que ganhariam investimentos e, no futuro, os ricos royalties, há forte reação ao Ibama e à atuação da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. O caso vai parar na mesa do presidente Lula. Não será fácil.
O presidente assumiu fortes compromissos, locais e internacionais, com a preservação do meio ambiente e com a Amazônia, em especial. Nessa linha, a exploração do óleo na Margem Equatorial é inaceitável. Para começar se trata de combustível fóssil — justamente o inimigo principal quando se fala de aquecimento global. O mundo caminha para uma economia verde — e o Brasil também tem recursos aí.
Só que custa mais caro, é projeto de médio e longo prazo, com introdução de novas tecnologias. O petróleo está ali, à mão. A era do petróleo certamente acabará, mas em quanto tempo, 30, 40 anos?
Em qualquer caso, dizem os desenvolvimentistas, o país tem tempo para impulsionar o crescimento com a exploração do óleo. Além disso, acrescentam, mesmo as petrolíferas globais mais empenhadas em desenvolver energias verdes continuam retirando e vendendo o “ouro negro”.
Eis o ponto: sobram recursos naturais dos dois lados, o petróleo e a riqueza ambiental da Amazônia — dependendo de uma escolha política.
Isso não dá em desenvolvimento.
Carlos Alberto Sardenberg, colunista - Clique aqui, e leia em O Globo
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