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quinta-feira, 11 de maio de 2023
Polícia do STF apaga direitos de cidadãos de direita e abre caminho para ditadura real - O Estado de S. Paulo
J. R. Guzzo
Ex-secretário de Segurança do DF Anderson Torres está preso para ‘averiguações’ há quatro meses por ser ‘bolsonarista’
Uma
noção perigosa se espalhou ao longo dos últimos anos na sociedade e na
vida pública brasileiras – a de que os cidadãos descritos como sendo de
“direita”, de “ultradireita” ou simplesmente bolsonaristas não são de
fato cidadãos como os demaise, nessa condição, não devem ter os mesmos
direitos.
Os defensores mais agitados dessa maneira de pensar acham, até
mesmo, que não deveriam ter direitos. A ideia geral é bem conhecida.
Essas pessoas são “contra a democracia”e se são contra a democracia não
podem se beneficiar das leis democráticas – se tiverem sua proteção,
vão “usar” essas mesmas leis para dar um “golpe” e criar uma “ditadura”
no Brasil. A partir daí, fica valendo qualquer violação da lei e da Constituição
– é para evitar um “mal maior” e “salvar” o Brasil.
Está integralmente
errado.
O resultado objetivo disso é que, para salvar o País de uma
suposta ditadura no futuro, cria-se uma ditadura real no presente.
Leia também: Pesquisa Quaest:principal líder da oposição a Lula será Tarcísio, não Bolsonaro, avalia mercado
Os exemplos estão por toda a parte. O pior deles, sem dúvida, é a prisão do ex-secretário de Segurança de BrasíliaAnderson Torres,
por omissão ou incentivo aos ataques contra as sedes dos três Podres no
dia 8 de janeiro – e outros crimes, talvez piores, que a polícia do STF
nem sabe ainda quais são, mas tem esperança de descobrir algum dia se
ele ficar na cadeia [preso preventivamente] por mais um dez ou 20 anos.
O ex-secretário está
preso há quatro meses inteiros.Durante esse tempo todo, nem a Polícia Federal nem o ministro Alexandre Moraes
conseguiram descobrir nenhuma prova de que ele tenha feito algo de
errado. Teriam, obviamente, de soltar o cidadão, já que não conseguem
acusá-lo oficialmente de nada; pela lei aliás, ele nunca poderia ter
sido preso, pois nunca a polícia e o STF foram capazes de demonstrar,
com algum fato, as acusações que lhe fizeram.
A
verdade é que o ex-secretário, absurdamente, está preso para
“averiguações” – não há quatro horas, mas há quatro meses, coisa que não
acontece neste país com nenhum traficante de drogas, ou assassino
múltiplo, ou qualquer criminoso que tenha um advogado minimamente
qualificado.
Se está preso para “averiguações”,é da evidência mais
elementar que o trabalho de averiguação pode concluir que ele não
cometeu crime algum – e, nesse caso, como explicar que o homem tenha
ficado preso por quatro meses, ou sabe lá quanto tempo mais?
Por que não
poderia ter aguardado em liberdade a conclusão das investigações, como
qualquer acusado de crime?
É incompreensível e chocante que isso aconteça no mesmo país em que até há pouquíssimo tempo, quando se tratava dos crimes de corrupção pelos quais o presidente Lula
e outros gatos gordos foram condenados na Justiça, os “garantistas”
exigiam o cumprimento fanático do que consideram “direitos” dos réus.
Lula estaria sendo vítima de “linchamento” e a democracia estaria sendo
destruída “em Curitiba”.
Hoje estão todos em silêncio. Quem está preso é
um “bolsonarista”, não é mesmo?
Vamos olhar então para o outro lado – e
dizer que o STF está salvando a “democracia”.
O problema é que o preso,
amanhã, pode não ser mais apenas gente da“direita”.Pode ser apenas o
brasileiro que não concorda com o governo e seus guardiães no STF.
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