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domingo, 14 de janeiro de 2024

Ditadura indisfarçável, Parte 3: a perseguição continua - Marcel van Hattem

Gazeta do Povo - VOZES

democraciaMembros dos três poderes se reuniram em evento sobre democracia relacionado ao 8 de janeiro.| Foto: Lula Marques/Agência Brasil
 
Conforme previa quem tem acompanhado o desenrolar do Estado de exceção que se instalou no Brasil desde, pelo menos, 2019 com o inquérito das fake news aberto de ofício no Supremo, o evento “democracia inabalável” tratou de mais um passo na consolidação de uma ditadura que já é indisfarçável. 
Antes de prosseguir, recorro a um perfeito resumo feito por Percival Puggina da confraternização petista com o Supremo Tribunal Federal e a cúpula do Congresso Nacional na comemoração que fizeram de um ano do trágico 8 de Janeiro:

“A manifestação de Alexandre de Moraes pode e deve ser entendida como todas as suas declarações anteriores: é uma declaração de guerra. Ele simplesmente gastou os adjetivos depreciativos, destilou todo seu ódio, prometeu todas as penas. Condenou a misericórdia. Parecia um general instigando suas tropas para um combate sem trégua. Depois dele, Barroso falou aos ventos pedindo pacificação dos espíritos e uma política sem ofensas pessoais. As ofensas de Xandão tem objetos multitudinários! A oligarquia ali presente apoiou Xandão e não apoiou Barroso”.

É fundamental documentarmos ao máximo, para o Brasil e para o mundo, o que se passa na nossa nação e não desistir jamais.

De fato, como havia previsto em artigo publicado na Gazeta no último sábado, foi “a festa da tirania. […] Em vez de inacabada, nossa democracia está sendo vilipendiada, abusada. Violentada”. 
Chegou a tal ponto a situação que já não se trata mais de democracia, apesar das premissas constitucionais. 
Como diz Puggina, há hoje uma espécie de oligarquia no poder que, definitivamente, se beneficia do ocorrido no 8 de Janeiro.
 
Além de ter contribuído para que os eventos criminosos ocorressem por meio de grave omissão e apagão generalizado, vídeos do dia 8 no Planalto mostraram até mesmo a contribuição do governo para que a baderna acontecesse. 
O então ministro do Gabinete de Segurança Institucional, quando vieram os vídeos a público, acabou demitido – nem sua amizade com Lula conseguiu segurá-lo na cadeira. Finalmente, mais de 40 órgãos do governo haviam alertado para uma possível invasão de prédios públicos dias antes do ocorrido. 
Como eximir Lula e Flávio Dino de responsabilidade? Impossível!
 
Não obstante, o teatro montado nesta semana demonstra que a desfaçatez é regra e conta com o apoio do Judiciário
 As histórias de centenas de presos ilegalmente, por perseguição política e sem qualquer garantia ao devido processo legal, e as condenações absurdas que estão sendo aplicadas a pessoas contra as quais não há provas concretas de depredação ou de que estariam efetuando um golpe de Estado, são claras demonstrações de que vivemos uma ditadura que já não se pode disfarçar.
 
Alexandre de Moraes, em mais uma de suas “declarações de guerra” como afirma Percival Puggina, não quer paz nem, tampouco, justiça – apesar de ser a primeira coisa a se esperar de quem é juiz. 
Uma das poucas certezas que o evento de comemoração de um ano do 8 de Janeiro, promovido pelo petismo e pelo STF, e co-patrocinado pela oligarquia reinante, é que a perseguição política vai continuar. Pior: deve, inclusive, aumentar.
 
Cabe aos democratas dessa nação manterem a guarda alta, pois com ditaduras não se brinca. Por essa razão é fundamental documentarmos ao máximo, para o Brasil e para o mundo, o que se passa na nossa nação e não desistir jamais. 
É apenas no vácuo e na inação dos homens bons que os maus prosperam e vencem.
 

Conteúdo editado por: Jocelaine Santos
 
Marcel van Hattem, deputado federal - Coluna Gazeta do Povo - VOZES
 
 
 

sexta-feira, 12 de janeiro de 2024

Celebração do 8 de Janeiro acabou sendo uma cena de comédia com discursos de Lula e Moraes - O Estado de S. Paulo

 J. R. Guzzo

Presidente disse que sua ‘história’ pessoal é ‘garantia da existência inabalável da democracia’ e ministro do STF fez oração irada contra ‘apaziguamento’, nome que dá aos esforços em busca de paz política no Brasil

A tentativa de transformar o dia 8 de Janeiro em data nacional destinada a celebrar a sobrevivência da democracia no Brasil acabou sendo uma cena de comédia.  
A qualidade das autoridades que apareceram sentadas na fila de cadeiras do palco já era uma garantia de nível limitado o que ficou confirmado, a seguir, pelo que disseram em seus discursos.  
Lula fez um dos piores. Disse, num desses surtos de mania de grandeza que tem tido depois que saiu da cadeia (e com frequência cada vez maior), outro disparate em estado bruto – o de que a sua “história” pessoal é uma “garantia da existência inabalável da democracia neste país”. 
O ministro Alexandre de Moraes (a quem chamou de “companheiro da suprema corte”) ficou no mesmo padrão. Fez uma oração irada contra o “apaziguamento”, nome que ele dá aos esforços em busca de paz política no Brasil radicalizado de hoje – e exigiu mais uma vez a “regulamentação imediata das redes sociais”, ou seja, a censura. 
Mais humilhante que tudo, para os organizadores, foi a absoluta falta de povo na sua celebração.
Um acontecimento que, segundo eles próprios, foi um dos mais graves da história moderna do Brasil, tinha de ser lembrado com algum tipo de presença popular. 
Se o Brasil, como dizem, foi salvo de uma catástrofe de proporções desconhecidas, então seria preciso que algum brasileiro de carne e osso aparecesse para dar apoio às celebrações – e agradecer a dádiva recebida de Lula e dos companheiros da “suprema corte”
Afinal, a ex-presidente do tribunal comparou o patético quebra-quebra de Brasília com o ataque do Japão a Pearl Harbour – o bombardeio contra o Havaí que deixou 2.400 mortos em 1.941 e levou os Estados Unidos a entrarem na Segunda Guerra Mundial
 
Se foi isso tudo, então o povo teria de lotar a Paulista de ponta a ponta para comemorar a salvação da pátria.  
Mas o que houve foi exatamente o contrário: uma reuniãozinha a portas trancadas num salão do Senado Federal, com proibição de entrada do público e 2.000 policiais em volta do prédio, para impedir que qualquer cidadão chegasse perto. É a democracia “não-presencial” do Brasil de hoje. Os gatos gordos ficam no salão do Senado, onde são filmados pela televisão, elogiam-se uns aos outros e são aplaudidos pelos jornalistas
O povo fica em “home office”, ou em ambiente “remoto” ou em qualquer lugar, desde que não apareça.

Não se trata, naturalmente, de um erro de planejamento do governo

A comemoração do dia 8 de Janeiro não teve a presença da população brasileira porque nada do que o governo Lula e o STF organizarem tem a mais remota chance de atrair o povo brasileiro para a praça pública. Foi assim porque tinha de ser assim. 
Quanto à “vitória sobre o golpe” especificamente, há uma dificuldade suplementar: o povo, simplesmente, não acredita que foi salvo de nada, porque sabe que não foi ameaçado, nem correu risco algum. 
Como poderia ser diferente se, para começar, a imensa maioria dos brasileiros não leva a sério a fábula que o governo está contando há um ano?  
Uma das últimas pesquisas sobre o assunto informa que só 20% das pessoas acreditam que houve uma “tentativa de golpe” – o que é perfeitamente natural, levando-se em conta que não houve nenhuma tentativa de golpe.  
A grande maioria condena os atos de vandalismo cometidos contra os edifícios dos Três Poderes.  
Mas não acredita no que Lula, o STF e a mídia dizem. 
É inevitável, assim, que grandes eventos para festejar o triunfo da democracia acabem do mesmo jeito que acabaram as comemorações do 8 de Janeiro – como uma caricatura.
 
 
J. R. Guzzo,  colunista - O Estado de S. Paulo
 
 
 

quinta-feira, 11 de janeiro de 2024

Os dois patéticos dias 8 de janeiro - Percival Puggina

         O 8 de janeiro de 2023 foi patético. 
Aqueles poucos milhares de pessoas que chegaram à desguarnecida Praça dos Três Poderes não levavam armas nem megafones e não obedeciam a liderança alguma.  
Pessoas incautas, ingênuas, desorientadas, somavam-se a manés inconformados e a alguns arruaceiros, infiltrados ou não. 
Sobre estes últimos, não cabe a mim, mas às investigações, esclarecer quem eram e por que faziam o que fizeram. 
Transcorrido um ano inteiro, porém, a quem interessa deixar a sociedade sem essa informação? 
Por que o PT tanto quis pôr os arreios e freios que pôs na CPMI? 
 
Repetidamente exibidas, as cenas mostram brutamontes dedicados à tarefa de rebentar, com frieza de robôs, o que encontravam pela frente, a torto e a direito, sem sequer olhar o que quebravam. 
Se me coubesse interpretar aquelas ações, eu diria que elas refletiam a seguinte mensagem: missão dada, missão cumprida. 
Os vândalos preparavam o cenário para as imagens que ilustrariam as narrativas daqueles dias. 
Digo narrativas e não história porque até agora, que se saiba, num palco bem abastecido de câmeras de vídeo, não houve a individualização dos agentes que se dedicaram à ignóbil tarefa. 
A partir daí, o assunto é tratado pelo STF como conta de restaurante: 100% pagam em anos de cadeia o vinho que 10% beberam. Muito conveniente! 
No entanto, os atores daquele estrupício têm nome e sobrenome.
 
Enquanto os fatos ainda estavam em curso, escrevi no artigo “Um erro descomunal!”, que, instigados pelo vandalismo ignóbil, os donos do poder iriam intensificar e ampliar suas ações! Outras garantias individuais iriam para o saco e muita gente de bem pagaria a conta. Subestimei, claro, as consequências que estavam por vir.
 
Um ano inteiro passou e ontem, 8 de janeiro de 2024, foi outro dia patético.  
Como um comandante que discursasse a seus homens antes do desembarque na Normandia, Alexandre de Moraes usou da palavra no evento que marcou o dia da “Democracia inabalada”. 
Parecia um implacável lança-chamas ou um canhão de bordo cuspindo fogo sobre o “populismo extremista” ao qual prometeu todos os suplícios que o destino pode reservar a quem ouse ver as coisas sob outro ponto de vista. Existem discursos que abalam democracias inabaladas.  
O público do evento incluía a nata da oligarquia governante. 
Todos eram adoradores de uma deusa Têmis que pairava sobre o ambiente. 
Na minha imaginação, ela era exótica. 
Não inspirava confiança com seus braços musculosos fartamente tatuados com corpulentos dragões e vampiros...
 
O público, que se via como representativo dos democratas brasileiros numa sociedade de indivíduos livres, não demonstrava grande abertura às diversidades inerentes à política. 
Aplaudia o indiscriminado furor punitivo, prestava culto à moldagem da Lei à forma das "excepcionalidades" do momento histórico, posava fazendo o L e deixava suas digitais ideológicas nos punhos que se erguiam ao ar nos momentos de maior vibração.

Que coisa mais patética pretender que aquele evento sem povo e aquelas falas pudessem ser representativos dos democratas brasileiros!

Percival Puggina (79) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+. Membro da Academia Rio-Grandense de Letras.

 

 

terça-feira, 9 de janeiro de 2024

Não basta comemorar o 8 de janeiro; é preciso manter o estado de exceção no Brasil - Gazeta do Povo

J.R. Guzzo

As autoridades constituídas e a esquerda nacional tiveram, enfim, a comemoração que tanto queriam. Nem todas as autoridades, é claro. Algumas, como os presidentes das duas casas do Poder Legislativo, vão a esses comícios a portas fechadas do consórcio Lula-STF apenas para não despertar a ira do regime – e não porque acreditem no teatro oficial. 
Há um ano o governo Lula e o Supremo vêm mantendo a ficção de que houve uma tentativa de “golpe de Estado” no dia 8 de janeiro de 2022 em Brasília.

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Não conseguiram, em um ano inteiro de investigações e com o apoio de milhões de reais em despesas, apresentar uma única prova, nem uma que fosse, de que houve qualquer coisa sequer parecida com um golpe. Mais ainda, ao longo de todo o primeiro ano do governo Lula-3, não se registrou nenhum ato, nem um que fosse, contra a “democracia” – que segundo eles dizem, todos os dias, está sob ameaças fatais da “direita”. Por isso mesmo fizeram questão de comemorar o “dia 8 de janeiro” como uma data nacional. Já que não têm os fatos, ficam com a encenação.

Para defender a “democracia” ameaçada de morte, dizem eles, é preciso submeter o país a uma situação de repressão permanente.

A sociedade Lula-STF acha que a transformação artificial do “dia 8” num novo Sete de Setembro é uma operação multiuso. 
Serve, em primeiro lugar, para esconder as mentiras em série que dão suporte para a versão do governo. 
O caso todo, na verdade, fica mais escuro a cada dia que passa – mais escuro e mais suspeito.
 
Há dúvidas objetivas e graves sofre fatos que o STF, que assumiu funções de delegacia de polícia e de vara criminal para tratar do episódio, não consegue explicar. 
Após um ano de barulho, de repressão e de histeria, os responsáveis pela investigação e pelo processo simplesmente não deram até agora nenhuma informação sobre a presença de infiltrados no quebra-quebra – gente que não tinha nada a ver com os movimentos de protesto anti-Lula e apareceu no momento só para vandalizar. 
Há as imagens que foram apagadas pela “empresa privada” que cuida das câmeras de segurança do Ministério da Justiça. 
Há a omissão inexplicável das autoridades do governo Lula, que embora avisadas com dois dias de antecedência sobre a possibilidade de distúrbios, não tomaram providência nenhuma.
 
A transformação do 8 de janeiro em dia santo para a junta de governo Lula-STF também pretende eliminar as críticas sobre as maciças ilegalidades da repressão aos acusados de terem participado do quebra-quebra – algo sem precedentes na história do poder Judiciário brasileiro. 
Dezenas de advogados que defendem os réus denunciam há meses o cerceamento, ou até a eliminação, do direito de defesa dos seus clientes – incluindo coisas grosseiras como a supressão da sustentação oral.
 
Os réus são julgados em lotes. 
Jamais se fez a individualização de conduta dos acusados. 
O STF se deu ao direito de condenar pessoas sem nenhuma prova de que tenham destruído alguma coisa – são culpadas, segundo os ministros, por “crime de multidão”
Os acusados estão sendo condenados a até 17 anos de prisão por cometerem, ao mesmo tempo, os crimes de “golpe de Estado” e de “abolição violenta do Estado de Direito”.  
São condenados por “associação armada”, embora não se tenha descoberto até hoje uma única arma em nada do que aconteceu.
Pior que tudo, a invenção oficial do "golpe ” tem dado desculpas para o STF e o governo criarem um regime de exceção no Brasil – para defender a “democracia” ameaçada de morte, dizem eles, é preciso submeter o país a uma situação de repressão permanente. 
 
A verdade é que o governo Lula passou todo o seu primeiro ano utilizando os processos do “dia 8”, e os inquéritos perpétuos do ministro Alexandre de Moraes sobre “atos antidemocráticos”, para pressionar adversários e ganhar vantagens políticas. 
Ainda agora, no mesmo dia do primeiro aniversário do “golpe”, a Polícia Federal foi jogada pelo STF em mais um frenesi de buscas e apreensõesdesta vez, contra suspeitos de “financiarem os atos golpistas”, um deles com ordem de prisão e todos os outros com os seus nomes mantidos em sigilo
O “dia 8”, como se vê, não acaba mais. 
Não basta comemorar. 
Tem de manter vivo e operante o estado policial que criaram no Brasil.
 
Conteúdo editado por: Jocelaine Santos

segunda-feira, 8 de janeiro de 2024

Que democracia é essa? Percival Puggina

     
 
 Hoje, 8 de janeiro de 2024, as lideranças da oligarquia brasileira celebram o dia da “Democracia Inabalada”. 
A portas fechadas, 500 convidados, sob todos os zelos de segurança relaxados no ano passado, celebram a “democracia” sem povo, dos conciliábulos, dos sigilos, das imagens que somem, dos processos do fim do mundo, das excepcionalidades, dos Che Guevaras de caneta, das Scherezades das mil e uma noites de narrativas sem fim, dos senadores omissos e do vigoroso mercado do voto parlamentar.

Celebram a “democracia” dos corruptos libertos e dos presos políticos, dos mandatos cassdos, das inelegibilidades, da intimidade devassada, da censura, dos assuntos proibidos, da insegurança jurídica, da imprensa que engorda no pasto e perdeu até o jeito até de fazer perguntas, e da Constituição transformada em caixa de ferramentas ou lojinha de conveniência.

A Constituição de 1988 criou um presidencialismo de cooptação. Num modelo pluripartidário, é normal nas democracias, especialmente nas parlamentares, o rateio dos cargos de governo entre as legendas da base de apoio
O que não é normal é o rateio geral do Estado, da administração pública, das empresas estatais e por onde quer que a ganância política espiche o olho cobiçoso. Estão comemorando isso também.
 
Lubrificada em saliva, a palavra “democracia” tem lugar permanente no vocabulário de pessoas públicas, seja como suposto objeto maior de seu zelo, seja como supremo bem das sociedades políticas. 
Muitas vezes, o orador é um tirano, mas usa e abusa da palavra. 
O sujeito pode reverenciar os maiores ditadores da história e manter relações afetuosas com os de hoje, mas afirma entreter com a democracia um amor filial. Não dá, não é mesmo?
 
A democracia pressupõe uma filosofia democrática cujo centro não seja o Estado, ou a classe, ou o partido, ou a pessoa que fala, mas a pessoa humana.  
Não havendo isso, cabe a contestação frontal: não há democracia sem democratas. 
Mentes autoritárias ou totalitárias não promovem uma democracia nem se lhes for dado manual completo de instruções.

João Camilo de Oliveira Torres ensinou em Harmonia Política (1961): “democracia é o Estado em que todos os poderes estão sujeitos à Lei e que tem como fundamento e condições para exercício o consentimento dos cidadãos, como finalidade, o bem comum do povo e como limite, os direitos fundamentais do homem”.

O Brasil tornou-se, claramente, uma oligarquia. Mas não prevalecerão!

Percival Puggina (79) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+. Membro da Academia Rio-Grandense de Letras.

 

sexta-feira, 5 de janeiro de 2024

Oposição faz manifesto contra ato do 8/1 convocado por Lula e critica ‘abuso de poder’ do STF - O Estado de S. Paulo

Juliano Galisi

Documento assinado por 30 senadores critica ato Democracia Inabalada, organizado pelo governo em memória ao 8 de janeiro, e se opõe ao inquérito das fake news

A oposição ao governo Lula no Senado Federal divulgou na noite de quinta-feira, 4, um manifesto contra o ato Democracia Inabalada, organizado pelo Planalto com Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF) com o objetivo de marcar um ano dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro

O documento encabeçado por Rogério Marinho (PL-RN), líder da oposição, critica “o abuso de poderes” do STF e clama pela “volta à normalidade democrática”.

O manifesto foi assinado por 30 senadores, inclusive lideranças do PL, PP, Republicanos, PSDB e Novo, além de senadores como Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, e Sérgio Moro (União-PR).

A nota de repúdio condena “vigorosamente os atos de violência e a depredação dos prédios públicos ocorridos no dia 8 de janeiro” e endossa as palavras de Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente do Senado, em entrevista coletiva em 23 de novembro do ano passado. Na ocasião, Pacheco afirmou que nenhuma instituição tem o monopólio da defesa da democracia no Brasil”.

“Cada instituição possui um papel específico no fortalecimento dos alicerces democráticos”, ressalta o manifesto da oposição, que segue com críticas à conduta do STF. “O abuso dos poderes e o uso indevido de interpretações de dispositivos constitucionais pode matar a democracia”, diz o documento.

Senadores criticam inquérito das fake news

Para os signatários do manifesto, o maior exemplo de “uso indevido” de um dispositivo constitucional é o Inquérito 4.781/DF, conhecido como “inquérito das fake news”. Segundo os senadores de oposição, o inquérito gera uma “situação inusitada” na qual “o STF é vítima, investigador e julgador”.

“Esse procedimento foge ao padrão estabelecido pelo sistema jurídico brasileiro de separação entre as funções de julgar e acusar”, dizem os senadores. O documento relembra que a a ex-procuradora-geral da República Raquel Dodge já se posicionou pela nulidade do inquérito, instalado em 2019 a pedido do ministro Dias Toffolli, então presidente da Corte.

‘Penas abusivas’ aos presos pela invasão
A nota de repúdio da oposição também condena as “penas abusivas”
impetradas contra os presos pela invasão aos prédios dos Três Poderes. Os senadores traçaram um paralelo entre os detidos em 8 de janeiro de 2023 com os manifestantes que estavam na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) em 6 de dezembro do ano passado. No Legislativo paulista, os protestos contra a aprovação do projeto de privatização da Sabesp, terminaram em conflito com a Polícia Militar.
 
Para os senadores de oposição, não é justo que os detidos na Alesp tenham sido liberados no dia seguinte e, hoje, respondam à Justiça em liberdade, enquanto os presos de 8 de janeiro respondem a possíveis penas entre 13 e 17 anos de reclusão.  

Quem assinou o documento

Confira, a seguir, a lista dos 30 senadores que assinaram o manifesto.

  • Rogério Marinho (PL)
  • Ciro Nogueira (PP)
  • Flávio Bolsonaro (PL)
  • Carlos Portinho (PL)
  • Tereza Cristina (PP)
  • Mecias de Jesus (Republicanos)
  • Izalci Lucas (PSDB)
  • Eduardo Girão (Novo)
  • Alan Rick (União)
  • Cleitinho (Republicanos)
  • Damares Alves (Republicanos)
  • Dr. Hiran (PP)
  • Eduardo Gomes (PL)
  • Esperidião Amin (PP)
  • Hamilton Mourão (Republicanos)
  • Jaime Bagattoli (PL)
  • Jayme Campos (União)
  • Jorge Seif (PL)
  • Luiz Carlos Heinze (PP)
  • Magno Malta (PL)
  • Márcio Bittar (União)
  • Marcos do Val (Podemos)
  • Marcos Pontes (PL)
  • Marcos Rogério (PL)
  • Nelsinho Trad (PSD)
  • Plínio Valério (PSDB)
  • Sérgio Moro (União)
  • Styvenson Valentim (Podemos)
  • Wellington Fagundes (PL)
  • Zequinha Marinho (Podemos)
Ato Democracia Inabalada
O ato Democracia Inabalada vem sendo planejado pelo governo de
Luiz Inácio Lula da Silva como cerimônia de memória dos ataques de 8 de janeiro de 2023. 
O evento acontecerá no Salão Negro do Congresso com a presença de ministros do governo, do STF, parlamentares e outras autoridades. 
A réplica da Constituição, que chegou a ser roubada do Supremo no dia em que a Corte foi alvo dos vândalos, ocupará um lugar de destaque na cerimônia. 
 
A cerimônia, originalmente, seria batizada com o nome Democracia Restaurada, mas o bordão desagradou até a base do governo. Lula rebatizou o ato em aceno ao STF, que utilizou o slogan em uma campanha institucional em 2023.
 
 Juliano Galisi, colunista - O Estado de S. Paulo

Data - O único que comemora a tentativa de “golpe” no 8 de janeiro - Gazeta do Povo

Rodrigo Constantino - VOZES

"Comemorar tentativa de golpe também é crime", alertou o ministro Alexandre de Moraes, emendando que depois não adianta reclamar que o Ministério Público é rígido demais. 
Não vem ao caso, aqui, voltar a questionar essa premissa de que houve mesmo uma tentativa de golpe de estado naquele fatídico 8 de janeiro. O foco é outro: quem comemora aquilo?
 
Foi com base naquela baderna, com ou sem infiltrados lulistas, que o sistema podre e carcomido avançou rumo à tirania
Foi sob tal pretexto que centenas foram presos por "culpa coletiva".  
Foi usando o 8 de janeiro que jornalistas acabaram censurados por Alexandre de Moraes. 
Foi aquele dia de arruaça que alimentou as narrativas da mídia e do PT de que Lula "salvou a democracia".
 
    Os verdadeiros golpistas não sobrevivem sem a narrativa furada de que impediram uma tentativa de golpe. 
 
Logo, ninguém pode comemorar o 8 de janeiro, à exceção do maior beneficiado com os "atos antidemocráticos": o defensor da "democracia relativa", aquele que idolatra as ditaduras comunistas mundo afora há décadas.  
Lula, que reverencia o regime cubano, que grava vídeo de apoio ao ditador Maduro, que se inspira no modelo chinês, é o único que celebra o 8 de janeiro.
 
Os tucanos, claro, vão atrás feito marionetes, que é o papelão que lhes cabe na "democracia" brasileira que foi salva por um comunista corrupto em conluio com ministros supremos autoritários. 
Eduardo Leite já disse que vai mexer nas férias para estar presente no teatro patético, e João Amoedo elogiou a iniciativa. 
O que seria do comunismo sem os tucanos?

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O verdadeiro gabinete do ódio


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Mas voltemos ao começo: Alexandre foi categórico ao dizer que é crime também comemorar tentativa de golpe contra instituições democráticas. 
Vai prender quem comemorar o regime venezuelano? 
Vai mandar para a Papuda quem aplaude invasor de Alesp que parte para a agressão para impedir o funcionamento da democracia? 
Vai colocar no xilindró quem rasga a Constituição para perseguir um espectro político?

Os verdadeiros golpistas não sobrevivem sem a narrativa furada de que impediram uma tentativa de golpe - agora com o acréscimo de plano mirabolante para enforcar o próprio ministro supremo em praça pública. Tudo é tão ridículo que seria até bem cômico, não fosse trágico...


Conteúdo editado por:Jocelaine Santos


Rodrigo Constantino, colunista, - Gazeta do Povo - VOZES

 


sábado, 16 de setembro de 2023

STF age como Justiça de Cuba ao ver golpe de Estado em arruaça do 8 de janeiro - J. R. Guzzo

Vozes - Gazeta do Povo

Plenário do STF na sessão de 13 de setembro, em que começaram a ser julgados os réus do 8 de janeiro.
Plenário do STF na sessão de 13 de setembro, em que começaram a ser julgados os réus do 8 de janeiro.| Foto: Carlos Moura/SCO/STF

Não há nada de certo, de lógico ou de legal na novela de televisão que começou a ser levada no plenário do Supremo Tribunal Federal com o título “Julgamento do Golpe de 8 de Janeiro”. 
Não é julgamento. 
Como poderia ser, se o juiz único (os demais aparecem na função de “atores convidados”) é também o promotor?

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Não houve golpe. Como poderia haver, se os acusados de derrubar o governo não tinham sequer um estilingue?  
Está comprovado, pela constatação dos fatos materiais, que participaram de um quebra-quebra vulgar; mexeram com as poltronas dos ministros do STF e cometeram outros atos de profanação, mas isso não é golpe de Estado.

    O “julgamento do dia 8” é mais uma comprovação objetiva de que o STF aplica os artigos da Constituição que gosta e se recusa a aplicar os que não gosta.

Ninguém ficou ferido – não foi preciso aplicar um único band-aid em ninguém. 
Não houve qualquer ameaça ao funcionamento do governo. 
Não é, enfim, um procedimento legal do Sistema de Justiça em vigor no Brasil. A lei diz que o STF só pode julgar réus que tenham o chamado foro especial (deputado, senador, ministro e outros gatos gordos da República) e nenhum dos acusados tem nada parecido com isso.
 
O “julgamento do dia 8” é mais uma comprovação objetiva de que o STF aplica os artigos da Constituição que gosta e se recusa a aplicar os que não gosta
Ou seja, eles não gostam da Constituição; gostam apenas de si próprios e das decisões que tomam. 
As coisas começaram exatamente dentro do roteiro de Projac que o STF se acostumou a executar na pós-democracia brasileira de hoje.
 
Os primeiros réus, que obviamente foram condenados, pegaram até 17 anos de cadeia; foram punidos duas vezes pela mesma coisa, “abolição do Estado de direito” e “golpe de Estado”.  
Tudo isso, por tomar parte numa arruaça? 
Há provas de que os réus cometeram atos de violência. Mas a pena prevista em lei para o que fizeram é de uns dois ou três anos de prisão, ainda mais sendo réus primários.
 
Foi, aliás, o que decidiram os dois ministros que a mídia chama de “bolsonaristas”, por terem sido nomeados por Bolsonaro. (Nunca ninguém chamou nenhum dos outros ministros de “lulistas”, ou “dilmistas”.) 
Pena de 17 anos é coisa da Justiça de Cuba, onde o sujeito pega 15 anos por compor uma música, ou da Coreia do Norte, que condenou um bebê à prisão perpétua, porque a polícia achou uma Bíblia na casa dos pais.
 
Os dois, por sinal, levaram um pito em público do ministro Alexandre de Moraes, o condutor-chefe da operação. 
Para que isso? Que diferença vai fazer se votaram assim ou assado? 
São dois em onze; valem um duplo zero à esquerda
Mas parece que ainda não está bom. O ideal seriam onze penas máximas, como “exemplo”. 
A Justiça tem de aplicar a lei, e não dar exemplo – só que o Brasil não é mais assim.
 
J. R. Guzzo, colunista - Gazeta do Povo - VOZES

quinta-feira, 14 de setembro de 2023

STF retoma julgamento de primeiro réu do 8 de Janeiro

Ministros da Corte votam sobre ação penal depois de divergência entre o relator Alexandre de Moraes e o revisor Nunes Marques

VAGAS À VISTA - O plenário do STF: Lula terá ao menos duas indicações à Corte em seu terceiro mandato

O STF retoma nesta quinta-feira, 14, o julgamento do primeiro réu pelos ataques de 8 de Janeiro. Relator das ações penais, Alexandre de Moraes defendeu a condenação de Aécio Pereira por todos os cinco crimes que ele foi acusado: associação criminosa, tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, dano qualificado e deterioração do patrimônio público. O ministro estabeleceu a pena de 17 anos de prisão.

Revisor do processo, Nunes Marques divergiu e condenou o réu apenas pelos dois últimos crimes, de menor gravidade, defendendo pena de 2 anos e 6 meses.

Durante a sessão, Cristiano Zanin, Luís Barroso, Edson Fachin, Luiz Fux, Dias Toffoli, Cármen Lúcia e Gilmar Mendes acompanharam o voto de Moraes. Barroso, porém, absolveu o réu por abolição violenta do Estado Democrático de Direito por considerar que o crime já estava contemplado na condenação por tentativa de golpe. 
André Mendonça votou para absolver o réu por tentativa de golpe e o condenou pelos outros quatro crimes.

A sessão teve momentos de bate boca entre os ministros. Uma das discussões envolveu Moraes e Mendonça. Outra teve como protagonistas Gilmar Mendes e Nunes Marques.

Política - Revista VEJA

segunda-feira, 11 de setembro de 2023

Com HC de Nunes Marques, responsável por inteligência do DF não irá à CPMI

Ex-subsecretária de Anderson Torres no Distrito Federal, Marília Alencar vai faltar à Comissão 

Ministro Kassio Nunes Marques -

 O ministro do STF Kassio Nunes Marques - (Fellipe Sampaio/STF)

A ex-subsecretária de Inteligência do Distrito Federal, Marília Ferreira Alencar foi convocada à CPMI do 8 de janeiro, mas vai faltar à oitiva respaldada por um Habeas Corpus concedido pelo ministro Kassio Nunes Marques, do STF. Ela iria à Comissão como investigada. “Concedo a ordem de habeas corpus para dispensar a paciente, caso queira, de comparecer perante a CPMI do 8 de Janeiro, em caso de opção pelo comparecimento, garantir-lhe o direito ao silêncio, e não assumir o compromisso de falar a verdade”, escreveu Nunes Marques na decisão. 

Marília já prestou depoimento à outra Comissão Parlamentar de Inquérito, a da Câmara Distrital do DF, com o mesmo objetivo de apurar as responsabilidades do atentado do dia 8 de janeiro aos prédios públicos da Praça dos Três Poderes. Na ocasião, ela disse que o setor de Inteligência “não fracassou” e que as “informações circularam”. 

Alencar era a responsável pela inteligência lotada na Secretaria de Segurança Pública do DF, chefiada por Anderson Torres, que estava de férias nos Estados Unidos, no dia da invasão às sedes dos Poderes da República. 

Em vez de Marília, a CPMI vai escutar nesta terça-feira a policial Marcela da Silva Morais Pinno arremessada ao chão da cúpula do Congresso Nacional, uma altura de aproximadamente 3 metros.

Radar - Coluna Revista VEJA


terça-feira, 5 de setembro de 2023

Perguntas sem respostas sobre 8 de janeiro - Sérgio Moro

Gazeta do Povo - VOZES

CPMI

8 de janeiro
Manifestantes em frente ao Palácio do Planalto no dia 8 de janeiro.| Foto: André Borges/EFE

A CPMI do 8 de Janeiro caminha para sua fase final e encerramento. No início, o governo Lula era contra a sua instauração. Após a divulgação, em abril deste ano, de vídeos constrangedores da atuação do ministro Gonçalves Dias (do GSI), rendeu-se ao inevitável e permitiu [?] a instalação da comissão de inquérito.

As pessoas que realizaram a invasão dos prédios dos três poderes e que depredaram patrimônio público devem ser punidas na proporcionalidade de sua responsabilidade individual. 
Isso já está sendo feito na esfera policial e judicial, sendo pouco relevante a CPMI para esta finalidade. Todos esperam que tenham um julgamento justo. Pelo menos, neste momento, a maioria já responde em liberdade, o que me parece apropriado já que muitos cometeram excessos levados pelas emoções do momento e do ânimo da multidão.
 
Outro ponto importante da investigação é entender como foi possível acontecer o 8 de janeiro. Sem pretender aliviar a responsabilidade dos invasores, é forçoso reconhecer que as forças de segurança federais e distritais falharam em impedir as invasões. 
Caso tivessem atuado de maneira convergente ou mesmo isoladamente, não teriam tido grandes dificuldades de impedir a invasão ou pelo menos de minorá-la. A apuração das causas dessa falha é fundamental para evitar que se repita.

Até o momento, a responsabilidade pela falha tem sido atribuída exclusivamente à Polícia Militar do Distrito Federal, inclusive com alguns ex-dirigentes presos, mas falta um escrutínio melhor sobre as omissões das forças de segurança federais.

Sem pretender aliviar a responsabilidade dos invasores, é forçoso reconhecer que as forças de segurança federais e distritais falharam em impedir as invasões

A maioria dos parlamentares que compõem a CPMI é da base do governo e tem atuado para impedir esses esclarecimentos. A exemplificar, requerimentos para oitiva do diretor da Força Nacional de Segurança Pública não foram aprovados, mesmo se tratando de uma diligência simples e necessária, já que a Força Nacional estava presente na Esplanada no dia da invasão. ]
É de se duvidar que essa falta de vontade de apurar as omissões das forças de segurança federais seja sanada até o fim da CPMI.

Assim, baseado no que já se encontra comprovado, tomo a liberdade de elencar uma série de perguntas que faltam ser respondidas sobre o ocorrido no dia 8 de janeiro:

As invasões e depredações havidas no dia 8 de janeiro foram resultado de uma ação coordenada e centralizada em um ou mais comandos, ou foi produto de uma ilusão coletiva passageira aliada ao descontrole da turba na Praça dos Três Poderes?

Tendo os órgãos federais de segurança e distritais sido expressamente avisados desde pelo menos o dia 6 acerca dos riscos de invasão de prédios públicos e de vandalismo, conforme alertas feitos pela Abin, como não foi possível, com antecedência, evitar a violência?

Tendo o ministro do GSI, Gonçalves Dias, [homem da confiança total do atual presidente,  incluindo mandatos anteriores] recebido desde o dia 6 alertas de risco de violência e de invasões, inclusive no início da manhã do dia 8, provenientes do diretor da Abin, por que ele não tomou as providências para pelo menos deixar o Palácio do Planalto guarnecido pelo inteiro efetivo da Batalhão da Guarda Presidencial?

Por que o GSI enviou, no dia 6, comunicado ao Batalhão da Guarda Presidencial, responsável pela proteção do Palácio do Planalto, dispensando o reforço da segurança do Planalto nos dias 7 e 8? 

Caso o GSI tivesse uma informação errada sobre os riscos no dia 6, quando mandou a mensagem, por que não retificou sua posição nos dois dias seguintes, antes da invasão, e quando o cenário já era bem mais grave e os riscos se acentuaram?

Por que o GSI solicitou o envio ao Planalto de somente um pelotão do Batalhão da Guarda Presidencial – cerca de 30 soldados – às 11:54 do dia 8, e não de todos os 198 disponíveis e que estavam de prontidão?

Por que o comandante do Comando Militar do Planalto teve, ele mesmo, de tomar a iniciativa de enviar o restante da tropa ao Planalto quando os invasores já estavam em ação, sem que tivesse havido prévia solicitação do GSI?

Se a Força Nacional foi autorizada a agir pelo ministro da Justiça no dia 7 de janeiro, por que ela não foi empregada para prevenir as invasões dos prédios dos três poderes?

Por que o governo escondeu inicialmente os vídeos que mostravam a atuação frouxa do ministro Gonçalves Dias e de seus subordinados dentro do Palácio do Planalto no dia da invasão, sendo depois atropelado pelo vazamento deles à imprensa?

Tendo o ministro Gonçalves Dias sido alertado expressamente do risco de invasão e de violência, ele comunicou o presidente Lula ou outros ministros?

O ministro Gonçalves Dias mandou suprimir, de relatório enviado pela Abin à Comissão de Inteligência do Congresso, a informação de que ele era um dos destinatários dos alertas da Abin de que haveria risco de invasões e de violência, com a finalidade de acobertar a sua omissão no dia 8. 
Assim sendo, outros membros do governo tiveram conhecimento dessa fraude empregada pelo ministro?

Tendo a Força Nacional de Segurança Pública sido autorizada a agir pelo ministro da Justiça no dia 7 de janeiro, por que ela não foi empregada para prevenir as invasões dos prédios dos três poderes?

Tendo sido revelado que quatro pelotões da Força Nacional de Segurança Pública – cerca de 120 soldaldos – ficaram parados no estacionamento do Ministério da Justiça, e que apenas dois agiram, depois da invasões, para retirar os invasores, por que eles não atuaram desde logo para prevenir ao menos a invasão do prédio do Palácio do Planato, ao lado?

Por que o Ministério da Justiça permitiu, em uma situação de urgência e assistindo-se a tudo do prédio do Ministério, a invasão do Congresso, do STF e do Planalto, enquanto os pelotões da Força Nacional ficavam parados, sem uso, no estacionamento do Ministério?

Por que o ministro da Justiça insiste no álibi de que precisaria de autorização do governo do Distrito Federal quando há precedentes de atuação da Força Nacional na Esplanada dos Ministérios, sem que tenha havido autorização do governo distrital, em 2017, 2019, 2020 e até mesmo na posse do presidente Lula?

Por que o ministro da Justiça, quando a ele foram solicitadas as gravações das câmeras do Ministério do dia 8, não disse desde logo que não as teria conservado e, em vez disso, protelou ao máximo o atendimento dessa solicitação até culminar com a informação?

Não se trata de construir teorias da conspiração, de realizar ataques pessoais a membros do governo federal, ou mesmo de aliviar para os responsáveis pela invasão. Estas questões são objetivas e relevantes, e merecem ser respondidas ao povo brasileiro

Somando o efetivo que, naquela data, estava de prontidão – 198 soldados do BGP e 214 da Força Nacional de Segurança Pública –, seria possível evitar as invasões, dissuadir a sua ocorrência ou pelo menos em muito minorá-las.  

Difícil de entender, no contexto, por que ele não foi utilizado antes das invasões para proteger os prédios públicos. Por que esses efetivos, disponíveis, não atuaram?

Uma última questão diz respeito ao presidente Lula. Em entrevista para a Globo News em 18 de janeiro, ele afirmou que o 8 de janeiro teria se tornado possível por um “apagão de inteligência” do governo federal. Atualmente sabemos que a inteligência não falhou e que comunicou o que iria ocorrer a diversos dirigentes de órgãos federais e distritais, via Abin, desde o dia 6. 
O que falhou foi a parte operacional – na parte do governo federal, com a manutenção do BGP e da FNSP paradas e sem ação antes das invasões. 
Lula, no dia 8, estava mal informado e, portanto, não sabia que estava mentindo na entrevista?  
Ou, se ele sabia, já estava construindo um álibi para a primeira grande omissão de seu governo?

Não se trata aqui de construir teorias da conspiração, de realizar ataques pessoais a membros do governo federal, ou mesmo de aliviar para os responsáveis pela invasão. As questões acima são objetivas e relevantes. Elas merecem ser respondidas ao povo brasileiro. O governo quer silenciar. A ver.

Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos

quinta-feira, 31 de agosto de 2023

Dino envia documentos à CPMI que confirmam que imagens foram apagadas

Uso da Força Nacional foi solicitado pelo governo do Distrito Federal O Ministro da Justiça, Flávio Dino Foto: Reprodução

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, encaminhou à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro, documentos que confirmam que as imagens do Ministério da Justiça foram apagadas.

Segundo o documento disponibilizado ao colegiado, as imagens foram excluídas. No mesmo documento, porém, há trecho em que afirma que o contrato firmado com a empresa responsável pelas câmaras de segurança asseguram que as imagens devem ser armazenadas por 30 dias. publicidade

Dino complementa que as imagens já disponibilizadas à CPMI são os registro considerados importantes para o inquérito.

+ Moraes autoriza envio de imagens do Palácio da Justiça à CPMI

Além disso, o ministro encaminhou à comissão os documentos recebidos por ele por meio do governador Ibaneis Rocha (MDB), que solicitava com urgência o auxílio da Força Nacional de Segurança Pública para proteger o patrimônio público e privado da União e do Distrito Federal.

O texto enviado pelo governador foi encaminhado para Dino no dia 8 de janeiro às 17h29. Segundo Ibaneis, os fatos ocorridos no dia indicavam a necessidade de ação conjunta da Força Nacional de Segurança Pública e das Forças de Segurança do Distrito Federal.
 
 
Redação - Revista Oeste