O
avanço da tecnologia e a queda na taxa de juro no país estão provocando
mudanças profundas no sistema financeiro brasileiro, uma pequena
revolução silenciosa, com dimensões que ainda passam despercebidas. Nas
últimas semanas, a discussão sobre compras parceladas "sem juros" no
cartão de crédito tomou conta das páginas de jornais e sites, mas a
medida é só uma pequena amostra do que está em discussão.
No
Brasil, os bancos são, acima de tudo, pragmáticos. Defendem seus
negócios e seus ganhos, mas quando percebem que a maré começa a puxar
fortemente para outro lado, deixam-se levar e abraçam as novas ideias
como se tivessem sido favoráveis a elas desde o princípio. Foi assim,
por exemplo, com o crédito consignado, que começou em bancos menores, em
Minas Gerais, com forte apoio do PMDB na época. Foi assim, também, com o recente movimento das "fintechs". Hoje, os dois principais bancos
brasileiros, Itaú e Bradesco, mantêm centros dedicados a start-ups e
empresas de Inovação, o Cubo e o Habitat.
A maré mostrou aos
bancos que viria dessas empresas de tecnologia a mais nova onda de
concorrência no setor, e não de instituições financeiras tradicionais.
Abraçar ideias inovadoras e apoiar empresas menores permitiram que as
instituições financeiras brasileiras começassem a se preparar para uma
briga muito maior no horizonte: a da disputa com as grandes companhias
de tecnologia, como Amazon, Google, Facebook e Apple.
Assim como
os veículos de comunicação, que tiveram de aprender a trabalhar com
essas empresas em um modelo de competição e de parceria ao mesmo tempo,
também os bancos estão no mesmo caminho. Na última semana, por exemplo, o
Bradesco anunciou sua parceria com o Google Pay, para correntistas com
cartão de crédito Visa. O aplicativo dos smartphones com sistema
operacional Android permite pagar compras sem a necessidade do cartão
físico ou da digitação de senhas. Basta aproximar o celular da
maquininha do lojista - a conectividade por NFC permite a comunicação
sem fio e com segurança entre dispositivos próximos. A Apple deve em
breve lançar o mesmo recurso no Brasil -- em seu site, é possível ver
telas com a logo do Itaú aplicado.
O Banco Central está
acompanhando bem de perto a evolução tecnológica e tem se dedicado a
realizar uma série de mudanças nas regras para permitir que esses
avanços não fiquem apenas no ambiente dos bancos, mas que cheguem aos
consumidores e às empresas. O segmento de cartões tem recebido uma
atenção especial. O objetivo é que o cartão de débito seja de fato
utilizado como meio de pagamento. Para ampliar seu uso, será preciso
reduzir a taxa cobrada, hoje um percentual sobre o valor da operação e
dividida em três componentes: o "fee" da bandeira, um custo de
intercâmbio cobrado pelos bancos e um custo cobrado pelo adquirente. Com
a entrada de novas empresas no mercado de adquirentes, como Eleven e
Stone, uma parte dessa taxa já se reduziu. Mas ainda é preciso discutir
como reduzir a taxa de intercâmbio cobrada por bancos e que é negociada
entre a bandeira do cartão e a instituição financeira.
Em países
como os Estados Unidos, a taxa cobrada no débito é mista, ou seja, tem
um valor fixo por operação e um percentual sobre o volume da operação -
US$ 0,20 mais 0,05% sobre operação. A cobrança passa por regulamentação
do governo. Um especialista explica que há espaço para que o Banco
Central brasileiro pressione as instituições a reduzir as taxas porque
em uma venda com débito, o dinheiro está disponível na conta corrente do
comprador. Não há risco de crédito. "Não faz sentido termos taxas para
débito e crédito tão próximas se o risco de um meio e outro é tão
diferente."
No caso do cartão de crédito, há muita polêmica
sobre um possível fim da compra parcelada no cartão sem juros. O foco da
discussão, entretanto, é o de dar transparência para o juro que está
embutido na operação - seja ele pago pelo consumidor ao lojista ou ao
banco que passaria a oferecer uma linha de crédito no cartão. Da mesma
forma como o fim da hiperinflação levou a um ciclo de ajustes em
instituições financeiras e no comércio, também a nova fase de juros mais
baixos deve provocar uma reacomodação.
Algumas grandes redes de varejo
têm hoje uma parte importante de seus ganhos atrelados à cobrança de
juro em vendas parceladas, no cartão de crédito ou não. É natural,
portanto, que haja uma certa queda-de-braço entre grandes lojistas e
bancos para ver quem vai ficar com esse ganho. O desenho final pode vir a
ser o de uma compra ter um preço mais baixo para o pagamento à vista e
dois preços a prazo na cobrança no cartão - um com a taxa de juro
cobrada pelo lojista (financiamento loja) e outro com a taxa cobrada
pelo banco que concedeu o crédito. Nada ainda está definido. Vários
desenhos estão sendo estudados e em todos eles se prevê uma redução dos
prazos de repasse da compra para o lojista, hoje de 30 dias.
Para
as pessoas jurídicas, o governo tem trabalhado desde o ano passado na
formatação da duplicata eletrônica - que agora entrou no pacote de
medidas do presidente Michel Temer para substituir o vazio deixado pela
reforma da Previdência. A duplicata estará ligada aos bancos de dados
fiscais das secretarias estaduais de finanças. O objetivo é casar a
operação física com a transação comercial e financeira, sem a
necessidade de validação em cartórios. Reduz-se a burocracia e o custo
(com esperada redução nas taxas cobradas em antecipação de recebíveis) e
se amplia a transparência e a formalidade.
A duplicata
eletrônica será opcional - a tradicional continuará a ser aceita país
afora. Afinal, como diz uma fonte que acompanha o processo, a tecnologia
avançou muito e continua avançando, mas não dá pra esquecer que o
Brasil tem grandes diferenças regionais. Não é possível comparar a
infraestrutura tecnológica da avenida Faria Lima, em São Paulo, com a de
uma cidade no interior da Amazônia. O que é possível dizer é que, em
cinco anos, o relacionamento do consumidor e das empresas com os meios
de pagamento e de crédito será totalmente diferente do desenho atual.
Raquel Balarin - Valor Econômico
Este espaço é primeiramente dedicado à DEUS, à PÁTRIA, à FAMÍLIA e à LIBERDADE. Vamos contar VERDADES e impedir que a esquerda, pela repetição exaustiva de uma mentira, transforme mentiras em VERDADES. Escrevemos para dois leitores: “Ninguém” e “Todo Mundo” * BRASIL Acima de todos! DEUS Acima de tudo!
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quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018
Muito além da compra parcelada sem juro
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segunda-feira, 16 de janeiro de 2017
Oito homens mais ricos detêm mesmo patrimônio que a metade mais pobre do mundo
O patrimônio de apenas oito homens é igual ao da metade mais
pobre do mundo. Os dados foram divulgados hoje (16) pela Oxfam,
organização humanitária que luta contra a pobreza, e mostram ainda que a
fatia dos 1% mais ricos detém mais que todo o resto do planeta.
O relatório intitulado “Uma economia para os 99%” denuncia o abismo existente entre os mais ricos e o resto da população mundial e apresenta propostas de ações para uma sociedade mais justa e igualitária. Entre os dados apresentados no documento há referência positiva ao caso do Brasil, onde os salários reais dos 10% mais pobres da população aumentaram mais que os pagos aos 10% mais ricos entre 2001 e 2012, “graças à adoção de políticas progressistas de reajustes do salário mínimo”.
No entanto, as notícias de maneira geral não são boas. No mundo, a renda dos 10% mais pobres aumentou cerca de US$ 65 entre 1988 e 2011, enquanto a renda dos 1% mais ricos aumentou – 182 vezes mais no mesmo período (cerca de US$ 11.800). Além disso, sete em cada dez pessoas vivem em um país que registrou aumento da desigualdade nos últimos 30 anos. Ao longo dos próximos 20 anos, 500 pessoas passarão mais de US$ 2,1 trilhões para seus herdeiros – uma soma mais alta que o Produto Interno Bruto (PIB) da Índia, país que tem 1,2 bilhão de habitantes.
Nos Estados Unidos, nos últimos 30 anos, a renda dos 50% mais pobres permaneceu inalterada, enquanto a do 1% mais rico aumentou 300%. Outro exemplo que o documento cita e que revela o tamanho da desigualdade na distribuição de renda é o Vietnã: o homem mais rico do país ganha mais em um único dia de trabalho do que a pessoa mais pobre vai ganhar em um período de dez anos. De acordo com a Oxfam, os mais ricos acumulam riqueza de forma tão acelerada que o mundo pode ter seu primeiro trilionário nos próximos 25 anos. A ideia de que uma única pessoa possua mais de um trilhão é tão incrível que a palavra “trilionário” ainda não aparece na maioria dos dicionários. O relatório destaca que seria preciso gastar US$ 1 milhão todos os dias durante 2.738 anos para gastar US$ 1 trilhão.
Outra triste conclusão apresentada é sobre as desigualdades de gênero. De acordo com as tendências atuais, o impacto é maior entre as mulheres, que levarão 170 anos para serem remuneradas como os homens. A Oxfam afirma que as relações econômicas atuais recompensam excessivamente os mais ricos e propõe, como estratégia para diminuir o abismo entre milionários e pobres, tornar essas relações econômicas mais humana.
“Governos responsáveis e visionários, empresas que trabalham no interesse de trabalhadores e produtores, valorizando o meio ambiente e os direitos das mulheres, além de um sistema robusto de justiça fiscal são elementos fundamentais para essa economia mais humana”, diz o texto.
O relatório fala ainda em cobrança justa de impostos por empresas e pessoas ricas, a igualdade salarial entre homens e mulheres e a proteção do meio ambiente. “Combustíveis fósseis têm impulsionado o crescimento econômico desde a era da industrialização, mas eles são incompatíveis com uma economia que efetivamente prioriza as necessidades da maioria. A poluição do ar provocada pela queima de carvão causa milhões de mortes prematuras em todo o mundo, enquanto a devastação causada pelas mudanças climáticas afeta mais intensamente os mais pobres e mais vulneráveis. Energias renováveis sustentáveis podem garantir o acesso universal à energia e promover o crescimento do setor energético respeitando os limites do nosso planeta”.
O relatório da Oxfam foi divulgado um dia antes do início do Fórum Econômico Mundial, que vai debater alguns desses assuntos ao longo desta semana, em Davos, na Suíça. No evento, estarão reunidos os principais atores políticos e econômicos do mundo para discutir, entre outros temas, a questão das alterações climáticas.
O relatório intitulado “Uma economia para os 99%” denuncia o abismo existente entre os mais ricos e o resto da população mundial e apresenta propostas de ações para uma sociedade mais justa e igualitária. Entre os dados apresentados no documento há referência positiva ao caso do Brasil, onde os salários reais dos 10% mais pobres da população aumentaram mais que os pagos aos 10% mais ricos entre 2001 e 2012, “graças à adoção de políticas progressistas de reajustes do salário mínimo”.
No entanto, as notícias de maneira geral não são boas. No mundo, a renda dos 10% mais pobres aumentou cerca de US$ 65 entre 1988 e 2011, enquanto a renda dos 1% mais ricos aumentou – 182 vezes mais no mesmo período (cerca de US$ 11.800). Além disso, sete em cada dez pessoas vivem em um país que registrou aumento da desigualdade nos últimos 30 anos. Ao longo dos próximos 20 anos, 500 pessoas passarão mais de US$ 2,1 trilhões para seus herdeiros – uma soma mais alta que o Produto Interno Bruto (PIB) da Índia, país que tem 1,2 bilhão de habitantes.
Nos Estados Unidos, nos últimos 30 anos, a renda dos 50% mais pobres permaneceu inalterada, enquanto a do 1% mais rico aumentou 300%. Outro exemplo que o documento cita e que revela o tamanho da desigualdade na distribuição de renda é o Vietnã: o homem mais rico do país ganha mais em um único dia de trabalho do que a pessoa mais pobre vai ganhar em um período de dez anos. De acordo com a Oxfam, os mais ricos acumulam riqueza de forma tão acelerada que o mundo pode ter seu primeiro trilionário nos próximos 25 anos. A ideia de que uma única pessoa possua mais de um trilhão é tão incrível que a palavra “trilionário” ainda não aparece na maioria dos dicionários. O relatório destaca que seria preciso gastar US$ 1 milhão todos os dias durante 2.738 anos para gastar US$ 1 trilhão.
Outra triste conclusão apresentada é sobre as desigualdades de gênero. De acordo com as tendências atuais, o impacto é maior entre as mulheres, que levarão 170 anos para serem remuneradas como os homens. A Oxfam afirma que as relações econômicas atuais recompensam excessivamente os mais ricos e propõe, como estratégia para diminuir o abismo entre milionários e pobres, tornar essas relações econômicas mais humana.
“Governos responsáveis e visionários, empresas que trabalham no interesse de trabalhadores e produtores, valorizando o meio ambiente e os direitos das mulheres, além de um sistema robusto de justiça fiscal são elementos fundamentais para essa economia mais humana”, diz o texto.
O relatório fala ainda em cobrança justa de impostos por empresas e pessoas ricas, a igualdade salarial entre homens e mulheres e a proteção do meio ambiente. “Combustíveis fósseis têm impulsionado o crescimento econômico desde a era da industrialização, mas eles são incompatíveis com uma economia que efetivamente prioriza as necessidades da maioria. A poluição do ar provocada pela queima de carvão causa milhões de mortes prematuras em todo o mundo, enquanto a devastação causada pelas mudanças climáticas afeta mais intensamente os mais pobres e mais vulneráveis. Energias renováveis sustentáveis podem garantir o acesso universal à energia e promover o crescimento do setor energético respeitando os limites do nosso planeta”.
O relatório da Oxfam foi divulgado um dia antes do início do Fórum Econômico Mundial, que vai debater alguns desses assuntos ao longo desta semana, em Davos, na Suíça. No evento, estarão reunidos os principais atores políticos e econômicos do mundo para discutir, entre outros temas, a questão das alterações climáticas.
Quem são os oito mais ricos
Bill Gates, americano, fundador da Microsoft: US$ 75 bilhões
Bill Gates, americano, fundador da Microsoft: US$ 75 bilhões
Amancio Ortega, espanhol, fundador da Zara: US$ 67 bilhões
Warren Buffett, americano, CEO e e sócio da Berkshire Hathaway: US$ 60,8 billhões
Carlos Slim Helu, mexicano, dono do Grupo Carso: US$ 50 bilhões
Jeff Bezos, americano, presidente da Amazon: US$ 45,2 bilhões
Mark Zuckerberg, americano, fundador do Facebook: US$ 44,6 bilhões
Larry Ellison, americano, cofundador e CEO da Oracle: US$43,6 bilhões
Michael Bloomberg, americano, dono da Bloomberg LP: US$ 40 bilhões
Warren Buffett, americano, CEO e e sócio da Berkshire Hathaway: US$ 60,8 billhões
Carlos Slim Helu, mexicano, dono do Grupo Carso: US$ 50 bilhões
Jeff Bezos, americano, presidente da Amazon: US$ 45,2 bilhões
Mark Zuckerberg, americano, fundador do Facebook: US$ 44,6 bilhões
Larry Ellison, americano, cofundador e CEO da Oracle: US$43,6 bilhões
Michael Bloomberg, americano, dono da Bloomberg LP: US$ 40 bilhões
Fonte: Agência Brasil
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domingo, 8 de janeiro de 2017
A multa de uma locadora de DVD que deu origem à Netflix
O americano Reed Hastings mal tinha acabado de vender sua primeira
empresa de tecnologia, em 1997, quando teve a ideia de criar uma nova
companhia. O estopim: ter de pagar à rede de locadoras Blockbuster uma
multa de US$ 40 por ter devolvido com atraso um DVD do filme "Apollo
13".
Hastings havia recebido US$ 750 milhões pela venda da Pure Software, que
criava produtos para solucionar problemas de softwares, e se juntou ao
sócio Mark Randolph na empreitada. A empresa fundada por eles seria a
Netlfix, que se tornaria uma das gigantes do mundo do entretenimento.
Mas não foi algo fácil. A ideia inicial era bem diferente do serviço que conhecemos hoje.
Consistia no aluguel de filmes pelo correio mediante o pagamento de uma
taxa fixa, sem cobrança de multas ou data fixa para entrega. O objetivo era justamente evitar o problema corriqueiro à época, do qual
Hastings foi "vítima": ter pagar uma multa ao esquecer de devolver um
filme a uma locadora.
Mas apesar de considerada inovadora para a época, a empresa inicialmente não decolou. O preço das ações na Bolsa eram baixos, o que forçou os proprietários a
tentar vender 95% da companhia para a própria Blockbuster em 2000 - a
proposta era agir como um serviço de entrega de DVDs pelo correio da
então gigante das locadoras. Não foi aceita.
DO DVD AO STREAMING
A sorte mudou apenas em 2005, quando a Netflix fez uma mudança
importante no tipo de serviço que prestava: saiu o aluguel de DVDs pelo
correio, entrou o streaming digital de filmes e outros conteúdos
audiovisuais. Nessa época, a empresa tinha 4,5 milhões de usuários. A partir daí, o
crescimento foi vertiginoso: alcançou 16 milhões de clientes em 2010 e
disparou em direção dos 81 milhões nos dias atuais, 47 milhões só nos
EUA - um dos 190 países cobertos pela ferramenta.
Brasil e América Latina foram palco da estreia do serviço fora da
América do Norte, em setembro de 2011 - apesar de não comentar sobre
países específicos, Hastings disse em 2015 que o Brasil é o "foguete" da
empresa. O crescimento trouxe também um novo braço para a empresa —a produção de conteúdo original.
Preocupados com a concorrência de outros serviços de streaming como o
Hulu ou a própria Amazon, os diretores da empresa - Hastings e o
responsável pelo conteúdo, Ted Sarandos - decidiram, em 2013, lançar a
primeira série original: House of Cards . O sucesso foi imediato e arrebatador: com Kevin Spacey como protagonista
e David Fincher na direção, a série conquistou três Emmys, o principal
prêmio da televisão nos EUA.
Além do prêmio, a empresa também registrou outra conquista: naquele ano,
o preço das ações da Netflix ficaram 9.925% acima do preço de sua
estreia na Bolsa. De lá para cá, já foram lançadas várias outras séries originais de
sucesso - é difícil que algum amante desse tipo de entretenimento nunca
tenha ouvido falar, por exemplo, de Orange is the New Black , Narcos e
Stranger Things .
Fonte: BBC Brasil
Ler íntegra, clique aqui
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quinta-feira, 10 de novembro de 2016
Os EUA meio atrapalhados
Morte de uma indústria, nos países desenvolvidos, golpeou a classe média trabalhadora, colarinhos azuis
Pelos
padrões tradicionais, nos países desenvolvidos, a esquerda aumenta
impostos dos mais ricos e das empresas para gastar em programas sociais;
a direita reduz impostos das corporações e dos mais ricos, na
expectativa de que as primeiras invistam e os segundos consumam mais,
gastando assim na economia real o que deixam de enviar para o governo. A
esquerda quer distribuir renda e fazer justiça social. A direita acha
que o gasto de corporações e ricos gera mais negócios e, pois, mais
empregos.
A esquerda acha que é preciso proteger os trabalhadores e os empresários nacionais, restringindo importações e investimentos externos. A direita pensa o contrário, que fronteiras abertas estimulam positivamente a competição. Esquerda, na Europa, são, ou melhor, eram os partidos trabalhistas, socialistas, social-democratas etc. Nos EUA, o Partido Democrata. Direita, na Europa, eram os partidos conservadores, com nomes variados, até como o Partido Popular da Espanha. Na Europa, liberal é da direita. Nos EUA, é da esquerda.
Já faz tempo que é difícil classificar os movimentos políticos com aquelas categorias. A globalização e a vida moderna trouxeram fatos que bagunçaram os conceitos tradicionais.
Nos anos 90, por exemplo, liberais à EUA, como Bill Clinton, e trabalhistas europeus, como Tony Blair, foram campeões de medidas pró-mercado — desregulamentação, reformas, privatizações etc. — e pró-globalização, com a assinatura de acordos mundiais e regionais de livre comércio. Era a nova esquerda, diziam.
Os anos foram passando e a globalização/livre comércio produziu seus efeitos. Gerou um fortíssimo crescimento econômico global, dos anos 90 até a crise financeira de 2008/09. O comércio mundial chegou a crescer mais de 10% ao ano — hoje, se cresce, já está mais que bom. A globalização deslocou fábricas para os países emergentes, que também se tornaram ganhadores. Exemplo principal, a China. Mas todo o mundo emergente cresceu a taxas vigorosas. Milhões de pessoas deixaram a zona de pobreza, surgiram as novas classes médias.
Mas também apareceram os perdedores. Considere os EUA. Foi o país que melhor surfou na onda global. Ali surgiu a indústria do século XXI, toda ela em torno da tecnologia da informação: Microsoft, Google, Amazon, Facebook, Apple. Mas dali partiram as fábricas de automóveis, eletrônicos e vestuário, que foram para a Ásia e América Latina. O iPhone traz a inscrição: “Projetado pela Apple na Califórnia. Montado na China”. É o exemplo perfeito: a inteligência da coisa está na Apple da Califórnia (repararam, nem citam os EUA); a parte mecânica, a fundição e a montagem das peças estão na China, em geral, nem citam o nome da fábrica, pois o aparelho pode ser montado em várias ou em qualquer uma.
Do que o consumidor pagar no celular, 90% acabam ficando para a Apple. Mas Detroit das fábricas de automóvel ficou parecida com uma cidade fantasma. A morte de uma indústria, nos países desenvolvidos, golpeou a classe média trabalhadora, colarinhos azuis, operários sem curso superior, homens e mulheres de mais idade, que não se conseguiam se adequar aos novos tempos.
Enquanto as coisas avançavam, os protestos antiglobalização não prosperavam. Mesmo a chegada de imigrantes aos países mais prósperos passava sem problemas. Tinha emprego para eles. Até que veio a crise de 2008/09, que espalhou recessão mundo afora.
Todos perderam, mas os que já eram perdedores sofreram muito mais. Esses perdedores elegeram Donald Trump, assim como votaram pelo Brexit.É simples assim, mas também mais complicado. Por exemplo, ao mesmo tempo que elegeram Trump, os americanos aprovaram a liberação da maconha em muitos estados.
Aparentemente, não combina. Os eleitores de Trump são conservadores, interioranos, contra o aborto, o casamento gay e as drogas. Mas, pensando bem, são votos diferentes, mostrando agendas diferentes. Os eleitores de Trump querem fechar as fronteiras no sentido amplo: de construir muros a cortar importações e barrar imigrantes. É a principal promessa de Trump — o protecionismo populista. O outro voto é da parte da sociedade que se chamaria hoje liberal. Esta agenda avança, mas agora, nos EUA, enfrentará mais bloqueios.
Quanto ao protecionismo, nacionalista-populista, de Trump, disso sabemos bem por aqui: não funciona. Protege alguns empregos, mas a perda de produtividade breca o crescimento. E pode terminar em inflação, pelo aumento de custos da importação, por exemplo, e pela perda de competição. Não há como transferir as montadoras de iPhone para os EUA. Vai ficar mesmo mais caro. Se é mesmo que Trump vai conseguir fazer o que disse. Mas de direita, ele não é. Antigamente, protecionismo nacionalista era de esquerda. Mas Trump de esquerda?
Digamos que o eleitor americano tinha motivos para se equivocar.
Fonte: Carlos Alberto Sardenberg, jornalista
A esquerda acha que é preciso proteger os trabalhadores e os empresários nacionais, restringindo importações e investimentos externos. A direita pensa o contrário, que fronteiras abertas estimulam positivamente a competição. Esquerda, na Europa, são, ou melhor, eram os partidos trabalhistas, socialistas, social-democratas etc. Nos EUA, o Partido Democrata. Direita, na Europa, eram os partidos conservadores, com nomes variados, até como o Partido Popular da Espanha. Na Europa, liberal é da direita. Nos EUA, é da esquerda.
Já faz tempo que é difícil classificar os movimentos políticos com aquelas categorias. A globalização e a vida moderna trouxeram fatos que bagunçaram os conceitos tradicionais.
Nos anos 90, por exemplo, liberais à EUA, como Bill Clinton, e trabalhistas europeus, como Tony Blair, foram campeões de medidas pró-mercado — desregulamentação, reformas, privatizações etc. — e pró-globalização, com a assinatura de acordos mundiais e regionais de livre comércio. Era a nova esquerda, diziam.
Os anos foram passando e a globalização/livre comércio produziu seus efeitos. Gerou um fortíssimo crescimento econômico global, dos anos 90 até a crise financeira de 2008/09. O comércio mundial chegou a crescer mais de 10% ao ano — hoje, se cresce, já está mais que bom. A globalização deslocou fábricas para os países emergentes, que também se tornaram ganhadores. Exemplo principal, a China. Mas todo o mundo emergente cresceu a taxas vigorosas. Milhões de pessoas deixaram a zona de pobreza, surgiram as novas classes médias.
Mas também apareceram os perdedores. Considere os EUA. Foi o país que melhor surfou na onda global. Ali surgiu a indústria do século XXI, toda ela em torno da tecnologia da informação: Microsoft, Google, Amazon, Facebook, Apple. Mas dali partiram as fábricas de automóveis, eletrônicos e vestuário, que foram para a Ásia e América Latina. O iPhone traz a inscrição: “Projetado pela Apple na Califórnia. Montado na China”. É o exemplo perfeito: a inteligência da coisa está na Apple da Califórnia (repararam, nem citam os EUA); a parte mecânica, a fundição e a montagem das peças estão na China, em geral, nem citam o nome da fábrica, pois o aparelho pode ser montado em várias ou em qualquer uma.
Do que o consumidor pagar no celular, 90% acabam ficando para a Apple. Mas Detroit das fábricas de automóvel ficou parecida com uma cidade fantasma. A morte de uma indústria, nos países desenvolvidos, golpeou a classe média trabalhadora, colarinhos azuis, operários sem curso superior, homens e mulheres de mais idade, que não se conseguiam se adequar aos novos tempos.
Enquanto as coisas avançavam, os protestos antiglobalização não prosperavam. Mesmo a chegada de imigrantes aos países mais prósperos passava sem problemas. Tinha emprego para eles. Até que veio a crise de 2008/09, que espalhou recessão mundo afora.
Todos perderam, mas os que já eram perdedores sofreram muito mais. Esses perdedores elegeram Donald Trump, assim como votaram pelo Brexit.É simples assim, mas também mais complicado. Por exemplo, ao mesmo tempo que elegeram Trump, os americanos aprovaram a liberação da maconha em muitos estados.
Aparentemente, não combina. Os eleitores de Trump são conservadores, interioranos, contra o aborto, o casamento gay e as drogas. Mas, pensando bem, são votos diferentes, mostrando agendas diferentes. Os eleitores de Trump querem fechar as fronteiras no sentido amplo: de construir muros a cortar importações e barrar imigrantes. É a principal promessa de Trump — o protecionismo populista. O outro voto é da parte da sociedade que se chamaria hoje liberal. Esta agenda avança, mas agora, nos EUA, enfrentará mais bloqueios.
Quanto ao protecionismo, nacionalista-populista, de Trump, disso sabemos bem por aqui: não funciona. Protege alguns empregos, mas a perda de produtividade breca o crescimento. E pode terminar em inflação, pelo aumento de custos da importação, por exemplo, e pela perda de competição. Não há como transferir as montadoras de iPhone para os EUA. Vai ficar mesmo mais caro. Se é mesmo que Trump vai conseguir fazer o que disse. Mas de direita, ele não é. Antigamente, protecionismo nacionalista era de esquerda. Mas Trump de esquerda?
Digamos que o eleitor americano tinha motivos para se equivocar.
Fonte: Carlos Alberto Sardenberg, jornalista
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terça-feira, 29 de setembro de 2015
Bill Gates mantém título de americano mais rico em ranking da Forbes
Fundador da Microsoft encabeça a lista
Forbes 400, que reúne
apenas nomes dos EUA, com patrimônio líquido de US$ 76
bi; Warren Buffett é o segundo, com US$ 62 bi
O
fundador da Microsoft, Bill Gates, manteve o título de americano mais rico, de acordo com o ranking Forbes 400 divulgado nesta terça-feira. Gates ocupou a
primeira posição da lista dos 400 americanos mais ricos pelo 22º ano
consecutivo, com um patrimônio líquido de 76 bilhões de dólares, 5 bilhões de
dólares a menos em relação a 2014, informou a revista.
Gates lidera também o ranking mundial da publicação, divulgado em março.
Três fundadores de empresa online entraram neste ano no top 10 do ranking dos mais ricos dos Estados Unidos. São eles o fundador da Amazon, Jeff Bezos, que passou da 15ª à quarta posição com 47 bilhões de dólares; Mark Zuckerberg, fundador do Facebook, que pulou de 11º para sétimo, com 40,3 bilhões de dólares, e Larry Page, CEO do Google, em décimo lugar após a 13ª posição de 2014, com 33,3 bilhões de dólares.
A publicação também destacou o candidato presidencial republicano Donald Trump, com patrimônio declarado de pelo menos 10 bilhões de dólares. A Forbes, no entanto, apresentou um valor mais baixo, colocando o magnata na 121ª posição.
Segundo a Forbes, o patrimônio líquido médio dos 400 integrantes da lista é um recorde de 5,8 bilhões de dólares, acima dos 5,7 bilhões de dólares do ano passado. A riqueza total é 2,34 trilhões de dólares, superando os 2,29 trilhões de dólares de 2014.
Confira os dez
primeiros colocados, no link abaixo:
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fundador da Microsoft,
Larry Page,
lista Forbes 400,
Mark Zuckerberg,
Warren Buffet
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