Este espaço é primeiramente dedicado à DEUS, à PÁTRIA, à FAMÍLIA e à LIBERDADE. Vamos contar VERDADES e impedir que a esquerda, pela repetição exaustiva de uma mentira, transforme mentiras em VERDADES. Escrevemos para dois leitores: “Ninguém” e “Todo Mundo” * BRASIL Acima de todos! DEUS Acima de tudo!
Aparelho foi “sugado” do avião da Alaska Airlines após ficar sem porta em pleno voo
O iPhone é
conhecido por muitas coisas - sobreviver a uma queda de 16 mil pés
(quase 5 quilômetros) de um avião não é uma delas.
Mas, no último
sábado, um usuário de rede social chamado Sean Bates encontrou um iPhone
enquanto caminhava pela Barnes Road, perto da Highway 217 em Portland,
Oregon. O celular estava caído no chão, no modo avião, com a bateria pela metade. A tela, totalmente intacta, mostrava um recibo de US$ 70 para duas malas despachadas no voo 1282 da Alaska Airlines.
“Sobrevivi
a uma queda de 16.000 pés”, Bates tuitou. Quando ligou para o National
Transportation Safety Board (NTSB), a agência federal que investiga o
incidente, para informar sobre o telefone, ficou sabendo que “era o
segundo telefone a ser encontrado”, escreveu ele.
Embora
as telas (e demais componentes) dos smartphones tenham se tornado muito
mais resistentes ao longo dos anos, a sobrevivência desse telefone
provavelmente se deve à física. “A
resposta básica é a resistência do ar”, disse Duncan Watts, pesquisador
de pós-doutorado do Instituto de Astrofísica Teórica da Universidade de
Oslo. “Acho que o que é contraintuitivo aqui é que um iPhone caindo do
céu não acaba se movendo tão rapidamente por causa da resistência do
ar.”
Qualquer
objeto que esteja caindo em direção à Terra chegará a um ponto,
conhecido como sua velocidade terminal, em que a força da gravidade não
poderá mais acelerá-lo devido à resistência do ar na atmosfera.“Se
o telefone estiver caindo com a tela voltada para o chão, haverá
bastante arrasto, mas se o telefone estiver caindo em linha reta, haverá
um pouco menos”, disse Watts. “Na realidade, o telefone estaria caindo
dando pequenas cambalhotas e receberia bastante vento, o que
essencialmente daria uma força para levá-lo cima.”
A
velocidade terminal de um iPhone com tela virada para baixo, de acordo
com Watts, seria de cerca de 48,2 km/h. “Quanto maior o iPhone, menor a
velocidade terminal”, disse ele. “O máximo é cerca de 160,9 km/h, mas
isso só aconteceria se a tela do telefone estivesse perpendicular ao
chão.”
Watts
disse que, quando deixamos cair um telefone da altura da cintura, ele
atinge o solo a cerca de 16 km/h, enquanto um telefone jogado do topo de
um avião provavelmente atinge apenas 80,4 km/h. Watts
ressaltou que o telefone certamente teria sido danificado se tivesse
caído em pedra ou pavimento, mas a grama ou folhagem sobre a qual parece
ter caído amorteceu a queda. “Se
o iPhone tiver caído na grama, ele definitivamente pode ter sobrevivido
à queda”, disse Watts. “Se o telefone estivesse virado para baixo, ele
teria passado de cerca de 48,2 km/h para 0 km/h em uma superfície
relativamente confortável, com um pouco menos de força do que se eu
decidisse pisar nele.”
De acordo com a Apple,
a empresa que criou o iPhone, o aparelho pode ser danificado se cair. O
guia do usuário da Apple não especifica a que altura de queda o iPhone
pode sobreviver. "Manuseie
o iPhone com cuidado. Ele é feito de metal, vidro e plástico e possui
componentes eletrônicos sensíveis em seu interior”, diz o guia. “O
iPhone ou sua bateria podem ser danificados se caírem, forem queimados,
perfurados ou esmagados, ou se entrarem em contato com líquidos.”
Em um vídeo do TikTok carregado
no domingo por Bates, que não respondeu a um pedido de comentário na
segunda-feira, 8, ele disse que encontrou o telefone sob um arbusto
enquanto fazia uma caminhada para procurar coisas que poderiam ter caído
do avião. A princípio, ele estava “um pouco cético” quanto ao fato de o
celular pertencer a um passageiro da Alaska Airlines.
Depois
de abri-lo, ele encontrou a confirmação de viagem para o voo da Alaska
Airlines e foi quando ligou para o NTSB, disse ele. “Ela ainda estava
bem limpa”, disse ele. “Não tinha arranhões.”
Aparentemente,
essa não é a primeira vez que um iPhone sobrevive a uma queda do céu.
Em junho de 2023, um usuário do TikTok chamado Hatton Smith publicou um
vídeo em que dizia que seu iPhone sobreviveu depois de ter voado de seu
bolso enquanto saltava de paraquedas a 14 mil pés.
O telefone aterrissou em uma área gramada e lamacenta, como pode ser visto na entrada do vídeo em seu TikTok. Em ambos os casos, se o iPhone tivesse caído no concreto, provavelmente não teria sobrevivido.“Se
ele caísse em um solo úmido, eu o veria com cerca de 2,5 cm de
amortecimento”, disse Watts. “Talvez seja essa uma sensação próxima a de
cair de uma cadeira.”
Este conteúdo foi produzido com o auxílio de ferramentas de Inteligência Artificial e revisado por nossa equipe editorial. Saiba mais em nossa Política de IA.
Como em geral acontece no programa de volta ao mundo do presidente Lula e de sua mulher, algum alto assessor analfabeto em aritmética lhe passou, nesta sua última viagem para a conferência dos BRICS, mais um número assombroso para o conhecimento da humanidade. Lula, é claro, repetiu direto. “Os BRICS representam 36% do PIB mundial”, disse ele, com o orgulho de quem está revelando uma extraordinária vantagem para o Brasil –
ou como se o Brasil fosse sócio proprietário dessa dinheirama toda.
Que beleza, não é? Não, não é. Na verdade, não é nada. Os BRICS podem ter tantos por cento do PIB mundial quanto lhe dizem, e Lula pode achar que isso faz dele um grande estadista mundial, mas o Brasil não tem nada a ver com o PIB dos BRICS.
Cada um tem o seu; não pode mexer no dos outros. Também não tira proveito nenhum da soma total.
Os 36% anunciados por Lula, mesmo que a cifra esteja correta, são uma porcentagem – e uma porcentagem é algo perfeitamente inútil enquanto o sujeito não sabe quantos desses “por cento” cabem a ele.
No caso, o número que interessa é o seguinte: o PIB mundial é de 95 trilhões de dólares, e o do Brasil não passa de 2 tri - o que não chega nem perto do valor de mercado da Apple.É esse o tamanho real do país; não fica maior porque se senta, de vez em quando, na mesa da China, ou da Índia ou de quem quer que seja.
O fato é que o Brasil, em matéria de PIB per capita, está no 79º. lugar numa lista de 192 países pesquisados pelo FMI – abaixo da Guiné Equatorial, do Panamá e coisas parecidas.
O PIB da China é de 18 trilhões de dólares?Sim, mas é da China, e não do governo Lula.
Da mesma forma, o “Banco dos Brics”, do qual o presidente não para de falar, não é uma estatal brasileira. Tem mais quatro sócios, e sua função é financiar obras de infraestrutura – e não dar dinheiro para pagar a dívida da Argentina, como Lula quer.
Não adianta nada enfiar Dilma Rousseff na presidência do banco; não é assim que funciona. Enfim, os BRICS não tomam decisões econômicas em conjunto; é cada um por si. A China não tem nenhuma obrigação de adotar medidas iguais às da Rússia, ou compatíveis com elas;
a Índia não administra sua economia segundo as decisões da China, e assim por diante. Imagine-se, então, se algum dos BRICS está preocupado em se alinhar com o ministro Haddad.
É esse o tamanho real do país; não fica maior porque se senta, de vez em quando, na mesa da China, ou da Índia ou de quem quer que seja
Lula, naturalmente, aproveitou também esta viagem para engordar a sua crescente lista internacional de declarações cretinas;quase nunca vai e volta sem trazer alguma novidade. Desta vez, disse que o Conselho de Segurança da ONU, no qual o Brasil quer entrar de qualquer jeito, “não faz a paz, faz a guerra”.É falso: o CS da ONU nunca fez uma guerra.
É, também, uma maneira especialmente idiota de apresentar a candidatura do Brasil.
Lula acha que vai entrar no clube xingando a mãe da diretoria.
O ESG se tornou uma cultura corporativa dos EUA
altamente crítica em relação à América, o que sem dúvida está minando o
sistema de livre mercado por dentro
A pandemia de coronavírus deixou muitas lições. Durante dois anos,
cidadãos de todo o mundo viram não apenas um vírus dar um nó na
comunidade médica, mas testemunhamos também a instauração do controle
social e de medidas draconianas através do pânico.
A lição deixada para
governantes e burocratas tirânicos foi que é possível implementar
qualquer agenda usando modos jacobinos de cancelamento e patrulha como
poucas vezes na história.
Paris, França | Foto: Montagem Revista Oeste/Shutterstock
Com a pandemia arrefecendo e a vida voltando ao normal, é preciso outra “ameaça global”.Embora há décadas estejamos ouvindo as promessas de que o mundo vai acabar nos “próximos dez anos”, parece que agora os ecoterroristas que amam suas guilhotinas estão mais do que nunca de mãos dadas com os jacobinos bilionários globalistas.
Não basta apenas apontar o dedo e tentar o já velho cancelamento virtual, é preciso mais. E esse “mais” chega com a sigla ESG (Environmental, Social, and Governance), movimento que se refere a investimentos realizados seguindo critérios supostamente mais benéficos para o meio ambiente. O ESG é um novo mantra corporativo que está mudando o capitalismo dos acionistas (shareholders) para o capitalismo dos stakeholders, aqueles que têm interesse no desempenho de uma empresa por outros motivos que não o desempenho ou a valorização das ações.
Nos últimos anos, vimos grandes corporações virarem manchetes por seu ativismo político. Aqui nos Estados Unidos, por exemplo, o PayPal boicotou a Carolina do Nortepor causa de um projeto de banheiro transgênero, a Coca-Cola denunciou um projeto de lei eleitoral na Geórgia e, claro, a Disney, que, recentemente, se opôs a uma lei da Flórida que proibia as escolas públicas de instruírem sobre sexualidade e identidade de gênero crianças do jardim de infância até a 3ª série.A explicação que ouvimos com frequência é que funcionários ativistas, os típicos millenials, estão comandando o show. Mas isso não é a história completa. Ativistas e empresas de investimentos também estão impulsionando a tendência ESG nos bastidores.
Historicamente, muitos investidores adicionaram a sobreposição de “valores” às suas preferências de investimento. As duas principais abordagens baseadas em valores são o Socially Responsible Investing (SRI) e o Impact Investing (IR). A estes foi adicionado um novo acrônimo, Environmental, Social, and Governance (ESG), e, embora esses termos sejam frequentemente usados de forma intercambiável, é importante entender algumas diferenças críticas para ver por que o ESG é tão problemático. Muitas pessoas ainda não entendem o ESG, até porque, embora haja um gigantesco pedágio ideológico a ser pago, muitas ações são desenhadas estrategicamente com discrição.
Como alguém pode alegar estar lidando com as “mudanças climáticas” e a “a salvação do planeta” investindo na China, o pior emissor de gases de efeito estufa?
Nos Estados Unidos, as igrejas, por exemplo, usam o SRI. A estratégia de RI já é investir em empresas com potenciais soluções para problemas importantes para um investidor. Tanto o SRI quanto o IR são estratégias legítimas de investimento baseadas em valores que operam dentro dos parâmetros do capitalismo de livre mercado. Eles representam formas construtivas para os investidores expressarem suas opiniões, encontrarem soluções para problemas significativos e participarem do mercado de capitais sem comprometer seus valores.
O famigerado ESG é essencialmente uma pontuação de crédito (credit score) para negócios. Por exemplo, uma empresa pode melhorar sua pontuação ESG comprometendo-se a reduzir as emissões de carbono, contratando um “gerente de diversidade” ou doando para uma causa política. E essa pontuação tem implicações financeiras. A primeira coisa a perceber é que esse movimento é incrivelmente perverso e perturbadoramente incorporado ao sistema financeiro. Já há livros sendo escritos sobre como esse movimento está revolucionando o mundo corporativo. Basicamente, o ESG é uma métrica que pontua as empresas com base em suas posições políticas e suas atividades.Mas esta é a chave do cofre: as chamadas“posições corretas” são quase exclusivamente de esquerda.
E quem emite a pontuação? No momento, isso não é totalmente centralizado. Existem algumas empresas de gestão de fundos muito grandes, como a Black Rock, a maior gestora de ativos do mundo, que têm seus próprios departamentos internos que definem suas prioridades. Mas também existem algumas empresas de analistas financeiros que fornecem pontuações com base em suas próprias prioridades. A maior dessas empresas é a Institutional Shareholder Services (ISS) — algo como “Instituição de serviços aos acionistas”. Mas aqui está o problema: o ISS também é conhecido como um serviço de proxy. Isso significa que qualquer um desses investidores que possuem ações de várias empresas paga a ISS não apenas para fornecer essas pontuações, mas também para votar nas assembleias de acionistas. O que especialistas alertam, no entanto, é que há uma tonelada de conflitos de interesse inerentes. Basicamente, esses scorekeepers de terceiros, aqueles que manipulam as pontuações, que são geralmente inclinados à esquerda, estão decidindo quais prioridades são importantes. Em seguida, votam em nome de seus acionistas. O absurdo é que as pontuações não vêm de um órgão oficial regulamentado, tudo isso está acontecendo fora do processo democrático. E, como eles estão votando no lugar dos investidores, as empresas são colocadas em uma posição em que elas têm de fazer o que essas empresas dizem. Esse movimento está afetando profundamente os rumos da sociedade, e tudo está acontecendo fora de qualquer processo legislativo.
O mais perigoso de tudo, assim como vimos na pandemia, é que as prioridades estão sendo estabelecidas por um pequeno grupo de pessoas agrupadas em um punhado de organizações de elite. Com o ESG, os três maiores gestores de ativos, Black Rock, Vanguard Group e State Street Global, estão usando o movimento para manipular empresas. Nos últimos 20 anos, os três gigantes compraram ações de 20% de quase todas as empresas do S&P 500 (Standard and Poor’s 500, índice do mercado de ações que acompanha o desempenho das ações de 500 grandes empresas listadas em bolsas nos Estados Unidos). E o que eles afirmam é que eles são os acionistas: “Nós diremos à sua empresa o que você precisa fazer”. E isso é falso. Na verdade, o capital não é deles, mas dos acionistas,e está sendo usado para impulsionar a agenda ESG. Muitos desses cidadãos, os reais donos do dinheiro, discordam das posições e das decisões do conselho.
Só para acrescentar alguma perspectiva, a Black Rock sozinha agrupa quase US$ 10 trilhões em ativos de investidores.
Isso é mais do que o PIB de todos os países do mundo, exceto os EUA e a China.
O retrato está tirado e colocado em prática: serviços como ISS ou empresas de investimento como Black Rock podem, por exemplo, votar para que uma instituição bancária não empreste dinheiro a empresas de combustíveis fósseis, como parte de suas prioridades da agenda de “mudança climática”.
Para dar um exemplo específico, em junho passado, Black Rock, Vanguard Group e State Street Global uniram forças para expulsar um quarto do conselho da Exxon Mobil.
O grupo estava no caminho de suas prioridades “para salvar o planeta” e substituí-los por ativistas ambientais não foi difícil. Da mesma forma, a Black Rock pressionou empresas como a Home Depot a não doarem para políticos e organizações políticas antiaborto.
Em nome da salvação da Amazônia, “o pulmão do mundo”, novos tiranos emergirão nos próximos anos
A hipocrisia da falsa agenda ESG é ainda maior quando o assunto é a China, um país comandado pelo Partido Comunista Chinês e recheado de bondades, não é mesmo?
A Black Rock tem sido extremamente otimista com a China.
No ano passado, recomendou que os investidores triplicassem sua exposição aos ativos chineses, uma medida que provavelmente está direcionando enormes somas de dinheiro para a economia do país. Também lançou recentemente fundos mútuos baseados na China, o primeiro dos quais levantou rapidamente mais de US$ 1 bilhão.
E a Black Rock não está sozinha, muitas outras empresas de investimento norte-americanas estão se agrupando na China comunista.
Da mesma forma, as empresas norte-americanas que professam fidelidade aos ideais ESG, como Nike e Apple, dependem de fábricas — que em muitos lugares usam mão de obra escrava ou infantil — e cadeias de suprimentos chinesas em um grau perigoso.
E como alguém, em sã consciência, pode alegar estar lidando com as “mudanças climáticas” e a “a salvação do planeta” investindo no pior emissor — de longe — de gases de efeito estufa?
Como um país que explora regiões inteiras em busca de metais raros recebe um fluxo maciço de dinheiro de investidores preocupados com o meio ambiente?
A China comunista tem sido chamada de “uma catástrofe ambiental” por uma razão — dada a ênfase do regime no crescimento econômico sem fim e sem freios.
Como uma empresa pode alegar apoiar o progresso social quando essas são as circunstâncias?
Tamanha hipocrisia é estarrecedora, mas também ajuda a apontar para as profundas deficiências do atual sistema ESG. Apesar de todas as suas tentativas de incentivar a ação moral por parte das empresas, o movimento não faz as distinções morais mais importantes de todas: a diferença entre liberdade e tirania, entre uma empresa operando em um mercado livre e uma sujeita a alto grau de controle político e econômico.
Em grande medida, o ESG opera de uma forma que ou assume uma equivalência moral entre países livres e não livres ou que, de fato, aplica padrões diferentes. O nefasto movimento se tornou uma cultura corporativa dos EUA altamente crítica em relação à América, o que sem dúvida está minando o sistema de livre mercado por dentro. Enquanto isso, ao não reconhecer a natureza da China comunista, incentiva empresas e fundos a investirem em um regime que se opõe profundamente ao livre mercado e ao Ocidente. É impossível progredir em questões ambientais, sociais e de governança corporativa quando a liberdade econômica — e a liberdade humana, em geral — é inexistente.
A pandemia talvez tenha apenas mostrado com todas as cores do que o ser humano é capaz pelo poder. Tudo será autorizado para “salvar o planeta”, e, em nome da salvação da Amazônia, “o pulmão do mundo”,novos tiranos emergirão nos próximos anos. Orai e vigiai.
Aqui vai só um exemplo de que como foi uma tortura o tipo de
confinamento imposto aos moradores de Xangai. Ou, de como a política de
covid zero faz com que muita gente grande reveja a disposição de
investir na China.
História contada de fonte segura: numa fábrica de mais de 5 mil
funcionários aparece um caso de Covid. No mesmo dia, todos os empregados
são convocados a comparecer na empresa. E todos ficam ali confinados
por sete dias. Isso mesmo, todo mundo na fábrica, de chefões a
operários. Passados os sete dias, e não se verificando nenhum outro caso
de Covid, todos são dispensados, mas com a ordem de permanecer em casa
por sete semanas.
O lockdown de sete semanas foi imposto a toda a população de Xangai.
Imposto não é modo de expressão.
Repararam nas imagens, da semana
passada, de moradores festejando a suspensão do confinamento?
Viram como
se animavam no trabalho de levantar as barricadas?
Isso mesmo – para obrigar as pessoas a permanecer em casa, foram
erguidas barricadas em boa parte da cidade, bloqueando residências e
prédios comerciais. Mesmo quem se dispusesse a enfrentar os policiais,
não conseguiria sair. A política de Covid zero tem sido debatida em um duplo viés.De um
lado, trata-se de saber sua eficiência em combater a transmissão do
vírus. Na maioria dos outros países, o lockdown, mais ou menos restrito,
foi uma prática auxiliar. Funcionou como um modo de ganhar tempo na
busca de medicamentos e vacinas. Encontradas as vacinas, o lockdown foi
relaxado na medida em que se avançava na imunização.
Isso deu certo. Tanto que agora, com o surgimento de novas variantes,
menos graves, não foi necessário impor confinamentos. As populações
estão vacinadas – em boa parte.
Daí, pergunta-se:e por que a China continua fazendo lockdown tão
rigoroso?Caiu em Xangai, mas partes dessa cidade e outras menores
continuam sob restrição. Em Xangai, essa medida se aplica em áreas
residenciais ainda sob “médio ou alto risco” de contaminação.
A China criou vacinas, mas não parece que a maioria da população
esteja imunizada. E dizemos “não parece” porque os dados do governo não
são confiáveis. É certo, de todo modo, que milhões de idosos não foram
vacinados.
É certo também que a China não recorreu às vacinas
“ocidentais”, mais modernas, e que poderiam oferecer uma eficiente
combinação de imunização.
O que leva ao segundo ponto:essa política só é possível numa baita
ditadura. E, de fato, o presidente Xi Jin Ping comanda pessoalmente o
combate ao que ele chama de “vírus do diabo”. Para um materialista
oficial colocar a culpa no demônio – é curioso.
Xi Jin Ping está no seu segundo mandato de cinco anos e se preparando
para, neste ano, emplacar o terceiro. Isso rompe com a tradição de
limitar a presidência a dois mandatos. Ele conseguirá fazer isso? É
quase certo, pois o líder assumiu o comando do Partido Comunista e das
Forças Armadas, e promoveu um expurgo nos quadros políticos e
administrativos.
Manda e desmanda. Muito mais que os últimos presidentes. E manda
também na economia que, convém registrar, é movida a capitais privados,
nacionais e estrangeiros. Fazia tempo que as empresas, locais e
internacionais, não sofriam tantas restrições como as aplicadas por Xi
Jin Ping.
Resultado da falta de segurança, um exemplo de peso: a Apple está se
preparando para retirar da China boa parte de sua produção. Pode levar
iPad para o Vietnã e iPhones para a India.
É um sinal de que pouco a pouco a China vai perdendo sua condição de
fábrica do mundo, paraíso das multinacionais. E para onde podem ir esses
investimentos? Não para a Rússia, que era outro mercado emergente muito atraente,
[será que para o capitalismo uma operação militar visando recuperar territórios é uma inconveniência??? desde que garanta a provisoriedade privada.] até a invasão da Ucrânia. Com a facilidade, agora perdida, de estar na
Europa.
Os investidores precisam de um país grande, de economia medianamente
desenvolvida, com organização administrativa e política. De preferência,
uma democracia à ocidental, com regras seguras, garantidas em lei.
Pensaram no Brasil? Pois é. Pode, pode ser. Depende só daqui. [em nossa opinião um dos complicadores é a leniência da legislação brasileira, que não garante direitos nem Segurança Jurídica, por permitir interferências indevidas, especialmente do Poder Judiciário - certas situações surgidas na China e que estão espantando investidores, podem ocorrer no Brasil, bastando para tanto uma decisão monocrática de um ministro do Supremo.
Outra agravante é que as condenações no Brasil, ainda que confirmadas em três instâncias e por vários juízes podem ser revistas em decisões monocráticas - quem garante ao investidor estrangeiro que um individuo condenado a uma pena severa, não pode, transcorrido alguns alguns meses, ser candidato ao cargo mais elevado do Brasil?
Como bem diz o Sardenberg, depende só do Brasil - o que entendemos mudar sua legislação e propiciando SEGURANÇA JURÍDICA.]
Movimento angariou muito dinheiro — e causou muito dano
Faz dez anos desde o assassinato de Trayvon
Martin, o jovem norte-americano negro cuja morte prematura faria nascer o
movimento Black Lives Matter. Adequadamente, o BLM começou com uma
postagem de rede social. Em reação à absolvição de George Zimmerman, o
homem que matou Martin, Alicia Garza postou “uma carta de amor ao povo
negro” no Facebook expressando seus sentimentos de luto e injustiça. Uma
amiga, Patrisse Cullors, repostou o texto com a hashtag #BlackLivesMatter.
Outra amiga, Opal Tometi, registrou o domínio e as contas nas redes sociais. Nasciam um slogan,
uma organização e um movimento. Em 2020, ele rodou o mundo. Mas, uma
década depois, nesta nova era de agitação “antirracista”, de uma
política norte-americana identitária, racial e globalizada, o que o BLM
conseguiu fazer? Em primeiro lugar, ele arrecadou muito dinheiro.
Polêmicas recentes sobre a “mansão do Black Lives Matter” — um imóvel de
US$ 6 milhões comprado discretamente pela Black Lives Matter Global
Network Foundation(a organização principal do BLM, conhecida pela sigla
BLMGNF), em 2020 — nos ajudaram a lembrar como as quantias são
impressionantes. Depois do assassinato de George Floyd, começaram a
chover doações de empresas, como Amazon, Microsoft, Airbnb e Unilever.
De acordo com a BLMGNF, a organização fechou 2020 com cerca de US$ 60
milhões.
Protesto do movimento Black Lives Matter | Foto: Reprodução/Flickr
Tudo isso traz à tona a pergunta: quem se beneficia do Black Lives
Matter? Ele é, pelo menos em termos de alcance internacional, a maior
campanha antirracista da história moderna. Mas não há nenhum sinal de
objetivo político ou policial que se possa prontamente atribuir a ele.
Sua missão básica parece ser a perpetuação de sua própria narrativa
desoladora e apocalíptica, que afirma, de forma grandiosa, em seu site
“erradicar a supremacia branca e criar poder local para intervir na
violência infligida às comunidades negras pelo Estado e pelos
justiceiros”.
Sua principal conquista tem sido divulgar a ideia de que
os Estados Unidos estão totalmente apodrecidos, que a polícia racista
está aterrorizando as comunidades negras — sonhos identitários febris
que não nasceram de evidências.
O chamado para “desfinanciar a polícia” levou a um recuo das forças policiais em áreas com alto índice de criminalidade
Nada disso quer dizer que o racismo não exista mais, ou que algumas comunidades ainda não estejam lutando contra o legado do racismo e da atual injustiça econômica. Mas, em termos de “experiência vivida”, se é preciso usar essa expressão, dos norte-americanos negros, o Black Lives Matter piorou as coisas. O chamado para “desfinanciar a polícia” após o assassinato de George Floyd levou a um recuo das forças policiais em áreas com alto índice de criminalidade e habitadas principalmente por minorias. Os assassinatos dispararam. Os tumultos — disfarçados de protestos pela mídia mainstream — devassaram comunidades negras e urbanas dos Estados Unidos. Uma atmosfera tóxica de censura e cancelamento dificultou até mesmo que se criticasse o que está acontecendo.Minneapolis (EUA) |
Enquanto isso, milhões entraram nos cofres do BLM e — como
descobrimos recentemente — no bolso de imobiliárias californianas de
luxo. Boa parte veio de monstros corporativos do capitalismo moderno.Google, Apple e Microsoftestavam tão ávidos para doar para o Black
Lives Matter que, num dado momento, quase doaram milhões do dólares para
uma entidade chamada Black Lives Matter Foundation, que não tem nenhuma
relação com o movimento BLM(e, por acaso, é a favor de um aumento das
forças policiais).
Os direitistas ignorantes que repreenderam essas empresas por apoiar
uma organização “marxista” não entenderam nada.
O Black Lives Matter
nunca foi uma ameaça àqueles que estão em posições de poder.
Na verdade,
ele causou mais danos aos que estão na base, ao mesmo tempo que permite
que ativistas comprem casas e empresas comprem virtude.
Para os progressistas genuínos, o trabalho da próxima década será nos livrar do “antirracismo” neoliberal que o BLM nos deixou.
Tom Slater é editor da Spiked. Ele está no Twitter: @Tom_Slater_
Depois de mais de 80 dias de estabilidade, a Petrobras anunciou nesta terça-feira, 28, um aumento de quase 9% no preço do diesel nas refinarias.Com o reajuste, o preço médio do diesel vendido pela companhia a distribuidoras passará de R$ 2,81 para R$ 3,06 por litro — um reajuste médio de R$ 0,25 por litro. A gasolina, por sua vez, se mantém inalterada.
O preço dos combustíveis virou tema político sensível no país, e a oposição aproveita para tentar desgastar ainda mais o presidente. Bolsonaro passou a ser o responsável pela inflação, pela narrativa esquerdista. Aqueles que antes mandavam deixar a economia para depois, agora só falam de economia. E ignoram uma tal pandemia...
Os mercados entraram em pânico nesta terça e despencaram no mundo todo. O medo veio do risco de apagão na China. Pelo menos 20 províncias e regiões chinesas que representam mais de 66% do Produto Interno Bruto (PIB) do país adotaram alguma forma de racionamento de energia. Algumas empresas já operam à luz de velas e shopping centers estão fechando mais cedo.
A maior montadora do mundo, a Toyota, e fornecedores de gigantes como Apple e Tesla já vêm reduzindo produção devido ao menor suprimento de eletricidade. A ruptura das cadeias produtivas globais por conta da reação sem precedentes a esta pandemia, além da gigantesca injeção de liquidez nos mercados pelos bancos centrais, tem produzido uma escalada inflacionária no mundo todo. O preço da carne, por exemplo, disparou nos Estados Unidos.
O Reino Unido enfrenta uma crise de combustíveis que deixou postos nas grandes cidades desabastecidos e incitou o governo a deixar os militares de prontidão para transportar o produto caso o problema se agrave. Dezenas de postos colocaram avisos dizendo que estão sem gasolina ou diesel, relata a imprensa local. Mais de dois terços dos postos de gasolina britânicos esgotaram os seus estoques de combustíveis na segunda-feira, no quarto dia da crise.
Quando observamos o que se passa em outros países, com falta de energia e combustível, o aumento de preço da Petrobras parece um problema menor. A alternativa seria ainda pior, caso o governo seguisse a velha receita populista de controle de preços. Todos têm motivo de sobra para indignação, mas é preciso apontar para os culpados certos. Bolsonaro é o alvo errado.
Mas a oposição, desesperada e sem escrúpulos, só pensa em narrativas oportunistas para desgastar o presidente.
Só podemos concluir que se trata mesmo do Bolsoringa malvadão,um vilão digno de filmes do 007 que arquiteta planos mirabolantes para destruir o mundo.
A polarização ideológica cessa de ser eficaz quando um candidato de centro entra como contendor
As eleições americanas saíram do cardápio de quatro anos atrás, assim como das últimas eleições brasileiras. Se nessas e naquelas a política do ataque e do uso intensivo das redes sociais foram a tônica preponderante, a situação agora mudou completamente. O novo presidente eleito, Joe Biden, é um político moderado, sem o dom da palavra, chegando a gaguejar, e o seu emprego das redes sociais foi em muito inferior ao de seu adversário.
Trump é um político destemido, demagógico que parece acreditar em tudo o que diz por maiores que sejam suas mentiras, em flagrante contradição consegue mesmo. Não recua diante de nada. Se se pode dizer que a sua derrota se deve em muito à pandemia, não é menos verdadeiro dizer que sua comunicação social pandêmica não convenceu os seus eleitores. Suas ginásticas verbais e digitais, em muito semelhantes às do presidente Bolsonaro, foram ineficazes. Quando pessoas adoecem e morrem, não há argumentos, por mais engenhosos que sejam, que possam mascarar a realidade. [uma
coisa é certa: apesar da grande possibilidade do democrata ser eleito -
o que ocorrendo provará elevada deficiência neuronal do leitor norte-americano - não
acreditamos que sejam tão idiotas ao ponto de cogitarem responsabilizar Donald
Trump pela pandemia.] A sorte, neste sentido, do presidente brasileiro consiste em que a próxima eleição presidencial não está logo ali, havendo dois longos anos pela frente. No caso dos EUA, o mundo real tomou o lugar do “mundo” digital.
Em redes sociais, o presidente Trump tem mais de 100 milhões de seguidores. Certo deste apoio acreditou em poder menosprezar a imprensa e a mídia tradicionais, mormente representada pela televisão. Não cansava de atacá-las, crendo disto extrair os maiores benefícios, mobilizando seus apoiadores, em boa parte fanáticos. Joe Biden muito longe se situava neste quesito, tendo feito uma campanha muito mais tradicional. Tinha se tornado quase um dogma que eleições, doravante, se ganhariam ou perderiam nas redes sociais. Ora, as eleições americanas mostram a falácia de tal afirmação. O número de seguidores digitais não se traduziu por votos, muitos dos quais utilizaram o meio mais tradicional: correios, como se estivéssemos no século XIX. O país do Google, da Microsoft, da Apple, do Facebook entre outros não cessa de ser o país da imprensa, das redes de televisão, do rádio e dos correios.
A política do ataque, designando o adversário como um inimigo a ser aniquilado, não produziu os resultados esperados. Note-se que o discurso de extrema direita de Trump foi utilizado para combater um candidato moderado, acostumado à prática do diálogo e da articulação política, não se encaixando no perfil do candidato de esquerda, “socialista”, “comunista”. Para Trump, o concorrente ideal teria sido Benny Sanders, contra quem sua demagogia teria tido melhores condições de ser bem-sucedida. Contra um político de centro foi ineficaz. Não conseguiu alcançar a polarização almejada. Eis mais um ensinamento da eleição americana: a polarização ideológica entre extrema direita e esquerda cessa de ser eficaz quando um candidato de centro entra como contendor, sabendo manter-se nesta posição.
A cena democrática não foi capturada por um discurso demagógico, de extrema direita, que desconfia e menospreza as suas instituições. A tentativa de Trump de judicializar o processo eleitoral, a mobilização de seus seguidores mais fanáticos e a busca do confronto estão fadadas ao fracasso. As instituições americanas são sólidas e o que mais prezam os seus cidadãos é a segurança jurídica e a estabilidade institucional, fontes mesmas do seu progresso enquanto nação. Quando da controvérsia eleitoral entre Bush e Al Gore, a propósito da contagem dos votos da Flórida, por mais indefinida que tenha sido a situação, a Suprema Corte interveio, declarou o resultado final e a vida política e social voltou ao normal. O recomeço tomou o seu curso e a sociedade americana voltou ao trabalho e à sua normalidade. Estabeleceu uma linha divisória. [não podemos olvidar que o presidente Donald Trump ainda não reconheceu a suposta vitória do democrata;
Cabe lembrar que a apuração das eleições estão judicializadas, e como bem reconhece o ilustre articulista a Suprema Corte decidiu sobre o conflito entre Bush e Al Gore, intervenção que pode se repetir.]
O tensionamento agora desejado por Trump certamente terá vida curta, por situar-se para além da democracia e dos valores americanos. Eis o limite da demagogia e do uso intensivo das redes sociais.
Blog do Noblat - VEJA - Denis Lerrer Rosenfield, professor de Filosofia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul
O que produzem a Apple, a Amazon, o Google ou o Facebook para valerem tanto?
Em janeiro foi noticiado que as empresas Apple, Amazon, Alphabet (dona
do Google), Microsoft e Facebook valiam, juntas, cinco trilhões de
dólares. Em junho, quando a Apple sozinha atingiu o valor de US$ 1,5
trilhão, apenas quatro delas dariam conta de bater a marca dos US$ 5
trilhões (o Facebook ficava um pouquinho para trás).
Cinco trilhões de dólares!
Essa cifra é três vezes maior que o PIB brasileiro. Três vezes. Quer
dizer: se nós, os 210 milhões de habitantes destas terras convertidas em
jazigos, quiséssemos comprar a Apple, a Amazon, a Alphabet e a
Microsoft, pelos preços de junho, teríamos de trabalhar por três anos
sem descanso e não nos sobraria troco para o pão, para o aluguel e para
os impostos. E mesmo assim poderíamos chegar no fim da jornada sem caixa
para saldar a fatura, pois, enquanto as ações dessas companhias sobem
sem parar, o PIB brasileiro afunda, junto com o PIB mundial. Lá de cima,
incólumes e luminescentes, as big techs contemplam a peste, a fome, a
violência, a miséria e a ruína.
Só o PIB da China e dos Estados Unidos superam a casa dos US$ 5
trilhões. Pense bem: o que produzem a Apple, a Amazon, o Google ou o
Facebook para valerem tanto?
Se formos contentar-nos com as respostas oficiais, acreditaremos que o
segredo de tamanha fortuna está na inovação tecnológica dessas marcas,
na genialidade dos seus criadores e na pertinácia de seus CEOs.
Acreditaremos que, graças a chips, bits e bytes, as big techs dominaram o
e-mail, o e-commerce, o e-government e o e-scambau, deixando seus donos
biliardários. Acreditaremos, enfim, que dinheiro não nasce em árvore,
mas bem que brota em máquina.
Agora, se quisermos ir além das quimeras da carochinha, buscaremos
explicações em teorias menos rasas, como aquela da “economia da
atenção”. A tal “economia da atenção” consiste em mercadejar com os
olhos dos consumidores. Primeiro, o negociante atrai a “atenção” alheia
e, ato contínuo, vai vendê-la por aí – mas vai vendê-la (detalhe
crucial) com zilhões de dados individualizados sobre cada um e cada uma
que, no meio da massa, deposita seu olhar ansioso sobre as telas
eletrônicas. Em resumo, os conglomerados da era digital elevaram o velho
negócio do database marketing à enésima potência, com informações
ultraprecisas sobre as pessoas, e desenvolveram técnicas neuronais que
magnetizam os sentidos da plateia. O negócio deles é o extrativismo dos
dados pessoais.
Isso aí: extrativismo virtual.
Na primeira semana de maio de 2017, a capa da revista The Economist
anunciou que os dados pessoais eram o novo petróleo. Em plena era do Big
Data, algoritmos e fórmulas insondáveis cruzam os dados e antecipam as
partículas infinitesimais do humor e do destino dos bilhões de
fregueses. Os dados não mentem jamais. Sabem se o cidadão vai
desenvolver Alzheimer, e quando, sabem que ele relaxa com a voz de
Morgan Freeman, sabem que massageia o lóbulo da orelha direita quando
pensa em queijo do tipo Pont l’Évêque.
O “novo petróleo” teria sido o responsável pelos cinco trilhões e pela
enorme reviravolta do mercado global, que fez o dinheiro mudar de mãos
em duas décadas. Em 1998 as cinco empresas mais caras do mundo eram a
GE, a Microsoft, a Shell, a Glaxo e a Coca-Cola. No grupo, quatro
companhias eram fabricantes de coisas palpáveis (motores,
eletrodomésticos, gasolina, fármacos, bebidas gasosas); só uma era uma
empresa “de tecnologia”. Hoje, no pelotão dos conglomerados mais caros
do mundo, todos se valem da tecnologia (um notebook ou um site de busca)
para extrair e comercializar nossos dados pessoais.
Isto posto, e com todo o respeito à Economist, é preciso dizer que
também essa explicação é insuficiente. Para entender de fato por que o
valor de mercado das big techs subiu tanto é preciso levar em conta algo
que as teorias correntes não costumam registrar. De meados do século 20
para cá, o capitalismo passa por uma estonteante mutação: as
mercadorias corpóreas (coisas úteis) ficaram em segundo plano, enquanto a
fabricação industrial de signos assumiu o centro da geração de valor. O
capital virou um narrador, um contador de histórias, tanto que uma
famosa marca de produtos esportivos pode muito bem terceirizar a
fabricação de tênis de maratona, mas não pode abrir mão de controlar
obsessivamente a gestão da marca e a publicidade.
Em sua mutação, o capitalismo aprendeu a confeccionar e a entregar, com
imagens e palavras sintetizadas industrialmente, os dispositivos
imaginários de que o sujeito precisa para aplacar o desejo. Isso é uma
novidade. Por trás do negócio da extração dos dados existe outro
negócio, mais determinante, que é a industrialização da linguagem. Hoje o
capital trabalha para o desejo, não mais para a necessidade. Os
conglomerados digitais dominaram a industrialização da linguagem
(voltada para o desejo), monopolizaram o olhar do planeta e puseram o
olhar do planeta para trabalhar a seu favor.
Nesse meio tempo, o mundo distanciou-se da razão e do espírito. Mas essa é outra conversa.
Eugênio Bucci, jornalista, professor - O Estado de S.Paulo
O governo tem fantasiado o novo imposto que pretende propor com roupas modernas. Segundo dizem os economistas da equipe econômica, seria o mesmo que está sendo pensado na Europa para as transações digitais. Na verdade, o que está em debate em várias partes do mundo é totalmente diferente de um imposto sobre as movimentações financeiras — eletrônicas ou não — dos consumidores. Tenta-se saber como taxar as grandes empresas da tecnologia, as mesmas que dias atrás foram interrogadas na Câmara dos Deputados dos Estados Unidos para se defender da acusação de poder excessivo.— Há várias propostas de impostos eletrônicos na Europa, mas não são impostos que vão fazer o professor pagar mais. Não é para incidir sobre aluguel, sobre compras em geral, o objetivo não é esse.
Quem explica a diferença entre uma nova versão da CPMF e o que se tenta na Europa é o economista Pedro Henrique Albuquerque, da Kedge Business School, em Marselha, na França. Ele trabalhou no Banco Central, esteve na equipe que implantou as metas de inflação e é autor de um estudo de referência sobre a CPMF e seus impactos na economia brasileira: — O objetivo na Europa não é tributar transação financeira ou a compra e venda por cartão de crédito. É fazer as grandes corporações americanas pagarem mais impostos. Apple, Google, Facebook, Microsoft, Amazon, ir atrás das receitas dessas empresas. Uma das ideias seria um imposto eletrônico, mas se for feito, vai ter que ser de uma forma que a Amazon pague mais, mas o pequeno comerciante que vende produtos eletrônicos, não. Do contrário, seria injusto. O problema é o poder de monopólio dessas companhias, esse é o centro da discussão. Pedro Albuquerque fez mestrado e doutorado nos Estados Unidos e há 10 anos é professor na França. No seu estudo sobre a CPMF, publicado em 2001, ainda no Brasil, ele mostrou várias das distorções provocadas pelo tributo: aumento do spread bancário, estímulo à informalidade, custo maior para os mais pobres e peso excessivo sobre as empresas menores.— O primeiro problema desse imposto é que a base de arrecadação não é estável, pelo contrário, é altamente reativa. Quanto maior a alíquota, mais a base encolhe. É como se o Imposto de Renda tivesse como efeito diminuir a massa salarial. Não é isso que se espera de um bom imposto — disse. Um dos argumentos que a equipe econômica tem dito, agora com a permissão presidencial para defender o imposto, é que a base de tributação é ampla. Assim paga-se pouco porque todos pagam. Não foi o que aconteceu no Brasil com a CPMF. Ela era cumulativa, virava uma grande taxação sem transparência, e dava aos maiores a chance de escapar. Grandes empresas levaram vantagem porque usavam a sua capacidade de verticalização. Ou seja, uma grande companhia podia aumentar o número de processos produtivos internamente, para evitar a compra e venda de produtos de terceiros. Com isso, os pequenos negócios acabavam sendo sobretaxados. Além disso, criou-se um estímulo à informalidade. Albuquerque lembra que no Brasil começou a haver muitas trocas de cheques, que passaram a exercer função de moeda: — As grandes empresas estavam criando quase que bancos internos com sistemas de compensação. Tentaram proibir isso, mas as pessoas são criativas, e quanto maior a alíquota maior o incentivo. É um imposto regressivo. [Importante: a 'nova' CPMF tem todas as desvantagens da 'velha' e mais algumas, entre elas morder nas duas pontas = dobrar a alíquota.] As propostas de taxação sobre movimentação financeira vêm da esquerda europeia, explica o economista, mas como forma de impostos regulatórios, como por exemplo sobre o mercado especulativo de ações. Ou inspiradas na Taxa Tobin, do economista James Tobin, que propunha tributar grandes movimentações financeiras internacionais: Ele explica que o que se tenta é um tributo que incida sobre uma empresa grande como a Amazon, mas não sobre uma pequena. Não é para tributar cada transação eletrônica, é para tentar de alguma forma pegar a receita de grandes empresas de tecnologia. — Com o Google a coisa complica ainda mais. Seria ir atrás da renda de propaganda, da publicidade, que é a fonte da receita da empresa. Não é para taxar a compra do cafezinho na esquina. Seria muito difícil politicamente na União Europeia se alguém tentasse colocar um imposto na conta-corrente do europeu. Seria um escândalo — afirmou. A expectativa é que o ministro Paulo Guedes explique nos próximos dias e semanas o que pretende, afinal. [a explicação do ministro Paulo Guedes trará junto uma declaração: 'se o presidente Bolsonaro permanece candidato à reeleição em 2022 ou desistiu da política.] Míriam Leitão, colunista - O Globo - Com Alvaro Gribel, de São Paulo
“A investigação é polêmica, porque envolve a liberdade
de expressão e a quebra da imunidade parlamentar. Mas esse debate sobre
fake news deve resultar num novo marco legal ”
Até o século XVIII, a cultura europeia era uma representação da
aristocracia da época, que traduzia a imagem de si mesma e dos súditos
conforme seus interesses, com demonstrações de poder, desfiles
militares, grandes palácios. Até que às tabernas somaram-se os cafés,
teatros e salões literários, espaços fora da esfera de poder do Estado,
lugares onde as pessoas podiam conversar e debater qualquer assunto de
seu interesse, sem os filtros dos cerimoniais. Essa ampliação da “esfera
pública” criou oportunidades para o questionamento da cultura
representativa do Estado. A literatura e a pintura da época –– não
existiam fotografia, cinema, rádio e televisão, muito menos internet —
registram essa mudança. Surgiu um espaço entre a esfera privada e o controle do Estado, que
criou oportunidades para o enlace de interesses comuns dos indivíduos,
até então contidos no âmbito familiar ou individual, e completamente à
margem da esfera oficial. Esse foi um fator decisivo para a Revolução
Francesa, em 1789, e suas consequências principais: o surgimento de
instituições políticas democraticamente eleitas, tribunais
independentes, declarações de direito etc. Um dos estudiosos da esfera
pública é o filósofo Jungen Habermas, o teórico da “razão comunicativa”,
hoje com 91 anos, um dos representantes vivos da famosa Escola de
Frankfurt. Segundo ele, a sociedade é dependente da crítica às suas
próprias tradições: os indivíduos precisam questioná-las e mudá-las, via
a critica racional. Por isso, na “esfera pública”, surgem novos
consensos e possibilidades de mudanças. E a sociedade se fortalece. Essa conquista parece ameaçada, ironicamente, pela ampliação da
própria “esfera pública”, via redes sociais. Esse é um debate que ocorre
no mundo, por causa da suspeita de utilização de redes para manipulação
da opinião pública e interferência nas eleições, como ocorreu na do
presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A “esfera pública” foi
ampliada por esse “espaço virtual”, à margem das instituições políticas
tradicionais, porém, sob controle dos novos protagonistas da
globalização: Google, Facebook, Twitter, Microsoft, Apple, Huawei. Ou
seja, empresas em rede constituídas como estruturas supranacionais
gigantes. Blogueiros e parlamentares
Aqui no Brasil, a polêmica também esquentou bastante. Discute-se no
Congresso uma legislação de combate às fake news, e o Supremo Tribunal
Federal (STF) resolveu tirar do ar blogueiros radicais de extrema
direita, [ATUALIZANDO: a retirada dos blogueiros foi ato de um ministro do STF, em decisão monocrática e com o STF em recesso, medida que está sendo contestada, na instância adequada, STF, pela AGU.] ligados ao presidente Jair Bolsonaro, cuja eleição também é
resultado da emergência das redes sociais na política brasileira e, em
parte, da atuação desses blogueiros, financiados por alguns empresários.
A decisão cita como titulares das contas a serem suspensas, além do
ex-deputado Roberto Jefferson, presidente nacional do PTB, novo aliado
de Bolsonaro: Luciano Hang, empresário; Edgard Corona, empresário;
Otávio Fakhoury, empresário; Edson Salomão, assessor do deputado
estadual de São Paulo Douglas Garcia; Rodrigo Barbosa Ribeiro, assessor
do deputado estadual de São Paulo Douglas Garcia; Bernardo Küster,
blogueiro; Allan dos Santos, blogueiro; Winston Rodrigues Lima, militar
da reserva; Reynaldo Bianchi Júnior, humorista; Enzo Leonardo Momenti,
youtuber; Marcos Dominguez Bellizia, porta-voz do movimento Nas Ruas;
Sara Giromini; Eduardo Fabris Portella; Marcelo Stachin e Rafael Moreno. Morais também investiga parlamentares governistas, que tiveram os
sigilos fiscal e bancários quebrados: Beatriz Kicis (PSL-DF), Carla
Zambelli (PSL-SP), Daniel Silveira (PSL-RJ), Filipe Barros (PSL-PR),
Junio Amaral (PSL-MG), Luiz Phillipe de Orleans e Bragança (PSL-SP),
deputados federais, e Douglas Garcia (PSL) e Gil Diniz (PSL), deputados
estaduais paulistas. A investigação é polêmica, porque envolve a
liberdade de expressão e a quebra da imunidade parlamentar. Mas esse
debate sobre fake news, no Congresso, deve resultar num novo marco legal
sobre o tema. Recentemente, antevendo a mudança, o Facebook cancelou 35 contas, 14
páginas e um grupo na sua rede social; no Instagram, eliminou 38 contas.
O grupo reunia, aproximadamente, 350 pessoas, que eram seguidas por 883
mil bolsonaristas no Facebook e 917 mil no Instagram. As contas
canceladas estavam envolvidas com a criação de perfis falsos e
“comportamento inautêntico”. Segundo a empresa, foi possível identificar
as ligações dessas pessoas com funcionários dos gabinetes do presidente
Jair Bolsonaro, do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), do
senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) e também dos deputados
estaduais Anderson Moraes e Alana Passos, do PSL no Rio de Janeiro. Tudo
junto e misturado. Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo, jornalista - Correio Braziliense
Um imposto sobre transações digitais, ou sobre pagamentos, ou sobre comércio eletrônico, ou movimentações financeiras. Cada hora o ministro Paulo Guedes fala uma coisa. E tudo tem jeito e cheiro de CPMF. O Congresso está discutindo a unificação de tributos num IVA, que Guedes diz que é coisa dos anos 50. O ministro quer usar o imposto novo para tirar os encargos trabalhistas das empresas. A forma do debate torna tudo ainda mais confuso. O economista Marcos Lisboa, presidente do Insper, discorda do imposto imaginado por Guedes e defende o IVA.
— Quem diz que o IVA é velho tem que mostrar a evidência. Só aumentou o número de países que usam esse imposto. Ele é uniforme, vou comprar um carro e é a mesma alíquota para toda a cadeia, cobrado um pedaço em cada parte do valor adicionado — diz Lisboa.
[Presidente Bolsonaro: é atribuição do Presidente da República nomear e demitir ministros - fato reconhecido pelo Supremo. Recentemente um ministro do Supremo proibiu o senhor de nomear um subordinado a um ministro - paciência todos erram. Errar é humano, permanecer no erro é diabólico, o ministro Guedes, obcecado pela volta da CPMF, permanece no erro, o que torna sua demissão necessária, manter um obcecado pelo erro no cargo atrapalha o Governo e prejudica planos futuros. Aproveite a vassourada e demita também Lorenzoni e o Pedro Guimarães - incompetência também justifica demissão. Manter incompetente no Governo os leva a crer que são insubstituíveis - temos o exemplo recente daquele ex-juiz e ex-ministro, cuja demissão tivesse ocorrido um anos antes, muitos aborrecimento teriam sido evitados.] Tudo seria mais simples se o ministro colocasse sua proposta sobre a mesa e parasse de dizer que está sendo interditado pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Ninguém guarda boas recordações da CPMF, até porque o “P” era de provisório e ficou dez anos. Agora, o temor é entrar um e não sair o outro. Essa tem sido a história que levou o país a ter uma carga tributária tão alta.
O governo calcula que a alíquota de 0,2% sobre transações digitais poderia arrecadar até R$ 60 bilhões por ano, mas no mercado há quem entenda que a arrecadação possa ser menor e ir perdendo potência com o tempo. Para desonerar o salário mínimo, seriam precisos R$ 70 bilhões. Paulo Guedes quer que o legado dele seja a desoneração da folha, mas aí precisaria de R$ 150 bi.
O ministro de vez em quando diz que só quer taxar novos serviços digitais, porque a economia estaria indo para “bits e bytes”. Ele pode estar se referindo a serviços das novas tecnologias, tema que tem gerado de fato muito debate no mundo. De vez em quando ele parece estar se referindo a taxar todas as etapas de movimentação financeira, o que vem a ser a nossa velha conhecida.
O Congresso está discutindo outra coisa: como tornar mais simples os impostos sobre consumo de bens e serviços. O ICMS é tão cheio de normas conflituosas, alíquotas, exceções, que só a simplificação seria um grande salto. Ao juntar impostos federais com o ICMS e o ISS, a ideia do Congresso é criar um IVA, acabando com a loucura que é hoje ter tanto tributo nas três esferas administrativas incidindo sobre o valor adicionado de bens e serviços.
A CPMF é um imposto que corrói sua própria base de tributação, concluiu um estudo feito por dois economistas do Banco Central sobre o tributo que vigorou entre 1997 e 2007. Se fosse possível de fato eliminar o recolhimento patronal para a previdência e, com isso, estimular a oferta de vagas de trabalho, seria bom. Neste momento, mais do que nunca, os pesados impostos sobre o emprego ficaram irracionais. Tudo o que a economia precisa é de emprego, mas quem os cria paga 22% sobre a folha. E tem parte disso que não é exatamente contribuição, vira imposto, quando a empresa recolhe até acima do teto. A questão é com qual imposto distorsivo o Brasil quer ficar.
— Há razão para tirar imposto sobre a folha, mas custa caro. Guedes diz que vai gerar emprego. Má notícia: em geral não cria emprego, vira aumento de salário para quem já está empregado. Em alguns casos uma parte vai para aumento de salário e só uma parte para novos empregos — diz Lisboa.
O presidente do Insper diz que tem uma discussão totalmente diferente no mundo que é como se tributa a renda da empresa em que a patente de tecnologia está em paraíso fiscal. A Apple tem briga imensa com o governo americano. A renda da Apple não vem do iPhone, mas das patentes dos equipamentos. Como ampliar a base para que nenhum serviço da nova tecnologia escape da tributação é uma questão desses novos tempos de transformações digitais. O problema é que o governo fala coisas confusas há um ano e meio e nada apresenta. Temos que apenas supor. Dentro do Ministério da Economia, quem tem dado todas as ideias não tem poder de decisão, o ministro formata e leva para o presidente, que de nada entende. Enquanto isso, no Congresso, o IVA vai sendo discutido até agora em duas propostas diferentes. Uma na Câmara e outra no Senado. E olha que tudo está sendo proposto para livrar o país do manicômio tributário. Por enquanto, o assunto parece tão complicado quanto sempre foi. Míriam Leitão, colunista - O Globo - Alvaro Gribel
O mundo está ficando muito complexo para a limitadíssima capacidade
de compreensão de Bolsonaro e sua turma. A disputa entre Estados Unidos e
China vai muito além do comércio. Não é uma guerra fria do tipo EUA x
URSS. É bem mais complicada porque as duas potências que lutam pela
hegemonia – política, territorial, tecnológica e econômica – mantêm
laços econômicos amplos e profundos. A Apple faz quase todos os seus iPhones na China – e no momento em
que todas as redes de celulares do mundo se preparam para o 5G tem aí
uma gigante chinesa, a Huawei, muito avançada nessa tecnologia.Trump quer banir a Huawei do 5G global e já convenceu a Inglaterra de
Boris Johnson a seguir por esse caminho. Johnson não apenas vetou novos
contratos com a Huawei, como deu prazo para que os operadores de
celulares no país eliminem os componentes da companhia chinesa que já
utilizam. As concorrentes da Huawei – Ericsson e Nokia – adoraram, mas
as operadoras de celulares reclamaram. Disseram que precisam de pelo
menos dez anos para substituir as partes Huawei e que esse procedimento
atrasaria de alguns anos a instalação da rede 5G. A Alemanha está observando – não baniu a Huawei e não deu sinais de
que pretende fazê-lo – e toda a União Europeia está à espera. Qual a alegação principal dos EUA? Segurança. Trump e muitos
políticos dizem que, com a Huawei dominando o 5G, as informações do
mundo todo estariam acessíveis ao governo chinês. Sendo uma ditadura,
com respeito zero aos direitos humanos e às liberdades, há aí um bom
argumento. Se o governo chinês controla e vigia seus cidadãos, por que
não faria isso no mundo? Há argumentos em sentido contrário. Os países têm como controlar o
uso das redes celulares e apanhar eventuais abusos dos chineses. Mas esta é, por ora, uma discussão ainda abstrata. O Brasil terá de decidir em breve pela tecnologia do 5G. Bolsonaro já
disse que a escolha será técnica e política. Se for técnica –
considerando preço, qualidade, velocidade de instalação – dá Huawei. Se
for política, dá as europeias, mais atrasadas. Mas tem um sério agravante. A China é o principal cliente do Brasil. O
maior destino de nossas exportações – agro, petróleo e minério de ferro
– e a principal fonte de nossas importações. Há também um amplo leque
de investimentos chineses no Brasil, de infraestrutura a financeiros. Para Bolsonaro e seus seguidores, a coisa é simples: os chineses são
comunistas e querem dominar o mundo;[alguém duvida? só que comércio é comércio e politica é política - tão sábia essa conclusão quanto a daquele petista: 'uma coisa é uma coisa ...' - e a diplomacia existe para fazer eventuais ajustes.] logo, estamos com os EUA.
Acrescente aí um problema: o Brasil é o principal concorrente dos EUA na
exportação de produtos agrícolas, inclusive e especialmente para o
mercado chinês. Mesmo uma diplomacia supercompetente teria dificuldades de se mover
nesse ambiente. Imaginem com o Ernesto Araújo e Filipe Martins. Podemos complicar ainda mais, com a questão ambiental. Para os
bolsonaristas, isso de aquecimento global e desmatamento da Amazônia é
coisa de comunistas locais e ONGs estrangeiras, pontas de lanças de
países que querem dominar as riquezas amazônicas. [exatamente exato e são os países devastadores - que devastaram suas florestas no passado, exploram petróleo no Ártico, agridem o meio ambiente na Amazônia e querem dominar o território brasileiro a pretexto de preservar o meio ambiente. Agem exatamente nos moldes de algumas supremas autoridades brasileiras que, a pretexto de preservar a democracia, violam direitos fundamentais de cidadãos brasileiros que pensam de forma diferente, direitos estes que são conferidos por uma Consituição que também quer preservar a democracia em nossa Pátria.] Só que o cuidado com o meio ambiente se tornou uma questão econômica e financeira. Países devastadores estarão fora do cenário. Temos um ministro do meio ambiente que acha tudo isso uma bobagem. O
vice Mourão, presidente do Conselho da Amazônia tem um pouco mais de bom
senso. Diz que, diante da pressão internacional, é preciso apresentar
resultados concretos, ou seja, reduzir o desmatamento e provar isso. Ao mesmo tempo, diz que é um problema de comunicação, que o governo
brasileiro perdeu a narrativa. Errado. Não perdeu a narrativa, está
perdendo florestas. E, finalmente, tem a pandemia, também incompreensível pelo bolsonarismo. Diante disso, a recuperação econômica até parece a parte mais fácil.
Afinal, trata-se de voltar ao controle fiscal e abrir espaço para o
investimento privado. Mas o governo Bolsonaro está pegando o gosto pelo gasto populista. Acrescente aí o Centrão, e também isso se complica. Mais o Queiroz e dona Márcia, o gabinete do ódio desvendado, as fake
news e os atos antidemocráticos cercados por diversos inquéritos, e está
claro: não tem a menor chance de dar certo. Carlos Alberto Sardenberg, jornalista
Coluna publicada em O Globo - Economia 16 de julho de 2020