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segunda-feira, 31 de outubro de 2022

O risco de um terceiro turno - Luciano Trigo

Gazeta do Povo - VOZES
 
O título deste artigo seria o mesmo caso Jair Bolsonaro tivesse vencido. Em uma eleição fadada a ser decidida por uma diferença mínima de votos, e na qual os laços do eleitorado com os dois candidatos têm componentes emocionais e psicológicos profundos, fosse qual fosse o vencedor ele teria pela frente o desafio de lidar com a rejeição de dezenas de milhões de brasileiros.
 
 
Foto - Reprodução/Instagram

Bastaria esse fator para prolongar a polarização da campanha eleitoral para muito além do fechamento das urnas, em um anunciado terceiro turno. Foi, aliás, o que aconteceu na eleição passada, quando o terceiro turno começou na mesma noite da divulgação do resultado – e se prolongou pelos quatro anos seguintes. Tivesse sido Bolsonaro reeleito, seguramente essa situação também se repetiria pelos próximos quatro anos.

Mas não é só isso. Tendo sido Bolsonaro o perdedor, seu eleitorado se sente no direito de achar que o processo eleitoral não foi justo nem isonômico (por via das dúvidas, atenção, censores de plantão: aqui e no restante deste artigo, não estou afirmando que algo aconteceu, estou dizendo que está é a percepção generalizada entre os eleitores do presidente).[fazemos nossas as palavras destacadas em itálico negrito e entre parênteses do articulista  ao  tempo perguntamos: 'foi justo e isonômico um processo eleitoral em que a repartição pública encarregada de administrar as eleições, proibiu a um dos lados praticamente tudo e ao outro permitiu quase tudo??? Um exemplo: a campanha do presidente Bolsonaro não pode veicular vídeo no qual o candidato do outro lado agradecia a natureza pela covid-19; quando o descondenado percebeu que tinha falado besteira, conseguiu que o TSE proibisse a veiculação do vídeo na campanha eleitoral do presidente Bolsonaro.]

 Desnecessário detalhar aqui as reiteradas ocasiões em que, na percepção desse eleitorado, três atores que deveriam agir como fiadores da lisura e da neutralidade da eleição agiram de forma partidária, como cabos eleitorais de um candidato em detrimento do outro: a grande mídia, os institutos de pesquisa e a própria Justiça.

No eleitorado de Bolsonaro, foi generalizada a percepção de que o “sistemaestava disposto a tudo para eleger o outro candidato. Por exemplo, sob a alegação de defesa da democracia, a censura foi reabilitada. Em dois episódios dignos da ditadura militar, a Jovem Pan foi amordaçada, com vários jornalistas afastados, e um documentário sobre o atentado da campanha de 2018 foi proibido sem sequer ter sido assistido.

Enquanto isso, o consórcio da grande mídia e até ministros do Supremo deixavam clara sua preferência, e outro documentário, que afirmava que o atentado foi uma farsa, continuou sendo livremente exibido em plataformas de streaming.

Por sua vez, institutos de pesquisa que erraram miseravelmente no primeiro turno continuaram a divulgar números mirabolantes – por exemplo, ainda ontem apontavam empate técnico para governador em São Paulo como se nada estranho tivesse acontecido, e como se a sua credibilidade não tivesse sido comprometida.

Além disso, até as vésperas da votação, o programa eleitoral de um candidato espalhava sem qualquer cerimônia que o outro candidato planejava acabar com as férias e o décimo-terceiro salário, como se estivesse liberado para divulgar fake news, enquanto o programa eleitoral do outro não podia sequer mencionar alguns acontecimentos da nossa História recente, e jornalistas estavam proibidos de empregar determinadas palavras.

Por fim, uma denúncia bem fundamentada de sabotagem a mais de 140.000 inserções nas emissoras de rádio de um candidato no segundo turno, que pode ter impactado fortemente a votação no Nordeste, foi sumariamente rejeitada pelo mesmo órgão que ordenou uma operação de busca e apreensão contra empresários com base em prints de conversas em um grupo privado no WhatsApp.

Por tudo isso, é compreensível que a percepção de parte do eleitorado tenha sido de que o jogo não foi justo como deveria. Ainda assim, vale lembrar, Bolsonaro venceu com folga em três das cinco regiões do país - Sudeste, Sul e Centro-Oeste - e venceu apertado na Região Norte. Só perdeu no Nordeste. .

Um voto condicional
Por óbvio, o resultado das urnas deve ser respeitado, mas é ilusão acreditar que o eleitorado de Bolsonaro vai esquecer tudo isso. As condições objetivas para o terceiro turno estão dadas. Além de conviver com o inconformismo de 58 milhões de eleitores, o novo presidente enfrentará outros desafios nada triviais: primeiro, o de lidar com um Congresso majoritariamente conservador e de direita, bem como com governadores de oposição eleitos com folga – dois deles no primeiro turno – nos três maiores colégios eleitorais do país: São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.

E, principalmente: se não quiser sofrer um rápido desgaste, o novo governo terá de dar continuidade ao processo de recuperação da economia observado nos últimos meseso que pode ser particularmente difícil se considerarmos os sinais emitidos na campanha e a inevitável pressão que virá dos setores mais à esquerda do chamado campo progressista.

Estivéssemos vivendo uma recessão, com inflação e desemprego subindo, o candidato do PT teria vencido no primeiro turno. Mas o fato é que hoje os indicadores econômicos são positivos, existe a sensação de estabilidade e previsibilidade, e não haverá uma “herança maldita” sobre a qual jogar a culpa em um eventual cenário de deterioração econômica.

Não precisa nem chegar perto da tragédia vivida pela Argentina: se a inflação e o desemprego voltarem a crescer, se a trajetória de recuperação do crescimento do PIB for interrompida, se a gasolina voltar a subir – e torço, sinceramente, para que nada disso aconteça – a situação pode se complicar muito rapidamente, porque a população está cansada de crises.

É fácil visualizar milhões de brasileiros frustrados ou insatisfeitos voltando a ocupar as ruas, aos primeiros sinais de um revertério na economia. E chego aqui ao coração da matéria, ao cerne da questão: da mesma maneira que aconteceu em 2014, quando Dilma Rousseff foi reeleita em uma eleição apertada (mas muito menos apertada que a de hoje), o voto que decidiu a eleição de 2022 foi condicional. Em 2014, apesar das evidências em contrário, o eleitor volátil resolveu dar uma chance a Dilma, acreditando em suas promessas. Ela já começou o segundo mandato sob pressão.

Muito rapidamente, aquele mesmo eleitor entendeu que as promessas de campanha não iriam se cumprir. Como Dilma foi reeleita com a condição de entregar o que prometeu e não entregou [infelizmente, o descondenado eleito não vai conseguir entregarela perdeu rapidamente a base de apoio que a sustentava, no Congresso e na sociedade.

Todo mundo sabe o que aconteceu em seguida: veio o longo e sofrido processo de impeachment, e Dilma foi mais uma vítima da “maldição do Vice”Torço sinceramente para que o Brasil não tenha que passar por isso novamente, para que não haja nenhuma crise, para que a economia continue a prosperar com bases sólidas e responsabilidade fiscal, para o bem da população. Mas nem tudo pelo que a gente torce acontece, e algumas condições objetivas para um retrocesso econômico parecem dadas, até porque já foram anunciadas.

 

O tempo não anda para trás
Eu e muitas pessoas que conheço já passamos pela seguinte experiência: uma viagem que ficou na memória como tendo sido maravilhosa. Anos depois, a gente resolve repetir a mesma viagem, na expectativa de reviver as mesmas sensações, e é só derrota. Porque uma viagem não é só o destino: é também o timing, o contexto, a companhia, o momento que estamos vivendo.

Tenho a sensação de que, como os viajantes reincidentes, muitos eleitores foram motivados, em alguma medida, pela nostalgia, pelo desejo de recuperar as suas experiências subjetivas do período 2003-2010, quando, em uma bonança alavancada pelo boom das commodities, a economia brasileira efetivamente cresceu, e existiu a percepção de que programas de distribuição de renda foram eficazes em promover a justiça social de uma forma inédita no país (estou falando, repito, da percepções).

Como nas viagens, nossa memória em relação à política é seletiva: tendemos a ficar só com as lembranças boas e apagar do HD as crises e os escândalos de corrupção que marcaram aquele período.A campanha vencedora deste ano soube capitalizar essa nostalgia: apostou na esperança de uma volta a um passado idealizado na memória (ou na fantasia, no caso dos mais jovens), quando o amor triunfava e todos eram felizes.

Mesmo que isso fosse uma verdade objetiva, e não uma percepção subjetiva, o problema é que o tempo não anda para trás. O contexto, as circunstâncias e a própria sociedade brasileira são hoje completamente diferentes de 20 anos atrás. Basta dizer que em 2003 sequer existia direita no país: a esquerda era senhora absoluta das ruas e das redes sociais. Não havia um político conservador com a mínima capacidade de mobilizar o povo. A narrativa era hegemônica.

Hoje não é mais assim. Haverá, certamente, um período de festa e catarse, porque há muita energia represada. Mas, como sempre, em algum momento a realidade prevalecerá, porque ninguém vive de narrativa.Os boletos continuarão a chegar. Os problemas reais das pessoas não serão resolvidos em um passe de mágica: podem até piorar, caso a economia se descontrole. A lua-de-mel do eleitor casual com o novo governo pode durar pouco tempo.

Tomara que não aconteça, mas um risco real é que, como os viajantes citados acima, muitas dessas pessoas rapidamente passem a se perguntar: "Que estranho, da primeira vez que estive aqui foi tão legal... Por que agora não está dando certo, se derrotamos o Fascismo? Por que meu filho tem diploma universitário, mas não consegue emprego e passa o dia inteiro na internet? Por que não estou comendo picanha? Cadê a minha picanha???"

E, principalmente, no caso do eleitor minimamente preocupado com a liberdade de expressão:Por que não posso mais criticar o governo? Era tão bom poder falar qualquer coisa sem sentir medo, era tão bom poder chamar Bolsonaro de fascista e genocida sem que nada me acontecesse...”.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2022

Globo inquieta - Revista Oeste

Cristyan Costa

[O FIM SE APROXIMA e será mais devastador que o da extinta TV Manchete.]

Demissões de jornalistas e artistas, dívida bilionária, queda de lucros e tombo de audiência expõem as dificuldades da emissora mais famosa do Brasil 

Trabalhar na Globo sempre foi o sonho da maioria dos estudantes de jornalismo. Eles eram assediados por familiares que esperavam um dia vê-los na TV segurando um microfone da emissora. Para quem já estava no ramo, ocupar cargos de importância na emissora era como um alpinista alcançar o pico do Monte Everest. A empresa cresceu para um status de conglomerado, reunindo, além da televisão, jornais, rádios e sites. Por anos, a Globo se manteve líder em vários desses segmentos.
 
 
Ilustração: Revista Oeste
Ilustração: Revista Oeste

Antes da chegada da internet, grande parte dos brasileiros acompanhava a programação da Globo e assistia religiosamente ao Jornal Nacional (JN). O que saía no JN era tido como a verdade absoluta. Logo depois, passava a novela das 21 horas, e a audiência era solidamente fiel no país inteiro. A rotina se repetia diariamente. A Rede Globo parecia eterna e indestrutível.

Mas as coisas mudam. A internet tirou o poder da TV tradicional. 
Os serviços de streaming se multiplicaram e roubaram boa parte da audiência. 
Ligar na Globo deixou de ser uma atitude automática. 
E as coisas só pioraram quando a emissora optou por ser um instrumento político, primeiro tentando derrubar o ex-presidente Michel Temer e agora encarnando uma oposição obsessiva ao presidente Jair Bolsonaro, numa atividade puramente política e descolada da realidade. 
O venerável Jornal Nacional perdeu seu maior patrimônio: a credibilidade.

Com a alta do dólar, a dívida da Globo passou de R$ 3,47 bilhões para R$ 5,4 bilhões

 

A nova realidade da Globo é o encolhimento.  
Artistas de novela e dramaturgos consagrados deixaram de renovar contratos. 
Funcionários veteranos, considerados intocáveis, estão sendo demitidos. A rede está perdendo direitos de transmissão, despesas estão sofrendo tesouradas impiedosas, sem contar a dívida bilionária. 
O canal de TV mergulhou na pior crise de sua história.

Queda de lucros e dívida bilionária
Os números são claros. O aumento de despesas e a queda na receita com publicidade fizeram o lucro líquido do Grupo Globo cair de R$ 752,5 milhões, em 2019, para R$ 167,8 milhões, em 2020. Foi uma queda vertiginosa de 78%. Com a alta do dólar no ano passado, a dívida da Globo passou de R$ 3,47 bilhões para R$ 5,4 bilhões.
Para piorar, a emissora deixou de contar com boa parte da ajuda que recebia do governo federal, o que explica em boa parte sua fúria oposicionista. De 2003 a 2019, nas gestões de Lula, Dilma e Temer, a Globo recebia, em média, R$ 450 milhões por ano para veicular propaganda estatal. 
Segundo levantamento do portal Terra, com base em dados da Transparência, o total foi de R$ 7,2 bilhões. Ao longo dos três anos de Jair Bolsonaro no Planalto, a Globo deixou de receber entre R$ 600 milhões e R$ 750 milhões em verbas publicitárias.

Apesar das dívidas, a emissora informou que tem caixa suficiente para honrar os compromissos: R$ 13,6 bilhões em investimentos.

“O passado não volta mais”
Na tentativa de driblar a agonia financeira e reduzir despesas, a Globo apelou para demissões no jornalismo. Nessa categoria estão os veteranos Alberto Gaspar (São Paulo) e Ari Peixoto (Rio de Janeiro), que deixaram o quadro de funcionários da TV no início do mês passado. Ambos tinham contracheques gordos. Gaspar trabalhou por quase quatro décadas na empresa, atuando como repórter e correspondente internacional. Em 34 anos de casa, Peixoto ocupou as mesmas posições que o colega. As cartas de despedida dos dois profissionais revelaram clima de “velório” nas redações da Globo, com a perspectiva de novos cortes.

Poucas semanas antes, a emissora demitira outros profissionais com a folha de pagamentos elevada. Fernando Saraiva, que estava na empresa desde 1999, foi um deles. O repórter especial Roberto Paiva, idem, além do produtor Robinson Cerântula. No fim de outubro, a Globo ainda desligou 20 profissionais de sua equipe na capital paulista, entre eles jornalistas, produtores, cinegrafistas, operadores de áudio e outros funcionários da equipe técnica. Não foi o suficiente. A empresa tem uma lista grande de degola e está demitindo a conta-gotas, com a finalidade de evitar conflito com sindicatos, noticiou o portal IG.

Nesta semana, a apresentadora do programa É de Casa, Cissa Guimarães, foi surpreendida com o aviso de que estava sendo desligada da Globo. O motivo: redução de custos. Cissa trabalhou 40 anos na emissora, participando de novelas e programas, como o Video Show. Seu salário chegava a R$ 100 mil, noticiou o portal Observatório da Televisão.

A dispensa mais simbólica e surpreendente foi a do casal Tarcísio Meira e Glória Menezes, demitidos em setembro de 2020 após 44 anos de casa. “Nos últimos anos, temos tomado uma série de iniciativas para preparar a empresa para os desafios do futuro”, salientou a Globo, em um comunicado. “Com isso, temos evoluído nos nossos modelos de gestão, de criação e de desenvolvimento de negócios.” O tom do documento era o mesmo do endereçado ao dramaturgo Aguinaldo Silva, que, em março daquele ano, recebera em casa o aviso de que a parceria terminara. Ele garante que não guarda mágoas: “A Globo me deu muito. E eu dei muito para eles.”

Para Aguinaldo, a situação da empresa e a de outras do ramo é reflexo das transformações pelas quais passa o mercado. “Os tempos são outros. As pessoas agora têm uma infinidade de escolhas de novas mídias, como o streaming.” Segundo ele, as adaptações têm de ocorrer por parte dos que quiserem sobreviver à atualidade e se preparar para o futuro. “As novas gerações não estão interessadas em gêneros de novelas que duram meses, histórias que se cruzam demais. Querem algo imediato e profundo. O passado não volta mais.”

A dança das cadeiras
Desligado da companhia neste ano, Silvio de Abreu, ex-diretor da Teledramaturgia da Globo, criticou as várias demissões que ocorreram ao longo dos últimos meses. Segundo Abreu, todas as vezes que uma dispensa era anunciada, ia parar no Departamento de Relações Humanas (RH). “Isso foi uma resolução que surgiu quando a Globo fundiu as várias empresas do grupo e resolveu enxugar seus quadros”, relatou, em entrevista publicada pela revista Veja, em outubro. “Fui totalmente contra. Sempre que alguém era dispensado, eu ia ao RH para discutir”, lembrou. “Com o enxugamento, esses profissionais estão na praça e vão acabar na concorrência.”

Embora não tenha sido demitido, o apresentador Fausto Silva se antecipou ao abate e deixou a Globo em junho, pouco antes de terminar seu contrato. Ele irá comandar um programa na Band, a partir de 2022. Em dezembro, será a vez do jornalista Tiago Leifert se despedir da casa que o abrigou por 16 anos. “Tem tanta coisa que quero aprender, quero estudar, cuidar da família”, disse Leifert, em entrevista ao Mais Você, ao justificar com antecedência por que sairá da Globo. “Era essa escolha que eu tinha que fazer. A missão aqui está cumprida.” Os atores Lázaro Ramos, Ingrid Guimarães, Reynaldo Gianecchini, Vera Fischer, Antônio Fagundes, Débora Nascimento, entre outros, também não quiseram renovar seus contratos.

A “dança das cadeiras” ocorreu ainda no alto escalão da emissora, tentativa vista pelo mercado como uma forma de “pôr ordem na casa”. O empresário João Roberto Marinho será o novo presidente do Grupo Globo, formado pela Editora Globo, a Globo, o Sistema Globo de Rádio, a Globo Ventures e a Fundação Roberto Marinho. Diretor de canais da emissora, Paulo Marinho vai assumir a presidência da Globo.

Segundo a empresa, as mudanças já estavam planejadas e fazem parte “da jornada de profunda transformação digital iniciada em setembro de 2018”. A transição total será concretizada a partir de fevereiro de 2022. O atual diretor da Globo, Jorge Nóbrega, ganhará um cargo no conselho editorial da companhia, responsável por dar o tom no jornalismo do conglomerado de mídia.

Jorge Nóbrega atua nas empresas do Grupo Globo desde 1996. Em 2017, assumiu a presidência do grupo, sendo o primeiro presidente a não fazer parte da família Marinho. Com a sua saída, João Roberto Marinho estará à frente do Conselho de Administração e também do Grupo Globo. João Roberto Marinho seguirá também no comando do Conselho Editorial e do Comitê Institucional, que tem o papel de acompanhar e propor linhas de atuação para as relações institucionais do Grupo Globo.

Tombos de audiência
Nenhuma mudança administrativa vai resolver a situação da empresa se os seus principais problemas não forem enfrentados. O jornalismo sem pluralidade, as novelas contaminadas pelo politicamente correto, com enredo pobre e elenco de segundo escalão, a linha de shows estagnada em fórmulas ultrapassadas, a militância esquerdista assombrando até as transmissões de futebol tudo isso está cobrando um preço nos índices de audiência.

Nem o Jornal Nacional foi poupado pelo público. Depois de atingir médias diárias acima de 35 pontos em 2020, no auge da cobertura da pandemia de covid-19, o JN viu 15% de seu público desaparecer. Os índices dos primeiros seis meses deste ano são os piores desde 2015. A média semestral foi de 25 pontos.

No Painel Nacional de Televisão (índice que mensura a audiência das 15 maiores regiões metropolitanas do país), a emissora teve o pior ibope de outubro desde 2015 ao registrar, por dois meses consecutivos, marcas negativas de audiência.

De acordo com os dados consolidados pelo TV Pop, a emissora cravou 10,79 pontos de média no acumulado das 24 horas nos 31 dias de outubro. Perdeu ainda mais telespectadores em relação ao acumulado de setembro — mês em que a Globo registrou média de 10,94 pontos e disse adeus a quase 2 milhões de pessoas que a acompanhavam. Para ter ideia, o índice de setembro foi menor que o obtido pelo canal em dezembro de 2020 (11,17 pontos), quando há menos televisores ligados.

O público não se animou com o novo Domingão do Huck. Estreou em 5 de setembro deste ano, com 19,1 pontos de audiência. Em 10 de outubro, registrou 12,7 pontos — uma queda de 33,5% em menos de dois meses. O número fica bem abaixo da média de 18 pontos do apresentador Faustão, que teve seu melhor momento em maio, com 21 pontos de audiência.

Fragmentação e pluralidade de ideias
O mesmo clima de decadência aparece num território em que a Globo era absoluta há poucos anos: os esportes. Perdeu a Fórmula 1 para a Band. Perdeu a transmissão do torneio Libertadores das Américas para SBT, Facebook, Fox Sports e Conmebol TV. Já não tem mais a Copa nem a Recopa Sul-americanas e a exclusividade dos direitos de transmissão da Copa do Mundo de 2022, a ser realizada no Catar, nas plataformas digitais.

As transmissões da elite do tênis passaram para a ESPN. A Globo também já não transmite a Liga dos Campeões, que se transferiu para o TNT e o SBT. O Campeonato Carioca de futebol está fora da grade, assim como o Campeonato Baiano. Como se não bastasse, a Justiça de São Paulo manteve a multa de cerca de R$ 9,9 milhões aplicada pelo Procon à Globo por considerar que a emissora não informou os assinantes do canal Premiere sobre a redução na quantidade de jogos transmitidos do Campeonato Brasileiro de 2019.

Em contrapartida, emissoras como a Jovem Pan (JP), que conseguiu um canal de TV, surpreenderam na audiência em sua data de estreia — em 27 de outubro. A JP conseguiu superar a CNN Brasil, a BandNews e a Record News nos números da TV paga e só ficou atrás da GloboNews durante todo o dia. A Jovem Pan News marcou 0,2 ponto de média entre 6 da manhã e meia-noite no Ibope PNT da TV por assinatura. Na mesma faixa horária de competição, a GloboNews obteve 0,6 ponto. CNN Brasil, Record News e Band News empataram com 0,1 ponto.

O maior destaque na programação da Pan TV foi o programa Os Pingos nos Is, que já é sucesso no rádio. Obteve 0,8 ponto entre 18 horas e 20 horas, contra 1,1 da GloboNews. Quem também rendeu foi o Pânico, que conseguiu 0,3 ponto, contra 0,6 da GloboNews.

A queda da Globo é o maior símbolo de um novo tempo para o jornalismo e o entretenimento. A tendência é a fragmentação e a pluralidade de ideias. Quem não se adaptar ficará para trás.

Leia também “O tombo da velha mídia”

Jornal Nacional sobe o tom contra Bolsonaro em editorial

[Comentando:  o veneno que o jornalista Boner destila contra o presidente Bolsonaro é produzido pela angústia do ainda global, que o domina todo inicio de mês: não saber se será descartado no mês entrante ou no próximo - dúvida que nunca afligiu Cid Moreira, Sérgio Chapelin  e outros que o antecederam.
Uma sugestão para a Globo = algo tipo um 'tiro de misericórdia' antes de fechar as portas: reapresentar novelas da década de 70 e seguintes tipo Roque Santeiro, Bandeira 2, O Bem-amado, Saramandaia, A Fábrica  e outras - o custo é praticamente ZERO e o Ibope sobe Evereste.]
 

quarta-feira, 17 de novembro de 2021

TV Globo [em extinção?]: o último apaga a luz

 Cleo Guimarães

Camila Pitanga é o nome mais recente de uma lista de estrelas que optaram por assinar com plataformas de streaming em busca de mais liberdade criativa  

A imagem mostra a atriz Camila Pitanga, de cabelos soltos

          A imagem mostra a atriz Camila Pitanga, de cabelos soltos   
          Camila Pitanga: da Globo para a plataforma de streaming  - VEJA - Reprodução

Um clássico do discurso de quem muda de emprego, o clichê dos “novos desafios”, nunca coube tanto quanto agora entre os recém-saídos da TV Globo. Eles são muitos, e não estão pensando duas vezes antes de trocar o até então porto seguro – que a emissora sempre foi – pelas plataformas de streaming. Camila Pitanga é o nome mais recente de uma lista de ex-estrelas da emissora que assinaram com empresas como a Netflix (quase 210 milhões de assinantes), a HBO Max (67 milhões) e Amazon Prime (cerca de 200 milhões).

Pitanga tinha 25 anos de Globo e agora faz parte do elenco da plataforma de streaming da HBO. Assinou por três anos e também vai atuar como produtora executiva – a liberdade criativa e a participação na idealização e produção de projetos é, talvez uma das facetas mais sedutoras dos tais “novos desafios” de quem sai da Globo.

Grande aposta das plataformas, o nicho das telessériesproduções de dramaturgia com cerca de 50 capítulos – vem atraindo grandes nomes para estas empresas. Nos últimos meses, vários medalhões do primeiro escalão da emissora carioca atenderam ao chamado da concorrência, e outros já estão em avançadas negociações. Selecionamos uma lista com alguns nomes que já assinaram com o streaming:

 Reynaldo Gianecchini vive Régis em 'A Dona do Pedaço'

Reynaldo Gianecchini Victor Pollak/TV Globo

Aos acima se somam: Bruna Marquezine, Lázaro Ramos, Ingrid Guimarães,  Bruno Cagliasso, Angélica... 

 Gente - Blog em VEJA

 

quinta-feira, 10 de junho de 2021

Globo negociou com a Conmebol a transmissão da Copa América, No entanto, a emissora perdeu a disputa para o SBT

 Revista Oeste

A Globo negociou com a Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) a transmissão da Copa América, informa o portal Notícias da TV.

Em outubro de 2020, a despeito do recrudescimento da pandemia do novo coronavírus, que já havia ceifado a vida de 160 mil brasileiros, os principais executivos da emissora viajaram para a cidade de Luque, no Paraguai, onde fica a sede da Conmebol, para conquistar o direito exclusivo de transmissão do torneio de seleções.

A comitiva contou com Jorge Nóbrega, presidente-executivo da Globo; Paulo Marinho, diretor dos canais da emissora; e Pedro Garcia, diretor de aquisição de direitos. Em reunião com presidente da Conmebol, Alejandro Domínguez, os representantes da Globo propuseram a aquisição de 100% dos direitos de transmissão do campeonato, para todas as mídias TVs aberta e fechada, internet, rádio e streaming. A oferta foi negada.

Leia também: “Jogadores da seleção negam ação política, mas criticam Copa América”

Em nota, a Globo afirma que o encontro foi “estritamente institucional”, realizado com o objetivo de reforçar a relação de parceria entre a emissora e a Conmebol. “Não se falou sobre valores nem sobre direitos de transmissão”, diz o comunicado. “Toda a negociação da Copa América sempre foi feita por meio da representante dos direitos para o Brasil.”

Na época da viagem e das negociações, a Copa América seria realizada na Argentina e na Colômbia. Quando a competição foi transferida para o Brasil, no entanto, profissionais da TV Globo foram às mídias sociais criticar a decisão. Oficialmente, a emissora garante não se opor à realização do torneio de seleções. “Nosso posicionamento sempre foi o de priorizar a saúde e a segurança das nossas equipes e dos atletas, respeitando orientações e protocolos das entidades de saúde e dos organizadores.”

O Sistema Brasileiro de Televisão (SBT) venceu a disputa pelos direitos da Copa América.

Leia também: “A Copa América da discórdia”

Edilson Salgueiro - Revista Oeste 



domingo, 8 de janeiro de 2017

A multa de uma locadora de DVD que deu origem à Netflix

O americano Reed Hastings mal tinha acabado de vender sua primeira empresa de tecnologia, em 1997, quando teve a ideia de criar uma nova companhia. O estopim: ter de pagar à rede de locadoras Blockbuster uma multa de US$ 40 por ter devolvido com atraso um DVD do filme "Apollo 13".

Hastings havia recebido US$ 750 milhões pela venda da Pure Software, que criava produtos para solucionar problemas de softwares, e se juntou ao sócio Mark Randolph na empreitada. A empresa fundada por eles seria a Netlfix, que se tornaria uma das gigantes do mundo do entretenimento.

Mas não foi algo fácil. A ideia inicial era bem diferente do serviço que conhecemos hoje. Consistia no aluguel de filmes pelo correio mediante o pagamento de uma taxa fixa, sem cobrança de multas ou data fixa para entrega. O objetivo era justamente evitar o problema corriqueiro à época, do qual Hastings foi "vítima": ter pagar uma multa ao esquecer de devolver um filme a uma locadora.

Mas apesar de considerada inovadora para a época, a empresa inicialmente não decolou. O preço das ações na Bolsa eram baixos, o que forçou os proprietários a tentar vender 95% da companhia para a própria Blockbuster em 2000 - a proposta era agir como um serviço de entrega de DVDs pelo correio da então gigante das locadoras. Não foi aceita.

DO DVD AO STREAMING
A sorte mudou apenas em 2005, quando a Netflix fez uma mudança importante no tipo de serviço que prestava: saiu o aluguel de DVDs pelo correio, entrou o streaming digital de filmes e outros conteúdos audiovisuais. Nessa época, a empresa tinha 4,5 milhões de usuários. A partir daí, o crescimento foi vertiginoso: alcançou 16 milhões de clientes em 2010 e disparou em direção dos 81 milhões nos dias atuais, 47 milhões só nos EUA - um dos 190 países cobertos pela ferramenta.

Brasil e América Latina foram palco da estreia do serviço fora da América do Norte, em setembro de 2011 - apesar de não comentar sobre países específicos, Hastings disse em 2015 que o Brasil é o "foguete" da empresa. O crescimento trouxe também um novo braço para a empresa —a produção de conteúdo original.

Preocupados com a concorrência de outros serviços de streaming como o Hulu ou a própria Amazon, os diretores da empresa - Hastings e o responsável pelo conteúdo, Ted Sarandos - decidiram, em 2013, lançar a primeira série original: House of Cards . O sucesso foi imediato e arrebatador: com Kevin Spacey como protagonista e David Fincher na direção, a série conquistou três Emmys, o principal prêmio da televisão nos EUA.

Além do prêmio, a empresa também registrou outra conquista: naquele ano, o preço das ações da Netflix ficaram 9.925% acima do preço de sua estreia na Bolsa. De lá para cá, já foram lançadas várias outras séries originais de sucesso - é difícil que algum amante desse tipo de entretenimento nunca tenha ouvido falar, por exemplo, de Orange is the New Black , Narcos e Stranger Things .
 
Fonte: BBC Brasil
 
Ler íntegra, clique aqui