Este espaço é primeiramente dedicado à DEUS, à PÁTRIA, à FAMÍLIA e à LIBERDADE. Vamos contar VERDADES e impedir que a esquerda, pela repetição exaustiva de uma mentira, transforme mentiras em VERDADES. Escrevemos para dois leitores: “Ninguém” e “Todo Mundo” * BRASIL Acima de todos! DEUS Acima de tudo!
Empresas que deram guinada à esquerda sofrem com boicotes, vendas baixas e queda nos lucros
Foto: Montagem Revista Oeste/Redes Sociais/Shutterstock
Atentas ao fervor pueril de uma juventude doutrinada por professores universitários de esquerda, cada vez mais empresas se rendem à cultura woke. Entrincheiradas nas fileiras de movimentos que lutam por “justiça, inclusão e tolerância”, essas companhias tentam garantir um lugar de destaque na disputada arena das redes sociais e atender às demandas do consumidor “progressista”, capitalizando a popularidade desses grupos sociais. A estratégia mercadológica, contudo, não tem dado muito certo, fortalecendo a tese segundo a qual “quem lacra não lucra”.
A varejista norte-americana Target, equivalente às Lojas Americanas no Brasil, é um exemplo disso. No fim do mês passado,a empresa teve prejuízo de cerca de US$ 10 bilhões (pouco mais de R$ 50 bilhões), depois de engajar-se em uma campanha polêmica: o lançamento da coleção Pride, com roupas LGBT+ e “ocultistas”, com imagens satânicas, voltadas para o público infantil.
A campanha publicitária gerou uma onda de revolta que terminou com uma enorme campanha de boicote à empresa. A indignação levou consumidores a vandalizar lojas da rede. Emparedada, a empresa se viu forçada a recuar da decisão.
Em poucos dias, a Target tirou das gôndolas todos os produtos que haviam incomodado seus clientes e repaginou a linha de artigos LGBT+. Entre os itens removidos pela empresa havia peças como maiôs femininos “amigáveis”, que permitem às “mulheres trans” que ainda não passaram por cirurgias ocultar as partes íntimas. A ideia da varejista era celebrar o “Mês do Orgulho Gay”.
A cerveja Bud Light, versão suave da Budweiser e a mais consumida nos Estados Unidos, sentiu no bolso quanto custa lacrar. A dona da marca, Anheuser-Busch, perdeu US$ 5 bilhões na bolsa (R$ 25 bilhões) no início de maio por causa do fracasso da ação com Dylan Mulvaney, digital influencer trans. Consumidores se revoltaram com a peça publicitária divulgada na internet, exibindo Dylan segurando latinhas com seu rosto. Para reverter o prejuízo, a empresa colocou em circulação novas cervejas estampadas com camuflagem militar, além de imagens do programa social Folds of Honor, que oferece bolsas de estudo para filhos e cônjuges de militares e socorristas mortos ou com invalidez.
Dois meses antes, fora a vez da Hershey’s render-se ao politicamente correto.O gigante dos chocolates escalou Fae Johnstone, também trans, para a campanha do Dia Internacional da Mulher. “Podemos criar um mundo em que todos tenham condições de viver em espaços públicos”, diz Fae, no vídeo da empresa, ao exibir uma barra da companhia. Nas redes sociais, internautas criticaram a escolha de Fae para o 8 de Março. Isso porque, segundo essas críticas, a Hershey’s deveria escolher uma pessoa nascida mulher, em vez de um homem biológico.
Embora não tenha perdido tanto dinheiro como se imaginava com o boicote digital, a Hershey’s pariu uma concorrente de peso voltada para o público conservador, Jeremy’s Chocolate.
Em uma semana, a nova marca vendeu 500 mil unidades do produto. “Apresentando Jeremy’s Chocolate”, diz o anúncio que viralizou nas redes sociais. “Sim, é real. Temos dois tipos: HeHim e SheHer. Um deles tem nozes. Se você precisar que eu diga qual, continue comprando Hershey’s. Mas, se você sabe o que é uma mulher e adora chocolate, acesse o site ihatehersheys.com.” A palavra em inglês para “nozes” é “nuts”, que também é usada como gíria para se referir aos testículos.
Lição ignorada Se tivessem visto o que ocorreu com a Balenciaga, em novembro do ano passado, talvez a Target, a Bud Light e a Hershey’s não avançassem o sinal.
Naquele mês, a marca espanhola de acessórios femininos usados por celebridades de Hollywood divulgou uma campanha de Natal para lá de polêmica: crianças segurando ursos de pelúcia e apetrechos sadomasoquistas (coleiras, chaves, cadeados e algemas).
Ao redor dos pequenos, havia produtos vendidos pela grife. A foto que mais chamou a atenção mostra uma bolsa sobre uma pilha de papéis. Ao dar zoom em um dos documentos, é possível ler trechos do caso “Ashcroft contra a Coalizão de Liberdade de Expressão”. Trata-se de uma decisão, de 2002, da Suprema Corte dos Estados Unidos, segundo a qual nem todas as imagens sexualizadas de crianças devem ser consideradas ilegais
O boicote à marca veio com tudo, unindo pessoas comuns e artistas. Vídeos na internet mostraram famosos destruindo objetos da empresa. Algumas unidades da Balenciaga também sofreram atos de vandalismo. “Pedimos sinceras desculpas por qualquer ofensa que nossa campanha de férias possa ter causado”, informou a Balenciaga, em nota, ao mencionar que a campanha tinha a intenção de celebrar a infância de uma maneira mais “descolada”. “Nossas pelúcias não deveriam ter sido apresentadas com crianças. Removemos, imediatamente, a campanha de todas as plataformas. Estamos tomando medidas legais contra as partes responsáveis por criar o conjunto e incluir itens não aprovados para nossa sessão de fotos da campanha.”
Como resultado, o diretor criativo da empresa e responsável pelo escândalo, Demna Gvasalia, perdeu um prêmio que ganhara semanas antes, e o próprio emprego. A campanha afetou também as contas da marca. A Kering, holding que controla a Balenciaga e outras grifes, já esperava queda de mais ou menos 2% nas vendas, em virtude da situação econômica da China, mas registrou 7%. Internautas compartilharam imagens de liquidações com descontos de até 70% em produtos da marca, na tentativa de recuperar o dinheiro perdido com a campanha infantil.
Além da Balenciaga, outro exemplo notório a não ser seguido vem da Disney. Desde 2016, a “lacração” parte das produções da empresa, com remakes de filmes antigos e o lançamento de novas produções em uma roupagem mais “progressista”.
O apelo ideológico ganhou musculatura por influência de Abigail Disney, uma das herdeiras do império.
Neta do cofundador Roy O. Disney, irmão de Walt, ela defendeu abertamente a guinada da empresa à esquerda.
O gesto da Disney teve consequências. A primeira delas veio do mundo político. O parque da empresa fica em Orlando, na Flórida. Conservador, o Estado é governado pelo republicano Ron DeSantis, que tem maioria nas duas Casas legislativas. DeSantis conseguiu aprovar o fim do “status especial” do parque. Esse benefício dava à Disney poderes para cobrar impostos, construir estradas e controlar serviços públicos no território de seu parque temático. Conhecido como Reedy Creek Improvement District, o distrito foi criado em um acordo de 1967, entre o Estado e a direção da Disney. Agora a empresa vai ter de pagar impostos ao governo estadual, como qualquer outra.
Essas estratégias mercadológicas estão longe de ser uma onda de altruísmo de empresários bonzinhos. O woke capitalism (“capitalismo acordado”) é um conceito que nasceu da necessidade de reestruturar o “capitalismo selvagem”. Ele é patrocinado, sobretudo, por metacapitalistas que controlam fundos de investimentos bilionários, como o BlackRock (BR), patrono das pautas de enfrentamento às mudanças climáticas. O BR distribui dinheiro para companhias que se adequam a práticas politicamente corretas, e com o apoio de governos.
Para além das perdas financeiras, o lado cruel do “capitalismo woke” torna as empresas reféns do escrutínio investigativo e do julgamento ininterrupto no tribunal ilusório da perfeição capitaneado pela esquerda “Muitos governos se veem obrigados a aceitar toda essa agenda, porque, caso contrário, as empresas e os fundos de investimentos deixam de trabalhar em determinados países, afetando a economia local”, constatou o analista político Paulo Henrique Araujo, autor do livro As Bases Revolucionárias da Política Moderna. “Não há indícios de que o investimento em diversidade provoque o aumento da produtividade ou criatividade da empresa”, acrescentou Eduardo Matos, pesquisador e corroteirista do filme Nem Tudo se Desfaz, ao mencionar que não vê um futuro muito alvissareiro para empresas nesse caminho.
Em entrevista ao programa Linhas Cruzadas, da TV Cultura, veiculado em 2021, o cientista político conservador João Pereira Coutinho afirmou que há um enorme esforço por parte das grandes empresas para embarcarem no vagão do “consumo ético, sustentável e politicamente correto”. Hoje, as companhias não competem apenas umas com as outras por uma fatia maior do mercado — também competem para a exposição de suas “credenciais ativistas”.Trata-se de uma via de mão dupla.
Para além das perdas financeiras, o lado cruel do “capitalismo woke”torna as empresas reféns do escrutínio investigativo e do julgamento ininterrupto no tribunal ilusório da perfeição capitaneado pela esquerda. Ciente de seu poder de mobilização, com o palco das redes sociais sob seu domínio, a patrulha dos valores éticos e morais comanda o espetáculo entre “o bem e o mal” e dita as regras do jogo, conforme seus próprios interesses. Como preconiza o poema Versos Íntimos, de Augusto dos Anjos, “a mão que afaga é a mesma que apedreja”.
Atentas ao fervor pueril de uma juventude doutrinada por professores universitários de esquerda,cada vez mais empresas se rendem à cultura woke. Entrincheiradas nas fileiras de movimentos que lutam por “justiça, inclusão e tolerância”, essas companhias tentam garantir um lugar de destaque na disputada arena das redes sociais e atender às demandas do consumidor “progressista”, capitalizando a popularidade desses grupos sociais. A estratégia mercadológica, contudo, não tem dado muito certo, fortalecendo a tese segundo a qual “quem lacra não lucra”.
A varejista norte-americana Target, equivalente às Lojas Americanas no Brasil, é um exemplo disso. No fim do mês passado, a empresa teve prejuízo de cerca de US$ 10 bilhões (pouco mais de R$ 50 bilhões), depois de engajar-se em uma campanha polêmica: o lançamento da coleção Pride, com roupas LGBT+ e “ocultistas”, com imagens satânicas, voltadas para o público infantil.
A campanha publicitária gerou uma onda de revolta que terminou com uma enorme campanha de boicote à empresa. A indignação levou consumidores a vandalizar lojas da rede. Emparedada, a empresa se viu forçada a recuar da decisão.
Em poucos dias, a Target tirou das gôndolas todos os produtos que haviam incomodado seus clientes e repaginou a linha de artigos LGBT+. Entre os itens removidos pela empresa havia peças
como maiôs femininos “amigáveis”, que permitem às “mulheres trans” que
ainda não passaram por cirurgias ocultar as partes íntimas.A ideia da varejista era celebrar o “Mês do Orgulho Gay”.
A cerveja Bud Light, versão suave da Budweiser e a mais consumida nos Estados Unidos, sentiu no bolso quanto custa lacrar. A dona da marca, Anheuser-Busch, perdeu US$ 5 bilhões na bolsa (R$ 25 bilhões) no início de maio por causa do fracasso da ação com Dylan Mulvaney, digital influencer trans.
Consumidores se revoltaram com a peça publicitária divulgada na
internet, exibindo Dylan segurando latinhas com seu rosto. Para reverter
o prejuízo, a empresa colocou em circulação novas cervejas estampadas
com camuflagem militar, além de imagens do programa social Folds of Honor, que oferece bolsas de estudo para filhos e cônjuges de militares e socorristas mortos ou com invalidez.
Dois
meses antes, fora a vez da Hershey’s render-se ao politicamente
correto. O gigante dos chocolates escalou Fae Johnstone, também trans,
para a campanha do Dia Internacional da Mulher. “Podemos criar um mundo
em que todos tenham condições de viver em espaços públicos”, diz Fae, no
vídeo da empresa, ao exibir uma barra da companhia. Nas redes sociais,
internautas criticaram a escolha de Fae para o 8 de Março. Isso porque,
segundo essas críticas, a Hershey’s deveria escolher uma pessoa nascida
mulher, em vez de um homem biológico.
Embora não tenha perdido
tanto dinheiro como se imaginava com o boicote digital, a Hershey’s
pariu uma concorrente de peso voltada para o público conservador,
Jeremy’s Chocolate. Em uma semana, a nova marca vendeu 500 mil unidades
do produto. “Apresentando Jeremy’s Chocolate”, diz o anúncio que
viralizou nas redes sociais. “Sim, é real. Temos dois tipos: HeHim e SheHer.
Um deles tem nozes. Se você precisar que eu diga qual, continue
comprando Hershey’s. Mas, se você sabe o que é uma mulher e adora
chocolate, acesse o site ihatehersheys.com.” A palavra em inglês para
“nozes” é “nuts”, que também é usada como gíria para se referir aos testículos.
Lição ignorada Se tivessem visto o que ocorreu com a Balenciaga, em novembro do ano passado, talvez a Target, a Bud Light e a Hershey’s não avançassem o sinal. Naquele mês, a
marca espanhola de acessórios femininos usados por celebridades de
Hollywood divulgou uma campanha de Natal para lá de polêmica: crianças segurando ursos de pelúcia e apetrechos sadomasoquistas (coleiras, chaves, cadeados e algemas).
Ao redor dos pequenos, havia produtos vendidos pela grife. A foto que mais chamou a atenção mostra uma bolsa sobre uma pilha de papéis. Ao dar zoom em um dos documentos, é possível ler trechos do caso “Ashcroft contra a Coalizão de Liberdade de Expressão”.
Trata-se de uma decisão, de 2002, da Suprema Corte dos Estados Unidos,
segundo a qual nem todas as imagens sexualizadas de crianças devem ser
consideradas ilegais.
O
boicote à marca veio com tudo, unindo pessoas comuns e artistas. Vídeos
na internet mostraram famosos destruindo objetos da empresa. Algumas
unidades da Balenciaga também sofreram atos de vandalismo. “Pedimos
sinceras desculpas por qualquer ofensa que nossa campanha de férias
possa ter causado”, informou a Balenciaga, em nota, ao mencionar que a
campanha tinha a intenção de celebrar a infância de uma maneira mais
“descolada”. “Nossas pelúcias não deveriam ter sido apresentadas com
crianças. Removemos, imediatamente, a campanha de todas as plataformas.
Estamos tomando medidas legais contra as partes responsáveis por criar o
conjunto e incluir itens não aprovados para nossa sessão de fotos da
campanha.”
Como resultado, o diretor criativo da empresa e
responsável pelo escândalo, Demna Gvasalia, perdeu um prêmio que ganhara
semanas antes, e o próprio emprego. A campanha afetou também as contas
da marca. A Kering, holding que controla a Balenciaga e outras
grifes, já esperava queda de mais ou menos 2% nas vendas, em virtude da
situação econômica da China, mas registrou 7%. Internautas
compartilharam imagens de liquidações com descontos de até 70% em
produtos da marca, na tentativa de recuperar o dinheiro perdido com a
campanha infantil.
Além
da Balenciaga, outro exemplo notório a não ser seguido vem da Disney.
Desde 2016, a “lacração” parte das produções da empresa, com remakes
de filmes antigos e o lançamento de novas produções em uma roupagem
mais “progressista”. O apelo ideológico ganhou musculatura por
influência de Abigail Disney, uma das herdeiras do império. Neta do
cofundador Roy O. Disney, irmão de Walt, ela defendeu abertamente a
guinada da empresa à esquerda.
O gesto da Disney teve
consequências. A primeira delas veio do mundo político. O parque da
empresa fica em Orlando, na Flórida. Conservador, o Estado é governado
pelo republicano Ron DeSantis, que tem maioria nas duas Casas
legislativas. DeSantis conseguiu aprovar o fim do “status especial”
do parque. Esse benefício dava à Disney poderes para cobrar impostos,
construir estradas e controlar serviços públicos no território de seu
parque temático. Conhecido como Reedy Creek Improvement District, o
distrito foi criado em um acordo de 1967, entre o Estado e a direção da
Disney. Agora a empresa vai ter de pagar impostos ao governo estadual,
como qualquer outra.
Combustível para a lacração
Essas estratégias mercadológicas estão longe de ser uma onda de altruísmo de empresários bonzinhos. O woke capitalism
(“capitalismo acordado”) é um conceito que nasceu da necessidade de
reestruturar o “capitalismo selvagem”. Ele é patrocinado, sobretudo, por
metacapitalistas que controlam fundos de investimentos bilionários,
como o BlackRock (BR), patrono das pautas de enfrentamento às mudanças
climáticas. O BR distribui dinheiro para companhias que se adequam a
práticas politicamente corretas, e com o apoio de governos.
Para além das perdas financeiras, o lado cruel do “capitalismo woke”
torna as empresas reféns do escrutínio investigativo e do julgamento
ininterrupto no tribunal ilusório da perfeição capitaneado pela esquerda
“Muitos
governos se veem obrigados a aceitar toda essa agenda, porque, caso
contrário, as empresas e os fundos de investimentos deixam de trabalhar
em determinados países, afetando a economia local”, constatou o analista
político Paulo Henrique Araujo, autor do livro As Bases Revolucionárias da Política Moderna.
“Não há indícios de que o investimento em diversidade provoque o
aumento da produtividade ou criatividade da empresa”, acrescentou
Eduardo Matos, pesquisador e corroteirista do filme Nem Tudo se Desfaz, ao mencionar que não vê um futuro muito alvissareiro para empresas nesse caminho.
Em entrevista ao programa Linhas Cruzadas,
da TV Cultura, veiculado em 2021, o cientista político conservador João
Pereira Coutinho afirmou que há um enorme esforço por parte das grandes
empresas para embarcarem no vagão do “consumo ético, sustentável e
politicamente correto”. Hoje, as companhias não competem apenas umas com
as outras por uma fatia maior do mercado — também competem para a
exposição de suas “credenciais ativistas”.Trata-se de uma via de mão
dupla. Para além das perdas financeiras, o lado cruel do “capitalismo woke”
torna as empresas reféns do escrutínio investigativo e do julgamento
ininterrupto no tribunal ilusório da perfeição capitaneado pela
esquerda. Ciente de seu poder de mobilização, com o palco das redes
sociais sob seu domínio, a patrulha dos valores éticos e morais comanda o
espetáculo entre “o bem e o mal” e dita as regras do jogo, conforme
seus próprios interesses. Como preconiza o poema Versos Íntimos, de Augusto dos Anjos, “a mão que afaga é a mesma que apedreja”.
Tinha razão o poeta Augusto dos Anjos, “a mão que afaga é a mesma que
apedreja”, mas Paulo Guedes afaga para cima e apedreja para baixo
O doutor Paulo Guedes garantiu a sua presença nos anais da ciência
econômica:propôs a taxação dos desempregados para financiar um programa
de estímulo ao emprego. Não se conhece iniciativa igual no mundo, nos
séculos afora.
Pela proposta da ekipekonômica, os brasileiros que recebem o
seguro-desemprego, que vai de R$ 998 a R$ 1.735, pagarão de R$ 75 a R$
130 como contribuição previdenciária. O sujeito perdeu o emprego, não
tem outra renda, pede o benefício, que dura até cinco meses, e querem
mordê-lo em 7,5% do que é pouco mais que uma esmola.
Se isso fosse pouco, no mesmo pacote a ekipekonômika desonerou os
empregadores que aderirem ao programa do pagamento de sua cota
previdenciária de 20%. Tinha razão o poeta Augusto dos Anjos, “a mão que
afaga é a mesma que apedreja”, mas o doutor Paulo Guedes afaga para
cima e apedreja para baixo.
Tomar dinheiro dos miseráveis era coisa comum no tempo da escravidão. Em
1734, para combater “a ociosidade dos negros forros e dos vadios em
geral” a Coroa cobrava quatro oitavas de ouro a cada bípede livre que
vivia na região das minas. Em 1835 a Assembleia da Bahia tomava dez mil
réis de todos os negros libertos nascidos na África. Esse imposto rendia
um bom dinheiro, algo como 7,6% do orçamento da província. Eram tungas
de outra época.
No século XXI, a ekipekonômica de Guedes quer arrecadar R$ 11 bilhões em
cinco anos com argumentos mais refinados e cosmopolitas. Como o
programa de estímulo ao emprego (e à propaganda oficial) gera despesa,
deve-se indicar uma fonte de receita para custeá-lo. Sob o céu de anil
deste grande Brasil, os doutores miraram no bolso dos desempregados que
conseguem acesso ao seguro, um benefício restrito aos trabalhadores do
mercado formal. Em julho, 11,7 milhões de pessoas trabalhavam sem
carteira assinada.
O argumento dos doutores pode ser uma girafa social, mas parece
matematicamente correto. É intelectualmente desonesto porque o programa
de estímulo ao emprego dos jovens durará só até 2022, enquanto a tunga
do seguro dos desempregados ficará para sempre.
Há três semanas, neste espaço, Eremildo, o Idiota, propôs que, junto com
a discussão do fim dos incentivos à energia solar, se pensasse também
na cobrança de um imposto aos desempregados, pois eles usam os serviços
públicos e não contribuem para a caixa da Viúva.
Eremildo é um cretino assumido e se orgulha disso.
O Dossiê Bragança
No clima de feijoada da ascensão e queda do deputado Luiz Phillipe de
Orleans e Bragança no seu voo para vice na chapa de Jair Bolsonaro
surgiu uma nova vertente: nunca teria existido dossiê algum contra o
príncipe. O deputado e Bolsonaro já disseram que sua candidatura estava com os
papéis passados até que Gustavo Bebianno mostrou um dossiê que o
incriminava por comportamentos horizontais.
Até as 18h da véspera do prazo fatal para o registro da chapa, o capitão
estava fechado com o príncipe na vice. Bragança explodiu num telefonema
de Bolsonaro para Bebianno às 4h, da madrugada. Nele, o capitão teria
falado na existência de um dossiê e o deputado Julian Lemos, que estava
com Bebianno, é testemunha disso.
Não se sabe o que aconteceu entre o fim da tarde e a madrugada (na manhã
anterior, o príncipe chegou com duas horas de atraso para uma reunião
com o capitão).
Bolsonaro encontrou Bebianno no dia seguinte e, pela lembrança do
ex-ministro, não se voltou a falar do dossiê. Nem então, nem nunca mais.
Uma coisa é certa: fala-se nesse dossiê há mais de um ano, mas ninguém o viu.
(...) Sem chanceler
Se Bolsonaro tivesse um ministro das Relações Exteriores, os invasores
da embaixada da Venezuela teriam sido detidos em poucas horas e, no
mínimo, identificados numa delegacia de polícia.
Se Bolsonaro tivesse chanceler, durante a reunião com os colegas ele não seria servido de água por um militar fardado.