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sexta-feira, 9 de junho de 2023

O preço da lacração - Revista Oeste

Cristyan Costa

Empresas que deram guinada à esquerda sofrem com boicotes, vendas baixas e queda nos lucros

 

Foto: Montagem Revista Oeste/Redes Sociais/Shutterstock

Atentas ao fervor pueril de uma juventude doutrinada por professores universitários de esquerda, cada vez mais empresas se rendem à cultura woke. Entrincheiradas nas fileiras de movimentos que lutam por “justiça, inclusão e tolerância”, essas companhias tentam garantir um lugar de destaque na disputada arena das redes sociais e atender às demandas do consumidor “progressista”, capitalizando a popularidade desses grupos sociais. A estratégia mercadológica, contudo, não tem dado muito certo, fortalecendo a tese segundo a qual “quem lacra não lucra”.

A varejista norte-americana Target, equivalente às Lojas Americanas no Brasil, é um exemplo disso. No fim do mês passado, a empresa teve prejuízo de cerca de US$ 10 bilhões (pouco mais de R$ 50 bilhões), depois de engajar-se em uma campanha polêmica: o lançamento da coleção Pride, com roupas LGBT+ e “ocultistas”, com imagens satânicas, voltadas para o público infantil.

A campanha publicitária gerou uma onda de revolta que terminou com uma enorme campanha de boicote à empresa. A indignação levou consumidores a vandalizar lojas da rede. Emparedada, a empresa se viu forçada a recuar da decisão.

Em poucos dias, a Target tirou das gôndolas todos os produtos que haviam incomodado seus clientes e repaginou a linha de artigos LGBT+. Entre os itens removidos pela empresa havia peças como maiôs femininos “amigáveis”, que permitem às “mulheres trans” que ainda não passaram por cirurgias ocultar as partes íntimas. A ideia da varejista era celebrar o “Mês do Orgulho Gay”.

A cerveja Bud Light, versão suave da Budweiser e a mais consumida nos Estados Unidos, sentiu no bolso quanto custa lacrar. A dona da marca, Anheuser-Busch, perdeu US$ 5 bilhões na bolsa (R$ 25 bilhões) no início de maio por causa do fracasso da ação com Dylan Mulvaney, digital influencer trans. Consumidores se revoltaram com a peça publicitária divulgada na internet, exibindo Dylan segurando latinhas com seu rosto. Para reverter o prejuízo, a empresa colocou em circulação novas cervejas estampadas com camuflagem militar, além de imagens do programa social Folds of Honor, que oferece bolsas de estudo para filhos e cônjuges de militares e socorristas mortos ou com invalidez.

Dois meses antes, fora a vez da Hershey’s render-se ao politicamente correto. O gigante dos chocolates escalou Fae Johnstone, também trans, para a campanha do Dia Internacional da Mulher. “Podemos criar um mundo em que todos tenham condições de viver em espaços públicos”, diz Fae, no vídeo da empresa, ao exibir uma barra da companhia. Nas redes sociais, internautas criticaram a escolha de Fae para o 8 de Março. Isso porque, segundo essas críticas, a Hershey’s deveria escolher uma pessoa nascida mulher, em vez de um homem biológico.

Embora não tenha perdido tanto dinheiro como se imaginava com o boicote digital, a Hershey’s pariu uma concorrente de peso voltada para o público conservador, Jeremy’s Chocolate
Em uma semana, a nova marca vendeu 500 mil unidades do produto. “Apresentando Jeremy’s Chocolate”, diz o anúncio que viralizou nas redes sociais. “Sim, é real. Temos dois tipos: HeHim e SheHer. Um deles tem nozes. Se você precisar que eu diga qual, continue comprando Hershey’s. Mas, se você sabe o que é uma mulher e adora chocolate, acesse o site ihatehersheys.com. A palavra em inglês para “nozes” é “nuts”, que também é usada como gíria para se referir aos testículos. 
 
Lição ignorada
Se tivessem visto o que ocorreu com a Balenciaga, em novembro do ano passado, talvez a Target, a Bud Light e a Hershey’s não avançassem o sinal. 
Naquele mês, a marca espanhola de acessórios femininos usados por celebridades de Hollywood divulgou uma campanha de Natal para lá de polêmica: crianças segurando ursos de pelúcia e apetrechos sadomasoquistas (coleiras, chaves, cadeados e algemas).

Ao redor dos pequenos, havia produtos vendidos pela grife. A foto que mais chamou a atenção mostra uma bolsa sobre uma pilha de papéis. Ao dar zoom em um dos documentos, é possível ler trechos do caso “Ashcroft contra a Coalizão de Liberdade de Expressão”. Trata-se de uma decisão, de 2002, da Suprema Corte dos Estados Unidos, segundo a qual nem todas as imagens sexualizadas de crianças devem ser consideradas ilegais

O boicote à marca veio com tudo, unindo pessoas comuns e artistas. Vídeos na internet mostraram famosos destruindo objetos da empresa. Algumas unidades da Balenciaga também sofreram atos de vandalismo. “Pedimos sinceras desculpas por qualquer ofensa que nossa campanha de férias possa ter causado”, informou a Balenciaga, em nota, ao mencionar que a campanha tinha a intenção de celebrar a infância de uma maneira mais “descolada”. “Nossas pelúcias não deveriam ter sido apresentadas com crianças. Removemos, imediatamente, a campanha de todas as plataformas. Estamos tomando medidas legais contra as partes responsáveis por criar o conjunto e incluir itens não aprovados para nossa sessão de fotos da campanha.”

Como resultado, o diretor criativo da empresa e responsável pelo escândalo, Demna Gvasalia, perdeu um prêmio que ganhara semanas antes, e o próprio emprego. A campanha afetou também as contas da marca. A Kering, holding que controla a Balenciaga e outras grifes, já esperava queda de mais ou menos 2% nas vendas, em virtude da situação econômica da China, mas registrou 7%. Internautas compartilharam imagens de liquidações com descontos de até 70% em produtos da marca, na tentativa de recuperar o dinheiro perdido com a campanha infantil.

Além da Balenciaga, outro exemplo notório a não ser seguido vem da Disney. Desde 2016, a “lacração” parte das produções da empresa, com remakes de filmes antigos e o lançamento de novas produções em uma roupagem mais “progressista”. 
 O apelo ideológico ganhou musculatura por influência de Abigail Disney, uma das herdeiras do império. 
Neta do cofundador Roy O. Disney, irmão de Walt, ela defendeu abertamente a guinada da empresa à esquerda.


O gesto da Disney teve consequências. A primeira delas veio do mundo político. O parque da empresa fica em Orlando, na Flórida. Conservador, o Estado é governado pelo republicano Ron DeSantis, que tem maioria nas duas Casas legislativas. DeSantis conseguiu aprovar o fim do “status especial” do parque. Esse benefício dava à Disney poderes para cobrar impostos, construir estradas e controlar serviços públicos no território de seu parque temático. Conhecido como Reedy Creek Improvement District, o distrito foi criado em um acordo de 1967, entre o Estado e a direção da Disney. Agora a empresa vai ter de pagar impostos ao governo estadual, como qualquer outra.

Essas estratégias mercadológicas estão longe de ser uma onda de altruísmo de empresários bonzinhos. O woke capitalism (“capitalismo acordado”) é um conceito que nasceu da necessidade de reestruturar o “capitalismo selvagem”. Ele é patrocinado, sobretudo, por metacapitalistas que controlam fundos de investimentos bilionários, como o BlackRock (BR), patrono das pautas de enfrentamento às mudanças climáticas. O BR distribui dinheiro para companhias que se adequam a práticas politicamente corretas, e com o apoio de governos.

Para além das perdas financeiras, o lado cruel do “capitalismo woke” torna as empresas reféns do escrutínio investigativo e do julgamento ininterrupto no tribunal ilusório da perfeição capitaneado pela esquerda “Muitos governos se veem obrigados a aceitar toda essa agenda, porque, caso contrário, as empresas e os fundos de investimentos deixam de trabalhar em determinados países, afetando a economia local”, constatou o analista político Paulo Henrique Araujo, autor do livro As Bases Revolucionárias da Política Moderna. “Não há indícios de que o investimento em diversidade provoque o aumento da produtividade ou criatividade da empresa”, acrescentou Eduardo Matos, pesquisador e corroteirista do filme Nem Tudo se Desfaz, ao mencionar que não vê um futuro muito alvissareiro para empresas nesse caminho.

Em entrevista ao programa Linhas Cruzadas, da TV Cultura, veiculado em 2021, o cientista político conservador João Pereira Coutinho afirmou que há um enorme esforço por parte das grandes empresas para embarcarem no vagão do “consumo ético, sustentável e politicamente correto”. Hoje, as companhias não competem apenas umas com as outras por uma fatia maior do mercado — também competem para a exposição de suas “credenciais ativistas”.Trata-se de uma via de mão dupla. 

Para além das perdas financeiras, o lado cruel do “capitalismo woke” torna as empresas reféns do escrutínio investigativo e do julgamento ininterrupto no tribunal ilusório da perfeição capitaneado pela esquerda. Ciente de seu poder de mobilização, com o palco das redes sociais sob seu domínio, a patrulha dos valores éticos e morais comanda o espetáculo entre “o bem e o mal” e dita as regras do jogo, conforme seus próprios interesses. Como preconiza o poema Versos Íntimos, de Augusto dos Anjos, a mão que afaga é a mesma que apedreja”.

Leia também Por que a OMS está sexualizando as crianças?”

 

 

terça-feira, 9 de maio de 2023

Até onde vai a “coragem” de Alexandre de Moraes - Francisco Escorsim

VOZES - Gazeta do Povo


Da censura ao golpe - Até onde vai a “coragem” de Alexandre de Moraes?

Fazia tempo que não perdia meu tempo acompanhando o varejo da política. Não fosse a relevância do tal PL da Censura, teria permanecido a média distância, arrumando meus meiões, tal como Roberto Carlos na eliminação do Brasil para a França na Copa de 2006.

O problema nem é, com isso, acabar descobrindo a existência de figuras como o deputado Paulo Fernando dos Santos, mas ser tragado pelo multiverso da loucura reinante. Quando dei por mim, estava assistindo até a live do MBL durante a discussão no plenário da Câmara. Como todo ex-viciado, basta tomar um gole para transformá-lo num engradado. Triste.

Enfim, acordei no Twitter, claro, para acompanhar a repercussão do adiamento da votação do tal PL, mas veio a operação policial de busca e apreensão na casa de Jair Bolsonaro e aí precisei ficar para a saideira sem fim. Quando dei por mim de novo, era noite e lá estava eu assistindo a outra votação na Câmara, com mais uma derrota para o governo, agora com a manutenção do Marco do Saneamento alterado por decreto pelo ex-presidiário e presidente em exercício.

    A questão da regulação da censura nas redes sociais não é uma questão de se acontecerá, mas de quando, infelizmente

(Melhor escrever logo essa coluna antes que a quinta-feira avance e eu acabe ajudando a subir alguma hashtag.)

Até entendo a alegria da oposição com o adiamento da votação do PL da Censura, mas a mim parece mais como um quase gol na semifinal da Copa de 2014 quando a Alemanha já tinha feito sete. 
A questão da regulação da censura nas redes sociais não é uma questão de se acontecerá, mas de quando, infelizmente. E, se o Marco do Saneamento for mantido de fato (ainda falta passar pelo Senado), será como o gol de Oscar aos 45 minutos do segundo tempo.

Falando nisso, pelo visto Jair Bolsonaro não conseguirá sair dessa vibe David Luiz na eliminação de 2014. Assisti à entrevista dele ao programa Pânico, no dia em que a Polícia Federal apreendeu seu celular, e lá foi ele chorar emocionado, derrotado e impotente. Ou seja, continua sendo o símbolo perfeito para a direita nascida em 2013, plena da simplicidade das pombas, mas carente de toda a prudência das serpentes.

(Aliás, acredito mesmo que isso explica a ingenuidade da imensa maioria dos que acamparam em frente a quartéis do Exército implorando, na prática, por um golpe de Estado, sem saber que era isso que faziam.)
Veja Também:

    A Nova Direita: do divã à sala de aula

    Como as democracias renascem?

    O TSE e o Ursinho Pooh

Dos poucos intelectuais de direita no país
, Eduardo Matos de Alencar tem sido das mentes mais lúcidas a observar, compreender e expressar o que vem acontecendo. Em seu Twitter, postou: “O Bolsonaro podia ter encarnado vários papéis durante sua trajetória política. No final, terminou incorporado no de vítima impotente de um sistema político monstruoso, que perdeu qualquer aparência de democracia e só vai parar de triturar gente quando for confrontado pelo povo”. Em tão pouco, disse muito, se não tudo.

E chega no Twitter a notícia de que no celular do tal coronel Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, havia conversas no WhatsApp com não sei quem sobre golpe de Estado
Como o ministro Alexandre de Moraes determinou a busca e apreensão do celular de Jair Bolsonaro considerando inverossímil que ele não soubesse das supostas fraudes no registro do sistema de vacinação que teriam sido cometidas por seu ajudante de ordens, pela mesma lógica... 
Vai mandar prender generais do Exército, ministro?

Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos

Francisco Escorsim, colunista - Gazeta do Povo - VOZES

domingo, 29 de novembro de 2020

Luz amarela nos preços - Notas & Informações

O Estado de S. Paulo

Governo deveria dar atenção à inflação disseminada e aos preços por atacado

O Brasil estará no pior dos mundos, ou perto disso, se o governo tiver de cuidar ao mesmo tempo do buraco nas contas públicas, ampliado na crise de 2020, e de uma inflação mais intensa que a dos últimos anos. As famílias já foram assombradas nos últimos meses por preços em alta mais acelerada. As projeções para este e para os próximos dois anos continuam, no entanto, compatíveis com as metas oficiais. Mas o ministro da Economia deveria levar em conta alguns sinais de alerta. Estão acesas pelo menos duas luzes amarelas e nenhuma delas é pouco relevante. 

Um dos sinais aponta para a amplitude das pressões. A prévia de inflação de novembro, o IPCA-15, veio com alta de 0,81%, a mais forte para o mês desde 2015, quando a variação chegou a 0,85%. Mas o dado mais inquietante é a difusão dos aumentos. Com variação de 2,16% em quatro semanas, o custo da alimentação continuou liderando as altas, mas houve remarcações em todos os grandes grupos de produtos. Além disso, o indicador geral subiu em todas as capitais e áreas metropolitanas cobertas pela pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Não se trata, portanto, de uma inflação de alimentos nem de um desajuste localizado em algumas áreas.

No ano o IPCA-15 subiu 3,13%. A alta chegou a 4,22% em 12 meses. Essa taxa está pouco acima do centro da meta oficial de 2020 (4%). Se no fim do ano estiver abaixo desse ponto central, o IPCA deverá estar provavelmente muito próximo.Outro alerta importante mostra pressões ainda represadas. Os preços por atacado medidos pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) subiram 4,86% em outubro. Em setembro haviam aumentado 4,38%. A alta passou de 6,77% para 6,78% no caso das matérias-primas brutas e de 3,21% para 4,43% no dos bens intermediários. As maiores variações ainda foram dos bens de origem agropecuária, mas a inflação no atacado atinge também as outras categorias.

Os preços têm subido, no entanto, bem menos rapidamente no varejo que no atacado. A diferença é mostrada no próprio Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M) da FGV. Em outubro, a inflação para o consumidor ficou em 0,65%, abaixo da registrada em setembro (0,82%). Esses números confirmaram, mais uma vez, um forte represamento. As empresas continuam com dificuldade para repassar os aumentos ao varejo, mas, ainda assim, as pressões têm chegado ao comprador final. Chegarão mais facilmente se as famílias tiverem algum reforço financeiro e puderem ir às compras com um pouco menos de restrições.

A inflação do atacado aparece também no Índice de Preços ao Produtor calculado pelo IBGE. Em outubro os preços da indústria, sem impostos e sem frete, subiram 3,40%, na maior alta da série iniciada em janeiro de 2014. Haviam subido em setembro 2,34%. No ano a alta chegou a 17,29%. Em 12 meses alcançou 19,08%. Os produtos das indústrias extrativas encareceram 9,71% em outubro e 50,31% em dez meses. Nas indústrias de transformação os preços aumentaram 3,04% no mês e 15,73% em 2020.

A inflação do atacado é mais grave no Brasil que na maior parte dos outros países, segundo estudo de Andrea Damico, economista-chefe da gestora de investimentos Armor Capital. Um exame baseado em preços ao produtor de 82 países, com dados até setembro, mostrou o Brasil em segundo lugar, só atrás da Argentina, entre os países com maiores altas. No Brasil, em 12 meses, a variação chegou a 31,05%, de acordo com o índice da FGV. Na Argentina a alta foi de 39,20%. Apenas cinco países aparecem com altas superiores a 10% nesse período.

A economista ressalta, no exame da situação brasileira, três fatores: a alta do dólar, a valorização global das commodities e o aumento da demanda interna propiciado pelo auxílio emergencial. [para reduzir um dos fatores diminuindo, ainda que pouco, a alta dos preços teremos que aceitar o absurdo dos mais necessitados passarem fome e assim reduzir a demanda interna.] A insegurança quanto às contas públicas é parte desse quadro. Vários analistas têm apontado a incerteza fiscal como um dos fatores de pressão cambial, além, é claro, da reação de investidores à devastadora política antiambiental do presidente Jair Bolsonaro.[incluir como causa a política do meio ambiente adotada pelo Brasil nos lembra a inclusão de Pilatos no Credo; 

alguma utilidade que os ambientalistas de plantão podem vir a ter - tanto os que estão ao serviço de Ong's compradas, quanto os especialistas em nada e os que estão ao serviço de governos estrangeiros (que destruíram as florestas do seus países e agora querem preservar as nossas) - será quando aceitarem  que um boicote dos produtos brasileiros reduzirá os preços internos.]

Notas & Informações - O Estado de S. Paulo


sábado, 14 de novembro de 2020

Primeira etapa, recessão vencida – O Estado de S. Paulo

Opinião

Banco Central confirma o fim da recessão, mas cenário de 2021 continua obscuro.

O Brasil saiu da recessão e a atividade cresceu 9,47% do segundo para o terceiro trimestre, segundo o Banco Central (BC). Esse crescimento foi insuficiente, no entanto, para anular a queda trimestral no período abril-junho (cerca de 10,1%). Com avanço de 1,29% em setembro, a economia completou cinco meses de recuperação, mas sem voltar ao nível de fevereiro, anterior aos grandes danos causados pela pandemia. Já apontado por números da indústria, dos serviços e do varejo, o cenário de retomada geral fica mais claro com a nova edição do Índice de Atividade Econômica do BC (IBC-Br). Esse indicador, um sinalizador de tendência, é também conhecido como prévia do PIB, o Produto Interno Bruto.

O PIB do terceiro trimestre será informado em 3 de dezembro pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Será possível, então, saber com maior precisão como evoluíram as atividades produtivas, o consumo, o investimento em máquinas, equipamentos e obras, as trocas externas e as ações do setor público. Mas já se pode ter uma boa ideia do desempenho econômico recente e sondar o cenário provável neste fim de ano.

A forte retomada inicial e a perda gradual de impulso, depois de junho, são bem retratadas na série do IBC-Br. Em maio o indicador subiu 1,67%. Em junho, 5,38%. A partir daí as taxas mensais declinaram até atingir 1,29% em setembro. [não ficaram negativas, nem zeraram, permaneceram positivas, reduzindo apenas o ritmo - afinal o Brasil atravessou uma pandemia =  com mais de 150.000 mortes = ou quando é para criticar,  aceitam classificar a pandemia como uma gripezinha?] Movimento semelhante foi visto nos dados setoriais publicados mensalmente pelo IBGE.

Depois de forte reação inicial, indústria e varejo passaram a avançar mais lentamente, numa trajetória descrita como acomodação normal por técnicos da instituição. No caso dos serviços, a recuperação, iniciada só em junho, teve evolução diferente, mas também com sensível desaceleração em setembro.

Os números de outubro a dezembro devem mostrar sinais positivos próprios dessa época. Já se percebe um aumento sazonal do emprego, normalmente revertido em janeiro. Tem sido rotineira a preservação, no começo de cada ano, de uma pequena fração dos empregos criados na fase de expansão temporária. Mas é difícil dizer se isso ocorrerá no começo de 2021. Quando as vendas são boas na época de festas, há em seguida um movimento normal de recomposição de estoques. Isso atenua a redução de empregos, mas o cenário depois dos foguetes de fim de ano parece especialmente nebuloso.

Com a redução do auxílio emergencial, o poder de consumo de dezenas de milhões de famílias fica severamente diminuído nos meses finais de 2020. Quem continua empregado pode contar com o 13.º salário para reforçar, embora modestamente, sua capacidade de compra. Segundo alguns analistas, a poupança realizada na fase de isolamento por famílias de renda média e renda média alta poderá ser gasta, pelo menos em parte, neste fim de ano. Outra parte do dinheiro poderá voltar ao mercado em 2021.

Mas a disposição de gastar pode ser afetada pelas expectativas de emprego e de renda. Em outubro caiu, depois de cinco meses de alta, o Índice de Confiança do Consumidor medido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). O consumidor de menor renda se manteve como o menos confiante, mas houve retrocesso em todos os níveis econômicos. Pioraram as expectativas em relação às finanças familiares e voltou a recuar a intenção de compra de bens duráveis. A insegurança sobre a evolução da pandemia foi apontada como um dos fatores de inquietação.

Outra pesquisa mensal da FGV mostrou elevação do Indicador de Incerteza da Economia. Essa piora apareceu na prévia do índice de novembro, depois de seis meses de evolução favorável. A mudança, nesse caso, reflete a combinação de vários fatores, com destaque para as dúvidas sobre as contas públicas neste ano e no próximo e sobre os efeitos econômicos de uma nova onda de covid-19. O risco de uma segunda onda também no Brasil agrava as preocupações sobre o futuro, ainda muito indefinido, das finanças governamentais. A contenção do vírus é tão incerta, hoje, quanto o compromisso do governo com a responsabilidade fiscal.

Opinião - O Estado de S. Paulo

 

quinta-feira, 9 de julho de 2020

Com apoio de estímulos, varejo ressuscita as vendas – Editorial - Valor Econômico

A reação inicial das atividades, em especial do comércio, indica que o tecido econômico pode não ter se dilacerado tanto quanto se temia

O varejo deu um salto em maio, após o feio tombo de abril. Escorado por medidas de apoio à renda e ao crédito, o comércio cresceu 13,9% em relação ao mês anterior no sentido restrito e 19,6% no amplo (inclui veículos, motos e material de construção), atingindo todos os ramos. A reação da indústria, que cresceu 7% no mesmo mês, deixou de fora três Estados. O resultado do varejo foi muito mais forte que o esperado, mas sua continuidade dependerá da renda dos consumidores, após o fim dos auxílios e benefícios de emergência. O comércio, praticamente parado antes, consumiu estoques, o que poderia puxar o desempenho da indústria mais à frente, se os índices continuarem positivos.

Com graus diversos de reabertura, após o isolamento social forte de abril, o impacto negativo da covid-19 nos negócios foi menor. O número de empresas varejistas que assinalaram a pandemia como restrição recuou praticamente ao nível de março - 43,4% da amostra do IBGE- após ter subido a 63,1% em abril. O índice de difusão do crescimento, segundo o IBGE, foi semelhante ao observado em dezembro de 2019 para o varejo restrito e ao de outubro do ano passado, para o ampliado. O IBGE mediu também o impacto das justificativas das empresas para a queda do varejo em relação ao mesmo mês de 2019. A pandemia motivou 6,6 pontos percentuais da queda de 7,2% do comércio restrito em relação a maio do ano passado, e de 5,8 pontos percentuais dos -14,9% do comércio ampliado.


O apoio à renda e ao crédito, com repactuações de dívidas que protelaram desembolsos imediatos, impulsionou o consumo dos típicos bens de salário, que apresentaram as maiores altas. Tecidos, vestuário e calçados, que registraram quedas abissais de 42,2% em março e 69% em abril (em relação ao mesmo mês de 2019), tiveram aumento de vendas de 100%. Móveis e eletrodomésticos avançaram 47,5%. Na mesma base de comparação, a venda de veículos avançou 51,7% e 22,2% na de materiais de construção.

Dessa forma, com todo o estrago causado pela pandemia, com números superlativos na queda e na retomada, o comércio varejista recuou 0,6% no ano e cresceu 2,7% em doze meses até maio. Hipermercados, supermercados, alimentos e bebidas avançaram 11% no ano e 7,5% no ano. Esses segmentos foram os menos atingidos, ao lado (com menos vigor) do de artigos farmacêuticos e perfumaria. O varejo ampliado ainda mostra recuo de 5,4% no ano e avanço de 1,4% em doze meses. As medidas de proteção social tiveram um impacto decisivo no resultado, embora tenham prazo para acabar. No caso dos que perderam o emprego na pandemia, uma injeção de recursos de R$ 52 bilhões durante três meses correspondeu a três vezes mais que a liberação dos saques do FGTS no governo Temer e cerca de 4,5 vezes os permitidos já no governo Bolsonaro.
Ou foi 35% maior que ambos somados. A grosso modo, incluindo o benefício emergencial para os que tiveram contrato de trabalho suspenso ou jornada reduzida, a rede de apoio oficial bancou mais de 25% da folha salarial total mensal do setor privado no último trimestre. A maior parte do dinheiro foi para os mais pobres, que gastam o que recebem.

O apoio ao crédito e à liquidez teve peso mais relevante, como esperado, para as empresas do que para as pessoas físicas. Ainda assim, um contingente razoável de consumidores não tiveram que pagar dívidas e se descapitalizar em um momento agudo da crise. Mas as repactuações com os bancos foram na maioria voltadas às pessoas físicas (58% do total de R$ 702,4 bilhões em valor das operações prorrogadas), segundo apresentação do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, feita ontem. Entre novas contratações e renovações de crédito, as pessoas físicas tomaram mais R$ 210 bilhões.

Os estímulos - da ajuda a Estados e municípios à redução de compulsórios bancários e rede de proteção - somam 7,3% do PIB, segundo o BC, algo acima dos 6,8% do PIB da média dos emergentes. Pelos resultados, foi dinheiro bem gasto, na hora certa, mas será retirado da economia em breve. A reação inicial das atividades, em especial do comércio, indica que o tecido econômico pode não ter se dilacerado tanto quanto se temia. Um julgamento definitivo será possível quando os estímulos cessarem. Os números estarrecedores do desemprego aparecerão com toda a força, em um ambiente em que o coronavírus ainda estará à espreita. Já será um grande alívio se o PIB não cair os 6,5% previstos. 

Editorial - Valor Econômico


História que os números contam - Míriam Leitão

O Globo

É cedo para indicar recuperação

Os números da economia já divulgados sobre o mês de maio vieram melhores do que o esperado e devem ser comemorados. Mas ainda é cedo para indicar que o país terá uma recuperação sustentada, porque os indicadores estão sendo turbinados pelas políticas de estímulo do governo, que têm prazo de validade para acabar. O próximo dado será sobre o setor de serviços, e a impressão dos economistas é que com esses números eles vão rever a projeção da queda do PIB no segundo trimestre, reduzindo a dimensão do tombo em relação ao inicialmente previsto.

Ontem saiu uma coleção de indicadores. Além dos dados do varejo, as informações da safra e da produção industrial por região. A colheita de junho permitiu rever para cima a estimativa agrícola em 2,5%. A produção industrial, conforme dado divulgado na semana passada, subiu 7% em maio, e a informação de ontem do IBGE foi de que ela subiu em 12 das 15 regiões pesquisadas. No Paraná, a alta chegou a 24%. Houve três estados em que caíram, o pior deles foi o Espírito Santo, -7,8%.

Cada número tem o seu avesso, principalmente neste momento em que o país está atravessando uma estrada cheia de altos e baixos. Então o crescimento de quase 14% do varejo de maio sobre abril só pode ser entendido se for completado com o fato de que comparado a maio do ano passado a queda foi de 7,2%. No varejo ampliado, em que entram os carros e material de construção, a alta foi de 19,6%, mas ficou 14,9% menor do que no mesmo mês de 2019. Houve saltos enormes, como nas vendas de tecidos, vestuário e calçados, que aumentaram 100% em maio na comparação com abril, mas quando comparadas a maio do ano passado a redução é de 62%.

A história que todos esses números contam é que ainda é temporada de dados desencontrados. O país está longe de poder comemorar a retomada das atividades, porque a pandemia ainda não foi controlada e isso vai afetar diversos setores, especialmente os serviços. Mas ao fim e ao cabo este será um ano da maior recessão da nossa história. No meio do caminho, vamos ter números negativos e positivos. Às vezes ao mesmo tempo, como em maio: é a maior alta em um mês sobre mês anterior da série, mas no ano o acumulado negativo aumentou de 3,1% para 3,9%. Estamos neste momento olhando pelo espelho retrovisor os números do pior trimestre. E pelo visto até agora quem imaginava uma queda de dois dígitos do PIB trimestral está atenuando a dimensão desse encolhimento, que, contudo, será muito forte. 

[sem pretensões de economista: qualquer comparação com períodos anteriores à pandemia será sempre negativo.
Os números de um mês precisam ser comparados sempre com o do mês anterior - fazer de forma diversa, vai sempre parecer interesse em  manipular os números.]


Os próximos meses trarão números contraditórios. Teme-se, por exemplo, o que acontecerá no mercado de trabalho. O governo costuma dizer que poupou 10 milhões de empregos, mas na verdade as medidas que reduziram o salário e a jornada, ou suspenderam o contrato, evitaram sim muitas demissões, mas temporariamente. A ideia é que fossem uma ponte para um momento de economia mais forte. Só que as políticas de crédito para manter as empresas com capital de giro ou com capacidade de retomar as atividades estão falhando, em grande parte, e esse é o maior risco que a economia real enfrenta neste momento.

O auxílio emergencial salvou o orçamento de milhões de famílias e explica parte da alta das vendas de maio. Já houve esse mesmo fenômeno, com dimensões menores, quando o governo liberou saques do FGTS. A atividade mostrou sinais de reação, mas depois perdeu potência. A grande dificuldade desta crise é que todos os entes da economia, família, empresas e as três esferas de governo, sairão muito endividados. Por isso, é cedo para dizer que o pior momento da recessão já passou.

O Iedi apontou que o comércio está 7,3% abaixo do nível de fevereiro, antes do início da pandemia. No conceito ampliado, a diferença é de -15,1%. O banco UBS avisou que vai melhorar a projeção para o PIB do segundo trimestre, mas de -13,5% para -11,5%. Ou seja, o recuo ainda permanecerá muito forte. E no terceiro trimestre espera-se uma recuperação parcial, em torno de 5%. A história que os números contam é que a economia entrou em queda livre em abril, recuperou-se um pouco em maio, mas ainda está muito atrás de onde estava antes da crise. E a atividade já não estava bem. Conta também que a injeção dos recursos do auxílio emergencial, e outros benefícios que foram liberados, ajudaram as famílias e o consumo.

Míriam Leitão, colunista - Com Alvaro Gribel, de São Paulo - O Globo