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sábado, 21 de setembro de 2019

Lula livre - Demétrio Magnoli

Folha de S. Paulo

Não por ele ou pelo PT, mas em defesa de um precioso bem público: o Estado de Direito

[pergunta boba, mas, pertinente: Que 'estado de direito' é este?  que entre as várias coisas que impõe se destaca o respeito irrestrito a Constituição, se para manter tal 'estado' se viola a Constituição que determina que prova ilícitas não serão anexadas ao processo (o que não está no processo não existe no mundo.

Provas que também não foram devidamente periciadas para confirmação de sua autenticidade.]

O STF examinará, logo mais, as condenações impostas a Lula. Hoje sabemos, graças à Vaza Jato, que os processos tinham cartas marcadas. O conluio entre Estado-julgador e Estado-acusador violou as leis que regulam o funcionamento do sistema de Justiça. A corte suprema tem o dever de preservar o Estado de Direito, declarando a nulidade dos julgamentos e colocando o ex-presidente em liberdade.
Lula livre. Evito adicionar o clássico ponto de exclamação porque, sob a minha ótica, Lula é politicamente responsável pela orgia de corrupção que se desenrolou na Petrobras.

A corrupção lulopetista nasce de uma tese política elaborada, em versões paralelas, por José Dirceu e Luiz Gushiken. O PT, no poder, deveria modernizar o capitalismo brasileiro, encampando o programa que uma “burguesia nacional” submissa ao “imperialismo” recusava-se a conduzir. Lula converteu a tese em estratégia, articulando a aliança entre empresas estatais, fundos de pensão e setores do alto empresariado privado que reativaria nosso capitalismo de Estado. Numa segunda volta do parafuso, parte da renda gerada pelo mecanismo financiaria o projeto de poder, assegurando ao lulopetismo uma maioria parlamentar estável e a hegemonia perene na arena eleitoral.

O mecanismo corrupto provocou uma erosão nos alicerces da democracia. Lula e o PT devem ser julgados por isso, mas no tribunal certo, que é o das urnas. Não creio em bruxas. Do Planalto, Lula avalizou pessoalmente a colonização de diretorias da Petrobras por agentes do PT, do PMDB e do PP que aplicaram as regras do jogo da corrupção, distribuindo contratos ao cartel de empreiteiras e cobrando propinas destinadas tanto a seus amos políticos quanto a formar patrimônios próprios.

A promiscuidade entre o presidente e as empreiteiras estendeu-se para além das fronteiras nacionais, gerando contratos corruptos, financiados pelo BNDES, com governantes amigos na América Latina e na África. Lula beneficiou-se diretamente do mecanismo, por meio de palestras no exterior patrocinadas pelas empreiteiras. Nelas, um ex-presidente que detinha a palavra final no governo da sucessora traficava influência, trocando seus bons ofícios por remunerações milionárias. Segundo minha convicção, o tribunal dos eleitores não cobre toda a responsabilidade de Lula. Acho que ele deve responder perante a lei por uma cadeia de atos de corrupção que lhe propiciaram benefícios políticos e materiais. Mas, felizmente, [sic]  na esfera jurídica, o que eu penso —e o que você, leitor, pensa— não tem valor nenhum. No Estado de Direito democrático, juízes independentes ignoram o “clamor popular”, escrevendo sentenças embasadas na lei e informadas por um processo delimitado por formalidades que protegem os direitos do réu. Fora disso, ingressamos no mundo da Justiça politizada, que é o de Putin, Erdogan e Maduro.

Sergio Moro agiu como juiz de instrução italiano, uma espécie de coordenador dos procuradores —mas no Brasil, onde inexiste essa figura, não na Itália, onde um juiz diferente profere a sentença. Batman e Robin. Moro e Dallagnol, comparsas, esculpiram juntos cada passo do processo, nos tabuleiros judicial e midiático. No Partido dos Procuradores, milita também a juíza Gabriela Hardt, que copiou a sentença de Moro para fabricar a do sítio —e que, num trecho original de sua peça plagiária, trata José Aldemário Pinheiro e Leo Pinheiro, nome e apelido da testemunha-chave, como pessoas distintas.

Batman, Robin e cia merecem sentar no banco dos réus sob a acusação de fraudar o sistema de Justiça. Lula livre, não por ele ou pelo PT, mas em defesa de um precioso bem público, de todos nós, ao qual tantos brasileiros pobres precisam ter acesso: o Estado de Direito. Que o ex-presidente seja processado novamente, segundo os ritos legais, e julgado por magistrados sem partido.

Demétrio Magnoli, sociólogo, artigo publicado na Folha de S. Paulo
 
 

quinta-feira, 11 de outubro de 2018

As “pesquinóquias” e a petelândia falsificada

Não há condições políticas, nem um milagre infernal e muito menos uma fraude eleitoral descarada para impedir que Jair Bolsonaro confirme sua vitória arrasadora do 1º turno na eleição presidencial em 2º turno. Também não adianta a mentirosa transformação camaleônica da petelândia e muito menos a manipulação das “pesquinóquias” (royalties para o sábio William Bull, do Movimento Avança Brasil, pela designação das pesquisas eleitoreiras que sempre erram). Jair Bolsonaro será o próximo Presidente do Brasil, mesmo pintado falsamente de “fascista” na mídia internacional.

A campanha se transforma em uma grande brincadeira. O fake está tão em alta que até o candidato petista é falso (todo mundo sabe que o verdadeiro está preso em Curitiba). A petelândia só não precisava exagerar tanto na falsificação. É patético ver um Haddad paz e amor. Daqui a pouco, Haddad vai roubar o slogan “Brasil Acima de Tudo e Deus acima de todos”. Tudo é possível um partido estelionatário que já afanou o slogan “A Força do Povo”, que originalmente era do Leonel Brizola.

Haddad já desistiu da constituinte e agora vem com a mentirinha de combater a insegurança pública usando a Polícia Federal. Ele só exagera quando finge que se descola do chefão Lula e se desloca do comissário José Dirceu. Os marketeiros da petelândia também extrapolaram os limites do bom senso quando resolveram usar uma logomarca nas cores verde, amarela e azul, sem aparecer o santo nome de Lula. O PT abandonar o vermelho soa tão verdadeiro quanto o Batman se esquivar do Robin... Quer dizer que, agora, Haddad não é mais Lula, nem vice-versa?

O PT está exagerando no “realismo soviético” de Josef Stalin que tinha a ambição de reescrever a História, falsificando ou apagando registros do passado. Na Internet, a petelândia limpou todas as postagens que os ligam à ditadura da Venezuela e afins. O movimento de queima de arquivo coincide com a mudança de marca e o posicionamento, Mentiroso, de liderar uma “frente democrática”. O PT está apelando... Agora rouba até na marketagem? Daqui a pouco muda até de nome, para Partido da Tolerância ou Partido da Transparência...

Mais mentirosas que o PT só as tais “pesquisas” – que o William Bull batizou de “pesquinóquias”. Foi de matar de rir a “enquête” que ousa registrar o placar de apenas 54% para Bolsonaro com 46% para Haddad... Nem a Velhinha de Taubaté acreditou... Imagina... Haddad saltar de 29% para 46% em apenas três dias? A intenção de voto no PT cresceu 17%? É piada com o candidato 17... Soa como uma tentativa de preparar uma fraude na votação com totalização eletrônica, sem direito à conferência de voto... Trata-se de um golpe que até pode, porém não vai acontecer por falta de condição política institucional. Não adianta a petelândia falsificada teatralizar... Bolsonaro será o Presidente, e PT saudações...