Este espaço é primeiramente dedicado à DEUS, à PÁTRIA, à FAMÍLIA e à LIBERDADE. Vamos contar VERDADES e impedir que a esquerda, pela repetição exaustiva de uma mentira, transforme mentiras em VERDADES. Escrevemos para dois leitores: “Ninguém” e “Todo Mundo” * BRASIL Acima de todos! DEUS Acima de tudo!
Na cabeça baldia do presidente, Stalin continua fantasiado de Guia Genial dos Povos
Lula e a confusão de chamar radicais de “stalinistas fanáticos”, como se
fossem adeptos da ideologia do ditador soviético Josef Stalin - Foto:
Montagem Revista Oeste/Reprodução
No meio da discurseira sobre a explosão de violência registrada em Brasília neste 8 de janeiro, um domingo, Lula precisou de um punhado de segundos para escancarar a cabeça baldia que preside o Brasil: “E essas pessoas, esses vândalos, que a gente poderia chamar de nazistas fanáticos, de stalinistas fanáticos… Ou melhor: stalinistas, não, esses fascistas fanáticos”, corrigiu-se o presidente da República.
Para quem leu quatro ou cinco verbetes de almanaque sobre esses assassinos patológicos, não há diferenças essenciais entre Josef Stalin, Adolf Hitler e Benito Mussolini.
Os três estão alojados na mesma ala do museu da infâmia.
Os três são igualmente desprezíveis. Por ter atravessado a vida sem sequer folhear um livro de história, Lula ignora profundamente o que foram ou fizeram. Alguém certamente lhe soprou o que segue estacionado na memória deserta de vogais e consoantes: o nazismo e o fascismo são de “direita” e, portanto, do mal; o stalinismo é de “esquerda” e, portanto, do bem.
Como os similares da Alemanha e da Itália, oserial killernascido na Geórgia que reinou sobre a União Soviética por quase 30 anos matava por atacado. Calcula-se em 20 milhões o total de vítimas de Stalin.
“Fake news espalhada pelos imperialistas americanos”, Lula deve ter ouvido de José Dirceu, ou de Fidel Castro, ou de Hugo Chávez.
Na revolução que pariu o leviatã comunista,Stalin brilhou como terrorista, assaltante de bancos e executor de atentados à bomba. Foi ele quem propôs a Hitler, em 1939, o obsceno Pacto Germano-Soviético, rompido dois anos mais tarde pelo parceiro alemão. Mas isso ninguém contou a Lula: não se deve manchar a imagem do Guia Genial dos Povos. Haja cretinice.
“Eu cheguei à Presidência mesmo sem ter um curso superior”,vivia recitando Lula, durante o primeiro mandato, a frase que nasceu como pedido de desculpas, foi promovida a motivo de orgulho e acabou transformada no desafiador refrão do hino à ignorância. “Talvez até quando eu deixar a Presidência possa até cursar uma universidade”, passou a emendar depois de reeleito o único presidente do Brasil que não aprendeu a escrever e nunca leu um livro.
Esqueceu o assunto quando começou a colecionar títulos de doutor honoris causa.
De volta ao Planalto aos 77 anos, capricha na pose de especialista em tudo.
Lula sempre fugiu de livros, lápis e cadernos com mais agilidade do que a demonstrada pelo Super-Homem ao topar com a kriptonita verde. Longe do trabalho duro desde 1976, quando o torneiro mecânico descobriu a vida mansa de dirigente sindical, tempo para estudar teve de sobra. Mas prevaleceu a preguiça congênita, estimulada pelos áulicos que sabem juntar sujeito e predicado.
A lastimável formação escolar foi tratada como pecado venial até que o professor e crítico literário Antonio Candido surpreendeu o mundo com a tese audaciosa: dependendo do indivíduo, ignorância é virtude.
Os gulags eram campos de trabalho
forçado que existiram entre os anos 1930 e 1960. Foram reavivados por Josef
Stalin para “abrigar” quem se opunham ao Estado | Foto: Divulgação
“Essa história de despreparo é bobagem”, decretou em 2007, entre um ensaio erudito e a releitura de um clássico, o professor que, na lida com alunos comuns, castigava com um zero desmoralizante qualquer reincidente em cacófato.“Lula tem uma poderosa inteligência e uma capacidade extraordinária de absorver qualquer fonte de ensinamento que existe em volta dele ─ viajando pelo país, conversando com o povo, convivendo com os intelectuais”, ensinou Antonio Candido. E imediatamente se contradisse: “Nunca vi Lula ser um papagaio de ninguém. Nunca vi Lula repetir o que ouviu. Ele tem uma grande capacidade de reelaborar o que aprende. E isso é muito importante num líder”.
Poucas manifestações de elitismo são tão perversas quanto conceder a quem nasce pobre o direito de nada aprender até a morte
O líder passou a reelaborar o que aprende com tal desembaraço que deu de repreender gente conhecida pelo apego ao conhecimento. Em junho de 2009, explicou que a jurista Ellen Gracie, ex-presidente do Supremo Tribunal Federal, não conseguira o cargo que almejava num tribunal internacional “porque não estudou como deveria”. Feito o diagnóstico, consolou a paciente: “Mas ela é moça, ainda tem tempo”. Um mês depois, o doutor em qualquer coisa resolveu enquadrar os críticos do que o ex-senador pernambucano Jarbas Vasconcelos qualificara de maior programa oficial de compra de votos do mundo.
“Alguns dizem assim: o Bolsa Família é uma esmola, é assistencialismo, é demagogia e vai por aí afora”,decolou o exterminador de plurais. “Tem gente tão imbecil, tão ignorante, que ainda fala ‘o Bolsa Família é pra deixá as pessoas preguiçosa porque quem recebe não quer mais trabalhá.” Só podia pensar assim, acelerou, “uma pessoa ignorante ou uma pessoa de má-fé ou uma pessoa que não conhece o povo brasileiro”. Povo é com ele, gabou-se outra vez em dezembro de 2009, ao recomendar aos meninos do Brasil que estudassem português com mais afinco. “É muito importante para as crianças não falarem menas laranjas, como eu”, exemplificou. Mas não tão importante assim: “Às vezes, o português correto as pessoas nem entendem. Entendem o menas que eu falo”.
Mesmo os que não se expressam corretamente também entendem quem fala menos. Não falta inteligência ao povo. Falta escola. Falta educação. Falta gente letrada com disposição e coragem para corrigir erros cometidos por adultos que nasceram pobres.
Lula deixou de dizer menas quando alguém lhe ensinou que a palavra não existe. O exemplo que invocou foi apenas outra esperteza.
Poucas manifestações de elitismo são tão perversas quanto conceder a quem nasce pobre o direito de nada aprender até a morte.
Milhões de filhos de famílias muito mais pobres do que Lula enfrentam carências desoladoras na busca do conhecimento. A celebração da ignorância é sobretudo um insulto aos pobres que estudam.
É também uma agressão aos homens que sabem. Num Brasil pelo avesso, os que dominam a língua portuguesa ainda terão de pedir licença aos analfabetos para expressar-se corretamente.
A boa formação intelectual não transforma um governante em bom presidente.
Mas quem se orgulha da formação indigente e despreza o conhecimento jamais será um estadista. Ao absolver um psicopata sanguinário, Lula informou que vai morrer sem saber quem foi Stalin.
Como o ditador do império comunista, seu devoto sul-americano logo será reduzido a mais uma lembrança sombria de tempos muito estranhos.
Para começar, você deve ser, ou pelo menos
apresentar-se, como uma das pessoas “comuns” da vida. Um professor ou
sindicalista, por exemplo, serviriam muito bem
Cartaz da série "Como Se Tornar Um Tirano", da Netflix | Foto: Divulgação/Netflix
Não, o título deste artigo não tem nada a ver com o atual cenário no Brasil.Como Se Tornar um Tirano é uma série da Netflix para a TV que apresenta um, digamos, “manual para o poder absoluto”. Muito da série é pura ironia, mas ela é tragicamente baseada nas táticas e estratégias reais usadas por Josef Stalin, Mao Zedong, Adolf Hitler, Muammar Gaddafi, Kim Il-sung e Saddam Hussein. (Não, eu não pensei em ninguém no Brasil, mas se você pensou, cuidado com a polícia do pensamento!) De acordo com a série, se você tem a ambição de ser o “dono de algum país”, a história te dá todas as dicas. Não fiquem chocados se, estranhamente, tudo parecer familiar demais com o que vivemos e a política a que estamos sujeitos.
Bem, vamos lá. De acordo com Como Se Tornar um Tirano, se você quer ser um ditador, primeiro você precisa ser um tipo específico de pessoa.
Para começar, você deve ser, ou pelo menos apresentar-se, como uma das pessoas “comuns” da vida.
Hitler foi soldado, Mussolini era filho de ferreiro, Saddam Hussein foi criado por um tio depois da morte do pai e abandono pela mãe, e Muammar Gaddafi veio de uma família humilde e seu pai ganhava uma escassa subsistência como pastor de cabras e camelos.
Você precisa ser uma pessoa “comum” que retrate o velho ditado “Um homem que compartilha seus sonhos pode realizá-los”. Portanto, um professor ou sindicalista, por exemplo, serviriam muito bem.
A partir desse ponto, a série revela outras páginas do “manual” para se tornar um tirano de sucesso e cada episódio escolhe um princípio-chave de um ditador da história para ilustrar as regras despóticas de engajamento.
Por exemplo: como tomar o poder (Hitler), como esmagar seus rivais (Saddam Hussein), como reinar através do medo (Idi Amin, de Uganda) e assim por diante. A série é sombriamente sarcástica, aliás, define tirania não como “governo de um governante cruel e opressor”, mas como um “governo para pessoas que querem resultados” e que não necessariamente se importam com a forma como esses resultados são obtidos. Mas, repito, para deixar claro para o novo Ministério da Verdade no Brasil:fatos parecidos com o atual cenário político são mera coincidência.
O aspirante a tirano deve acreditar em si mesmo com uma autoestima inabalável. A série afirma que “uma crença megalomaníaca em suas habilidades convence os outros delas”. Portanto, seja o poder místico de usar sal grosso para lavar áreas antes habitadas pelo inimigo, ou o poder de acabar com a democracia para salvar a democracia, se você estiver convencido disso, pode ter certeza de que muitos outros também concordarão com você se você souber persuadi-los.
No entanto, nosso suposto ditador precisa de mais uma qualidade de caráter: o dom da fala, ou, na verdade, a capacidade mais importante de atrair a atenção. O bigode de Hitler era sua característica definidora, aquilo era inequivocamente “o cara”. Mas uma barba branca também pode servir. Ou uma careca lustrosa, por exemplo. Nada tão específico. Há boas variedades por aí. A série revela que os ditadores têm em comum a habilidade de serem publicitários natos para encontrar o que completará a identidade visual marcante. A imagem detalhadamente pensada sob o manto da falsa naturalidade é o pontapé para o início da descrição das táticas que os tiranos normalmente usam para chegar ao poder e consolidar seu domínio sobre ele.
Bem, a primeira delas é: aumentar a indignação. Mostre às pessoas que os inimigos delas são seus inimigos! A genialidade do tirano está em entender e explorar a natureza do ressentimento que existe no coração das pessoas — verdadeiro ou não —, e, então, se apresentar como o meio de se vingar das pessoas de que elas ressentem. Desumanizar oponentes ajuda bastante. Afinal, para ser um tirano que se preze, você precisa acusar outros de serem tiranos.
Doutrine a juventude. Os ditadores não querem jovens educados e estudiosos. Eles querem que os jovens sejam educados apenas o suficiente para produzir — seja dinheiro, agitação civil ou caos
Compre lealdade. Já se estabeleça no poder com isso em prática desde o início. O futuro pode ser incerto, mas a maneira mais eficiente de permanecer no poder é comprar a lealdade de seus aliados políticos e de seus rivais políticos também. E de onde vem o dinheiro para isso? Da cleptocracia, é claro. Roubar os recursos da nação — roubos sempre disfarçados de bondade — é questão sine qua non.
Afinal, não é barato manter luxos, esmagar dissidentes e inimigos, comprar a imprensa, ajudar companheiros e aspirantes a ditadores, comprar juízes, políticos etc. Toda a bondade de uma tirania pelo povo e para o povo custa caro.
Alguns tiranos, de acordo com a série, têm a fama de ritualmente humilhar todos em seu gabinete, conselho de ministros e pessoas próximas. Isso os mantém com medo e subjugados. Mas, se houver brigas públicas, escolha um bode expiatório: ganhe a confiança e o apoio das massas culpando um grupo pelos males do país e diga que sem você eles não podem revidar ou se proteger. Por exemplo, no início dos anos 1970, Idi Amin acusou 100 mil asiáticos(principalmente indianos que possuíam a maioria das grandes lojas e negócios)de “traição econômica e cultural” e os expulsou de Uganda. Atualmente, os novos tiranos usam a tática de acusar os adversários daquilo que os verdadeiros tiranos da história eram. Certo grupo é “fascista” costuma funcionar para as bases covardes que repetem como papagaios o que o tirano profana.
O passado e o futuro Reescreva a história. Esse ponto é crucial! Orwell disse: “Aquele que controla o passado controla o futuro”. Hitler ordenou que o alto comando nazista destruísse os memoriais da Primeira Guerra Mundial na Europa ocupada, em uma tentativa de apagar as memórias da derrota da Alemanha. Stalin modificou uma foto sua com Lenin, e a foto adulterada mostra Stalin sentado mais perto de Lenin do que realmente era, parecendo maior do que na foto original e sem as marcas que a varíola infantil deixou em seu rosto.
Estátuas de homens corajosos? Livros inspiradores? História? Deus me livre. Aliás, use “Deus” sempre que necessário e sem moderação, mesmo você achando religião um porre de chatice. Eu sei, o deus é você, mas eles não precisam saber disso, só te obedecer.
Corrompa tudo, até a ciência: o Terceiro Reich controlava rigidamente quais áreas da ciência poderiam ser estudadas e debatidas, rejeitando a física quântica e encorajando a ‘física ariana’. Na verdade, Francisco Franco dissolveu o conselho de pesquisa científica da Espanha, e Stalin apoiou Trofim Lysenko, um biólogo agrícola que fez coisas como expor grãos de alimentos ao frio extremo, acreditando que isso ajudaria as futuras gerações de grãos a se tornarem resistentes ao frio.
Aliado a isso, censure tudo. Gente chata e perigosa que questiona tudo, que tem perguntas demais. Se até Sherlock Holmes foi banido da União Soviética, talvez porque o Estado não quisesse arriscar que seus cidadãos olhassem para alguém que pensasse criticamente, o que são contas de cientistas e jornalistas em redes sociais derrubadas? Nada. Perturbou? Arranca o passaporte e bloqueia as contas bancárias.Como você acha que os Reichs se sustentam? Com dinheiro dado em árvores?
Nós contra eles A série mostra para você, aspirante a ditador, outro ponto importante em sua caminhada à glória tirânica. Elimine a confiança do ser humano e entre eles. Quebrar os laços de confiança dentro da sociedade em geral é uma ótima maneira de unificar a própria base de apoio.
Os ditadores entendem que as pessoas se entregam voluntariamente ao poder do Estado, porque tudo e todos são suspeitos. Se Stalin pudesse rotular até mesmo os heróis da revolução russa como traidores no Grande Terror (1936-1938), no qual 750 mil pessoas foram mortas, que confiança sobreviveria no restante da população? A lógica do líder soviético era: “Se você matar cem pessoas e apenas cinco delas forem inimigas do povo, não é uma proporção ruim”. O “nós contra eles” é outra preciosidade, se agarre nisso. Negros contra brancos, mulheres contra homens, filhos contra pais. Divida para conquistar e mostre a todos que só você pode salvar as pessoas do mal, inclusive, delas mesmas.
E, por falar em filhos, doutrine a juventude. Os ditadores não querem jovens educados e estudiosos. Eles querem que os jovens sejam educados apenas o suficiente para produzir — seja dinheiro, agitação civil ou caos — para os propósitos do ditador e seus comparsas. É por isso que toda ditadura trabalha horas extras para destruir instituições de ensino de dentro para fora. Essa semente é minuciosamente levada para o seio familiar e ali germinará mais divisão. Pais e filhos, então, encontrarão a resposta para os problemas em… você! Bingo!
As ditaduras se modificam ao longo do tempo, mas as táticas apenas se travestem sem perder a sua essência. E essa é básica, mas eficiente. Deixe as pessoas com fome. A fome e a pobreza são talvez as ferramentas mais cruéis no arsenal de um ditador, mas a lógica é simples. Pessoas famintas e ignorantes não serão capazes de lutar contra você. A China e a União Soviética testemunharam fomes terríveis nos regimes de Mao e Stalin.
Kim Jong Il também presidiu a fome na Coreia do Norte, enquanto vivia em um luxo fantástico.
Sem água e sem comida, o povo sofrido vai mendigar e aceitar qualquer esmola que você ofereça. Assim, eles não perturbarão suas viagens de jatinhos, suas compras de relógios caros, seus vinhos portugueses premiados e seus passeios para fora do seu caótico país.
Agora, se essas são as qualidades que podem definir um tirano em potencial, existem algumas que são mais importantes que outras para atrair seguidores firmes e leais.
Depois de estabelecer a promessa de que você pode criar um mundo melhor para todos, não se preocupe se isso jamais acontecer, não é necessário ter sucesso. Essa coisa de “mundo melhor” é historinha pra boi dormir, mas a promessa deve permanecer perene e a crença de que você está cada vez mais perto da entrega deve ser inquestionável. Mas atente-se: esta promessa por si só não é suficiente. O bom tirano também deve ser visto como o único homem que pode cumprir essa missão. Ele deve, portanto, ser reconhecido não apenas como a fonte de toda sabedoria, mas também como a fonte de toda virtude. Um culto à personalidade bondosa e sem defeitos é essencial, e, para isso, não esqueça jamais de plantar inúmeras $emente$ na imprensa para que suas mentiras sejam repetidas com a roupa da verdade até que elas virem verdade. Depois ajoelhe (coloque uma toalhinha para não ficar desconfortável) e agradeça a Joseph Goebbels pela graça concedida.
De vez em quando, um inimigo externo também ajuda. Saddam Hussein escolheu o Irã; Kim Il-sung, a Coreia do Sul; Hitler, a França e a Alemanha; e Stalin, a maior parte do resto do mundo.
Mas ficou na dúvida ou não tem ninguém por perto? Seus problemas acabaram. Mire o “imperialismo estadunidense”, a “CIA”, os “ianques” e está tudo certo. Afinal, essa coisa de “Land of free, home of the brave” (Terra da liberdade, lar dos bravos) pode ser um problemão pra você se criar asas no seu quintal.
Medo útil Finalmente, os tiranos precisam estar preparados para o pior. Não tanto o seu desfecho, mas o fato de que sempre haverá críticos e até rebeldes. Gente chata, eu sei. Então, você precisa garantir que não saiam do controle. É aqui que o uso do medo é útil. Como dizem os livros concisamente, assim como a série da Netflix,“o melhor amigo de todo ditador é uma polícia secreta implacável”.
Use o poder do Estado para silenciar seus oponentes e aqueles que estão preocupados com a liberdade e essa bobagem de “império das leis”.
O que manteve a América unida desde a Guerra Civil não foi a Constituição ou a Declaração de Direitos(Bill of Rights). “Leis”… Relaxa, isso não vai te ameaçar. A União Soviética também possuía “leis de direitos” que garantiam a “liberdade de expressão e direitos iguais”. Esqueça isso.
Os bolcheviques assassinaram seus adversários políticos, enviaram seus dissidentes aos gulags, e Lavrentiy Beria, o chefe da polícia secreta mais implacável no reinado de terror de Joseph Stalin na Rússia e na Europa Oriental, se gabava de poder provar uma conduta criminosa contra qualquer pessoa, até mesmo um inocente: “Mostre-me o homem e eu lhe mostrarei o crime”. Aprendeu?
Eu não poderia encerrar esse artigo sobre essa boa série da Netflix sem algumas frases e conclusões da própria série sobre os pontos que ligam ditadores de todas as cores às páginas da história:
“Não basta ser um líder, é preciso também ter uma iconografia”;
“Mostre que seus inimigos também são inimigos do povo”;
“Os ditadores em potencial costumam ser extremamente narcisistas. Eles se mostram como pessoas comuns, mas são muito diferentes das pessoas comuns”;
“O ser humano adora ser governado”;
“Uma boa maneira de permanecer no poder é dar propinas e oportunidades à sua colisão, fazendo com que ela se torne corrupta”;
“O melhor amigo de um ditador é um agente corrupto, eficaz e implacável”.
Bem, segundo a série, se você já fez tudo isso, você está pronto para ser um ditador. Mas o sucesso cria suas próprias demandas. Quando você alcança o topo da árvore, pode ser chato ficar sozinho.
Os tiranos nunca estão sozinhos, mas precisam se divertir, e, para isso, há o ritual de humilhação daqueles ao seu redor. Lance pérolas!
Isso geralmente é o suficiente para transformar as pessoas em porcos!
Dê a seus aliados e apoiadores oportunidades de serem corruptos. Primeiro, é divertido vê-los lutando pelas migalhas que você jogou em sua direção, mas o mais importante é que, quando mordiscarem, eles permanecerão leais. Dali em diante você poderá fazer gestos de degolar pescoço e até dar tapinhas na cara das pessoas. Tudo em público, lógico! Que graça teria se não fosse na frente de todo mundo?
A série Como Se Tornar um Tirano vem cheia de ironia, mas não deixa de ser um material informativo para aqueles que se perguntam como os déspotas conseguiram obter o controle dos países, mesmo em um século em que a democracia se consolidou.
Série muito interessante para ser vista, mas mais interessante ainda é perceber o quanto os espectadores se encontram ali, diante de si mesmos, de seus governantes e de seu país.
E, o mais importante, o que eles fazem ou farão diante da fina ironia que mostra duras verdades.
Presidente da Fundação Palmares critica que instituição tem
"gene da vitimização no DNA" e diz que movimento é "deletério e maligno"
O presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, fez duras reclamações
à própria instituição e condenou quem busca se vitimizar por conta da
cor da pele. Ele também criticou o movimento negro, negou que o Brasil
seja um país racista contra afrodescendentes e defendeu que o crime de
racismo também deve ser aplicado para quem ofende pessoas brancas.
(crédito: Redes Sociais/Reprodução)
“Sou o terror dos afromimizentos, da negrada vitimista,
dos pretos com coleira. Não tenho medo deles”, declarou Camargo nesta
sexta-feira (3/9), em um evento em Brasília voltado para o público
conservador organizado pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). Durante o seu discurso, Camargo comentou que a Fundação
Palmares“tem no seu DNA o gene da vitimização, do rancor e do
ressentimento”. “Passou 31 anos sob o comando de gestões da esquerda,
que cometeram lá todo tipo de ilícito e desmandos, e agora com a minha
chegada, há 1 ano e 8 meses, estão em estado de choque, estão realmente
desnorteados. Eles nunca viram um negro que dissesse na cara deles que
eles são o que são: imbecis raciais.”
Ele também disse que, antes de assumir a presidência do
órgão, “a Palmares era uma senzala marxista ou, se preferirem, uma
senzala vitimista”. “Havia ali um profundo culto da vitimização, do
ressentimento. Ficamos chocados com o volume gigantesco de livros de Mao
Tse-tung, Josef Stalin, Che Guevara, Carlos Marighella. Ali era um
centro de doutrinação do negro, era uma entidade, uma instituição
federal obscura”, reclamou.
Camargo ponderou que a Fundação Palmares “tem um
significado simbólico muito grande para a militância negra e para a
esquerda”. “O que estou fazendo lá tem um significado simbólico
poderoso. A gente está demolindo uma agenda que é perniciosa, que divide
e que deve ser jogada na lata do lixo, pois é imprestável para a nação
brasileira.”
Movimento negro Camargo comentou que rompeu os laços com o movimento
negro pois não pode dialogar“com quem defende a legalização e liberação
das drogas, o desencarceramento em massa, o aborto e, também, a
vitimização do negro e de bandidos”. “São essas as bandeiras do
movimento negro. Nesse sentido, ele é deletério para o negro. Ou se
reformula profundamente ou é melhor que acabe”, opinou.
Ele reforçou que o movimento negro “é tão deletério e
maligno para o negro quanto o branco racista”. “O movimento negro já
teve uma história gloriosa, digna e nobre. Mas em algum momento na
década de 1960 ou 1970 o marxismo cultural infiltrou-se no movimento
negro, apropriou-se, modificou suas pautas e hoje utiliza como braço da
esquerda”, ponderou.
“Lamentavelmente, não vejo possibilidade de recuperação
dessa militância negra idiotizada, os negros de coleira. É preciso que o
negro se liberte, que dê as costas a esse movimento e busque no estudo,
na disciplina, no mérito, no trabalho, na família, na pátria e na
religião as forças para vencer as dificuldades, que não são exclusivas
do negro, mas de todos os brasileiros, independente da cor da pele”,
acrescentou.
Camargo comentou que o objetivo dele à frente da
Fundação Palmares é “fortalecer a luta pela libertação da mente do
negro, que a esquerda acha que está sob sua tutela”. “Negros não são pets da esquerda, não estão na sua
coleira. É algo que ocorre, algo muito restrito. É um mundinho, é
praticamente um gueto esses negros vitimistas, ressentidos e rancorosos,
negros que partem para a propagação do revanchismo racial da reparação
histórica, que não faz sentido algum.”
Racismo contra brancos Camargo ainda pontuou que “o Brasil não é um país racista, mas que tem imbecis que são racistas”. “O racismo no nosso
país, de jeito nenhum e em hipótese alguma, é estrutural ou
institucional, como sustenta a esquerda. O racismo é circunstancial e
episódico. É um racismo que se expressa através de alguns imbecis que
por algum motivo têm essa mentalidade lamentável.”
Ele também criticou que o conceito de racismo não seja
aplicado contra pessoas brancas. Segundo Camargo, “o negro tem certa
imunidade para insultar o branco, mas o mesmo não é recíproco do branco
para o negro”.“A gente está vendo nascer um novo tipo de racismo, um
racismo da vítima. Um racista que não pode ser criminalizado porque é,
em tese, um oprimido, porque seu antepassado foi escravizado. Não
defendo qualquer tipo de insulto ou ofensa, mas é preciso que a Justiça
comece a criminalizar, a julgar, a condenar e a punir os negros que são
racistas. Esses negros não são nossos, não são cidadãos brasileiros. São
todos militantes da esquerda.”
Camargo se colocou contra a tese de que brancos são
privilegiados. “Somos todos brasileiros, somos todos iguais. A vida é
difícil no Brasil para a imensa maioria devido a questões
socioeconômicas, isso é fato, é inegável. Há muitos obstáculos para que o
cidadão brasileiro de média ou baixa renda prospere e vença, mas a cor
da pele, a pele negra não é, no Brasil, um obstáculo para que ninguém
prospere. Pele negra não é fator de atraso para o negro.”
Não há condições políticas, nem um milagre infernal e muito menos uma
fraude eleitoral descarada para impedir que Jair Bolsonaro confirme sua vitória
arrasadora do 1º turno na eleição presidencial em 2º turno. Também não adianta
a mentirosa transformação camaleônica da petelândia e muito menos a manipulação
das “pesquinóquias” (royalties para o sábio William Bull, do Movimento Avança
Brasil, pela designação das pesquisas eleitoreiras que sempre erram). Jair
Bolsonaro será o próximo Presidente do Brasil, mesmo pintado falsamente de “fascista”
na mídia internacional.
A campanha se transforma em uma grande brincadeira. O fake está tão em
alta que até o candidato petista é falso(todo mundo sabe que o verdadeiro está
preso em Curitiba). A petelândia só não precisava exagerar tanto na falsificação.
É patético ver um Haddad paz e amor. Daqui a pouco, Haddad vai roubar o slogan “Brasil
Acima de Tudo e Deus acima de todos”. Tudo é possível um partido estelionatário
que já afanou o slogan “A Força do Povo”, que originalmente era do Leonel
Brizola.
Haddad já desistiu da constituinte e agora vem com a mentirinha de
combater a insegurança pública usando a Polícia Federal. Ele só exagera quando
finge que se descola do chefão Lula e se desloca do comissário José Dirceu. Os
marketeiros da petelândia também extrapolaram os limites do bom senso quando
resolveram usar uma logomarca nas cores verde, amarela e azul, sem aparecer o
santo nome de Lula.O PT abandonar o vermelho soa tão verdadeiro quanto o
Batman se esquivar do Robin... Quer dizer que, agora, Haddad não é mais Lula,
nem vice-versa?
O PT está exagerando no “realismo soviético” de Josef Stalin – que tinha
a ambição de reescrever a História, falsificando ou apagando registros do
passado. Na Internet, a petelândia limpou todas as postagens que os ligam à
ditadura da Venezuela e afins. O movimento de queima de arquivo coincide com a
mudança de marca e o posicionamento, Mentiroso, de liderar uma “frente democrática”.
O PT está apelando... Agora rouba até na marketagem? Daqui a pouco muda até de
nome, para Partido da Tolerância ou Partido da Transparência...
Mais mentirosas que o PT só as tais “pesquisas” – que o William Bull
batizou de “pesquinóquias”. Foi de matar de rir a “enquête”que ousa registrar
o placar de apenas 54% para Bolsonaro com 46% para Haddad... Nem a Velhinha de
Taubaté acreditou... Imagina... Haddad saltar de 29% para 46% em apenas três
dias? A intenção de voto no PT cresceu 17%? É piada com o candidato 17... Soa
como uma tentativa de preparar uma fraude na votação com totalização eletrônica,
sem direito à conferência de voto...Trata-se de um golpe que até pode, porém não vai acontecer por falta de
condição política institucional. Não adianta a petelândia falsificada
teatralizar... Bolsonaro será o Presidente, e PT saudações...
A condição humana é dada não pela atividade laboral, um meio
de sobrevivência, mas pelo agir e pensar politicamente, em regime de
plena liberdade
Exumei das redes sociais um velho texto (lá se vão três anos)
publicado nessas “Entrelinhas” para analisar o colapso do governo Dilma.
O título da coluna era “A lata do lixo da História”, o nome de uma peça
dos anos 1970 do sociólogo Roberto Schwarz, então professor de teoria
literária da Universidade de São Paulo (USP), na qual fazia uma sátira
ao regime militar. A expressão “vai para a lata do lixo da História” era
muito usada por setores de esquerda na época, servia para menosprezar o
papel dos liberais na luta pela democracia; hoje, serve aos liberais
que consideram toda a esquerda ultrapassada e não apenas os setores
ligados ao PT. É um erro. O Brasil precisa de uma esquerda moderna que
dialogue com os liberais para reconstruir o centro democrático.
Essa lembrança veio a propósito do discurso do presidente da China,
Xi Jinping, ao comemorar o bicentenário do nascimento de Karl Marx, no
Grande Palácio do Povo: “O marxismo, como um amanhecer espetacular,
ilumina o caminho da humanidade na sua exploração das leis históricas e
na busca da sua própria libertação”. Em resumo, disse que os comunistas
chineses precisam voltar às origens. Entretanto, Karl Marx é um dos
sujeitos mais mal interpretados de todos os tempos, por esta razão: seus
escritos partem do princípio de que a ação política não pode estar
descolada do pensamento intelectual.
Após sua morte, em 14 de março de 1883, a teoria de Marx foi
simplificada e instrumentalizada para a luta política, inclusive por seu
amigo Frederico Engels e seu genro, Paul Lafargue. Social-democratas,
socialistas e comunistas usaram sua crítica como estratégia política,
mas Marx nunca teve uma fórmula para construir um mundo diferente do
capitalismo. Mesmo assim, os conceitos de “valor” e “fetichismo”, suas
grandes contribuições à compreensão do capitalismo, perderam espaço e
influência para o conceito de “luta de classes”.
Grande exemplo é um livro de Josef Stalin intitulado Problemas
econômicos do socialismo na URSS, de 1953, com o qual o líder comunista
puxou as orelhas dos economistas da Academia de Ciências: “Por isso,
estão absolutamente errados os camaradas que declaram que, uma vez que a
sociedade socialista não liquida as formas mercantis de produção, então
todas as categorias econômicas próprias do capitalismo deveriam
alegadamente ser restabelecidas no nosso país: a força de trabalho como
mercadoria, a mais-valia, o capital, o lucro do capital, a taxa média de
lucro etc.”
Stálin varreu para debaixo do tapete problemas que mais tarde levaram
ao colapso a antiga União Soviética: “Além disso, penso que precisamos
igualmente abandonar alguns outros conceitos, retirados de O Capital, no
qual Marx procedeu à análise do capitalismo, e que são artificialmente
apensos às nossas relações socialistas. Refiro-me, entre outros, a
conceitos como trabalho necessário e sobretrabalho, produto necessário e
sobreproduto, tempo necessário e suplementar. A conta chegou para
Gorbatchov na década de 1990: quando o líder comunista quis retomar a
discussão, na Perestroika, o socialismo real já era. Talvez Xi Jinping
esteja diante do mesmo debate no seu país, onde os operários são
superexplorados e florescem uma nova burguesia e uma robusta classe
média.
Parêntesis: na teoria de Marx, valor é aquilo que permite comparar
duas mercadorias. A quantidade de trabalho que foi incorporada à
mercadoria é que determina o seu valor. Já o fetiche é uma consequência
disso: uma cortina que nos impede de ver a mercadoria em si. No caso de
um celular, por exemplo, não conseguimos perceber todo o processo
produtivo que está por trás da sua fabricação — na China, por exemplo —,
mas somente o produto final, como se o aparelho, em si, tivesse vida
própria na loja.
Grande jogo A gênese dos partidos operários é velha tese marxista da centralidade
do trabalho na luta política, que parte da ideia de que a contradição
entre o trabalho e o capital é o motor da história e o eixo de atuação
política do partido, ou seja, a luta de classes. Vem daí o glamour
perdido do PT e o fascínio de intelectuais e artistas pelo ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva. A filósofa alemã Hanna Arendt, uma democrata
radical, via nessa concepção que absolutiza o trabalho uma das raízes
do totalitarismo. Para ela, a condição humana é dada não pela atividade
laboral, um meio de sobrevivência, mas pelo “agir e pensar
politicamente”, em regime de plena liberdade, o que tanto o fascismo
como o stalinismo não permitiram. Essa crítica “racionalista” hoje faz
ainda mais sentido, porque o trabalho humano está sendo substituído pelo
“não trabalho” dos robôs e sistemas de inteligência artificial.
A China hoje é o nosso principal parceiro comercial, seguida dos
Estados Unidos. Ambos disputam o controle do comércio mundial, cujo eixo
se deslocou do Atlântico para o Pacífico. O “grande jogo” da política
mundial e a globalização, porém, para muitos setores da esquerda,
continuaram sendo vistos na óptica dos velhos paradigmas, ou seja, o
inimigo principal é o imperialismo norte-americano; o capitalismo de
Estado, após a tomada do poder, é a antessala do socialismo. Não importa
que os Estados Unidos sejam uma democracia e a China, uma ditadura.
Nunca é demais lembrar que o colapso do governo Dilma se deveu às ideias
políticas e econômicas fora de lugar, que apostavam numa aliança com a
China, a Rússia, a África do Sul e a Índia como aliados principais,
contra os Estados Unidos e a Comunidade Europeia, seguidas por práticas
patrimonialistas estimuladas por Lula, que enlamearam toda a esquerda e
jogaram as lideranças do PT na cadeia. Todas essas ideias velhas não
morreram, estão vivíssimas nestas eleições de 2018. E não na lata do
lixo da história.
Meu texto
de estreia na VEJA, no dia 6 de setembro de 2006, chamava-se: “Urna não é
tribunal. Não absolve ninguém”.
Lula estava prestes a se reeleger,
Questionava-se, então, se aquilo poderia valer por uma absolvição prévia
no caso do mensalão. Mais: os atos por ele praticados no primeiro
mandato poderia ser considerados “estranhos” a seu segundo mandato.
Que coisa! Um artigo publicado há quase 12 anos tem uma estranha atualidade. Leiam. * Um novo refrão anda “nas cabeças, anda
nas bocas”, poderia dizer o lulista Chico Buarque: a possível reeleição
do presidente absolve os petistas de todos os seus crimes. As urnas
fariam pelo PT o que o ditador soviético Josef Stalin fez por si mesmo:
apagar a história. É um embuste. A vantagem do presidente se deve à
economia, à inépcia e inapetência das oposições, às políticas
assistencialistas, tornadas uma eficiente máquina eleitoral, e à
ignorância, agora a serviço do tal “outro mundo possível”. O povo é,
sim, um tipinho suspeito, mas não vota para livrar a cara dos marcolas
da ideologia.
O voto do
ignorante vale menos? Não. Mas também não vale mais. Nem muda a natureza
das instituições. E não absolve ninguém, tarefa que continuará a ser da
Justiça. A vacina contra o autoritarismo virótico de quem pretende cair
nos braços do povo para ser absolvido de seus crimes está em Origens do
Totalitarismo, da pensadora judia-alemã Hannah Arendt. Aprende-se ali
que não devemos permitir que os inimigos da democracia cheguem ao poder,
negando-nos, uma vez lá, em nome dos seus princípios, as liberdades que
lhes facultamos em nome dos nossos.
A tese da
absolvição serve ao propósito de pautar a imprensa com uma agenda
virtuosa. O programa de governo do PT prevê, diga-se, o incentivo
oficial à “mídia independente”. Em lulês, significa financiar, com o
dinheiro dos desdentados, a sabujice disfarçada de jornalismo. A prática
já está em curso. Felizmente, a democracia é um regime legitimado pela
maioria, mas sustentado pelas elites, de que a imprensa faz parte. As
esquerdas se arrepiam diante dessa afirmação. Entendo.
A
alternativa histórica às elites esclarecidas é o déspota esclarecido.
Se, no passado, ele podia ser um homem, no presente, tem de ser um
“partido”, um ente de razão com poder de se sobrepor às leis, embora não
dispense o demiurgo. Lula é o Tirano de Siracusa (aquele que Platão
tentou converter à filosofia, coitado!) dos intelectuais petistas. A
decana do delírio é a filósofa Marilena Chaui. No livro Simulacro e
Poder: uma Análise da Mídia, ela afirma que o discurso da direita se
sustenta no senso comum. À esquerda caberia desmontá-lo para criar uma
“nova fala”.
Marilena é
a Tati Quebra-Barraco da academia. Seu funk filosófico apela à
barbárie, mas tem o charme da resistência, a exemplo de certas canções
de Chico – Lula é o “meu guri” que chegou lá. Ela ressuscita a tara do
marxismo vagabundo de que o senso comum existe como falsa consciência, a
ser superada pela iluminação de uma razão transformadora. Conclui-se
que o povo, deixado à própria sorte, vai para a direita. Se educado pela
militância, pode atravessar os umbrais da liberdade. Na China de Mao
Tse-tung, 70 milhões morreram sob o efeito dessa luz.
Mas eu
estou com ela. E com Shakespeare. Também acho que o povo não é de
confiança. O bardo diz o que pensa no discurso de Marco Antônio diante
do corpo de Júlio César, assassinado havia pouco. Leiam a peça ou vejam o
filme dirigido por Joseph L. Mankiewicz – um judeu de origem alemã
nascido nos EUA. Um minicoquetel de figuras retóricas transformou o
tirano assassinado num herói, e o herói republicano, Brutus, num tirano.
César era intuitivo, sentimental e tolerante com os de baixa estirpe;
Brutus era tímido, racional e ensimesmado.
Açulada
pelos conspiradores, a massa primeiro tripudia diante do corpo inerme;
chamada por Marco Antônio à sua natureza amorosa e primitiva, adora a
memória do ditador. Afinal, “quando os pobres deixavam ouvir suas vozes
lastimosas, César derramava lágrimas”, discursa Marco Antônio. Ocorre-me
que o rechonchudo Getúlio Vargas foi o nosso César shakespeariano, e o
magricela Carlos Lacerda, o nosso Cássio, o chefe dos conspiradores.
Antes de seu trágico fim, César havia dito a Marco Antônio: “Quero
homens gordos em torno de mim, homens de cara lustrosa e que durmam
durante a noite. Ali está Cássio com o aspecto magro e esfaimado. Pensa
demais. Tais homens são perigosos”. O mal está no pensamento.
Se eu,
Marilena e Shakespeare não confiamos no povo, onde está a diferença? O
dramaturgo o trata como o vulgo instável de sempre, e Marilena quer
educá-lo segundo os rigores de uma razão supostamente iluminista; ele só
passará a ser uma categoria relevante quando acordar de seu sono e
aderir a uma utopia finalista. Trata-se de um embuste utópico em nome do
qual se institui o presente eterno na política, que passa a ser um jogo
sem regras previamente definidas justamente para que qualquer
conveniência possa ser considerada uma regra do jogo.
Quando,
para defender o PT, um ator diz que a política pressupõe enfiar a mão na
sujeira ou um músico dá um pé no traseiro da ética, ambos estão pondo
em termos muito práticos o que a intelligentsia petista urdiu como
teoria de poder: a superação do senso comum (de direita?), segundo o
qual não se deve roubar dinheiro público. A “nova fala” do barraco de
Marilena acena então com a pior de todas as tiranias: aquela exercida
pelos servos.
E o “meu”
povo? Ele é a fonte legitimadora das instituições democráticas e,
portanto, tem de ser protegido de si mesmo se atentar contra os códigos
que guardam seus direitos – e isso inclui absolver ladrões. Esse é,
aliás, o aparente paradoxo das sociedades modernas, em que vigora o
estado de direito: a cultura da reclamação, da permanente mobilização,
da constante reivindicação de direitos resulta em grupos de pressão que
querem impor a sua agenda, ainda que o preço seja o fim da
universalidade das leis. A esquerda, faceira, torna-se porta-voz desse
novo humanismo de tribo. O paradoxo é aparente porque uma democracia não
proíbe a existência de tais movimentos, mas também não cede. E seu
limite é a lei, sem as “acomodações táticas” de Márcio Thomaz Bastos.
O tucano
Geraldo Alckmin diz que o povo nunca erra. Está errado. Houvesse um modo
mais seguro de governar, seria o caso de aposentar a democracia. Mas
não há. Basta olhar para os números das pesquisas para constatar que,
pela primeira vez desde a redemocratização, há um divórcio entre a
escolha dos mais pobres e menos instruídos e a dos chamados “formadores
de opinião”. O neo-iluminismo petista se constrói tendo em uma das mãos a
miséria tornada cativa da caridade oficial – os servos senhores de
servos –e, na outra, a desinformação, a ignorância. Não chega a ser uma
luta de classes. É só um arranca-rabo, mas é o bastante para alimentar
as ilusões redentoras de quem usa a Ética do filósofo holandês Spinoza
para justificar a ética de Delúbio Soares e Paulo Betti.
Ademais,
só é esse o estado geral das artes porque, vá lá, se é verdade que o
senso comum é “de direita”, como quer Tati Marilena, a voz dominante do
establishment, hoje, foi sequestrada pela esquerda. Esta tem projeto de
poder, produz valores e ideologia; os democratas, que “eles” chamam de
“direita”, acreditam que basta conquistar o comando, sem fazer a guerra
cultural. Urna não é
tribunal. Não absolve ninguém. E não custa lembrar: Nixon teve de
renunciar ao segundo mandato por causa de uma besteira feita no
primeiro. Foi eleito pelo povo. Foi deposto pelas instituições. As
primeiras palavras da Constituição americana explicam tudo: “Nós, o
povo…”. Foi escrita para durar. Afronta, se preciso, o povo que há em
nome do povo a haver. Se reeleito, Lula que se cuide. A luta continua.