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sábado, 30 de janeiro de 2021

Desgaste da relação entre Bolsonaro e Mourão aumenta ainda mais

''Palpite'' de Mourão sobre reforma ministerial e movimentação de assessor dele [que já exonerado pelo vice] a favor do impeachment de Bolsonaro pioram a relação entre o vice e o chefe do Executivo. Com novos capítulos do mal-estar, aumentam as chances de os dois não formarem chapa em 2022

A má relação entre o presidente Jair Bolsonaro e o vice Hamilton Mourão parece ter chegado ao ápice. Desde o início da semana trocando indiretas sobre qual deve ser a composição ministerial do governo, os dois ficaram ainda mais distantes depois de um assessor do general ter alertado o chefe de gabinete de um parlamentar sobre a possibilidade de o Congresso ter de começar a se preparar para analisar um pedido de impeachment contra o comandante do Palácio do Planalto.

Mourão tentou colocar panos quentes na situação ao exonerar o assessor envolvido no caso, Ricardo Roesch Morato Filho. Na quinta-feira, quando os diálogos de Ricardo foram revelados pelo site O Antagonista, o vice já havia se manifestado dizendo que “lealdade é uma virtude que não se negocia” e, ontem, reforçou o seu posicionamento.

Lealdade é uma estrada de mão dupla. Ela é minha com meus subordinados, e deles comigo. Então, no momento em que isso é rompido, se rompe um elo que não dá mais para você trabalhar junto”, afirmou, em entrevista a jornalistas. “A partir daí, a pessoa que tinha um cargo de confiança perde a confiança para exercer esse cargo. Lamento isso aí.”[apesar dos esforços dos 'arautos do pessimismo', que também são inimigos do Brasil e adeptos da política do 'quanto pior, melhor', características apresentadas pelos  inimigos do presidente Bolsonaro, temos convicção de que as hienas fracassarão,nos seus intentos covardes.
Não conseguirão, apesar dos insistentes e até desesperados esforços, provocar o rompimento entre o presidente da República e o vice, general  Hamilton Mourão. O conceito de lealdade dos dois assegura isso. 
Só os que não sabem o que é lealdade, o que é honra, e avaliam os outros pelos seus conceitos,  são capazes de ignorar a que lealdade e honra estão intimamente ligadas - minha honra é lealdade e vice-versa.
Pontos de atrito sempre vão existir, rugas, mas traição jamais. Ambos possuem personalidade forte, o presidente Bolsonaro se destaca pela loquacidade e o vice, general Mourão, vez ou outra ultrapassa os limites em suas declarações.]

Segundo Mourão, o que aconteceu “foi uma situação lamentável”. Em primeiro lugar, porque não concordo com processo de impeachment, não apoio isso. Acabou. Em segundo lugar, porque não é a forma como eu trabalho. Então, uma troca de mensagens imprudente gera um ruído totalmente desnecessário no momento que a gente está vivendo”, comentou o general.

Apesar das declarações à imprensa, até ontem, Mourão ainda não tinha abordado o tema com o presidente. Ele justificou que, como “é um problema da minha cozinha interna”, o caso já está “resolvido”. “Assunto encerrado”, enfatizou.

Na live de quinta-feira, Bolsonaro criticou Mourão por outro motivo: os comentários sobre reforma ministerial. O general antecipou que o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, está perto de ser exonerado. “Quem troca ministro é o presidente da República. O vice falou que eu estou para trocar o chefe do Itamaraty”, afirmou Bolsonaro, na transmissão. “O que nós menos precisamos é de palpiteiros na formação do meu ministério. E deixo bem claro: todos os meus 23 ministros eu que escolho e mais ninguém. Se alguém quiser escolher, que se candidate em 2022.”

Futuro
Os novos capítulos do mal-estar aumentam as chances de o presidente optar por concorrer à reeleição em 2022 sem o general como vice. Nos últimos meses, o chefe do Executivo já vinha sendo alertado, sobretudo por conselheiros mais ideológicos, que o vice parecia não mais se importar com os interesses do governo.

As ameaças de um “golpe” contra Bolsonaro acabaram reforçando o argumento. “Qualquer um que prestar atenção no comportamento de Mourão, nos últimos dias, verá que ele vem se posicionando como contraponto ao presidente”, frisou um interlocutor do mandatário, ao Blog do Vicente, do Correio.

O general, contudo, rechaçou qualquer interesse em tirar Bolsonaro da cadeira do Planalto. É o que afirmaram, reservadamente, pessoas mais próximas do vice. Ele admitiu, sim, insatisfação por não ter tanta importância para as tomadas de decisão do Executivo, mas deixou claro, assim como nas respostas que deu a jornalistas, que nunca será desleal ao presidente, mesmo que haja divergências entre os dois.

Política - Correio Braziliense


quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

Bolsonaro e Mourão - José Nêumanne

O Estado de S. Paulo

Vice fã de torturador garante distância de presidente desumano de eventual impeachment 

[se impõe um registro:  o coronel do Exército Brasileiro, CARLOS ALBERTO BRILHANTE USTRA, NUNCA foi condenado pela prática de qualquer um dos crimes dos quais é injustamente acusado - a maior parte das denúncias não foram acatadas na primeira instância e a maioria das poucas que foram recebidas,  terminaram arquivadas;
sofreu  uma condenação na primeira instância, que foi objeto de recurso, resultando na sua não confirmação em segundo grau.
A sua brilhante folha de serviços prestada ao Brasil, notadamente no combate aos terroristas e traidores da Pátria, o credencia à condição de HERÓI NACIONAL e ter seu nome inscrito no Livro de Aço do Panteão dos Heróis - claro que antes da inscrição de seu nome, aquele livro deve ser liberto de alguns nomes que não merecem lá constarem.]

Balanço do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) aponta que, até 21 de novembro de 2020, foram registradas no Brasil 200 mil mortes, 24% mais do que era estimado para o ano findo. [qual a causa dessas 200.000 mortes? O número é bem inferior ao total de mortes ocorridas no Brasil, no ano de 2020; Um exemplo: sem incluir as da covid-19, de 1º de janeiro de 2020 até 15 de outubro, morreram no Brasil,  só de problemas cardiovasculares: 350.000.]

 Naquela data, as perdas em decorrência da covid-19 chegavam a 168.989, conforme dados divulgados pelo consórcio dos meios de comunicação, já que o Ministério da Saúde se recusa a fornecer dados confiáveis. A coincidência levanta a hipótese de que, mesmo com aumento da população, a pandemia, maior causa [sic] de óbitos do País no ano , está muito longe de poder ser definida como mera “gripezinha”. Os números nunca mentem, mas isso não comoveu quem cruzou o marco do calendário gregoriano facilitando a contaminação pelo novo coronavírus.

Alguns brasileiros ilustres agiram como agentes desse contágio. O craque Neymar promoveu festa para 500 convidados em Mangaratiba, aviltando o tema do sucesso de Luiz Gonzaga. O influenciador em redes sociais Carlinhos Maia aglomerou centenas no Natal da Vila, resultando em 47 contaminados. Outro ídolo de crianças e adolescentes nas redes sociais, Felipe Neto, criticou-o, mas foi filmado jogando futebol. O governador de São Paulo, João Doria, jura adesão à ciência, mas fez um bate-volta para Miami a pretexto de “merecido” repouso de guerreiro. Outro tucano, Bruno Covas, festejou a reeleição para a Prefeitura de São Paulo num “covidão” que lembrou bailes funk da periferia, e ainda promoveu um bonde da alegria com aumento de 46% para si, o vice, vereadores e servidores. Merval Pereira definiu-os como “sem noção” em sua coluna no Globo.

Dentre eles, Jair Bolsonaro é hors-concours. Ganhou menção especial porque passou o Natal num forte militar em São Francisco do Sul (SC), pertinho de Presidente Getúlio, no Vale do Itajaí, onde 21 brasileiros morreram afogados numa enchente. Na companhia de um magote de bajuladores, deixou em Brasília a mulher, Michelle, que usufruiu o feriadão rodando de kart com o maquiador Agustin Fernandez no Ferrari Kart do Autódromo Nelson Piquet. Madame pode ser adicionada ao rol.

Depois, o presidente cometeu insanidades tentando desviar sua responsabilidade no combate à vacinação, com exigência de imagens do calo ósseo na mandíbula de Dilma, torturada no regime militar. E na grotesca exposição de sua barriga pseudoatlética ao se jogar de um barco ao mar para nadar até um grupo previamente reunido de apoiadores, que insultaram adversários aos berros e o chamaram de “mito”. Aglomerados e jorrando perdigotos, como só convém ao vírus.

(.........)

O desgovernante que torna inviável [inviável? como assim? que ação foi realizada ou determinada pelo presidente da República Federativa do Brasil, JAIR MESSIAS BOLSONARO, que inviabilizou a vacinação contra a covid-19?]  vacinação, sonhada pelo povo real (e não o fictício na Praia Grande e no “chiqueirinho” do Alvorada) como sopro de sobrevida, não é, contudo, um ponto fora de curva na história dessa “Pátria Amada” ideal de comerciais de promoção da Secretaria de Comunicação. Bolsonaro e Mourão são a quintessência da maldade de momentos abjetos de nossa História. O Brasil foi a última Nação do Ocidente a abolir a escravidão de africanos transportados em brigues imundos através do Atlântico, e da qual se livrou em doses homeopáticas e condições indignas, denunciadas pelo abolicionista Joaquim Nabuco. A República cega e surda não enxergou a ignomínia do massacre dos crentes sertanejos em Canudos, comandado por covardes arrogantes como Moreira César, apesar do relato do gênio Euclydes da Cunha. Nem ouviu os gemidos dos dissidentes no Estado Novo de Getúlio, relatados em Memórias do Cárcere, de Graciliano Ramos.

A encenação da grosseria contagiosa nas areias de Praia Grande, a cargo de agentes da morte treinados nas “milícias populares” do capitão terrorista em Polícias Militares (PMs), celebrou a agonia anunciada pelo combate ao uso da máscara, ao isolamento social e à imunização, condizentes com as melhores conquistas civilizatórias do honrado Brasil real. A farsa fúnebre nada tem que ver com a definição de amor, verdade e vida do Deus manso, ao Qual reza o facínora-mor. Só propicia safras malditas de ódio, mentira e dolorosa tortura da morte antecipada.

José Nêumanne, jornalista, poeta e escritor - O Estado de S. Paulo

 

 

quarta-feira, 31 de outubro de 2018

STF impedirá posse de Bolsonaro e Mourão?

Fala sério... Judiciariamente, seria até possível. Politicamente, não tem a menor condição de o Supremo Tribunal Federal impedir a posse de Jair Messias Bolsonaro, alegando que ele é “réu” em um absurdo processo sobre apologia ao estupro contra a deputada petista Maria do Rosário – ela sim que xingou Bolsonaro de “estuprador”. Da mesma forma, não dá para acreditar que o Tribunal Superior Eleitoral venha a impugnar a chapa Bolsonaro-Mourão pelo mentiroso absurdo de poder econômico – uma fake news veiculada pela Folha de São Paulo.

A covarde judicialização contra Bolsonaro será um dos temas que ele deve tratar, pessoalmente, na conversa fechada que deve ter, semana que vem, em Brasília, com o Presidente do Supremo Tribunal Federal. José Dias Toffoli já sinalizou e escreveu que deseja um diálogo para a pacificação do Brasil com pleno respeito à Constituição e aos valores da Democracia. Mesmo desejo já manifestado no primeiro discurso público de Bolsonaro após o resultado do 2º turno eleitoral. Toffoli e Bolsonaro têm um consenso prévio: ambos não querem confusão...

Os 11 ministros do Supremo são extremamente sensíveis à leitura da conjuntura. Quem não é analfabeto político, muito menos imbecil radicalóide, percebeu que o resultado da eleição recomenda um novo tratamento, respeitoso e democrático, aos eleitos Jair Bolsonaro (que vem do Legislativo) e Antônio Mourão (que vem do Poder Militar). Bolsonaro não é mais aquele que o preconceito canhoto e canhestro acusava de “fanfarrão”, “fascista”, “despreparado” e que “jamais chegaria à Presidência da República”. O “mito” chegou... E agora? Agora é outra conversa... A partir de 1º de janeiro, ele será o 38º Presidente da República do Brasil. Sua canetinha mágica que assina o Diário Oficial da União terá o poder de indicar, pelo menos, os dois próximos ministros do Supremoem função das aposentadorias programadas de Celso de Mello e Marco Aurélio de Mello. E de a mais alta Corte do Judiciário realmente tem apreço pela Democracia não pode, nem deve, conviver em estado de guerra permanente contra Bolsonaro.

A vantagem para o Brasil, atualmente, é que o Toffoli petista também já foi sepultado metaforicamenteda mesma forma que o Bolsonaro com arroubos autoritários e “sindicalista-militar” da juventude. O Capitão não morreu simbolicamente, porque ele continua sendo um “Soldado do Brasil”, porém com mentalidade de estadista e defendo da Liberdade, da Democracia, da Transparência, da Verdade e, sobretudo, da Democracia. Atacar este “Mito” é burrice e furada. Em vez de perder tempo especulando sobre cassação de chapa ou impedimento antes ou depois para Bolsonaro ser Presidente, o Judiciário deveria se preocupar com o efetivo combate à corrupção, com o fim da impunidade, com o aumento do poder e as ameaças das facções criminosas e com uma República que precisa ser reinstaurada, o Estado reconstruído e a Federação remodelada.

Certamente, a conversa séria entre Bolsonaro e Toffoli vai colocar uma pedra em cima de tanta judicialização da politicagem e jagunçagens praticadas pelas “Gestapos” que infestam o setor público brasileiro. Um Judiciário que não respeita a vontade da maioria do eleitorado vai acabar se transformando em Judasciário”. Felizmente, no Brasil não existe mais clima para tamanha barbaridade institucional.

sábado, 22 de setembro de 2018

Golpe versus golpe

Um fato ninguém discute: tanto Bolsonaro como Lula – e, por tabela, seu preposto – são, lado a lado, odiados por uma ampla parcela da população. Carregam insuperáveis índices de rejeição às suas ideias, práticas e propostas. São alvo de repulsa especialmente pelo que representam – em direções opostas, é bem verdade. Como diria em sua antológica frase o ex-congressista Roberto Jefferson, um e outro despertam “os instintos mais primitivos” dos eleitores. E eis que chegamos às vésperas das urnas na inusitada situação de conceder a vitória àquele menos odiado. Ou o “menos” pior. Ou o que galvaniza a porção majoritária de defensores dos extremos à direita e à esquerda. 

Lula encarnado na figura de Haddad, que usa a máscara do próprio mentor para dizer que um e outro representam o mesmo ser, tal filho e espírito santo, o postiço funcionando como um mero pau-mandado do padrinho. Serão juntos recriadores de um caudilhismo singular – que fez história no velho coronelismo da caatinga – com todos os vícios, roubos e aberrações de gestão já experimentados por essas paragens. A divindade Lula reencarnará, tomará forma e método na imagem mimetizada de Haddad. Assim prega o lulopetismo. E assim deve ser. Haddad, que empresta corpo e alma, não recusa o papel, de mais a mais bem melhor que o de um prefeito paulistano apagado, desprezado, marcado pela ineficiência administrativa, pela mediocridade de projetos e pela arrogância na conduta. 

Na outra ponta do ringue, a imprudência fardada. Bolsonaro e seu general de estimação, Mourão, o vice das incontinências verbais, já demonstraram ter zero de noção sobre o que fazer para reconsertar o País. Na prática, nem estão preocupados com o assunto. Não tratam disso. Sugerem implantar um modelo liberticida de poder escorado na intolerância (como se fosse possível tamanha ambiguidade). A radicalização prende, extermina o contraditório, extirpa do convívio os adversários que não concordam com seus mandamentos. O trunfo de Bolsonaro e Mourão é surfar a onda do desencanto, pegar todo mundo na base da raiva. Atrair os insatisfeitos que seguem largados por todos os lados, sem respostas. Querem mover e moer a máquina na base dos impulsos tribalistas, vingativos, irracionais. Contra tudo que está aí, quem sabe até contra a democracia, por que não? E eis o inacreditável: a proposta de trucidar a democracia lidera as pesquisas como o último toque de recolher na caserna após a fuzarca. 


Restam os órfãos, a expressiva maioria localizada no centro ideológico, aqueles que temem ser esta talvez a derradeira das eleições democráticas por uma longa e tenebrosa era, caso nada reverta o quadro ou vinguem os anseios totalitários em ascensão. Já é possível contemplar: um aparato rudimentar de governo aguarda o Brasil logo ali na esquina, na virada das eleições, em uma marcha da insensatez em ritmo acelerado nesse sentido. Como foi possível chegar a tal ponto de degradação política? Que forças ocultas ou de corpo presente empurram o País para tão sombria perspectiva que, nem de longe, representa a expressão dos sentimentos da maioria, mas que deve se confirmar como única fórmula disponível, pelo mero desencanto daqueles que desistiram de lutar por saídas alternativas? O dueto de Bolsonaro/Mourão versus o de Lula/Haddad possuem no escopo de princípios deploráveis de suas respectivas cartilhas muitas similaridades de interpretações, adaptadas às versões de cada lado. 

Sobre o golpe, por exemplo. Ambos pregam que ele existiu ou existirá – se desconte diferenças de timing na conclusão de um para o outro. A chapa verde oliva passou a alertar sobre um tresloucado golpe em gestação na forma de fraude nas urnas, tese conspiratória logo ridicularizada pelas autoridades competentes. A chapa vermelho raivoso sustenta a pregação de uma eleição golpista por não contar com o nome de Lula nas urnas. Irresponsavelmente, ambos os lados atentam contra as instituições, as leis e as regras do jogo democrático. É golpe versus golpe, abrindo margem a contestações futuras, anarquia e flerte com eventuais ditaduras. Nem o mais insensato dos cidadãos pode vir a concordar com tamanho despautério. Ainda dá tempo. Seu voto é carimbo para um melhor futuro.

Carlos José Marques, diretor-editorial da Editora Três