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quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

Bolsonaro e Mourão - José Nêumanne

O Estado de S. Paulo

Vice fã de torturador garante distância de presidente desumano de eventual impeachment 

[se impõe um registro:  o coronel do Exército Brasileiro, CARLOS ALBERTO BRILHANTE USTRA, NUNCA foi condenado pela prática de qualquer um dos crimes dos quais é injustamente acusado - a maior parte das denúncias não foram acatadas na primeira instância e a maioria das poucas que foram recebidas,  terminaram arquivadas;
sofreu  uma condenação na primeira instância, que foi objeto de recurso, resultando na sua não confirmação em segundo grau.
A sua brilhante folha de serviços prestada ao Brasil, notadamente no combate aos terroristas e traidores da Pátria, o credencia à condição de HERÓI NACIONAL e ter seu nome inscrito no Livro de Aço do Panteão dos Heróis - claro que antes da inscrição de seu nome, aquele livro deve ser liberto de alguns nomes que não merecem lá constarem.]

Balanço do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) aponta que, até 21 de novembro de 2020, foram registradas no Brasil 200 mil mortes, 24% mais do que era estimado para o ano findo. [qual a causa dessas 200.000 mortes? O número é bem inferior ao total de mortes ocorridas no Brasil, no ano de 2020; Um exemplo: sem incluir as da covid-19, de 1º de janeiro de 2020 até 15 de outubro, morreram no Brasil,  só de problemas cardiovasculares: 350.000.]

 Naquela data, as perdas em decorrência da covid-19 chegavam a 168.989, conforme dados divulgados pelo consórcio dos meios de comunicação, já que o Ministério da Saúde se recusa a fornecer dados confiáveis. A coincidência levanta a hipótese de que, mesmo com aumento da população, a pandemia, maior causa [sic] de óbitos do País no ano , está muito longe de poder ser definida como mera “gripezinha”. Os números nunca mentem, mas isso não comoveu quem cruzou o marco do calendário gregoriano facilitando a contaminação pelo novo coronavírus.

Alguns brasileiros ilustres agiram como agentes desse contágio. O craque Neymar promoveu festa para 500 convidados em Mangaratiba, aviltando o tema do sucesso de Luiz Gonzaga. O influenciador em redes sociais Carlinhos Maia aglomerou centenas no Natal da Vila, resultando em 47 contaminados. Outro ídolo de crianças e adolescentes nas redes sociais, Felipe Neto, criticou-o, mas foi filmado jogando futebol. O governador de São Paulo, João Doria, jura adesão à ciência, mas fez um bate-volta para Miami a pretexto de “merecido” repouso de guerreiro. Outro tucano, Bruno Covas, festejou a reeleição para a Prefeitura de São Paulo num “covidão” que lembrou bailes funk da periferia, e ainda promoveu um bonde da alegria com aumento de 46% para si, o vice, vereadores e servidores. Merval Pereira definiu-os como “sem noção” em sua coluna no Globo.

Dentre eles, Jair Bolsonaro é hors-concours. Ganhou menção especial porque passou o Natal num forte militar em São Francisco do Sul (SC), pertinho de Presidente Getúlio, no Vale do Itajaí, onde 21 brasileiros morreram afogados numa enchente. Na companhia de um magote de bajuladores, deixou em Brasília a mulher, Michelle, que usufruiu o feriadão rodando de kart com o maquiador Agustin Fernandez no Ferrari Kart do Autódromo Nelson Piquet. Madame pode ser adicionada ao rol.

Depois, o presidente cometeu insanidades tentando desviar sua responsabilidade no combate à vacinação, com exigência de imagens do calo ósseo na mandíbula de Dilma, torturada no regime militar. E na grotesca exposição de sua barriga pseudoatlética ao se jogar de um barco ao mar para nadar até um grupo previamente reunido de apoiadores, que insultaram adversários aos berros e o chamaram de “mito”. Aglomerados e jorrando perdigotos, como só convém ao vírus.

(.........)

O desgovernante que torna inviável [inviável? como assim? que ação foi realizada ou determinada pelo presidente da República Federativa do Brasil, JAIR MESSIAS BOLSONARO, que inviabilizou a vacinação contra a covid-19?]  vacinação, sonhada pelo povo real (e não o fictício na Praia Grande e no “chiqueirinho” do Alvorada) como sopro de sobrevida, não é, contudo, um ponto fora de curva na história dessa “Pátria Amada” ideal de comerciais de promoção da Secretaria de Comunicação. Bolsonaro e Mourão são a quintessência da maldade de momentos abjetos de nossa História. O Brasil foi a última Nação do Ocidente a abolir a escravidão de africanos transportados em brigues imundos através do Atlântico, e da qual se livrou em doses homeopáticas e condições indignas, denunciadas pelo abolicionista Joaquim Nabuco. A República cega e surda não enxergou a ignomínia do massacre dos crentes sertanejos em Canudos, comandado por covardes arrogantes como Moreira César, apesar do relato do gênio Euclydes da Cunha. Nem ouviu os gemidos dos dissidentes no Estado Novo de Getúlio, relatados em Memórias do Cárcere, de Graciliano Ramos.

A encenação da grosseria contagiosa nas areias de Praia Grande, a cargo de agentes da morte treinados nas “milícias populares” do capitão terrorista em Polícias Militares (PMs), celebrou a agonia anunciada pelo combate ao uso da máscara, ao isolamento social e à imunização, condizentes com as melhores conquistas civilizatórias do honrado Brasil real. A farsa fúnebre nada tem que ver com a definição de amor, verdade e vida do Deus manso, ao Qual reza o facínora-mor. Só propicia safras malditas de ódio, mentira e dolorosa tortura da morte antecipada.

José Nêumanne, jornalista, poeta e escritor - O Estado de S. Paulo

 

 

quinta-feira, 19 de abril de 2018

A verdade dos fatos contra lorotas do STF

‘Diálogo’ proposto por Marinho para evitar vitória de Bolsonaro é AI-5 pela impunidade

Há quem maldiga a exposição das sessões plenárias do Supremo Tribunal Federal (STF) televisionadas pela TV Justiça e retransmitidas pelas emissoras de all news na íntegra e com trechos em canais abertos como uma violação da discrição, que se deveria sobrepor à exibição sem pudor da Justiça. Mas, com a relevância das decisões tomadas nessas sessões, a transparência de debates e votos de seus membros é gênero de primeira necessidade na democracia brasileira. O que não quer dizer que seus componentes não se devam resguardar com um mínimo de pudor, nem sempre praticado como teria de sê-lo.

À exceção de Rosa Weber, que não se expõe além dos votos que profere na chamada Suprema Corte, seus dez colegas ─ uns mais, outros menos, reconheçamos ─ reclamam do excesso de trabalho interno, mas fazem palestras bem remuneradas e tocam negócios afortunados, apesar de receberem vencimentos usados como teto no serviço público. Incluindo aí o presidente da República. Nessas ocasiões públicas, não se eximem de proclamar seus pontos de vista, antecipando-se a votos futuros, nem sempre coerentes com decisões pretéritas. Da mesma forma, frequentam convescotes aos quais comparecem advogados de réus de causas em julgamento, abrindo-lhes as portas de seus gabinetes e até elogiando-os em suas perorações.

Com o fito de desqualificar agentes, procuradores e juízes federais de primeira e segunda instâncias, fiel à sua pose de rei de Roma, o ministro Gilmar Mendes, por exemplo, definiu o ex-deputado José Roberto Batochio, do PDT, como vítima de assédio moral desses colegas dele da Justiça. A citação não foi apenas imprópria, mas também falsa. Na verdade, o “jurista”, citado como mártir, havia abandonado a defesa do condenado Antônio Palocci porque este queria fazer delação premiada, contra a vontade do seu defensor. Na ocasião, o mesmo ministro acusou seus atuais inimigos de ocasião de corrupção e práticas de tortura, usuais na ditadura.

Para apoiar suas diatribes, Sua Excelência, que se diz “supremo”, adotando o título da instituição, recorreu a uma conclusão não confirmada pelos fatos. Na acusação furiosa ao instituto usado em democracias mais sólidas e antigas do que a nossa, acusou juízes, procuradores e policiais de prenderem acusados para deles arrancarem confissões. Segundo dados da Lava Jato, porém, 84% das delações premiadas foram obtidas pela operação de cidadãos livres. No caso, mentiu o ministro ou mente a força-tarefa. Qualquer das hipóteses é gravíssima e merece reparação. Contra o ministro pesa, além de acusar e ofender sem apresentar provas, indiscrição sobre a vida amorosa de seus desafetos.

Na troca de gentilezas entre ministros soit-disant garantistas e advogados de réus abonados, Ricardo Lewandowski chegou a elogiar o francês do citado dublê de advogado e político Batochio, que cometeu pelo menos um erro grave em citação que fez do advogado de Luís XVI, Malesherbes. Em três linhas, o pedetista citou um verbo inexistente, “prener”, quando deveria ter usado prendre. Vovó diria que “ele poderia ter dormido sem essa”.

Tudo isso, porém, não passa de lana caprina se comparado à frequência do citado Mendes em ágapes de Temer, investigado pela terceira vez em cabeludas suspeitas sobre a autoria de um decreto de concessões para operar no Porto de Santos. Uma das empresas beneficiadas, a Libra, deve R$ 2,7 bilhões à estatal que administra o terminal. E ainda usufrui o privilégio de não ter a dívida cobrada, mas tornada objeto de uma arbitragem sem fim, por mercê de medida provisória anterior, que, de acordo com o Ministério Público Federal, foi inspirada pelo próprio Temer e por Eduardo Cunha. Os mesmos acusadores garantem que a empresa doou R$ 1 milhão ao partido do presidente, proibido por lei de aceitar doações de concessionários.

Menos ético ainda é o lobby que o Partido dos Trabalhadores (PT) e o presidente têm feito para mudar a jurisprudência, fixada em 2016, autorizando prisão após segundo instância, conforme reportagem publicada sexta-feira 13 de abril neste jornal, da lavra de Andreza Matais e Ricardo Galhardo.  O pior é que a notícia do acordão foi confirmada na ocasião pelo presidente do PT e seu candidato ao governo de São Paulo, Luiz Marinho, em entrevista à Rádio Eldorado. Este reconheceu que, na companhia de Gilberto Carvalho ─ o “seminarista” [de missa negra] da lista de propinas da empreiteira Odebrecht (pivô do escândalo de corrupção que levou o ex-presidente do Peru Pedro Pablo Kucynski a deixar o governo) ─, visitou os ministros do STF Gilmar Mendes (sempre ele!) e Alexandre de Moraes para recomendar a mudança da jurisprudência que autoriza a prisão pós-segunda instância. Contou ainda que estabeleceram esse “diálogo” para impedir que Jair Bolsonaro ganhe a eleição presidencial.

Deus do céu! O PT, que insiste em apresentar como candidato o presidiário mais popular do Brasil, condenado em primeira e segunda instâncias e com habeas corpus negados por unanimidade no Superior Tribunal de Justiça e por maioria no STF , apela para o tapetão para impedir que o povo eleja quem quiser presidente. Se o ministro Mendes se assusta tanto com o fantasma do Ato Institucional n.º 5 (AI-5) dos militares, não seria o caso de ter alertado seus interlocutores sobre a natureza autoritária de sua proposta infame? Só que, naquela ocasião, o Estado noticiou que Mendes visitara Temer para lhe propor nomear Alexandre de Moraes ministro da Defesa e, assim, abrir vaga no STF e garantir o voto de desempate a favor das calendas do “trânsito em julgado”.
Felizmente, Moraes publicou no domingo um artigo na Folha de S.Paulo em que assevera: “Condenações em 2.º grau devem ser respeitadas; a possibilidade de execução provisória de pena fez evoluir o combate à corrupção”. Eureka! Será que a verdade vencerá as lorotas?

José Nêumanne (publicado no Estadão) - Coluna do Augusto Nunes - Veja

 

quarta-feira, 8 de março de 2017

O paraíso da meia galinha morta

José Nêumanne: O paraíso da meia galinha morta

A supersafra da agroindústria, o futebol interditado e o samba avariado são as delícias do Brasil

Bastou chover um pouco mais que o esperado e parte da supersafra brasileira de soja “mica”, pois não consegue chegar ao porto de Belém, do qual 11 navios, sem poder mais esperar, se mandaram para embarcadouros mais ao sul, em Santos (SP) e Paranaguá (PR). A erva está encalhada em 100 quilômetros não asfaltados da BR-163, rodovia que é hoje a principal ligação entre uma grande zona produtora de grãos, em Mato Grosso, e os navios atracados no norte.

Segundo reportagem de Lu Aiko Otta, do Estado em Brasília, o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, lamentou: “Dinheiro que estava na mesa, de uma grande colheita, está indo para o ralo, nos buracos das estradas. Dá pena de ver.”

Os produtores tiveram prejuízo de US$ 6 milhões só com a “demourage”, taxa paga pela permanência das embarcações ancoradas. Caso consiga ser embarcada no Sudeste ou no Sul, a carga desviada poderá sobrecarregar as entradas desses portos, com mais despesas de espera. No total, o setor estima que nesta safra os sojicultores perderão R$ 350 milhões, segundo informou o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), Carlo Lovatelli. “Estamos queimando notas de cem dólares, uma atrás da outra”, afirmou o executivo. Segundo Maggi, o produtor que vende a leguminosa precisa entregar no prazo, no local definido pelo comprador. Diante do atraso no escoamento da produção local, a alternativa é, muitas vezes, adquiri-la de outros países produtores, como Estados Unidos e Argentina, para honrar o contrato.

A supersafra resulta da galinha dos ovos de ouro da economia brasileira, que é a agroindústria. Mas, como o casal da fábula que ganha a galinha miraculosa de um duende e a mata para não ter de esperar o dia seguinte para a postura de mais um ovo e retirar do ventre da ave todos os ovos de uma vez, em vez de um por um, dia a dia no que lhe restar de vida. O conto infantil termina com a seguinte moral: “Espreitando pela janela, o duende ria-se e abanava a cabeça, pensando que a verdadeira felicidade não está em ter ou não ouro, mas, sim, no coração de cada um.”

A pressa, que, como diziam nossos avós, é inimiga da perfeição, transforma o Brasil num imenso cadáver de galináceo. Aqui já houve ferrovias, e não há mais. A solução para o transporte da supersafra, que se tem repetido ano a ano, assim como o atoleiro na BR-163, seria ferroviária. Mas todo o transporte passou a ser feito por rodovias desde a instalação das montadoras de automóveis no Brasil, nos anos 50, no governo de Juscelino Kubitschek. Sessenta anos depois, a malha rodoviária está imprestável, porque o Estado não investe uma pataca nas vias de escoamento da safra, e o resultado é o que se vê em Mato Grosso. Assim como nos portos.

E a safra recorde que está micando é só uma das muitas outras evidências de que vai ser difícil dar um jeito no Brasil. Na semana passada, os habitantes de Campina Grande, no alto do Planalto da Borborema, e do sertão da Paraíba comemoraram a chegada da água da transposição do Rio São Francisco à represa de Barreiro, em Sertânia, no interior de Pernambuco. O reservatório fica a 100 quilômetros de Monteiro, às margens do rio Paraíba, que forma Boqueirão, açude que abastece a segunda maior cidade do Estado e que título a um romance regionalista do pioneiro José Américo de Almeida. Como lhe restam 3% do volume morto, a notícia provocou a euforia dos paraibanos sedentos. Infelizmente, contudo, a barragem, inaugurada no fim de fevereiro, vazou no começo de março. E agora todos estão à mercê de boas notícias sobre o estancamento desse vazamento.

Não podia haver retrato mais acabado da ironia do destino de galinha morta do Brasil. Em vez de ser levada para dar de beber ao interior do Nordeste, a água do Velho Chico invadiu propriedades e repetiu, em escala muito menor, a tragédia da lama que matou o Rio Doce, em Minas.  Bem mais distante de Sertânia, a população de Fortaleza, capital do Ceará, não tem água para beber e cozinhar, dependendo para isso do açude do Castanhão, também pela hora da morte, amém. Lá, a esta altura, mesmo com chuvas inesperadas e recentes, a dependência completa dos caminhões-pipa só será combatida se a promessa da transposição do rio da unidade nacional feita por Lula e Dilma for cumprida. Os dois compraram  canecas para viajarem para o sertão e beberem a água do rio longínquo, mas agoram vem essa notícia desapontadora.

Construída no contorno da belíssima Baía de Guanabara, o Rio de Janeiro, cujos reflexos luminosos noturnos foram decantados num musical de Cole Porter, mas que também já foi definida numa marchinha de carnaval como “cidade que me seduz, de dia falta água, de noite falta luz”, não tem mais problemas para consumo humano de água potável. O melhor governante que já teve, Carlos Lacerda, resolveu o problema secular com o uso das águas do Guandu. No entanto, dá outros exemplos de como a galinha morta Brasil impera de norte a sul.

O jogo final da tradicional e charmosa Taça Guanabara, um Fla-Flu, tido e havido como o maior clássico do futebol mundial, foi jogado para um público reduzido para suas tradições, num estádio menor, porque o “gigante do Maracanã” está fechado por causa de um conflito judicial entre o Estado imprevidente e a iniciativa privada picareta. A Justiça e a polícia, incapazes de garantir a segurança do público pagante, exigiram que a final fosse jogada para torcida única. Fluminense e Flamengo puderam jogar para os torcedores dos dois times, que se arriscaram a ir ao subúrbio sem muita garantia, mas só puderam comprar ingressos depois da tardinha de sexta-feira, quando os clubes obtiveram a liminar para cancelar a estúpida decisão anterior.

Isso ocorreu uma semana depois do desfile das escolas de samba no sambódromo erguido na gestão de Leonel Brizola e Darcy Ribeiro no Estado do Rio. No desfile de domingo, um carro alegórico da Paraíso do Tuiuti, guiado por um caminhoneiro que nunca havia dirigido um veículo na pista do samba, esmagou parte da multidão que se acotovelava para ver o desfile no setor 1, ferindo 20 pessoas. Na madrugada seguinte, a parte de cima da alegoria móvel da Unidos da Tijuca desabou por excesso de peso, levando foliões ao hospital.

Na Quarta-Feira de Cinzas, a Liga das Escolas de Samba – Liesa – concluiu que o primeiro desastre foi um “acidente” e o segundo teria resultado de uma falha no sistema hidráulico. Sem reconhecer que havia gente demais sambando em cima de um carro que não tinha condições técnicas para desfilar. No paraíso da galinha morta, esse senhor manteve as duas escolas trapalhonas no desfile do ano que vem, perdoando seus erros e exigiu da prefeitura do Rio que refaça o percurso da pista do samba.

Esse não será assunto para a sra. Luislinda Valois, ministra dos Direitos Humanos do governo Temer, levar no ano que vem ao debate na comissão temática das Nações Unidos, à qual em sabatina neste ano omitiu o desastre da lama matadora do Rio Doce na Minas histórica e os massacres de início de “ano novo, morte nova”, nos presídios de Manaus, Boa Vista e Nísia Floresta, na Grande Natal. Evoé, Momo Rei!

Capistrano de Abreu dizia que o primeiro artigo da Constituição ideal para o Brasil seria: “Todo brasileiro deve ter vergonha na cara”. E somente mais um: “Revogam-se as disposições em contrário”. Em seu livro Mau Humor – uma antologia definitiva de frases venenosas, Ruy Castro atribuiu ao jornalista Ivan Lessa, filho de Orígenes Lessa, autor de O Feijão e o Sonho, outra frase que servirá como uma luva (ou uma meia) para pôr fim a este artigo: “O brasileiro é um povo com os pés no chão. E as mãos também”. Ou seja: uma meia galinha morta.
 
Publicado no Blog do Nêumanne

 

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Um tiro nos pés… de Lula



Quem no Brasil ainda teme que Lula, duas vezes réu e agora sem máscara, ainda reine?

Do alto de sua empáfia, o decano dos suspeitos submetidos a investigações no Supremo Tribunal Federal (STF) e auxiliar de fatiador da Constituição Renan Calheiros, presidente do Senado, disse: “O exibicionismo da Lava Jato tira prestígio do Ministério Público”. Agora cessa o que a antiga musa canta, pois um poder mais justo se alevanta: o juiz federal Sergio Moro calou os críticos da força-tarefa da “república de Curitiba” ao aceitar a denúncia dela contra Lula.

Ainda é difícil saber se, mesmo não estando mais incólume, o teflon que protegia Lula perdeu a capacidade de lhe manter o carisma. Antes de Renan, outros críticos desdenharam do pedido de sua prisão pelo promotor paulista Cássio Conserino. Tal impressão foi desfeita pela juíza Maria Priscila Ernandes Veiga Oliveira, da 4.ª Vara Criminal de São Paulo, que não achou a acusação tão imprestável assim: afinal, não a arquivou e, sim, a encaminhou para o citado Sérgio Moro, titular da 13.ª Vara Federal do Paraná e responsável pela Operação Lava Jato, decidir. E as mesmas vozes ecoam esgares e esperneio da defesa de Lula contra o show de lógica clara dos “meninos de Curitiba”.

Acontece que em nada o dito espetáculo de uma semana atrás diferiu das coletivas anteriores, realizadas para a força-tarefa da Lava Jato comunicar à população, o que é necessário nesses casos pela gravidade dos crimes investigados e pela importância dos acusados sobre os quais recaem as acusações. À exposição sobre o cartel de empresas compareceram os mesmos procuradores, foi apresentado um libelo acusatório mais copioso (de quase 400 páginas à época e de 149 agora) e também se utilizaram recursos visuais (powerpoints) para ilustrar informações e explicações. Ainda como em todas as vezes anteriores, nesta a defesa do Lula respondeu apelando para recursos idênticos, e agora com uma agravante: a insistência numa frase para desmoralizar os procuradores, mas que não foi dita por nenhum deles: “Não temos provas, temos convicções”.

Em parte por nostalgia de suas ilusões, como milhões de brasileiros encantados com o coaxar rouco do líder que Brizola chamou de “sapo barbudo pra burguesia engolir”, em parte por medo da vingança do ex-dono, se lhe forem devolvidas as chaves dos cofres da viúva, os neocríticos crédulos perdem o sono. O pavor do chororô da jararaca que vira crocodilo é antigo

Em 2012, a delação proposta por Marcos Valério Fernandes, que cumpre pena pelo mensalão, sobre a compra do silêncio de um chantagista que ameaçava comprometer Lula, José Dirceu e Gilberto Carvalho na morte de Celso Daniel, sucumbiu à omissão do então procurador-geral, Roberto Gurgel, e do ex-presidente do STF Joaquim Barbosa.
O episódio acima foi narrado ao juiz Sergio Moro por Marcos Valério Fernandes, cuja versão não foi levada em conta porque seria um “bandido apenado”, ao contrário dos cúmplices com mandato, indultados no Natal pela mui compassiva companheira Dilma Rousseff. Deles só José Dirceu e Pedro Corrêa ainda moram na cadeia, acusados de terem delinquido direto das dependências do presídio da Papuda.

A versão de Valério, no depoimento repetido quatro anos depois, coincide com outra, que não deveria ser desqualificada, de vez que foi narrada pela voz autorizadíssima do ex-líder dos governos petistas no Senado Delcídio do Amaral (sem partido-MS). Nos autos do processo criminal, Sua Ex-excelência contou que, no início do primeiro mandato, o governo Lula era “hermético” e dele só participavam aliados tradicionais. Disso Dirceu discordava, pois já tinha combinado com o presidente do PMDB, Michel Temer, a continuação da “governabilidade” gozada pelo antecessor tucano, Fernando Henrique. Ante a perspectiva do impeachment, contudo, o chefão constatou: “Ou abraço o PMDB ou eu vou morrer”. Eis aí a lápide que faltava no quebra-cabeças.

Esta explica por que a bem pensante intelligentsia brasileira cantou em coro com os advogados dos empreiteiros nababos condenados por corrupção e a tigrada petralha o refrão “Valério bandido jamais será ouvido”, que manteve Lula fora do mensalão. E esclarece futricas da República de Florença em Brasília que põem o PMDB de Temer e Calheiros a salvo da luminosidade dos holofotes da História. Assim, enquanto acompanha Gil e Caetano entoando em uníssono “eu te odeio, Temer”, a esquerda vadia e erudita se acumplicia ao direito ao esquecimento que têm desfrutado o atual presidente e seus devotos do maquiavelismo no Cerrado seco.

Sabe por que esses celebrados “formadores de opinião” rejeitam a “nova ordem mundial” (apud Caetano Veloso, promovido sem méritos à companhia de Cecília, Drummond e Rosa, citados pela presidente do STF, Cármen Lúcia, em sua posse)? É que agora a corrupção não fica impune como dantes. E a maior evidência de que o velho truque de esconder castelos de areia sob tapetes palacianos escorre nos esgotos das prisões é o fato de os empreiteiros Marcelo Odebrecht e Léo Pinheiro optarem entre colaborar com a Justiça ou mofar na cadeia, por mais caros e bem relacionados que sejam seus causídicos. Só ficaram soltos os felizes mandatários que gozam de prerrogativa de foro. A patota desfruta o privilégio de não responder pelos próprios crimes e modificar as leis para moldá-las à sua feição.

É por isso que, enquanto faz juras públicas de amor à Lava Jato, o alto comando do Planalto planta suas “preocupações” com a excessiva vaidade ostensiva, capaz de, cuidado, comprometer o “digno” trabalho da força-tarefa. Pois saibam todos que estas linhas leem que a fraude Lula não engana mais a grande maioria, como já enganou um dia. E que, ao contrário de antes, ele vai desmoronar, mercê do combate mundial à formação de quadrilhas que usam a Justiça Eleitoral para lavar dinheiro sujo. De fato, Dallagnol e Pozzobon atiraram nos pés. Nos de Lula…

Fonte: José Nêumanne – O Estadão


quarta-feira, 6 de julho de 2016

Valha-nos Deus!

A troca de guarda no Palácio do Planalto não modificou radicalmente a animosidade que a investigação rigorosa e imparcial provoca neste país de compadres e seus jeitinhos

Há mais de um ano o jurista Modesto Carvalhosa vem escrevendo, de forma competente e diligente, na página 2 (de Opinião) do Estadão contra a ação solerte e perseverante da presidente afastada Dilma Rousseff para, na prática, perdoar as grandes empresas (no caso, empreiteiras), cujos dirigentes são acusados de corrupção na Operação Lava Jato. A ideia central da chefe de governo, reeleita em 2014 e à espera de julgamento de impeachment pelo Senado, é garantir ou devolver “milhares de empregos ameaçados ou extintos mercê da devassa da Polícia Federal e  do Ministério Público Federal, sob a égide do juiz federal Sérgio Moro em Curitiba”. O padrinho, patrono e inspirador dela, ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, chegou ao desplante de mandar sindicalistas reunidos em torno de sua voz roufenha procurarem o juiz citado para convencê-lo a desistir de sua eventual perseguição” pessoal, política ou ideológica.

O professor Carvalhosa, especialista na legislação internacional anticorrupção, que vem sendo aprimorada e tornada mais rigorosa nos últimos anos, particularmente depois da explosão das torres gêmeas de Nova York pela Al Qaeda, desconstrói essa teoria, em tudo ilógica. Ele não limita suas críticas às portarias presidenciais premiando grandes nomes da empreita privada de obras públicas no Brasil, mas também tem sido impiedoso quanto a tentativas oficiais de demonizar e desmoralizar o instituto da dita “delação premiada” por meio de suspeitos e seus aliados espalhados no governo e na oposição, praticamente todos os partidos e todos os ofícios. Os procuradores da dita “república de Curitiba”, por sua vez, continuam pregando a aprovação pelo Congresso das medidas que consideram essenciais para que providências legais mais rigorosas cumpram de forma mais efetiva o que a Operação Lava Jato tem conseguido fazer, com positiva repercussão popular. E debaixo de fogo cruzado de inimigos, cuja clara intenção é manter o máximo possível as brechas que garantam impunidade de ricos e poderosos, pela primeira vez na História da República alcançados pelos braços atrofiados de nossas leis.

A troca de guarda no Palácio do Planalto não modificou radicalmente a animosidade que a investigação rigorosa e imparcial provoca neste país de compadres e seus jeitinhos. O presidente interino, Michel Temer, repete, automática e cautelosamente, a ladainha de louvores à operosidade dos policiais, promotores e do juiz do Paraná.

Seu ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, chegou a viajar para Curitiba tentando vender essa ideia à sociedade seduzida pelos métodos e pelas consequências do trabalho de Moro e seus pupilos. Mas tudo isso bate contra o muro sólido e aparentemente impenetrável de reações coordenadas pelo interesse comum de aliados, que comandam as Casas de leis, ou de altos dirigentes dos partidos com maior representatividade no Poder Legislativo, que, em teoria, representa a cidadania. O encontro à sorrelfa de Temer com o presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, no Palácio do Jaburu, domingo é apenas um exemplo do que se pode estar tramando às ocultas, enquanto o próprio anfitrião e seus ministros tecem loas a Moro, à PF e ao MPF. Eliseu Padilha, chefe da Casa Civil do governo interino, viajou para São Paulo para cobrar da força-tarefa uma previsão sobre o encerramento de sua tarefa, que, pela própria natureza, não deve explicação nenhuma. E menos ainda uma desse teor.

Na semana passada, o ministro da Fazenda da nova situação, Henrique Meirelles, deu entrevista exclusiva à Rádio Estadão. Nela foi franco a ponto de reconhecer que sua tarefa de retirar a economia brasileira da atual crise, com profundidade abaixo de pré-sal, depende menos do acerto das providências que vier adotar a competente equipe econômica federal, sob seu comando, do que das decisões políticas a serem tomadas por um Congresso minado por legisladores ameaçados de prisão pela operação. Com sua notória habilidade em comunicar de forma simples a complexíssima equação da crise cuja extinção depende de duras e amargas medidas, Meirelles deu resposta cristalina sobre o paradigma de Dilma e Lula segundo o qual a crise não se deve ao rombo causado pelos corruptos. Este se deve, sim, à forma delituosa, extensiva, profunda e invasiva com que a organização criminosa instalada no alto comando da máquina pública federal minou o patrimônio nacional, dilapidando o capital de estatais, bancos públicos e até os minguados caraminguás dos barnabés necessitados de crédito consignado. E não os diligentes policiais, procuradores e juízes que se dedicam a investigá-los, processá-los e puni-los.

Infelizmente, contudo, as vozes de Meirelles, como a do professor Carvalhosa e as de procuradores como Deltan Dallagnol e Júlio Marcelo de Oliveira assemelham-se a clamores perdidos na poeira do deserto ou ao canto mudo das andorinhas que, isoladas, não fazem o verão. Recentemente, a Folha de S.Paulo publicou a notícia de que prosperava na cúpula do Partido dos Trabalhadores (PT) a ideia de buscar salvação para a sigla e o próprio sonho num projeto de leniência para salvar siglas envolvidas em cabeludos casos de ladroagem. No dia em que os meios de comunicação citavam a prisão pela segunda vez do quarto ex-tesoureiro do PT encalacrado em acusações da Lava Jato, o colega Raymundo Costa confirmou no Valor Econômico que, sob a liderança do notório w.d.(PT-RJ) e a adesão de uma verdadeira frente multipartidária, o Congresso vai procurar a salvação de seus suspeitos de furto com a criação de mais uma jabuticaba brasileira: a leniência para salvar legendas engolfadas na lama da corrupção. 

Paulo Ferreira, o êmulo pátrio do contador de Al Capone, é casado com Tereza Campello, ex-ministra do Desenvolvimento Social de Dilma, fiel ao perfil da famiglia lulopetista, assim como o são Delúbio Soares, João Vaccari Neto e José de Filippi Júnior, todos acusados por delatores e por provas técnicas irrefutáveis de terem cometido dois crimes: roubar para o partido e usar a Justiça Eleitoral, que em teoria garante o poder do voto do cidadão com isonomia na disputa eleitoral, como lavanderia de dinheiro sujo. d, uma espécie de defensor dos interesses de Lula na Câmara, já apresentou um projeto de modificação da colaboração com a Justiça, conhecida popularmente como delação premiada. E o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), não desmentiu nenhuma das várias  notícias de que tudo fará para que as condições para a mudança do método sejam aprovadas de acordo com o gosto e a conveniência dos suspeitos atingidos. 

De preferência antes que o próprio Renan e o patrono de d, Lula da Silva, percam a liberdade de ir e vir, no caso de as comprovadas práticas de ladroagem de ambos os incriminarem de uma vez. Por tudo isso e muito mais, talvez convenha desde já batizar alguma das próximas fases da Lava Jato de Valha-nos Deus.

Por: José Nêumanne - Coluna Augusto Nunes

 

quinta-feira, 5 de maio de 2016

Farsa de terrorista



Ao plantar a notícia falsa de que faria pronunciamento à Nação, quando, de fato, gravou instruções para militantes e não convocou rede de rádio e televisão para evitar um panelaço histórico, Dilma cometeu uma série de fraudes hediondas. À beira de um colapso de nervos e na véspera de uma decisão em que somente uma surpresa nunca antes ocorrida na História deste País poderá evitar mais uma derrota desmoralizadora de suas pretensões de permanecer no comando da República abandonada. A sra. Dilma Rousseff adicionou a seu prontuário político, policial e administrativo mais uma alucinada, alienada e criminosa trapalhada.

Na sexta-feira 15 de abril ela deu ao repórter Jorge Bastos Moreno, do jornal O Globo, a notícia de que faria, às 20h20m, um pronunciamento em rede de rádio e televisão para se defender do processo de impeachment, já em sessão de discussão prévia ao julgamento. Mentira! Depois que todos os meios de comunicação já tinham dado a notícia e que uma juíza havia proibido a convocação de uso de obrigação contida na concessão das emissoras para interromper a programação sempre que houver necessidade para comunicar algo de relevante interesse público, nunca particular de qualquer mandatário de qualquer Poder, o Palácio do Planalto vazou a informação de que Sua Insolência havia desistido de convocar a rede. Nova mentira.

Os motivos alegados, como sói ocorrer em momentos similares, foram anônimos e oficiosos, dando conta de que, a conselho do advogado geral da União, que, de fato, tem trabalhado como causídico particular de madama, esta desistiu da ideia para evitar problemas com a Justiça. Farsa. Em seguida, o vídeo foi vazado nas redes sociais pelo Palácio e pelo Partido dos Trabalhadores. Assim, ela conseguiu divulgar a mensagem para a militância nas ruas e evitar o maior panelaço da História do Brasil da lavra da população por ela traída e com ela enfurecida. Nova farsa! A série absurda de fraudes, cometidas depois da iniciativa de inspiração ilegal, foi completada pelo que se percebe ao se ver e ouvir o vídeo vazado. Neste Dilma diz, como o fazem todos os condenados que cumprem penas em presídios no País que ela preside, que nunca delinquiu na vida; e que impeachment sem crime é golpe. 

Continua ainda sua versão sem nexo da fantasia da crise política brasileira com a afirmação disparatada  de atribuir o processo a uma atitude isolada de vingança do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e à ganância pelo poder de seu vice “traidor e conspirador”, Michel Temer, que pretende assumir, “sem nenhum amparo legal”, o cargo que ela ganhou nas urnas. Ora, o processo foi aberto a pedido de um dos fundadores de seu partido, Hélio Bicudo, do ex-ministro de Justiça Miguel Reale Junior e da professora da Faculdade de Direito da USP Janaína Pascoal. Além disso, este corre em dois Poderes da República independentes do Executivo, que ela ainda comanda – o Legislativo e o Judiciário.

Depois, repetiu patranhas de terrorismo de campanha eleitoral, marca dela e de seu lugar tenente do marketing político, João Patinhas de Tucanos, preso por roubo em Curitiba. A principal destas foi a de que o eventual sucessor, caso o impeachment passe, porá fim aos programas sociais e ao apoio à educação dado por seu desgoverno.
 
Antes de seguir adiante com sua este resumo de sua fala repetitiva e surrealista, convém esclarecer que:
 1 – A Constituição estabelece que o vice-presidente é eleito na chapa liderada pelo candidato a presidente. Se não fosse assim, Temer não seria co-réu no processo que julga a interrupção dos mandatos de ambos, ela e o vice, no Tribunal Superior Eleitoral, o que ainda poderá ocorrer. Disso decorre que os 54 milhões de votos da eleição de 2014 foram dados a Dilma e a Temer. Não há legitimidade em dúvida, então, no caso. Além disso, a vitória no resultado final da contagem dos votos foi muito apertada e certamente ela não teria sido eleita se não tivesse sido apoiada pelo partido que o vice preside, o PMDB, com militância espalhada em cada município brasileiro.  

Acrescente-se que o Supremo Tribunal Federal acaba de realizar sessão histórica e nela reafirmou –  pela enésima vez – a natureza plenamente democrática do processo de afastamento, que corre na Câmara e depois irá para o Senado. A insistência do mantra do golpe é que a põe fora da lei, da ordem e da lógica comum das pessoas de posse das próprias faculdades mentais, o que não parece ser o caso dela. Outra cobrança, a da falta de defesa plena, desconsiderada pela Corte máxima da Justiça, não merece sequer referência num texto sério, como este pretende ser.

 2 – Recentemente, foi divulgado um áudio em que o vice se compromete a manter os programas sociais. E nunca em momento algum a educação e a saúde foram ameaçadas em programas de governo de quaisquer partidos brasileiros. Ocioso é lembrar que a Pátria Educadora está sendo ameaçada mesmo, mas pela penúria que foi imposta ao setor por seu desgoverno. E o caos na saúde pública é um dos frutos podres colhidos nos últimos 13 anos e 3 e meio meses de péssima gestão petista.

O vazamento do vídeo não foi seletivo, como ela vive a acusar os que põem em má situação seus amigos, caso de Gim Argello, seu companheiro de caminhadas matutinas no passado, e de Fernando Pimentel, seu sempre amigo de fé, para quem a esta altura certamente pimenta não é refresco. O vazamento foi apenas fraudulento. com o perdão da rima. Mas provocou o efeito indesejado de pegar mal, muito mal, em quem não se deixou enganar. Tiro no pé, cuspida pra cima, lambança que pode produzir efeitos desastrosos em suas pretensões para a votação de amanhã.

Tudo o que a chefona do desgoverno e seus asseclas produziram a respeito até agora só reproduz o desespero de uma desgovernanta que nada mais faznem tem condições de fazer de concreto para tirar o País do poço com profundidade de pré-sal em que ela, seu padrinho e seus capangas afundaram o País. Só nos resta agora é rezar um ato de contrição antes de dormir para que os deputados federais ressuscitem a esperança que o País perdeu desde que tomou conhecimento do assalto promovido por seus companheiros de legenda e de luta criminosa contra a Nação e cujo saque ao erário produziu desemprego, quebradeira e desconfiança, além de uma cizânia social inédita e inusitada.

Para concluir, devo reconhecer que ela disse algo com que concordo: de fato, ela não é acusada de corrupção. Não houve os casos Celso Daniel, mensalão e petrolão isolados, mas, sim, um escândalo só; que os reúne. E eles não configuram mera corrupção, mas um hediondo crime de assalto comum feito por bandidos comuns que promoveram a maior roubalheira da História do Brasil. Quiçá do mundo! É mais, muito mais do que corriqueira corrupção administrativa. É um gigantesco caso de polícia, que precisa continuar sendo investigado e no fim do qual todos os culpados devem responder com penas pesadas perante a Justiça de nosso Estado Democrático de Direito.

Lava Jato neles todos!

Fonte: Blog do José Nêumanne