Rodrigo Constantino
Os “institutos” provaram inúmeras vezes que “erram” sempre para o mesmo lado: favorecendo candidatos de esquerda
Ilustração: Viktoriia Ablohina/Shutterstock
Guilherme Fiuza, após o resultado, comentou: “Chega de poesia: o ‘erro’ grotesco dos ‘institutos’ se chama MENTIRA — devidamente embalada pela imprensa. E que coincidência: os mentirosos estiveram SEMPRE alinhados com o TSE para impedir que a eleição pudesse ser AUDITÁVEL. Brasil, decide aí se quer continuar brincando disso”.
De fato, precisamos explicar o óbvio: erro, em estatística, é sempre aleatório. Se houver uma inclinação de lado constante para o tal “erro”, não se trata mais de erro, e sim de viés. Os “institutos”, que não são institutos, e sim empresas que buscam o lucro vendendo esse serviço, que tampouco é científico como alegam, provaram inúmeras vezes que “erram” sempre para o mesmo lado: favorecendo candidatos de esquerda.
Tais “pesquisas” acabam influenciando muitos eleitores, e aí reside o maior problema. Alguns liberais mais ingênuos repetem que o próprio mercado cuida disso, pois empresas que só erram acabam perdendo a credibilidade. Ocorre que nas “lojinhas de porcentagem”, como brilhantemente chamou Augusto Nunes, o que se vende muitas vezes não é um serviço de previsão acurada, mas sim de resultados falsos para justamente influenciar o pleito. E isso é criminoso!
Siga o dinheiro, diria um típico detetive americano. Banqueiros petistas e emissoras de oposição bancam essas pesquisas, e as mesmas empresas de sempre disputam esse “mercado”. Em seguida, a própria imprensa coloca essas “pesquisas” como pauta de debate, e todos os comentaristas, até aqueles como eu, que nunca levaram a sério tais resultados, são obrigados a “analisar” os dados como se fossem reais e científicos. Isso é enganação pura!
O deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), que foi reeleito neste domingo, 2, disse que vai apresentar um projeto de lei na Câmara dos Deputados para punir os institutos de pesquisas que divulgarem levantamentos cujos resultados não confiram com o que for computado nas urnas além da margem de erro.
Banqueiros petistas e emissoras de oposição bancam essas pesquisas, e as mesmas empresas de sempre disputam esse “mercado”
“Eu vou apresentar um projeto de lei já amanhã [hoje], tornando crime pesquisas que, publicadas, não confiram com a urna além da margem de erro. Se diz que é uma técnica, é uma fotografia, então, a fotografia tem de ser verdadeira. Não tem cabimento uma pesquisa influenciando o eleitor, porque, infelizmente, no Brasil, tem eleitor que não quer perder o voto”, disse o deputado, em entrevista para o UOL. Barros é o líder do governo federal na Câmara dos Deputados.
“Não podemos permitir que haja manipulações de resultados em pesquisas eleitorais. Isso fere a democracia. Nada justifica resultados tão divergentes dos institutos de pesquisas. Alguém está errando ou prestando um desserviço. Urge estabelecer medidas legais que punam os institutos que erram demasiado ou intencionalmente para prejudicar qualquer candidatura”, publicou o presidente da Câmara, Arthur Lira, em suas redes sociais, antes mesmo dos resultados tão discrepantes.
Até a imprensa internacional chamou a atenção para esse fato. O jornal norte-americano esquerdista New York Times e os argentinos La Nacion e Clarín apontaram os erros das pesquisas eleitorais em relação à votação, que levou Lula e Bolsonaro ao segundo turno. O jornal norte-americano chegou a afirmar que “ficou claro que ele estava certo”, referindo-se às críticas que o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, fez aos institutos. Os analistas subestimaram “a força de candidatos conservadores em todo o país”, disse o NYT.
Eu confesso que comentava de má vontade e cheio de ressalvas as “pesquisas” nos programas de que participo, pois eram pauta obrigatória imposta pela direção. A partir de hoje, eu simplesmente me recuso a comentá-las. Não são caso de análise política, e sim de polícia! Que venha uma investigação profunda sobre bancos, veículos de comunicação e “institutos” de pesquisa, pois não resta a menor dúvida de que esse conluio vem prejudicando nossa democracia.
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