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sábado, 18 de março de 2023

Liberdade de expressão“Satirizar Jesus pode; gordos, não”: no governo Lula, cresce a perseguição a humoristas - Gazeta do Povo

Vida e Cidadania - Gabriel Sestrem

Movimentações recentes em Brasília, em especial após o início do novo governo Lula, têm acendido “luz amarela” quanto à liberdade de expressão. Entre humoristas, cresce a preocupação com possíveis censuras de ordem identitária vindas de atores dos Três Poderes da República.

Logo no início do novo mandato, em 11 de janeiro, Lula sancionou uma lei que equipara a injúria racial ao crime de racismo. A norma, que vem sendo chamada de “lei antipiadas”, acrescenta dispositivos à chamada Lei do Racismo que representam riscos à liberdade de expressão de comediantes. O principal deles é enquadrar como crime de racismo a contação de piadas sobre grupos que possam ser considerados minoritários.

Sem descrever de forma mais precisa a quais grupos as piadas estão proibidas, o texto sancionado determina que os crimes previstos na Lei do Racismo passam a ter as penas aumentadas de um terço até a metade “quando ocorrerem em contexto ou com intuito de descontração, diversão ou recreação”.

Para fechar ainda mais o cerco contra comediantes e aumentar as possibilidades de enquadramento como racismo de declarações meramente jocosas, que fazem parte da atividade humorística em palcos de stand-up, a lei também determina que se a prática do suposto racismo ocorrer no contexto de atividades artísticas ou culturais destinadas ao público, o autor também será proibido de frequentar esses locais por três anos.

Como reflexo da radicalização ideológica que tem marcado o início do governo Lula, alguns ministérios também têm lançado mão de iniciativas que podem afetar a liberdade de expressão em geral e também alcançar humoristas. Uma delas é a criação da Procuradoria Nacional da União de Defesa da Democracia (PNDD), órgão da Advocacia-Geral da União (AGU) que vem sendo chamado de "Ministério da Verdade". Criado pelo governo petista com o alegado objetivo de combater “desinformação sobre políticas públicas", o novo órgão desperta o temor de prática de censura contra opositores – parlamentares da oposição buscam barrar a procuradoria pela via legislativa.

Em outra medida, o Ministério dos Direitos Humanos anunciou, em fevereiro, a criação de um grupo de trabalho que propõe combater “o discurso de ódio e o extremismo”. A equipe, no entanto, é formada por militantes de esquerda, muitos deles dedicados ao identitarismo, que costuma criminalizar quaisquer referências jocosas a grupos considerados minoritários. O grupo será comandado pela ex-deputada federal Manuela d'Ávila (PCdoB-RS) e terá a participação do youtuber Felipe Neto.

Primeira denúncia contra humorista após sanção da “lei antipiadas”
É comum que comediantes de stand-up façam piadas sobre praticamente todos os grupos sociais e políticos, principalmente aqueles em maior evidência. No entanto, iniciativas – desde cancelamento na internet até processos criminais – contra humoristas que se arriscam a incluir em suas piadas grupos minoritários costumavam se restringir a artistas maiores, conhecidos pelo grande público.

No mês passado, entretanto, a deputada federal Tabata Amaral (PSB-SP) acionou o Ministério Público de São Paulo contra o humorista Bruno Lambert por suposta discriminação contra deficientes físicos e violação do Estatuto da Pessoa com Deficiência. A representação criminal está relacionada a um vídeo de uma apresentação do humorista, que não é famoso, publicado em suas redes sociais em que ele narrava um caso em que teria se relacionado sexualmente com uma mulher cadeirante.

Na denúncia, a deputada disse que Lambert cometeu capacitismo, que é a discriminação contra pessoas com deficiência, e que as falas do humorista denotaram “machismo latente" pela maneira "explícita" e "jocosa" como descreveu a narrativa da relação sexual.

O anúncio da denúncia nas redes sociais da parlamentar repercutiu mal até mesmo entre seus seguidores – a grande maioria dos comentários é crítica à ação da deputada. “Não ouvi a piada, mas já entendi que é babaca. Agora, usar o poder público para limitar ARTE, por pior que seja? Não! Que a sociedade desidrate esse tipo de arte. Não o estado”, diz um dos comentários.


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Repercussão da denúncia fez humorista ser demitido do emprego
Apesar de até o momento não ter sido acatada pelo Ministério Público, a representação criminal de Tabata Amaral ao Ministério Público foi um golpe duro ao comediante devido à repercussão do caso em veículos de grande expressão. Lambert, que não vive exclusivamente da comédia, passou a ter problemas em seu trabalho atual até que na quarta-feira (8) foi demitido. “Outros humoristas já foram alvo de denúncias criminais, mas só estavam sendo atacados os comediantes grandes. Estamos vendo que essa ‘lei antipiadas’ já está impactando, porque a primeira oportunidade que uma deputada teve de atacar um comediante pequeno, de pouca expressão no mercado, ela atacou”, diz Lambert.

Em uma das entrevistas sobre o caso, Tabata chegou a dizer que o humorista tratou cadeirantes “como um animal”. “Eu realmente acho que um crime foi cometido. E sinceramente, pode fazer a piada que for, inclusive comigo. Mas eu não vou passar pano para crime. O humor não pode ser desculpa para cometer crime”, disse a parlamentar no programa Morning Show, da Jovem Pan.

Para Lambert, há uma confusão ao diferenciar o personagem que está no palco – fazendo piadas com os mais diversos segmentos e grupos sociais, o que inclui pessoas com deficiência – da pessoa por trás desse personagem. “Me parece que há uma dificuldade de algumas pessoas entenderem o que é uma piada e o que é realidade. Essa lei está abrindo um precedente perigoso para que qualquer um que se sinta ofendido com algo que é contado num palco a pessoas que querem consumir humor ganhe um poder absurdo no sentido de anular quem está em cima do palco”, declara.

Perigosas consequências do identitarismo
Para o comediante Léo Lins, famoso pelo emprego do chamado humor negro (ou humor ácido) em suas apresentações, o pano de fundo da perseguição identitária a humoristas é uma disputa por poder, na qual políticos e ativistas de causas ditas “progressistas” buscam silenciar falas que possam resvalar nos grupos que os apoiam e monopolizar o discurso.“Como sempre falo, o humor não tem limites, o ambiente sim. Então partimos do pressuposto de que o humorista num palco está fazendo sua arte. Quando se começa a colocar diversas limitações que seguem a uma determinada agenda, você vê que tudo na verdade é uma disputa por poder”, diz o humorista. Para ele, o chamado “politicamente correto” aponta para uma hegemonia de esquerda no meio artístico que impõe quais são as regras toleradas.

“Os temas que são considerados politicamente incorretos são aqueles que não estão na agenda deles. Se eu quiser fazer uma piada satirizando Jesus Cristo não vai ter problema nenhum, e ainda vou ganhar especial nos streamings famosos. Agora, se fizer uma piada que envolva a ‘gordofobia’, aí eu vou ser criticado e massacrado pela mídia de esquerda”.


E, de fato, a perseguição midiática identitária inevitavelmente impacta decisões do Judiciário. Tomando o exemplo dado por Léo Lins, matéria recente da Gazeta do Povo mostrou que desde que movimentos identitários passaram a incluir obesos no rol de pessoas que sofreriam discriminação, processos pela chamada “gordofobia” cresceram no país.

Nos últimos quatro anos, ações na Justiça alegando gordofobia cresceram 314% – a indenização média pedida é de R$ 240 mil por pessoa. Os dados analisados pela reportagem apontaram que o Judiciário tem sinalizado uma postura de acatamento a denúncias desse tipo: de todos os 721 casos no período, em apenas 14,7% a Justiça apontou a denúncia como improcedente.

Bruno Lambert, por outro lado, destaca um fator seletivo dessas denúncias. Segundo ele, quando são figuras públicas alinhadas à esquerda a entrarem em assuntos “proibidos” pelo “politicamente incorreto” não há uma crítica severa, e existe uma certa tolerância. “O grande problema disso tudo é que se é o Fábio Porchat [???] [humorista com visão política abertamente à esquerda] falando está tudo bem. Mas se for o Danilo Gentili [alinhado à direita], não. Ou seja, além de tudo tem uma seleção das pessoas que determina quem pode e quem não pode falar”.

Conforme ele relata, após a polêmica envolvendo a denúncia de Tabata Amaral, a reação de colegas da comédia que o procuraram divergiu – enquanto parte dos humoristas enfatizou que não enxergaram crime em suas falas, outros se manifestaram receosos quanto à liberdade de expressão nos palcos. “Caras próximos a mim me mandaram mensagens com comentários do tipo ‘temos que rever nosso jeito de fazer comédia’. Então tem casos de comediantes que têm uma visão de que ‘se a Justiça está mudando para pior, temos que calar a boca’”, afirma.

Léo Lins destaca, por fim, as duras consequências do cancelamento capitaneado por ativistas contra seus alvos. 
“A piada é feita num ambiente próprio para isso. Se alguém não gosta, tudo bem. Não vá no show. Mas aí a pessoa quer que a rede social acabe com o perfil do humorista, quer que os locais de trabalho não recebam ele, quer causar um dano colateral no emprego que, no caso do Bruno Lambert era a principal fonte de renda, para que ele seja demitido. A pessoa vai fazer o que da vida a hora que os canceladores acabarem com tudo?”
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Cerceamento à liberdade de expressão está crescendo no Brasil, diz presidente do ILJ
Como explica o advogado Giuliano Miotto, presidente do Instituto Liberdade e Justiça (ILJ), a legislação brasileira já tem normas que criminalizam a injúria, a calúnia e a difamação. A pessoa que se sente ofendida deve entrar com uma ação penal privada e, para esses crimes, as penas e prazos de prescrição são bem menores do que aqueles estabelecidos nas mudanças vindas da “lei antipiadas”.

Com as alterações na lei sancionada por Lula, a pena para injúrias raciais, no qual entrarão as piadas contra grupos minoritários, aumenta: a punição máxima, que era de três anos de prisão, passa a ser de cinco anos, maior do que penas para os crimes de furto e sequestro.“A contação de piadas é algo que, de certa forma, sempre esteve associada a algo cultural, como uma peça de teatro e coisas do tipo. Não é bom que se coloque sobre a atividade dos humoristas a possibilidade de ser preso por causa de uma brincadeira. Com certeza teremos uma crescente do cerceamento à liberdade de expressão dos humoristas e das pessoas em geral”, diz Miotto.

“O cenário brasileiro no que tange as liberdades individuais, especialmente a de expressão, tende a se deteriorar cada vez mais. O identitarismo e o coletivismo forçado estão criando um monstro que, em algum momento, vão engolir os próprios criadores como já têm feito em alguns casos”, destaca.
 
 Gabriel Sestrem, colunista - Gazeta do Povo - VIDA E CIDADANIA
 

domingo, 12 de agosto de 2018

Acreditar, jamais” e outras notas de Carlos Brickmann

O debate dos candidatos na TV tem mesmo de ser em hora avançada. O telespectador pega no sono e embala até de manhã


O PT, para protestar contra a ausência de Lula no debate cumprindo pena por corrupção, não podia deixar a cadeia para comparecer – resolveu promover um evento paralelo, na Internet: o Debate com Lula. Uma grande ideia só que não era com Lula. Nem debate, já que todos tinham a mesma opinião: Fernando Haddad, Gleisi Hoffmann, Sérgio Gabrielli (presidente da Petrobras na época da compra da Ruivinha, aquela refinaria toda enferrujada em Pasadena) e Manuela d’Ávila. Sanduíche de pão com pão.

O debate dos candidatos na TV tem mesmo de ser em hora avançada. O telespectador pega no sono e embala até de manhã. Mas havia coisas curiosas a observar: por exemplo, seus maiores adversários acham que Bolsonaro é café com leite, tanto que não o atacaram. Alckmin, o quarto nas pesquisas, foi o mais atacado: imagina-se que, dono de quase metade do tempo de TV, o Picolé de Chuchu cresça, transforme-se numa Paleta de Chuchu e seja mais competitivo. De qualquer forma, ele se comportou no debate como um bom chuchu, insípido e difícil de ser engolido. Marina, a cometa que surge de quatro em quatro anos, estava como o Meirelles e o César Cielo: nada. Álvaro Dias devia estar com sono, falando arrastado (e sua aparência mudou: está a cara do Coringa, o inimigo do Batman). Boulos é articulado, mas precisaria dizer quem, daquele grupo, é dono de helicóptero. Faltou informar. E nada falou de cobrar aluguel de sem-teto. [extorsão que Boulos pratica contra todos os sem-teto que aceitam sua liderança.]

Os rivais
Esperava-se que Bolsonaro e Ciro, os extremos do grupo (a menos que se leve Boulos a sério), fossem os grandes duelistas. Não foram. Bolsonaro reage bem quando atacado, mas é confuso para expor ideias. Colégios militares de alto nível, com disciplina rígida? Pode ser bom – mas é muito pouco em relação às necessidades do país. E os outros alunos? Ciro fala bem, tem boa presença, é convincente. Mas prometeu fazer tudo aquilo que levou o país ao buraco e não explicou por que desta vez será diferente. Há o Cabo Daciolo. Sua arma é ser evangélico. Mas Marina também é. [Só que o Cabo Daciolo não é favorável ao aborto; 
já Marina é favorável, desde que a matança de seres humanos e inocentes e indefesos seja autorizada em um plebiscito - é tão desorientada que sua pretensão será a primeira e única no mundo, desde os tempos de Lutero, em que um evangélico pretende que um plebiscito tenha o poder de revogar um dos dez mandamentos: NÃO MATARÁS.]

De todos os lados
Sobra Henrique Meirelles. Tem excelente carreira na iniciativa privada, foi presidente do Banco Central de Lula, deixou boa imagem, foi ministro de Temer, ia bem – até que Temer gastou todos os cartuchos para ficar no cargo e dinamitou as bases da política econômica. Os petistas o consideram golpista; da política econômica atual, o aspecto mais visível é o marasmo, o desemprego. Não sabe se destaca seu lado de preferido de Lula, ou de Temer, ou de executivo de sucesso na iniciativa privada. Quer ser tudo ao mesmo tempo. Comunica-se mal: não aprendeu ainda a manter o foco.

Meiguices
As equipes de campanha dos candidatos agiram rápido: antes que os cronistas de Internet, em geral ácidos, popularizassem (em internetês, “viralizassem”) imagens e comentários mais maldosos, entraram brincando com características e erros de cada um dos debatedores. Tudo muito meigo, procurando mostrar que aqueles políticos profissionais são gente como nós.

Alckmin brinca com seu momento Montoro o grande líder do PSDB que errava o nome das pessoas, chegando a chamar o mineiro Pimenta da Veiga, num comício, de “Pimenta do Reino”. Alckmin postou um vídeo em que cumprimenta Luciano Huck e “Eliana” (era Angélica). “Hoje fiz por merecer um belo puxão de orelhas”, diz o redator que escreve por ele.

Marina, parecendo feliz da vida, responde a perguntas do humorista Fábio Porchat; e colocou em sua rede o link chamando para ele.

Ciro é fofíssimo, o top da meiguice: postou bebê dando risada, um cão engraçado, gatinhos tocando piano. E sugere: “Quem você sugere para ver esse gatinho fofo? Quem a gente curte tem de vir junto. Quem é que você conhece que ainda não deu like (curtir) no Ciro?”
O PT entrou no jogo, mas com uma seriedade soviética: pôs mensagens sugerindo que se coloque como toque de celular um jingle de Lula, junto a uma aula de como fazer isso; e sugere que se baixe a máscara do Lula. Além disso, há um pedido de doações para a vaquinha eletrônica de Lula. [lembrete aos que pretendem contribuir com a vaquinha:
1º - o dinheiro terá que ser devolvido aos contribuintes,  visto que não sendo a candidatura de Lula aceita - e não será - as contribuições feitas para a vaca do presidiário terão que ser devolvidas;
2º - contribuir com vaquinha para o PT ou petistas é perda total é sinônimo de ser roubado. Fato: milhares de militontos petistas contribuíram com a vaquinha para Zé Dirceu - o 'guerrilheiro de festim' pagar a multa referente ao MENSALÃO - PT. Enquanto petistas otários vendiam o jantar para contribuir, suprimiam o lanche dos filhos, o Zé Dirceu recebi da propina, já no PETROLÃO - PT,  quase R$ 30000.000,00.]

Descoberta
Tem gente com boa memória na praça. Veja só o que foram desenterrar, para fazer piada com o candidato a vice de Bolsonaro, o general Mourão (que falou da indolência dos índios e da malandragem dos negros): um samba de Sátyro de Melo, José Alcides e Tancredo da Silva Pinto que fez sucesso em 1950, na voz de Blecaute (na época, escrevia-se “Blackout”): “Chegou o general da banda ê ê; chegou o general da banda ê á/ Mourão, Mourão, vara madura que não cai/ Mourão, Mourão, Mourão, catuca por baixo que ele vai”. O samba tem quase 70 anos; foi regravado por Elis Regina em 1973. E que significam seus versos? Não se sabe; o que se sabe é que a obra se baseia num ponto de macumba.

Publicado na Coluna de Carlos Brickmann