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quarta-feira, 19 de julho de 2023

Doutrinação - Você paga pelo curso antigordofobia do PT - Gazeta do Povo

Omar Godoy

Gordofobia, fascismo, veganismo: os cursos que o PT oferece na internet com dinheiro público

O ex-deputado José Genoino é um dos petistas sem cargo ou mandato que atuam na Fundação Perseu Abramo.| Foto: Reprodução / YouTube - Fundação Perseu Abramo [lembramos que o comunista em questão, quando puxava cadeia pelos crimes do mensalão, era dado pela corja petista como praticamente morto devido a problemas cardíacos - queriam tirá-lo da cadeia a todo custo - uma grande mentira, tanto que transcorridos mais de dez anos,  continua vivo.
Sobre a qualidade dos cursos, lembramos apenas que quando brincava de guerrilheiro no Araguaia, anos 70, se destacou pela covardia e INcompetência como discípulo do ditador cubano  Fidel.]
 
Que tal fazer um curso de formação de lideranças ministrado pelo José Genoino? 
E aprender como a dança pode ser uma estratégia antigordofóbica e antirracista? 
Ou ler um e-book que contesta a narrativa golpista sobre a política econômica dos governos petistas?
 
O leitor da Gazeta certamente não deseja se envolver com esse tipo de material mas, querendo ou não, está pagando por ele
É que os conteúdos citados acima, e mais centenas de outros semelhantes, estão disponíveis no site da Fundação Perseu Abramo, espécie de braço programático do PT mantido com recursos do fundo partidário (leia-se: dinheiro público).
Só em 2022, a entidade recebeu cerca de R$21 milhões, aplicados na produção de livros, cursos, lives no YouTube, pesquisas, eventos, artigos, documentários, exposições e projetos de memória. 
É o que se convencionou chamar de think tank, ou seja, uma organização dedicada a produzir e disseminar conhecimentos sobre política, economia, saúde, ciência e segurança, entre outros temas.

De acordo com a lei brasileira, todas as legendas devem criar sua fundação e destinar a ela no mínimo 20% do fundo partidário – para investir em educação, pesquisa e desenvolvimento de políticas públicas. A realidade, no entanto, mostra que esse montante milionário muitas vezes é utilizado em benefício dos próprios políticos e seus aliados. Especialmente daqueles sem mandato ou cargo público.

No caso do PT, isso fica nítido logo na primeira passeada pelo site da Perseu Abramo (fundada há 27 anos, a organização foi batizada em homenagem ao jornalista, sociólogo, professor e militante sindical morto em 1996). José Dirceu, José Genoino, Guido Mantega, Luiz Eduardo Greenhalgh, Ideli Salvatti, Olívio Dutra, Jorge Bittar, Gilberto Carvalho... Estão todos lá. Ministrando cursos, assinando artigos, participando de debates ou dando depoimentos históricos.

Aloizio Mercadante, sumido desde o impeachment de Dilma Roussef, era o presidente da entidade até o começo deste ano, quando foi chamado para comandar o BNDES. Em seu lugar ficou um dos amigos mais próximos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Paulo Okamoto [esse individuo era o pagador oficial das contas do atual presidente do Brasil.] que já foi tesoureiro de campanha, esteve à frente do Sebrae entre 2005 e 2010 e atuou na diretoria do Instituto Lula.

Aqui vale um parêntese: no último mês de fevereiro, o ministro do STF Ricardo Lewandowski determinou a suspensão de uma ação penal da Operação Lava Jato contra Okamoto. 
O processo tratava de doações, supostamente ilícitas, feitas pela Odebrecht ao instituto entre 2013 e 2014, no valor de R$ 4 milhões. As provas obtidas foram julgadas inválidas pelo Supremo.

A própria Dilma também ganhou sua boquinha na Fundação Perseu Abramo. Após ser afastada da presidência da República, ela passou a participar, com remuneração, de reuniões do Conselho Curador. Mais tarde, foi conduzida ao posto de superintendente de Relações Institucionais, com salário mensal de mais de R$ 18 mil.

E o auxílio à “companheirada” não se limita aos políticos profissionais. Lembra do Freud Godoy, quebra-galhos geral de Lula acusado de envolvimento no Mensalão? Em 2019, a fundação contratou os serviços de sua empresa de segurança privada por R$ 30 mil mensais.

“Entender para derrotar”
Mas voltemos aos conteúdos formativos oferecidos no site da Perseu Abramo e concebidos por professores universitários, jornalistas e “comunicadores populares” ligados à militância petista – sob a coordenação de Jorge Bittar, ex-vereador e ex-deputado federal pelo PT do Rio de Janeiro. Nos parágrafos abaixo, elencamos alguns cursos gratuitos disponíveis na plataforma.

“Fascismo ontem e hoje: entender para derrotar”

Objetivo “Apresentar as características do fascismo para refletir sobre o bolsonarismo como um tipo de movimento fascista.”

Destaque da ementa – “Trump, Bolsonaro, Viktor Orban. A nova fase do capitalismo internacional abre espaço em todo o mundo para governos que rompem com a lógica da democracia-liberal. Estamos diante de um movimento global neofascista?”

[com certeza, os dois tópicos não estão entre os que o Genoíno, ex-guerrilheiro de festim, tenha competência para ensinar. Em ambos, ele que sempre foi o derrotado na guerrilha, não pode falar sobre 'derrotar', já sobre 'perder' é mestre.

“Território e luta: o trabalho de base do movimento popular urbano”

Objetivo – “Articular a experiência acumulada pelos movimentos do período de redemocratização com as novas formas de organização que emergem nas comunidades.”

Destaque da ementa – 
“A esquerda deve voltar às bases? 
Como conter o crescimento das ideias de direita nas periferias? 
Como fazer o giro organizativo em direção da atuação no território?”

 “O mundo em que vivemos”

Objetivo – “Discutir diferentes aspectos da situação mundial, começando pela Nova Guerra Fria (e quente) entre EUA e China e a interferência política, econômica e militar do império estadunidense na América Latina e Caribe, ontem e hoje.”

Destaque da ementa – “Módulo 2: O império contra nuestra América, balanço e perspectiva da ofensiva imperial, desde o golpe de Honduras até os dias atuais.”

“Direitos humanos em tempos de barbárie”

Objetivo – “Apresentar a história do PT, de Lula e do Brasil em paralelo com a luta pelos direitos humanos e pela democracia. Dinamismo, empatia e fluidez estruturam cada uma das 15 aulas.”

Destaque da emenda – “Aula 12: ‘Não fizemos a regulação da mídia, mas é possível virar o jogo’, com Juca Kfouri.”

“História e política: formação de lideranças de esquerda”

Objetivo – “Fornecer vivências práticas, acadêmicas e institucionais que delineiam a história e desnudam o valor da política para a manutenção ou transformação da ordem. O desvendar das forças oponentes possibilita a superação do capitalismo e suas iniquidades.”

Destaque da ementa – “Alternando entre ditaduras e democracias liberais, diferentes modelos econômicos, diferentes frações da burguesia se sucederam nos blocos de poder impondo às trabalhadoras e aos trabalhadores processos cujo objetivo era a exploração do trabalho e das riquezas nacionais.”

Para terminar, selecionamos amostras do Reconexão Periferias, projeto “jovem” e urbano da Fundação Perseu Abramo. Conheça a seguir alguns temas discutidos com os convidados dos programas – todos pagos, sempre bom lembrar, com verba pública repassada ao partido:

“Comunicação popular e autoestima na comunidade Tururu”

 “Uma artista traduz o olhar pataxó”

“Participação política também é terapia“

Carandiru 30 anos depois e a democracia dos massacres”

Raça, sexualidade, ocupação drag e política”

“A dança como estratégia antigordofóbica e antirracista”

Uma vereadora trans e negra na terra de Getúlio e Jango”

“Veganismo popular e as periferias”


Omar Godoy,  colunista - Ideias - Gazeta do Povo

 


domingo, 9 de julho de 2023

IMC - Índice de Massa Corporal - Racista? - Ideias

Eli Vieira - Gazeta do Povo

Saúde

Associação Médica Americana critica o uso do IMC para indicar obesidade, citando “prejuízo histórico” e “racismo”

Críticas à dependência do índice de massa corporal (IMC) na saúde surgem na Associação Médica Americana, acendendo debates sobre obesidade, discriminação e novas métricas.| Foto: Eli Vieira com Midjourney

Resumo da reportagem

  • Entidade médica americana importante critica o uso do IMC para diagnóstico de obesidade, especialmente a mórbida, citando fatores que podem distorcer a interpretação.
  • Conselho técnico da entidade alega que o IMC já foi usado para fazer “exclusão racista”.
  • A mudança de atitude pode ser mais um fruto da influência do ativismo identitário dentro da ciência e da medicina.

Um novo relatório do Conselho de Ciência e Saúde Pública da Associação Médica Americana (AMA), apresentado no mês passado na reunião anual da entidade, em Chicago, ofereceu críticas ao uso do Índice de Massa Corporal (IMC) para conclusões a respeito do sobrepeso e da obesidade.

Para o conselho da AMA, a interpretação do IMC, que é calculado com a massa em quilogramas dividida pela altura em metros elevada ao quadrado, pode ser afetada por fatores como “várias comorbidades, questões de estilo de vida, gênero, etnicidades, fatores de mortalidade medicamente importantes determinados pela herança familiar, duração de tempo que uma pessoa passa em certas categorias de IMC e a acumulação esperada de gordura que vem com o envelhecimento”. Especialmente a interpretação do que significa ter um IMC classificado como “mórbido”.

“Além disso”, acrescentou o relatório, “o uso do IMC é problemático quando é para diagnosticar e tratar indivíduos com transtornos de alimentação, porque não captura toda a gama” desses distúrbios. Entre os motivos citados para mudar as diretrizes estão “o prejuízo histórico [causado pelo] IMC” e “o uso do IMC para exclusão racista”.

Não é afirmado que o IMC é inútil, mas que ele pode ser complementado com medidas da gordura visceral (dos órgãos internos), índice de adiposidade corporal, composição do corpo, massa relativa de gordura, circunferência da cintura e fatores genéticos ou metabólicos.

O conselho reconhece que o IMC “é correlacionado significativamente com a quantidade de massa de gordura na população em geral”, mas afirma que o índice perde a capacidade de fazer previsões quando aplicado em indivíduos. Por essa razão, “o IMC não deve ser usado como critério único para negar reembolso em seguros de saúde”.

IMC racista?
As recomendações podem ter sofrido influência do ativismo identitário, cuja expressão entre ativistas contrários à “gordofobia” com frequência acusa os médicos e cientistas de exagerarem os riscos da obesidade. Este mês, o Journal of Ethics, revista de ética da AMA, publicou um artigo de Sabrina Strings, professora de “Estudos Negros” na Universidade da Califórnia em Santa Barbara. Ela afirma em seu resumo que “o IMC é uma continuação das normas supremacistas brancas de corporeidade” e que a medida é parte de uma “causa branca de saúde e beleza” que é “pseudocientífica” e “ajudou a forjar concepções opressivas da gordura como um indicador de má saúde e qualidade racial ‘baixa’”.

A Fundação Contra a Intolerância e o Racismo (FAIR), uma organização americana que faz oposição ao identitarismo e à sua abordagem dos problemas sociais, criticou o relatório da AMA. “A obesidade não é consertada pelos magos da DEI [sigla para programas de diversidade, equidade e inclusão, que introduzem identitarismo em empresas e na academia] na AMA que dizem que medidas de IMC são ‘racistas’”, rebateu a entidade, via Twitter. “Os pacientes querem médicos que os inspirem a prosperar para a melhor saúde, não que promovam ‘adoçantes’ artificiais como as novas falsas medidas que distorcem a verdade”.

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Sobrepeso e obesidade apresentam riscos à saúde
O conselho da AMA reconhece que o IMC referente a cada faixa etária é o “padrão ouro” para aferir obesidade em crianças.

Os efeitos da obesidade infantil foram evidenciados numa revisão de pesquisa publicada em 2003 por John Reilly, professor de ciência do exercício e saúde pública na Universidade de Strathclyde em Glasgow, Escócia, e sua equipe. Eles analisaram 65 trabalhos de alta qualidade. Avaliando cinco fatores de risco para o coração e o sistema circulatório, constatou-se que 58% das crianças obesas entre cinco e dez anos possuem pelo menos um desses fatores, como o colesterol alto. Um quarto dessas crianças obesas possuíam dois ou mais desses fatores. 
Em comparação com crianças não obesas, as obesas possuem 43 vezes mais chance de apresentar três fatores de risco cardiovascular.

A obesidade infantil também aumenta a probabilidade de problemas psicológicos e psiquiátricos, além de aumentar o risco de asma, diabetes de ambos os tipos, e tem impactos sociais, como renda mais baixa no futuro.

Excesso de peso e obesidade foram repetidamente ligados a uma inflamação crônica do corpo. Isso pode explicar em parte por que indivíduos com IMC alto são mais susceptíveis à Covid-19: o excesso de peso já sobrecarrega o sistema imunológico.

A prevalência de obesidade na idade adulta é alta: até 70% das crianças obesas e 85% dos adolescentes permanecem obesos ao amadurecer.  
Essas pessoas têm o dobro do risco de morrer nas três primeiras décadas da vida adulta quando comparadas àquelas com IMC de 19, dentro do intervalo considerado saudável. 
O excesso de peso é caracterizado por um IMC maior que 25, e a obesidade, a partir de 30 (obesidade mórbida, a partir de 40)
O IMC não é o único método para medir obesidade, entretanto. 
Existem outros métodos, como a razão entre a circunferência da cintura e do quadril, que são úteis especialmente para pessoas que pesam mais por outras razões, como os fisiculturistas.
 
Uma década após o estudo dos pesquisadores escoceses, os endocrinologistas americanos Rexford Ahima e Mitchell Lazar, da Universidade da Pensilvânia, publicaram uma atualização na revista Science. Eles confirmaram que a obesidade é um fator de risco para os problemas já citados, além de câncer, apneia do sono, doença hepática gordurosa, artrite e outros, levando a deficiências e maior mortalidade.  
Um IMC muito baixo, de 18,5 ou menos, também está ligado a doenças relacionadas à desnutrição.

Pode haver saúde no sobrepeso, mas é raro
Ahima e Lazar destacaram um aspecto intrigante: em um estudo com milhões de indivíduos, a obesidade leve não foi ligada a uma maior taxa de mortalidade, e até mesmo o sobrepeso foi vinculado a uma taxa de mortalidade menor. 
 Estes resultados causaram espanto na comunidade científica na época, contudo, existem questionamentos metodológicos sobre a forma como os IMCs foram agrupados, além de omissões de fatores como perda de peso e histórico médico.

Não é completamente inesperado que um IMC dentro da faixa do sobrepeso possa estar associado a um estado de saúde, uma vez que o IMC é um instrumento que considera apenas o peso, sem levar em conta a composição de gordura no corpo, se essa gordura é visceral (localizada entre os órgãos, principalmente na região abdominal) ou subcutânea (imediatamente abaixo da pele). 
O ponto crucial trazido por Ahima e Lazar é que cerca de 10% das pessoas classificadas com sobrepeso e tecnicamente obesas (mas com IMC abaixo de 40) parecem saudáveis porque se exercitam e têm boa tonicidade muscular, possuindo mais gordura subcutânea do que visceral. Ou seja, esses casos são exceções, e não um pretexto para autodiagnóstico ou inatividade física. 
E mesmo esses casos não estão isentos de riscos.
 
 Eli Vieira, colunista - Gazeta do Povo - Ideias
 
 

sábado, 18 de março de 2023

Liberdade de expressão“Satirizar Jesus pode; gordos, não”: no governo Lula, cresce a perseguição a humoristas - Gazeta do Povo

Vida e Cidadania - Gabriel Sestrem

Movimentações recentes em Brasília, em especial após o início do novo governo Lula, têm acendido “luz amarela” quanto à liberdade de expressão. Entre humoristas, cresce a preocupação com possíveis censuras de ordem identitária vindas de atores dos Três Poderes da República.

Logo no início do novo mandato, em 11 de janeiro, Lula sancionou uma lei que equipara a injúria racial ao crime de racismo. A norma, que vem sendo chamada de “lei antipiadas”, acrescenta dispositivos à chamada Lei do Racismo que representam riscos à liberdade de expressão de comediantes. O principal deles é enquadrar como crime de racismo a contação de piadas sobre grupos que possam ser considerados minoritários.

Sem descrever de forma mais precisa a quais grupos as piadas estão proibidas, o texto sancionado determina que os crimes previstos na Lei do Racismo passam a ter as penas aumentadas de um terço até a metade “quando ocorrerem em contexto ou com intuito de descontração, diversão ou recreação”.

Para fechar ainda mais o cerco contra comediantes e aumentar as possibilidades de enquadramento como racismo de declarações meramente jocosas, que fazem parte da atividade humorística em palcos de stand-up, a lei também determina que se a prática do suposto racismo ocorrer no contexto de atividades artísticas ou culturais destinadas ao público, o autor também será proibido de frequentar esses locais por três anos.

Como reflexo da radicalização ideológica que tem marcado o início do governo Lula, alguns ministérios também têm lançado mão de iniciativas que podem afetar a liberdade de expressão em geral e também alcançar humoristas. Uma delas é a criação da Procuradoria Nacional da União de Defesa da Democracia (PNDD), órgão da Advocacia-Geral da União (AGU) que vem sendo chamado de "Ministério da Verdade". Criado pelo governo petista com o alegado objetivo de combater “desinformação sobre políticas públicas", o novo órgão desperta o temor de prática de censura contra opositores – parlamentares da oposição buscam barrar a procuradoria pela via legislativa.

Em outra medida, o Ministério dos Direitos Humanos anunciou, em fevereiro, a criação de um grupo de trabalho que propõe combater “o discurso de ódio e o extremismo”. A equipe, no entanto, é formada por militantes de esquerda, muitos deles dedicados ao identitarismo, que costuma criminalizar quaisquer referências jocosas a grupos considerados minoritários. O grupo será comandado pela ex-deputada federal Manuela d'Ávila (PCdoB-RS) e terá a participação do youtuber Felipe Neto.

Primeira denúncia contra humorista após sanção da “lei antipiadas”
É comum que comediantes de stand-up façam piadas sobre praticamente todos os grupos sociais e políticos, principalmente aqueles em maior evidência. No entanto, iniciativas – desde cancelamento na internet até processos criminais – contra humoristas que se arriscam a incluir em suas piadas grupos minoritários costumavam se restringir a artistas maiores, conhecidos pelo grande público.

No mês passado, entretanto, a deputada federal Tabata Amaral (PSB-SP) acionou o Ministério Público de São Paulo contra o humorista Bruno Lambert por suposta discriminação contra deficientes físicos e violação do Estatuto da Pessoa com Deficiência. A representação criminal está relacionada a um vídeo de uma apresentação do humorista, que não é famoso, publicado em suas redes sociais em que ele narrava um caso em que teria se relacionado sexualmente com uma mulher cadeirante.

Na denúncia, a deputada disse que Lambert cometeu capacitismo, que é a discriminação contra pessoas com deficiência, e que as falas do humorista denotaram “machismo latente" pela maneira "explícita" e "jocosa" como descreveu a narrativa da relação sexual.

O anúncio da denúncia nas redes sociais da parlamentar repercutiu mal até mesmo entre seus seguidores – a grande maioria dos comentários é crítica à ação da deputada. “Não ouvi a piada, mas já entendi que é babaca. Agora, usar o poder público para limitar ARTE, por pior que seja? Não! Que a sociedade desidrate esse tipo de arte. Não o estado”, diz um dos comentários.


    “Ministério da Verdade” de Lula inicia trabalhos com resistência da oposição


Repercussão da denúncia fez humorista ser demitido do emprego
Apesar de até o momento não ter sido acatada pelo Ministério Público, a representação criminal de Tabata Amaral ao Ministério Público foi um golpe duro ao comediante devido à repercussão do caso em veículos de grande expressão. Lambert, que não vive exclusivamente da comédia, passou a ter problemas em seu trabalho atual até que na quarta-feira (8) foi demitido. “Outros humoristas já foram alvo de denúncias criminais, mas só estavam sendo atacados os comediantes grandes. Estamos vendo que essa ‘lei antipiadas’ já está impactando, porque a primeira oportunidade que uma deputada teve de atacar um comediante pequeno, de pouca expressão no mercado, ela atacou”, diz Lambert.

Em uma das entrevistas sobre o caso, Tabata chegou a dizer que o humorista tratou cadeirantes “como um animal”. “Eu realmente acho que um crime foi cometido. E sinceramente, pode fazer a piada que for, inclusive comigo. Mas eu não vou passar pano para crime. O humor não pode ser desculpa para cometer crime”, disse a parlamentar no programa Morning Show, da Jovem Pan.

Para Lambert, há uma confusão ao diferenciar o personagem que está no palco – fazendo piadas com os mais diversos segmentos e grupos sociais, o que inclui pessoas com deficiência – da pessoa por trás desse personagem. “Me parece que há uma dificuldade de algumas pessoas entenderem o que é uma piada e o que é realidade. Essa lei está abrindo um precedente perigoso para que qualquer um que se sinta ofendido com algo que é contado num palco a pessoas que querem consumir humor ganhe um poder absurdo no sentido de anular quem está em cima do palco”, declara.

Perigosas consequências do identitarismo
Para o comediante Léo Lins, famoso pelo emprego do chamado humor negro (ou humor ácido) em suas apresentações, o pano de fundo da perseguição identitária a humoristas é uma disputa por poder, na qual políticos e ativistas de causas ditas “progressistas” buscam silenciar falas que possam resvalar nos grupos que os apoiam e monopolizar o discurso.“Como sempre falo, o humor não tem limites, o ambiente sim. Então partimos do pressuposto de que o humorista num palco está fazendo sua arte. Quando se começa a colocar diversas limitações que seguem a uma determinada agenda, você vê que tudo na verdade é uma disputa por poder”, diz o humorista. Para ele, o chamado “politicamente correto” aponta para uma hegemonia de esquerda no meio artístico que impõe quais são as regras toleradas.

“Os temas que são considerados politicamente incorretos são aqueles que não estão na agenda deles. Se eu quiser fazer uma piada satirizando Jesus Cristo não vai ter problema nenhum, e ainda vou ganhar especial nos streamings famosos. Agora, se fizer uma piada que envolva a ‘gordofobia’, aí eu vou ser criticado e massacrado pela mídia de esquerda”.


E, de fato, a perseguição midiática identitária inevitavelmente impacta decisões do Judiciário. Tomando o exemplo dado por Léo Lins, matéria recente da Gazeta do Povo mostrou que desde que movimentos identitários passaram a incluir obesos no rol de pessoas que sofreriam discriminação, processos pela chamada “gordofobia” cresceram no país.

Nos últimos quatro anos, ações na Justiça alegando gordofobia cresceram 314% – a indenização média pedida é de R$ 240 mil por pessoa. Os dados analisados pela reportagem apontaram que o Judiciário tem sinalizado uma postura de acatamento a denúncias desse tipo: de todos os 721 casos no período, em apenas 14,7% a Justiça apontou a denúncia como improcedente.

Bruno Lambert, por outro lado, destaca um fator seletivo dessas denúncias. Segundo ele, quando são figuras públicas alinhadas à esquerda a entrarem em assuntos “proibidos” pelo “politicamente incorreto” não há uma crítica severa, e existe uma certa tolerância. “O grande problema disso tudo é que se é o Fábio Porchat [???] [humorista com visão política abertamente à esquerda] falando está tudo bem. Mas se for o Danilo Gentili [alinhado à direita], não. Ou seja, além de tudo tem uma seleção das pessoas que determina quem pode e quem não pode falar”.

Conforme ele relata, após a polêmica envolvendo a denúncia de Tabata Amaral, a reação de colegas da comédia que o procuraram divergiu – enquanto parte dos humoristas enfatizou que não enxergaram crime em suas falas, outros se manifestaram receosos quanto à liberdade de expressão nos palcos. “Caras próximos a mim me mandaram mensagens com comentários do tipo ‘temos que rever nosso jeito de fazer comédia’. Então tem casos de comediantes que têm uma visão de que ‘se a Justiça está mudando para pior, temos que calar a boca’”, afirma.

Léo Lins destaca, por fim, as duras consequências do cancelamento capitaneado por ativistas contra seus alvos. 
“A piada é feita num ambiente próprio para isso. Se alguém não gosta, tudo bem. Não vá no show. Mas aí a pessoa quer que a rede social acabe com o perfil do humorista, quer que os locais de trabalho não recebam ele, quer causar um dano colateral no emprego que, no caso do Bruno Lambert era a principal fonte de renda, para que ele seja demitido. A pessoa vai fazer o que da vida a hora que os canceladores acabarem com tudo?”
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Cerceamento à liberdade de expressão está crescendo no Brasil, diz presidente do ILJ
Como explica o advogado Giuliano Miotto, presidente do Instituto Liberdade e Justiça (ILJ), a legislação brasileira já tem normas que criminalizam a injúria, a calúnia e a difamação. A pessoa que se sente ofendida deve entrar com uma ação penal privada e, para esses crimes, as penas e prazos de prescrição são bem menores do que aqueles estabelecidos nas mudanças vindas da “lei antipiadas”.

Com as alterações na lei sancionada por Lula, a pena para injúrias raciais, no qual entrarão as piadas contra grupos minoritários, aumenta: a punição máxima, que era de três anos de prisão, passa a ser de cinco anos, maior do que penas para os crimes de furto e sequestro.“A contação de piadas é algo que, de certa forma, sempre esteve associada a algo cultural, como uma peça de teatro e coisas do tipo. Não é bom que se coloque sobre a atividade dos humoristas a possibilidade de ser preso por causa de uma brincadeira. Com certeza teremos uma crescente do cerceamento à liberdade de expressão dos humoristas e das pessoas em geral”, diz Miotto.

“O cenário brasileiro no que tange as liberdades individuais, especialmente a de expressão, tende a se deteriorar cada vez mais. O identitarismo e o coletivismo forçado estão criando um monstro que, em algum momento, vão engolir os próprios criadores como já têm feito em alguns casos”, destaca.
 
 Gabriel Sestrem, colunista - Gazeta do Povo - VIDA E CIDADANIA
 

quarta-feira, 1 de março de 2023

Gordofobia: Lula culpa gente como Flavio Dino pela fome no Brasil - Rodrigo Constantino

Gazeta do Povo

Um blog de um liberal sem medo de polêmica ou da patrulha da esquerda “politicamente correta”.

"Se tem alguém passando fome no Brasil é porque tem gente comendo mais do que deveria", disse o presidente Lula, culpando os gordinhos pela crise famélica no país que, segundo Marina Silva, atinge mais de cem milhões de pessoas (somos uma Etiópia muito piorada).

Na boca de Bolsonaro, essa fala seria imediatamente rotulada como "gordofobia"
Onde já se viu culpar os mais rechonchudos pela falta de comida dos pobres? 
Então quer dizer que o problema da fome seria resolvido não com o Fome Zero fracassado do PT, mas com uma dieta forçada imposta pelo estado?
 
Não sei se Lula reparou bem, mas em seu governo há gente muito, muito acima do peso
É o caso do ministro Flavio Dino, obeso e comunista, que não gosta de ser chamado de obeso comunista. 
Seu sobrepeso salta aos olhos, ainda que a marquise preparada no Carnaval resistiu bravamente ao ministro saltitante, que fazia o L - talvez de Leveza.

 
Por trás da fala preconceituosa do presidente há a velha cartilha marxista: a vida é um jogo de soma zero em que alguns tomam dos outros o que existe. 
Se João é pobre, então é culpa de Pedro, que é rico. 
Se Manuel está magrinho sem a prometida picanha em sua mesa, então só pode ser culpa de Flavio, que devora tudo que vê pela frente. 
Falta tudo para uns pois há fartura para outros.

Enquanto a esquerda destila tal ladainha ridícula, a turma da elite cosmopolita "progressista" simula virtudes luxuosas. É o caso do jornalista André Trigueiro, que escreveu: "Deixei de comer carne bovina há 3 anos pra não correr o risco de ingerir proteína animal c/ cheiro de floresta queimada ou digital de mão de obra equivalente à escravidão. Agora é hora de prestar mais atenção na carta de vinhos". Puxa, que nobre!

O pobre faminto - um entre uns cem milhões, segundo o governo petista - doido para ver aquela chuva de picanha prometida por Lula na campanha, enquanto o jornalista esnobe se acha a melhor pessoa do mundo pois recusa carne em nome de uma causa idiota, e pretende agora ser mais seletivo com a escolha dos seus vinhos também. 

Quem sabe um Romenée-Conti, bem ao gosto do seu presidente querido?

Rodrigo Constantino, colunista - Gazeta do Povo - VOZES

 

sexta-feira, 5 de novembro de 2021

Manual do Linchador Moderno - Guilherme Fiuza

Ilustração: Montagem/Shutterstock
Ilustração: Montagem/Shutterstock

Acusar alguém de homofóbico é pouco. Você precisa ir além. Pode continuar catando pretextos para afetar preocupações raciais, sexuais, ambientais, etc, mas cuidado para não terminar o serviço antes da hora. Hoje em dia, frases lindas contra o preconceito e a favor das minorias podem até soar como gafe — se você não conseguir prejudicar alguém com isso.

Para facilitar a atualização da sua conduta inclusiva (que inclui você nas panelas certas), segue aqui uma lista de cinco princípios éticos fundamentais ao alpinista moderno: 

Vigie seus vizinhos obsessivamente. Assim você aumentará suas chances de flagrá-lo indo do carro até o elevador sem máscara, ou jogando um papel fora da cesta de lixo, ou comendo carne vermelha na segunda-feira. Colha sua munição para denunciá-lo. Se você conseguir expulsá-lo do condomínio por motivos idiotas pode até virar herói do bairro; 


Fique atento ao que dizem os seus colegas de trabalho nos momentos de descontração. Você pode dar a sorte de flagrar um deles contando como foi sua dieta de emagrecimento e denunciá-lo por gordofobia. Não se esqueça de gravar a conversa. Aí você expõe na sua rede social e diz que a empresa não pode manter no quadro de funcionários uma pessoa horrível como aquela. Uma horda de linchadores educadíssimos com certeza vai aderir ao seu chamado e com certeza algum diretor covarde da empresa demitirá o seu colega, te transformando no herói do mês;

Vasculhe o passado dos seus amigos. Você haverá de encontrar algum registro — nem que seja um bilhete — com algum tipo de manifestação gravíssima para os dias de hoje, tipo “virei a noite e fui para o trabalho que nem um zumbi” (você pode transformar isso em declaração racista) ou então “cheguei em casa bêbado que nem um gambá” (você pode denunciar seu amigo por preconceito contra os gambás, desafiando-o a provar que esse animal gracioso e inofensivo para as mudanças climáticas tenha hábitos alcoólicos). Só descanse quando tiver espalhado geral que esse amigo querido por tanta gente era na verdade um ser abjeto, ou seja, só considere a sua missão cumprida quando ele não tiver mais ninguém na vida. Yes!

 Reserve pelo menos meia hora diária antes de dormir para bisbilhotar pessoas públicas e o que elas andaram dizendo (bisbilhotar relaxa). Nesse território está a sua Mega-Sena. E lembre-se: quem procura acha. Você pode alegar que há uma multidão nesse garimpo e não é muito provável que você, logo você, vá encontrar a pepita de ouro. Engano seu. Hoje em dia tem ouro pra todo mundo. Basta ter paciência — e não desanimar na primeira esquina do Facebook. “Fulana está linda.” Pronto! 
Se essa frase tiver sido postada, por exemplo, por um companheiro de time do Maurício Souza, você já sabe o caminho: avisa correndo à Fiat e à Gerdau que o meliante misógino foi pego em flagrante de assédio sexual e moral, portanto não merece mais viver em sociedade. 
Se for da seleção, conta logo ao Renan também, que ele desconvoca na hora. 
Fim de papo. Mais um CPF cancelado. Ai, que delícia de linchamento!

Por questão de ética, não vamos te esconder a verdade: um dia o linchado pode ser você. Quando isso acontecer, não hesite: bata o pé, esperneie e chore bem alto. Com um pouco de sorte, mamãe te escuta e te salva desse mundo mau.

Leia também “A repressão identitária”
 
Guilherme Fiuza,  colunista - Revista Oeste